Resumo A recomenda��o da pr�tica regular de exerc�cio f�sico por diferentes associa��es de sa�de est� relacionada aos benef�cios desta atividade na preven��o e tratamento de doen�as cr�nicas n�o transmiss�veis, pois sua pr�tica promove importantes altera��es hormonais e metab�licas. O objetivo deste trabalho � realizar uma revis�o de literatura apresentando os principais efeitos metab�licos e modifica��es hormonais do exerc�cio f�sico e sua a��o sobre a s�ndrome metab�lica. Para tal, foram consultadas as bases de dados Medline, Scielo, Science Direct, Highwire e Peri�dicos Capes, utilizando os termos exerc�cio e s�ndrome metab�lica (exercise metabolic syndrome); exerc�cio e horm�nios (exercise hormone); hipotens�o e exerc�cio (hypotension exercise); hipertens�o (hypertension); leptina e exerc�cio (leptina exercise); diabtes melllitus e dislipidemia exerc�cio (dislipidemy exercise), sendo a busca restrita aos anos de 1995 a 2005. Como principais resultados, temos que o exerc�cio � uma medida terap�utica eficaz no tratamento da s�ndrome metab�lica, independente da idade dos indiv�duos. H� tamb�m uma forte associa��o da s�ndrome metab�lica com o sedentarismo, devendo ser estimulada, portanto, a pr�tica de exerc�cio f�sico durante toda a vida. A revis�o dos artigos cient�ficos permite concluir que o exerc�cio f�sico pode contribuir de forma efetiva na diminui��o dos fatores de risco relacionados � s�ndrome metab�lica. Unitermos : S�ndrome metab�lica. Exerc�cio. Horm�nio. Efeitos metab�licos. http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - A�o 13 - N� 129 - Febrero de 2009
Introdu��o A s�ndrome metab�lica � caracterizada por um somat�rio de dist�rbios, sendo diagnosticada quando est�o presentes pelo menos tr�s dos seguintes fatores: hipertens�o arterial, resist�ncia a insulina, hiperinsulinemia, intoler�ncia a glicose, diabetes tipo 2, obesidade central e dislipidemia (1). Para a preven��o e tratamento desta s�ndrome, tem sido demonstrada a necessidade de mudan�a no estilo de vida, por meio de uma alimenta��o equilibrada e pr�tica regular de atividade f�sica (1,2,3). A inatividade f�sica possui uma forte rela��o com a presen�a dos componentes da s�ndrome metab�lica (4,5), sendo que o exerc�cio f�sico � um importante fator na preven��o e tratamento desta s�ndrome, pelo fato de provocar modifica��es em uma s�rie de respostas fisiol�gicas como ser� demonstrado a seguir. O objetivo desta revis�o � demonstrar os efeitos metab�licos e modifica��es hormonais do exerc�cio f�sico e sua a��o sobre a s�ndrome metab�lica. Metodologia Foi realizada uma revis�o de literatura com base em peri�dicos nacionais, internacionais e livros de fisiologia que abordassem o tema proposto. Para isso, foram consultadas as bases de dados Scielo, ScienceDirect, Peri�dicos Capes e Highwire, utilizando os termos: s�ndrome metab�lica (exercise metabolic syndrome); exerc�cio e horm�nios (exercise hormone); hipotens�o e exerc�cio (hypotension exercise); hipertens�o (hypertension); leptina e exerc�cio (leptina exercise); diabtes melllitus e dislipidemia exerc�cio (dislipidemy exercise). O intervalo de tempo selecionado foi 1995 � 2005, sendo que a inclus�o de algumas refer�ncias mais antigas foi necess�ria em fun��o da relev�ncia cient�fica demonstrada para a compreens�o do tema. Para melhor organiza��o do trabalho, este ser� apresentado em t�picos. Efeitos metab�licos e modifica��es hormonais decorrentes do exerc�cio f�sico O exerc�cio f�sico ocasiona diversos efeitos fisiol�gicos que podem ser classificados como agudos imediatos, agudos tardios e cr�nicos. Os efeitos agudos s�o aqueles que ocorrem em associa��o direta com a sess�o de exerc�cio, sendo subdivididos em imediatos, quando ocorrem imediatamente ap�s a sess�o, ou tardios, quando ocorrem nas 24 a 72 horas ap�s o exerc�cio. J� os efeitos cr�nicos, ou adapta��es, s�o os resultantes da exposi��o freq�ente e regular �s sess�es de exerc�cio (6). Adapta��es decorrentes do treinamento As adapta��es ao treinamento s�o dependentes do tipo, intensidade e dura��o da atividade desenvolvida. A pr�tica de exerc�cios aer�bios, por exemplo, est� associada � melhoria da capacidade de realiza��o de exerc�cio subm�ximo prolongado, aumento da capacidade aer�bia m�xima (VO2m�x), n�mero de capilares, volume sist�lico, hipertrofia do ventr�culo esquerdo, quantidade, efici�ncia e tamanho das mitoc�ndrias (7,8). No entanto, estas s�o apenas algumas das modifica��es decorrentes do exerc�cio aer�bio, sendo que o percentual de melhora destes par�metros � dependente do n�vel de condicionamento f�sico do indiv�duo no in�cio do programa de treinamento. J� o exerc�cio de resist�ncia est� relacionado ao ganho de for�a, resist�ncia e pot�ncia muscular (9), assim como ao aumento da massa magra, metabolismo basal e gasto energ�tico (7,8). Estas adapta��es decorrentes dos exerc�cios promovem impactos diretos nos componentes da s�ndrome metab�licos. Modifica��es hormonais Dentre os efeitos fisiol�gicos do exerc�cio f�sico, um importante ponto refere-se � interfer�ncia na secre��o de alguns horm�nios. Os horm�nios que t�m sua secre��o alterada pelo exerc�cio e que podem interferir nos componentes da s�ndrome metab�lica s�o: o horm�nio do crescimento, as catecolaminas, o glucagon, a insulina, a endorfina e, em alguns casos, a leptina. Cada um ser� discutido separadamente abaixo. Horm�nio de Crescimento O horm�nio do crescimento (GH), al�m de ser um potente agente anab�lico, estimula diretamente a lip�lise (7,8,10). Suas concentra��es encontram-se elevadas durante o exerc�cio, sendo que, quanto mais intenso for o exerc�cio, maior a quantidade liberada deste horm�nio (7,8). Como o GH pode promover a lip�lise, realizar exerc�cios regularmente que aumentam sua taxa de secre��o pode contribuir para diminui��o da obesidade, que � um dos componentes da s�ndrome metab�lica. Comprovando isso, Wee et al 11 demonstraram que o horm�nio do crescimento aumentou a lip�lise no per�odo de recupera��o em homens moderadamente treinados, jovens e idosos, ap�s exerc�cio a 70% do VO2m�x. Catecolaminas Os n�veis plasm�ticos de catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) aumentam de maneira diferenciada durante o exerc�cio, com a concentra��o de noradrenalina aumentando acentuadamente em taxas de trabalho superiores a 50% do VO2 m�x, enquanto a concentra��o de adrenalina s� ir� aumentar significativamente quando a intensidade do exerc�cio ultrapassar 75% VO2 m�x. A atua��o em conjunto destes dois horm�nios promove, entre outros efeitos, o aumento da taxa metab�lica, da libera��o de glicose e de �cidos graxos livres no sangue (8), sendo que o aumento no gasto energ�tico � positivo no combate � obesidade. Glucagon e Insulina No exerc�cio, � medida que os n�veis plasm�ticos de glicose no sangue v�o diminuindo, ocorre estimula��o da glicogen�lise hep�tica pelo aumento gradual da concentra��o plasm�tica de glucagon (7,8). Fern�ndez-Pastor et al (12) demonstraram que, quanto maior a dura��o do exerc�cio, maior a libera��o de glucagon, sendo que, em exerc�cios moderados de curta dura��o, observa-se diminui��o nos seus n�veis plasm�ticos. O efeito do exerc�cio na concentra��o de insulina � o contr�rio do que ocorre com o glucagon, estando suas concentra��es diminu�das no per�odo de atividade. Os fatores que podem levar � diminui��o da insulina s�o o aumento da velocidade de transporte de glicose para dentro das c�lulas musculares, a a��o das catecolaminas e a libera��o de glucagon (13). A diminui��o dos n�veis de insulina � proporcional � intensidade do exerc�cio, sendo que, em exerc�cios prolongados, ocorre um progressivo aumento na obten��o de energia proveniente da mobiliza��o de triacilglicerois (7,12). Desta forma, o exerc�cio torna-se importante por facilitar a capta��o de glicose e diminuir os n�veis de insulina, sendo positivo para o indiv�duo portador de diabetes. Endorfinas As endorfinas s�o um tipo de opi�ide liberado durante o exerc�cio. Elas est�o relacionadas � maior toler�ncia � dor, ao controle do apetite, � redu��o da ansiedade, da raiva e da tens�o. No exerc�cio aer�bico, a intensidade � o principal fator que estimula as eleva��es dos n�veis plasm�ticos de beta-endorfina. J� no exerc�cio de resist�ncia, sua libera��o varia com o protocolo, sendo que maior dura��o e maiores intervalos de repouso entre as s�ries promovem melhores resultados (7). Constata-se que h� efeitos positivos para a s�ndrome metab�lica com a libera��o de endorfinas pelo exerc�cio. No entanto, altas cargas de treinamento podem gerar dist�rbios menstruais por inibi��o da gonadorelina hipotal�mica, provocada pelos opi�ides (14). Leptina A leptina est� relacionada � regula��o da saciedade, taxa metab�lica e massa corporal. Sua secre��o � realizada em maior parte pelo tecido adiposo, por�m, pode ser secretada em menor quantidade pelo m�sculo esquel�tico, epid�dimo mam�rio, placenta e c�rebro (15). Uma sess�o de exerc�cio n�o afeta a concentra��o plasm�tica de leptina em homens e mulheres saud�veis, sendo que as modifica��es ocorridas podem ser atribu�das � hemoconcentra��o ou �s varia��es no ritmo circadiano (16). Com rela��o � interven��o nos n�veis de leptina decorrente dos efeitos cr�nicos do exerc�cio, n�o h� consenso na literatura, com trabalhos demonstrando que o exerc�cio diminui sua concentra��o (17,18) e o outros indicando que n�o h� altera��o (19,20). As modifica��es hormonais decorrentes da pr�tica de exerc�cios podem ter importantes contribui��es no tratamento e preven��o da s�ndrome metab�lica, uma vez que podem atuar nos seus diferentes componentes. Exerc�cio f�sico e sua interfer�ncia nos componentes da S�ndrome Metab�lica Exerc�cio f�sico e obesidade A preval�ncia de sobrepeso e obesidade tem aumentado nos �ltimos anos, caracterizando um problema de sa�de p�blica (1,21). In�meros pesquisadores t�m dedicado seus estudos � explica��o dos fatores que causam ou que est�o associados a esta doen�a. No entanto, evid�ncias recentes t�m atribu�do � inatividade f�sica uma das principais causas da obesidade na sociedade moderna (2). Comprovando estas evid�ncias, Slentz et al (21) mostraram que mesmo o exerc�cio de baixa quantidade e intensidade moderada pode promover benef�cios � sa�de, prevenindo o ganho de gordura visceral. Tem sido demonstrado que as modifica��es no estilo de vida, com o aumento da pr�tica de atividade f�sica associado � reeduca��o alimentar, s�o a��es importantes para o tratamento da obesidade (22). Os mecanismos que atribuem ao exerc�cio f�sico um importante fator na preven��o e tratamento da obesidade s�o a eleva��o da taxa metab�lica de repouso (TMR) (23), altera��es nos n�veis das catecolaminas e estimula��o da s�ntese prot�ica. Os efeitos na TMR s�o dependentes do tipo de exerc�cio, dura��o e intensidade, podendo durar de 3 a 72 horas (7). O exerc�cio f�sico tamb�m contribui com a eleva��o do gasto energ�tico di�rio pelo aumento do efeito t�rmico da atividade f�sica, podendo ser at� 10 vezes maior que o valor da TMR quando h� a participa��o de grandes grupos musculares (7). Sabia et al (24), ao comparar o efeito do exerc�cio f�sico aer�bio cont�nuo e intermitente associado � orienta��o alimentar em 29 adolescentes obesos, treinando tr�s vezes por semana durante 16 semanas, encontraram que ambos foram eficientes na promo��o de mudan�as corporais, auxiliando no combate da obesidade. Houve tamb�m aumento da massa magra, sendo que o exerc�cio aer�bio promoveu uma diminui��o de 1,5% na massa corporal total e 4,6% no �ndice de massa corporal (IMC), enquanto o exerc�cio anaer�bio reduziu a massa corporal em 3,7% e o IMC em 7,6%. Com base nas melhoras do IMC e massa corporal total, os dois exerc�cio s�o efetivos, por�m, o aer�bio intermitente promoveu melhores resultados. Marra et al (25), ao estudar 16 homens com sobrepeso, divididos em dois grupos de exerc�cio (moderada intensidade 60 - 70% Fcm�x e alta intensidade 75 - 90% Fcm�x), por um per�odo de 14 semanas, encontraram que o exerc�cio de alta intensidade foi mais efetivo na perda de gordura que o exerc�cio de moderada intensidade. Dados como os deste estudo ap�iam a afirmativa de que exerc�cios de mais alta intensidade s�o mais efetivos para promo��o de emagrecimento. Metabolismo lip�dico durante o exerc�cio Mobiliza��o dos �cidos graxos livres no tecido adiposo O exerc�cio prolongado de baixa para moderada intensidade possui como importante fonte de energia a oxida��o dos �cidos graxos livres derivados do tecido adiposo (26). Observa-se que nos momentos iniciais do exerc�cio a taxa de capta��o e oxida��o de �cidos graxos livres (AGL) � aumentada pelos m�sculos ativos, gerando uma queda transit�ria na sua concentra��o plasm�tica. No entanto, ocorre um aumento da concentra��o dos horm�nios lipol�ticos, adrenalina, noradrenalina, glucagon, horm�nio do crescimento, bem como uma redu��o nos n�veis de insulina, o que promove uma maior libera��o dos AGL pelo tecido adiposo (26). � medida que o exerc�cio progride, a taxa de mobiliza��o de AGL aumenta e pode exceder sua utiliza��o, resultando em aumento da concentra��o plasm�tica (27). Por�m, esta taxa de mobiliza��o � dependente da lip�lise, da capacidade de transporte dos AGL e de sua taxa de reesterifica��o. A capacidade de transporte de AGL do tecido adiposo � influenciada pela concentra��o de albumina plasm�tica, sendo que durante o exerc�cio a concentra��o de AGL aumenta e a concentra��o de albumina plasm�tica permanece praticamente constante. Devido a esta diferen�a, algumas mol�culas de AGL s�o encontradas n�o ligadas � albumina, o que contribui para reesterifica��o desses �cidos graxos para o tecido adiposo. A velocidade de entrada de AGL e glicerol na circula��o tamb�m � influenciada pelo fluxo sangu�neo no tecido adiposo. Desta forma, como os exerc�cios prolongados com intensidade de 50% do VO2m�x aumentam o fluxo sangu�neo do tecido adiposo, pode ocorrer maior capta��o dos AGL como fonte energ�tica (28). Oxida��o dos triacilglicerois intramusculares durante o exerc�cio Durante o exerc�cio prolongado, a reserva de triacilglicerol intramuscular pode ser uma fonte de energia importante (26), j� que, segundo Maughan et al (28), a atividade da lipase lipoprot�ica, que � respons�vel pela entrada das mol�culas de AGL na c�lula muscular, n�o � suficiente par suprir a demanda de AGL do m�sculo durante o exerc�cio. A utiliza��o desta reserva como fonte de energia � importante, podendo supor que � medida que estas reservas s�o depletadas, haver� necessidade de ress�ntese, o que justifica a n�o observa��o de diferen�a entre suas concentra��es dentro do m�sculo (26). Exerc�cio f�sico e dislipidemia O exerc�cio f�sico tem sido amplamente empregado como medida n�o farmacol�gica no combate � dislipidemia, pois modifica��es no perfil lip�dico podem ocorrer decorrentes de sua pr�tica. Pessoas ativas, na maioria das vezes, apresentam n�veis maiores de HDL-c e menores de triacilglicer�is, LDL-c e VLDL-c, comparado �s sedent�rias (29). A amplia��o da utiliza��o dos �cidos graxos pelo tecido muscular e a maior a��o da lipase lipoprot�ica podem explicar estas modifica��es (28). Na literatura, � poss�vel encontrar diversos trabalhos relacionados ao exerc�cio e dislipidemia. Entre eles, a metan�lise, realizada por Kelley e Kelley (30), mostra que o exerc�cio aer�bio aumenta em aproximadamente 11% a part�cula HDL2-c em adultos. Este importante achado refor�a o papel do exerc�cio f�sico no combate � s�ndrome metab�lica, pois a part�cula de HDL2 -c possui o papel de receptor final no processo de transporte do colesterol dos tecidos perif�ricos para o f�gado, sendo que os indiv�duos que possuem maiores n�veis dela poder�o ter um menor risco de doen�a cardiovascular. Ratificando a import�ncia do exerc�cio, Bhalodkar et al (31) encontraram, em seus estudos com �ndios asi�ticos, n�veis de HDL-c em m�dia 11% maiores nos �ndios que eram ativos, comparados com os considerados sedent�rios. O tamanho da part�cula de HDL-c e sua densidade tamb�m foram significativamente maiores no grupo ativo. Estes achados refletem a import�ncia do exerc�cio como medida n�o medicamentosa para este grupo populacional, j� que a preval�ncia de incid�ncia de mortalidade por doen�a arterial coronariana � de 50 a 400% maior nestes �ndios comparados a pessoas de outras etnias. Outro benef�cio do exerc�cio relacionado � dislipidemia foi demonstrado por S�nchez-Quesada et al (32) que, ao comparar um grupo de 38 atletas com 38 indiv�duos sedent�rios, verificaram que a part�cula LDL-c de indiv�duos treinados era mais resistente � modifica��o oxidativa que a dos sedent�rios. Esta descoberta permite inferir que o exerc�cio de alta intensidade tamb�m pode ser protetor, ao contr�rio do que era esperado, pois uma LDL-c mais resistente � oxida��o pode ser menos aterog�nica. A melhora do perfil lip�dico, decorrente do exerc�cio f�sico, tamb�m pode ser verificada em indiv�duos diab�ticos. Khawali et al (33) estudaram adolescentes diab�ticos e verificaram que 43,3% dos que possu�am colesterol total acima de 160mg/dl obtiveram redu��o quando exercitavam. Quanto ao LDL-c, 64,5% dos jovens que iniciaram o programa com valores >100mg/dl reduziram estes n�veis. Em rela��o a HDL-c, 70,5% dos que possu�am concentra��es abaixo de 40mg/dl obtiveram aumento nestes n�veis ao final de uma semana de interven��o. No entanto, n�o houve modifica��o na propor��o de adolescentes com triacilglicerol > 150mg/dl. Achados como o de Khawali et al (33) demonstram que um programa regular de exerc�cio � eficaz na otimiza��o do perfil lip�dico em adolescentes com diabetes melito tipo 1. No entanto, � importante deixar claro que o protocolo de atividades executadas por eles que consistia de sess�es de 50 minutos de exerc�cios, 3 vezes ao dia, n�o � facilmente aplic�vel na pr�tica. Por�m, benef�cios semelhantes poder�o ocorrer com um tempo maior de pr�tica desportiva, como foi encontrado no estudo de Lehamann et al (34), em que um per�odo de 3 meses de exerc�cios reduziu a LDL-c e elevou o HDL-c em indiv�duos diab�ticos. Exerc�cio f�sico e hipertens�o arterial O exerc�cio f�sico tem sido recomendado como uma medida n�o farmacol�gica no tratamento da hipertens�o arterial (35), uma vez que diminui��es na press�o arterial sist�mica p�s-exerc�cio t�m sido demonstradas com programas de exerc�cio, tanto em indiv�duos hipertensos como em normotensos (36 37). Hagberg et al. (38) verificaram que o treinamento f�sico regular provoca, em m�dia, redu��o de 11 e 8 mmHg na press�o arterial sist�lica e diast�lica, respectivamente, em 75% dos indiv�duos com hipertens�o, al�m de reduzir a resposta da press�o arterial em treinamentos com cargas subm�ximas de esfor�o (39,40). Observa-se que tanto a resposta aguda (41, 42) quanto cr�nica (33, 43) do exerc�cio podem influenciar no comportamento da press�o arterial. Comprovando a a��o do exerc�cio de forma aguda na press�o arterial, Forjaz et al (42) demonstraram que uma �nica sess�o de trabalho promove hipotens�o p�s-exerc�cio em indiv�duos normotensos. Os autores verificaram que a dura��o da queda press�rica � dependente da dura��o do exerc�cio, pois, ao comparar sess�es de exerc�cio de 25 e 45 minutos a 50% do VO2 pico em cicloerg�metro, com grupo-controle (n�o fica melhor com h�fen?) sem exercitar, a maior queda press�rica ocorreu com maior tempo de atividade. Estes resultados foram semelhantes aos encontrados por Rebelo et al (41) que avaliaram 23 indiv�duos hipertensos em 3 situa��es experimentais diferentes (sem exerc�cio, 25 e 45 minutos de atividade). A maior queda press�rica ocorreu com a sess�o de exerc�cios realizada por 45 minutos, enquanto que n�o houve modifica��o nos n�veis press�ricos na situa��o controle. A import�ncia cl�nica deste tipo de achado � que provavelmente atividades de maior dura��o para indiv�duos hipertensos promovem melhor resposta hipotensora no momento de recupera��o, sendo mais indicadas. Ishikawa-Takata et al (43), avaliando a rela��o dose resposta do exerc�cio f�sico durante 8 semanas de interven��o em 207 indiv�duos n�o treinados, verificaram que as diferentes situa��es propostas promoveram diminui��o no press�o arterial sist�lica e diast�lica. A press�o arterial sist�lica teve maior redu��o com a situa��o de maior dura��o de exerc�cio, enquanto a magnitude da redu��o da press�o arterial diast�lica n�o foi estatisticamente diferente nas quatro situa��es de exerc�cio. Exerc�cio f�sico e resist�ncia � insulina Com o envelhecimento e a conseq�ente diminui��o dos n�veis de atividade f�sica, ocorre um aumento da obesidade central, sobretudo da gordura visceral, levando � promo��o de resist�ncia � insulina. Como um dos benef�cios do exerc�cio � a redu��o da adiposidade, este se correlaciona com o aumento da sensibilidade � insulina (44), devendo ser incentivado, independente da idade. O efeito do exerc�cio na melhora da sensibilidade � insulina foi demonstrado por Evans et al (45) em 10 idosos (m�dia de 80,3 anos) que realizaram treinamento aer�bio em m�dia 58 minutos com intensidade de 83% da freq��ncia card�aca m�xima, 2,5 vezes por semana por um per�odo de 10 a 12 meses (108 sess�es). Houve uma redu��o de 19,6 pmol/l na concentra��o de insulina de jejum, 19,4% de redu��o na insulina, medida pela �rea abaixo da curva no teste de toler�ncia oral a glicose, melhora de 32% na sensibilidade � insulina no teste de toler�ncia oral a glicose e aumento de 29% na taxa de disponibilidade de glicose relativa � concentra��o de insulina durante o clamp hiperglic�mico. Outros par�metros tamb�m foram alterados, como aumento de 15% no VO2m�x, redu��o de 1,6 kg de peso, perda de 1,8 kg de gordura, diminui��o de 8% nos triacilglicerois e 10% no LDL-c. O treinamento de for�a tamb�m se mostrou efetivo na melhoria da sensibilidade � insulina como foi demonstrado por Ibanez et al (46), ao avaliar 9 homens idosos portadores de diabetes tipo 2. Verificou-se que, ap�s 16 semanas de exerc�cio, realizado duas vezes por semana, houve diminui��o significativa de 10,3% na gordura visceral, 11,2% na subcut�nea, aumento de 46,3% na sensibilidade � insulina, diminui��o de 7,1% na glicemia de jejum. Resultados como os descritos acima comprovam que mesmo os indiv�duos idosos s�o suscept�veis �s altera��es nos par�metros metab�licos decorrentes do exerc�cio, podendo haver benef�cios fundamentais para a sa�de nesta fase da vida. Exerc�cio e diabetes melito tipo 2 No tratamentodo diabetes tipo 2, o exerc�cio regular � recomendado por atuar nos fatores de risco cardiovascular, controle metab�lico e preven��o das complica��es cr�nicas da doen�a (47). Al�m desses fatores, o exerc�cio � importante como medida terap�utica por ser de baixo custo, n�o farmacol�gico e promover benef�cios psicol�gicos (48). Alguns dos benef�cios ocorridos com os portadores de diabetes que se exercitam regularmente s�o o aumento da capta��o de glicose, diminui��o da resist�ncia � insulina (48), redu��o de LDL-c, aumento de HDL-c (33,34) e melhora da efici�ncia card�aca por meio da bradicardia de repouso (49,50). Estes benef�cios s�o decorrentes de modifica��es agudas ou cr�nicas. Entre as agudas, ocorre um aumento do transporte de glicose na c�lula muscular e aumento da sensibilidade da c�lula � a��o da insulina. Os principais fatores que podem atuar aumentando a taxa de capta��o da glicose s�o o aumento do aporte sangu�neo, permitindo a disponibilidade desse substrato para a musculatura (48), e o aumento da express�o do transportador de glicose (GLUT- 4) no m�sculo (51). J� como resposta fisiol�gica cr�nica, o exerc�cio regular atua no f�gado, diminuindo a libera��o de glicose hep�tica, j� que est� aumentada a sensibilidade � insulina no tecido adiposo diminuindo a gordura abdominal; no p�ncreas, diminuindo a hiperinsulinemia e no tecido muscular aumentando a massa muscular, o fluxo sangu�neo (48) e a concentra��o de GLUT � 4 (52). Alguns estudos demonstraram que o aumento da express�o de GLUT- 4 pode ocorrer ap�s poucas sess�es de exerc�cios. Kraniou et al (51), ao comparar a express�o de GLUT � 4 no m�sculo de seis homens adultos n�o treinados, que se exercitaram 60 minutos em cicloerg�metro por sete dias a 75% do VO2 m�x, observaram um aumento de 3,6 vezes em rela��o aos valores basais. Este achado � consistente com resultados de outros estudos descritos na literatura (53, 54). A fim de avaliar os efeitos da inatividade na concentra��o de GLUT-4 no m�sculo, Tabata et al (52) estudaram nove homens jovens por um per�odo de 19 dias, encontrando que a inatividade f�sica diminu�a a concentra��o de GLUT-4, mas o treinamento isom�trico reverteu isso. A diminui��o encontrada neste estudo foi de aproximadamente 16% quando os indiv�duos permaneceram inativos, enquanto o grupo que tamb�m permaneceu em repouso, mas executou 30 contra��es isom�tricas por 3 segundos cada em leg - press todas as manh�s, aumentou em 30% a concentra��o do transportador. Os poss�veis mecanismos envolvidos no aumento do GLUT-4 ainda n�o foram completamente elucidados (55). Por�m, independente do mecanismo envolvido, � necess�ria uma estimula��o regular pelo exerc�cio. Al�m do aumento do GLUT-4, outros benef�cios para os diab�ticos foram evidenciados pelo trabalho de SILVA & LIMA (49) que demonstraram que um programa de exerc�cio f�sico conduzido por 10 semanas promoveu melhoras nas vari�veis glicemia de jejum, hemoglobina glicosilada, lip�deos plasm�ticos, freq��ncia card�aca de repouso e �ndice de massa corporal em diab�ticos tratados ou n�o com insulina, sendo que o controle glic�mico promovido pelo exerc�cio foi observado em apenas uma sess�o de exerc�cio. � importante destacar que a melhora no perfil lip�dico dos diab�ticos � uma importante modifica��o adquirida com o exerc�cio f�sico, pois a dislipidemia, muitas vezes encontrada neste grupo, � um dos fatores de risco para doen�a ateroscler�tica (56). Diante do exposto, fica claro que se manter regularmente ativo � extremamente importante para o indiv�duo com diabetes melito tipo 2, uma vez que todas as modifica��es promovidas pelo exerc�cio podem reduzir as complica��es da doen�a. Considera��es finais Pode-se afirmar que o exerc�cio age positivamente na preven��o e tratamento da s�ndrome metab�lica, por provocar altera��es metab�licas e hormonais. Os horm�nios que sofrem altera��es nas suas concentra��es s�o o horm�nio do crescimento, as catecolaminas, o glucagon, a insulina, a endorfina e, em alguns casos, a leptina. As altera��es metab�licas s�o diminui��o no percentual de gordura, press�o arterial sist�lica e diast�lica, IMC, perfil lip�dico, adiposidade abdominal e aumento da massa magra, HDL-c, capta��o de glicose e sensibilidade � insulina. Constata-se, ent�o, que os exerc�cios aer�bio e anaer�bio s�o importantes formas n�o medicamentosas de prevenir e tratar a s�ndrome metab�lica. Refer�ncias bibliogr�ficas
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