Show
O sucesso das primeiras competições proporcionou um rápido crescimento ao movimento paralímpico, que em 1976 já contava com quarenta países. Neste mesmo ano foi realizada a primeira edição dos Jogos de Inverno, levando a mais pessoas deficientes a possibilidade de praticar esportes em alto nível. Os Jogos de Barcelona, em 1992, representam um marco para o evento, já que pela primeira vez os comitês organizadores dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos trabalharam juntos. O apoio do Comitê Olímpico Internacional após os Jogos de Seul, em 1988 proporcionou a fundação, em 1989, do Comitê Paralímpico Internacional. Desde então os dois órgãos desenvolvem ações conjuntas visando ao desenvolvimento do esporte para deficientes. Vinte e oito modalidades compõem o programa dos Jogos Paralímpicos, sendo que vinte e cinco já foram disputadas, duas irão estrear na edição de 2016 e uma não tem previsão para a inclusão. Além de modalidades adaptadas, como atletismo, natação, basquetebol, tênis de mesa, esqui alpino e curling, há esportes disputados exclusivamente por deficientes, como bocha, goalball e futebol de cinco. Ao longo da história, diversos atletas com deficiência física participaram de edições dos Jogos Olímpicos, tendo conseguido resultados expressivos. O único caso registrado de atleta profissional que fez o caminho inverso, ou seja, competiu primeiro em Jogos Olímpicos e depois em Jogos Paralímpicos, é o do esgrimista húngaro Pál Szekeres, que conquistou uma medalha de bronze em 1988 e, após os Jogos, sofreu um acidente de carro que o deixou paraplégico. Szekeres já participou de cinco Jogos Paralímpicos. O Brasil tem conseguido destaque nas últimas edições dos Jogos Paralímpicos. O país estreou em 1976 e conquistou sua primeira medalha na edição seguinte. Em 2008, pela primeira vez encerrou uma edição entre os dez primeiros no quadro de medalhas, ficando em nono lugar com 47 medalhas. Os nadadores Clodoaldo Silva e Daniel Dias e os corredores Lucas Prado, Ádria Santos e Terezinha Guilhermina são alguns dos destaques paraesportivos do país.[3] Portugal também tem obtido bons resultados, com destaque para a natação e a bocha, que deram seis das sete medalhas do país em 2008.[4] Angola compete apenas desde 1996, mas já conquistou seis medalhas, todas no atletismo.[5] Cabo Verde e Timor-Leste também já participaram de Jogos Paralímpicos, mas nunca ganharam medalhas.[6][7] Índice
HistóriaPrecedentesSir Ludwig Guttmann, criador dos Jogos. Em 1939, o neurologista alemão de origem judia Ludwig Guttmann foi forçado pelo governo nazista da Alemanha a deixar o país com sua família e se estabelecer na Inglaterra, trabalhando na Universidade de Oxford. Em 1943, Guttmann foi indicado pelo governo britânico para chefiar o Centro Nacional de Traumatismos na cidade de Stoke Mandeville, sendo sua principal missão a reabilitação de soldados que serviram na Segunda Guerra Mundial.[8] Antes da Guerra não havia registros de grandes esforços para reabilitar deficientes físicos, cuja vida era considerada de curta duração e de má qualidade. Guttmann desenvolveu uma nova filosofia de tratamento para os seus pacientes que unia trabalho e esporte. Entre as modalidades usadas no tratamento estavam basquetebol, tiro com arco, dardos e bilhar.[8] Com o sucesso do novo sistema, Guttmann promoveu, em 28 de julho de 1948, o primeiro evento esportivo exclusivo para portadores de deficiência. A data não foi escolhida por acaso, uma vez que no mesmo dia tinham início os Jogos Olímpicos de Londres, a apenas 56 km de Stoke Mandeville. Dois grupos de arqueiros paraplégicos participaram da competição. O evento continuou a ocorrer todos os anos, tornando-se internacional em 1952, quando quatro atletas dos Países Baixos competiram. O crescimento continuou de maneira acelerada até que, em 1960, a competição ocorreu pela primeira vez fora do Reino Unido.[8] Os primeiros Jogos ParalímpicosRoma, na Itália, foi escolhida em 1959 sede da nona edição dos Jogos Internacionais de Stoke Mandeville, como era conhecido o evento, graças aos esforços de Guttmann em unir Jogos Olímpicos e competições para deficientes (Roma também sediaria os Jogos Olímpicos de Verão de 1960), sendo a primeira vez que o evento saía de Stoke Mandeville. Quatrocentos atletas de vinte e três países competiram em provas exclusivas para usuários de cadeira de rodas.[8] A competição continuou a ser realizada na cidade inglesa nos anos seguintes, mas em 1964 novamente ocorreu na mesma cidade dos Jogos Olímpicos (Tóquio, no Japão). Nesta época já era comum, principalmente para a imprensa, o uso do nome "Paralimpíadas" (contração de "Paraplegia" e "Olimpíadas") para designar o evento, principalmente aquele que ocorria fora da Grã-Bretanha.[8] A realização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos na mesma cidade não pôde ter continuidade em 1968, já que a Cidade do México desistiu por problemas financeiros e por falta de acessibilidade para pessoas em cadeira de rodas nos locais de competição. Tel Aviv, em Israel, recebeu a terceira edição dos Jogos. Em 1972, mais uma vez a sede dos Jogos Olímpicos não recebeu as Paralimpíadas. Munique, na Alemanha Ocidental, desistiu da ideia de organizar os Jogos por causa da falta de acessibilidade na Vila Olímpica. Heidelberg, no mesmo país, se ofereceu como alternativa.[8] Novos tipos de deficiênciaAmputados passaram a competir nos Jogos Paralímpicos em 1976. Ainda na década de 1960 surgiu o interesse de outras organizações de apoio aos deficientes em participar dos Jogos Paralímpicos. Em 1976, ano em que mais uma vez o evento ocorreu no mesmo país sede dos Jogos Olímpicos (Canadá), mas em outra cidade (Toronto, enquanto Montreal recebeu as Olimpíadas), outras categorias passaram a integrar os Jogos. Pela primeira vez foram realizados eventos para deficientes visuais, amputados, pessoas com lesão na medula espinhal, entre outros, totalizando 1600 atletas de quarenta países.[9] Em 2000, os deficientes mentais foram excluídos dos jogos por causas de denúncias de fraudes na escalação dos atletas. Na época, um jornalista se infiltrou na equipe de basquetebol da Espanha, e descobriu que vários atletas sem deficiência foram escalados, inclusive o próprio jornalista foi escalado entre os jogadores[10]. Havia muita dificuldade em determinar o que seria "deficiência mental", então os critérios não eram bem definidos. Na última assembleia geral do Comitê Paralímpico Internacional em Cairo no Egito em 2004, foi aprovada a resolução que permitia novamente a participação de portadores de deficiência mental nos jogos.[11] Jogos Paralímpicos de InvernoAs adaptações dos esportes de inverno para deficientes também começaram a ocorrer após a Segunda Guerra Mundial. Em 1948 uma corrida na Áustria reuniu 17 esquiadores amputados, na primeira edição do que viria a ser o campeonato nacional de esqui para amputados. Em 1974 ocorreu o primeiro Campeonato Mundial de Esqui para Deficientes, na cidade de Le Grand-Bornand, na França. Os primeiros Jogos Paraolímpicos de Inverno ocorreram dois anos depois em Örnsköldsvik, Noruega.[12] Jogos ModernosEm 1988, os Jogos Paralímpicos voltaram a acontecer na mesma cidade dos Jogos Olímpicos (Seul, na Coreia do Sul), e pela primeira vez os comitês organizadores dos dois eventos trabalharam juntos. Por isso, os Jogos de Seul são considerados um marco no movimento paralímpico mundial. Novas deficiências foram adicionadas e o programa foi expandido para dezessete esportes, que passaram a ter um sistema de classificação por tipo e grau de deficiência. Um ano após os Jogos de Seul o Comitê Paralímpico Internacional foi fundado, reunindo 167 países.[13] Em 2000, o IPC e o Comitê Olímpico Internacional assinaram um acordo de cooperação, complementado no ano seguinte com a política "Uma Eleição, Uma Cidade", segundo a qual a eleição da cidade-sede dos Jogos Olímpicos passaria a incorporar exigências relativas aos Jogos Paralímpicos.[14] Comitê Paralímpico InternacionalPrecursores (1964 – 1989)A primeira organização dedicada à promoção de oportunidades esportivas para pessoas com deficiência foi a Organização Desportiva Internacional para Deficientes (ISOD), fundada em 1964. Os fundadores desta organização pretendiam que fosse um órgão de desportos adaptados, tal qual o COI era para os Jogos Olímpicos.[15] Esta comissão evoluiu para o Comitê de Coordenação Internacional de Organizações Mundial de Esportes para Deficientes (ICC), que foi criado em 1982. O ICC foi encarregado de defender os direitos dos atletas com deficiência frente ao COI.[16] Após o sucesso do esforço de cooperação entre o ICC e o COI, o que resultou nos Jogos Paralímpicos de Verão de 1988 em Seul, o ICC determinou a necessidade de se expandir e incluir representantes de todas as nações que tinham programas desportivos para deficientes. Também considerou necessário incluir atletas nas decisões do órgão regulador paralímpico. Por conseguinte, este organismo foi reorganizado como o Comitê Paralímpico Internacional (IPC) em 1989.[16] IPC (1989 – presente)O IPC é o órgão mundial que rege o Movimento Parlímpico. É composto atualmente por 165 Comitês Paralímpicos Nacionais (CPN) e quatro federações desportivas internacionais que representam deficiências específicas. O presidente do IPC é o britânico Philip Craven, ex-atleta da Grã-Bretanha.Na sua qualidade de chefe do IPC, Craven também é membro do Comitê Olímpico Internacional.[17] A sede do IPC está em Bonn, na Alemanha. O IPC é responsável pela organização dos Jogos Paralímpicos de Verão e Inverno. Serve também como a Federação Internacional para nove esportes. Isto exige que o IPC supervisione e coordene os Campeonatos Mundiais e outras competições para cada um dos nove esportes que regulamenta. Submetidos a autoridade do IPC estão um grande número de organizações desportivas nacionais e internacionais, e federações, com estrutura semelhante ao do COI. O IPC também reconhece parceiros de mídia, certifica funcionários, juízes e é responsável pela aplicação do estatuto da Carta Paralímpica.[18]. O IPC tem um estrito relacionamento de cooperação com o Comitê Olímpico Internacional (COI). Delegados do IPC também são membros do COI e participam das comissões da entidade. Os dois órgãos permanecem distintos, com eventos separados, apesar da estreita relação organizacional.[19]. Nome e símbolosA bandeira paralímpica A origem do termo "Paralimpíada" é obscura. O nome foi originalmente criado numa contração combinando "Paraplegia" e "Olimpíada".[20] A inclusão de outros grupos de deficiência tornaram esta explicação inadequada. A explicação formal atual para o nome é que ele deriva da preposição grega παρά, pará ("junto a" ou "ao lado de") e, portanto, refere-se a uma competição realizada em paralelo com os Jogos Olímpicos.[20] A primeira vez que o termo "Paraolímpicos" entrou em uso oficial ocorreu nos Jogos de Verão de 1988, realizados em Seul. "Espírito em Movimento" é o lema do movimento paralímpico. O lema foi introduzido em 2004 nos Jogos Paralímpicos de Atenas. O lema anterior era "Mente, Corpo e Espírito", lançado em 1994.[21] O símbolo dos Jogos Paralímpicos contém três cores, vermelho, azul e verde, que são as cores mais amplamente representadas nas bandeiras das nações. Cada cor está na forma de um Agito (que em latim significa "eu me movo"). Os três Agitos circundam um ponto central, que é um símbolo para os atletas se reunirem de todos os pontos do globo.[22] O lema e o símbolo do IPC foram alterados em 2003 para suas versões atuais. A mudança teve a intenção de transmitir a ideia de que atletas demonstram um espírito de competição e que o IPC como uma organização percebe o seu potencial e está avançando para alcançá-lo. A visão do IPC é, "permitir que atletas paralímpicos alcancem a excelência desportiva e inspirem e excitem o mundo."[23] Relações com os Jogos OlímpicosEm 2001, o Comitê Olímpico Internacional (COI) e o Comitê Paralímpico Internacional (IPC) assinaram um acordo que garante que as cidades-sede gerenciem tanto os Jogos Olímpicos quanto os Paralímpicos. Este acordo permanece em vigor até os Jogos Paralímpicos de Inverno de 2018. Porém, será estendido para as edições subsequentes.[24] O COI tem escrito o seu compromisso com a igualdade de acesso ao esporte para todas as pessoas em sua Carta, que afirma:[25]
Embora a Carta não se manifeste sobre a discriminação especificamente relacionada com as necessidades especiais, tendo em conta a linguagem na Carta a respeito da discriminação, é razoável inferir que a discriminação em razão da deficiência seria contra os ideais da Carta Olímpica e ao COI. Isso também é consistente com a Carta Paralímpica, que proíbe a discriminação com base na política, religião, deficiência, economia, sexo, orientação sexual ou por motivos raciais.[26] O presidente do comitê organizador de Londres, Lord Coe, disse sobre os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Verão de 2012
[27] Paralímpicos nas OlimpíadasOs atletas paralímpicos têm buscado a igualdade de oportunidades para competir nos Jogos Olímpicos. O precedente foi criado por Neroli Fairhall, uma arqueira paralímpica da Nova Zelândia, que competiu nos Jogos Olímpicos de Verão de 1984 em Los Angeles.[28] Em 2008, Oscar Pistorius, um velocista sul-africano, tentou se classificar para as Olimpíadas de 2008. Pistorius teve as duas pernas amputadas abaixo do joelho e corre com duas lâminas de fibra de carbono. Ele detém os recordes paralímpicos nas provas dos 100, 200 e 400 metros. Em 2007, ele competiu em seu primeiro meeting internacional em pista para não-deficientes, após o qual a Associação Internacional de Federações de Atletismo (IAAF), órgão regulador do atletismo, proibiu o uso de qualquer dispositivo técnico que empregue "... molas, rodas ou qualquer outro elemento que forneça ao usuário uma vantagem sobre outro atleta que não utilize esse dispositivo." A preocupação entre os atletas e a IAAF foi que as lâminas de Pistorius lhe dessem uma vantagem injusta. A IAAF, em seguida, determinou que Pistorius estava inelegível para o Jogos Olímpicos de 2008.[29] Esta decisão foi anulada pelo Tribunal Arbitral do Desporto, que alegou que a IAAF não tinha apresentado provas científicas suficientes que as próteses de Pistorius lhe dava vantagens indevidas. Consequentemente, se ele conseguisse o indíce olímpico, ele seria autorizado a competir.[30] Sua melhor oportunidade para se classificar foi na corrida de 400 metros. Pistorius perdeu o índice, a uma distância de 0,70 segundo. Ele competiu nos Jogos Paralímpicos de Verão de 2008, onde ganhou medalhas de ouro nos 100, 200 e 400 metros sprints[31]. Os atletas sem deficiência também competem nos Jogos Paralímpicos: os guias visuais para atletas com deficiência visual, são uma parte estreita e essencial da competição, que o atleta com deficiência visual e o guia são considerados uma equipe.[32] Edições
EsportesAtualmente há vinte e oito esportes reconhecidos pelo Comitê Paralímpico Internacional (IPC), sendo que um deles (dança esportiva em cadeira de rodas) não é disputado em Jogos Paralímpicos. O IPC, além de organizar os Jogos, é a entidade administradora de nove esportes. A Organização Internacional de Esportes para Deficientes administra seis esportes, e treze são administrados por federações internacionais próprias.[35] A atualização mais recente do programa dos Jogos foi feita em dezembro de 2010, quando a canoagem e o triatlo foram adicionados. Ambos serão disputados pela primeira vez nos Jogos Paralímpicos de Verão de 2016, no Rio de Janeiro.[36] Esportes do IPC
Esportes da OIED
Esportes com federações próprias
ClassificaçãoNo início, a classificação dos atletas era feita apenas por critérios médicos. Um atleta com lesão na medula espinhal, por exemplo, não poderia participar das mesmas provas de um amputado das duas pernas, já que seus diagnósticos eram diferentes. O crescimento do movimento paraolímpico fez com que a prática esportiva passasse a ser mais importante que a reabilitação física. A classificação acompanhou essas mudanças e passou a levar em conta o aspecto funcional, ou seja, o quanto a deficiência impacta na performance do atleta. Devido a essa mudança, paraplégicos e amputados podem hoje competir na mesma categoria. Os esportes para deficientes visuais, entretanto, são uma exceção a essa regra, já que seu sistema de classificação permanece basicamente médico.[63] A classificação funcional, ao contrário da médica, precisa ser específica para cada esporte, já que uma deficiência pode ter grande impacto na performance do atleta em um esporte, mas não fazer muita diferença para outro (por exemplo, atletas amputados de ambos os braços sofrem um impacto na performance maior na natação que no atletismo).[63] Os atletas são divididos em três categorias nos Jogos Paralímpicos. No atletismo, os competidores são encaixados em categorias de acordo com o tipo de sua deficiência. As categorias de números 11 a 13 são reservadas para deficientes visuais, a número 20 para atletas com deficiência intelectual, 32 a 38 para portadores de paralisia cerebral (sendo 32 a 34 para atletas em cadeira de rodas, e 35 a 38 para ambulantes), 40 a 46 para amputados e les autres e 51 a 58 para amputados e paraplégicos que correm em cadeira de rodas. Cada categoria possui um prefixo, F para eventos de campo ("field", em inglês) e T para eventos de pista ("track", em inglês).[64] A natação, outro esporte bastante popular, também tem sua classificação baseada no tipo de deficiência e no tipo de prova. Os deficientes visuais são divididos em três categorias de acordo com o grau de deficiência (S11 para os de maior grau e S13 para os de menor grau). O programa dos Jogos oferece nove provas a estes atletas. Os deficientes físicos são classificados de acordo com diversos fatores, como força muscular, coordenação motora, amplitude de movimento e comprimento dos membros. A avaliação também inclui uma prova prática. Devido às suas características próprias, o nado borboleta possui uma classificação diferente, composta por nove classes e identificada pelo prefixo SB. Também por conta disso, a classificação para provas medley é única, com dez classes identificadas pelo prefixo SM. Uma terceira classificação, com dez classes identificadas por S, é aberta para todos os outros tipos de nado. Em todos os casos, quanto maior o número da classe, menor é o grau de deficiência. Nem todas as provas são abertas a qualquer classe. De modo geral, distâncias mais curtas são reservadas para as categorias S1 a S5 e distâncias mais longas são disputadas por atletas S6 a S10.[65] No basquetebol, no rugby em cadeira de rodas e na vela, cada atleta recebe uma pontuação (1,0 a 4,5 no primeiro caso, 0,5 a 3,5 no segundo, 1 a 7 no terceiro) de acordo com sua habilidade nos fundamentos dos esportes e seu grau de comprometimento físico (quanto menor a pontuação, maior o grau de comprometimento). Uma equipe de basquetebol (composta por cinco membros) não pode exceder 14 pontos,[66] enquanto uma de rugby (com quatro integrantes) deve ter no máximo oito pontos.[67] Na vela, as três categorias de barco possuem três atletas, cujas pontuações não podem somar mais de 14.[68] No goalball os atletas também usam vendas. As duas modalidades de futebol possuem sistema de classificação diferentes. No de sete, os atletas são divididos em quatro categorias de acordo com o grau de dificuldade de locomoção. A classe C5 reúne atletas que conseguem se equilibrar parados, mas têm dificuldades ao caminhar ou correr. Na C6 estão portadores de atetose, ataxia ou uma combinação de espasticidade e atetose envolvendo os quatro membros. Na C7 estão portadores de hemiplegia, e na C8 portadores de hemiplegia, diplegia ou atetose que cumpram os critérios de classificação. Cada equipe deve ter pelo menos um jogador da classe C5 ou da C6, e no máximo três da classe C8.[69] Já no de cinco, podem praticar atletas com menos de 10% de acuidade visual e/ou campo de visão menor que 20 graus. Para igualar os diferentes tipos de deficiência, todos os jogadores usam vendas. Os goleiros podem ter visão completa, mas não podem ser registrados na FIFA nos cinco anos anteriores ao evento em questão.[70] O goalball e o judô têm critérios de classificação exatamente iguais aos do futebol de cinco.[71][72] Os praticantes de bocha são divididos em dois grupos. No grupo 1 estão os atletas que dependem de assistência ou de uma cadeira de rodas elétrica para se movimentar, e no 2 estão os atletas que possuem pouca força, mas são capazes de movimentar sua própria cadeira de rodas.[73] A competição de tiro divide os atletas em duas categorias, SH1 (atiradores que conseguem segurar a arma) e SH2 (atiradores que não possuem força suficiente para segurar a arma e precisam de um suporte para ela). Há ainda a categoria SH3 (deficientes visuais), que foi disputada até os Jogos Paralímpicos de 1992.[74] No tiro com arco, os arqueiros são divididos em três classes, uma para atletas em cadeira de rodas com deficiências nos quatro membros (W1), uma paratleta em cadeira de rodas com total movimentos dos braços (W2) e uma para atletas em pé, amputados, portadores de paralisia cerebral e les autres.[75] O hipismo tem cinco classes de acordo com o grau de deficiência de locomoção, sendo levados à Classe I os portadores de deficiências mais graves e à Classe V os de deficiências menos graves. Deficientes visuais também competem na Classe V.[76] Bicicletas tandem são usadas por deficientes visuais. No ciclismo, os deficientes visuais competem na traseira de bicicletas tandem (de dois lugares), e os atletas com dificuldade de locomoção são divididos em quatro classes, de acordo com a gravidade da deficiência (amputação ou paralisia). Atletas que usam cadeira de rodas para se locomover normalmente usam handcycles, veículos operados com as mãos, e são divididos em três classes. Portadores de paralisia cerebral competem em quatro classes, podendo usar bicicletas ou triciclos, dependendo da gravidade da lesão.[77] A única exigência para competir no tênis em cadeira de rodas é a perda permanente da função de uma ou ambas as pernas devido a condições como lesão medular, anquilose, amputação etc.[78] Já no tênis de mesa, os atletas são divididos em onze classes de acordo com sua habilidade e com fatores como amplitude de movimento, força muscular, restrições de locomoção, equilíbrio na cadeira de rodas e capacidade de manusear a raquete. Todas as categorias são identificadas pelo prefixo TT. As classes TT1 a TT5 são reservadas para atletas que competem em cadeira de rodas, as TT6 a TT10 para atletas que competem em pé e a TT11 para portadores de deficiência intelectual.[79] A classificação da esgrima em cadeira de rodas é feita de acordo com avaliações funcional, de força muscular e de disfunções como espasticidade, atetose e ataxia. Os esgrimistas são divididos em duas classes, A e B.[80] O remo possui quatro classes de barcos adaptados. Na classe LT4+ competem quatro atletas que possuem pernas e braços. É a única classe com assento móvel (como o remo tradicional). A classe TA2x é reservada a duplas que não possuem membros inferiores. Homens e mulheres também competem juntos. As classes AW1x (feminina) e AM1x (masculina) é disputada por atletas sem os membros inferiores, que remam sozinhos.Ao contrário do Remo olímpico as provas do remo nas Paralímpiadas são mistas [81] Os jogadores de voleibol sentado são classificados de acordo com o tipo de amputação que possuem, mas, salvo algumas exceções, todos os tipos de atletas competem juntos.[82] O único esporte em que o grau de deficiência não é levado em conta é o levantamento de peso, cuja divisão de classes ocorre de acordo com o peso do atleta. Em princípio, qualquer portador de deficiência pode competir, mas o Comitê Paralímpico Internacional costuma vetar a participação de atletas que possuem impedimentos nos membros superiores que possam causar lesões.[83] Dos esportes de inverno, o biatlo, o esqui alpino e o esqui cross-country têm classificação de acordo com o tipo de deficiência. São três categorias para deficientes visuais, sete para deficientes físicos que competem em pé e três para deficientes físicos que competem sentados. Não existem, entretanto, provas separadas de acordo com a categoria, ou seja, todos os atletas com determinada deficiência competem juntos. A classificação é usada apenas para, em algumas provas, determinar um fator de ajuste para o tempo de prova do atleta. Quanto mais severa a deficiência, maior o ajuste, como se o cronômetro corresse mais devagar. No hóquei sobre trenó e no curling em cadeira de rodas, não há uma separação entre os atletas, bastando ter um impedimento definitivo nos membros inferiores para competir.[84][85] Deficientes nos Jogos OlímpicosNatalia Partyka foi a primeira amputada a competir nos Jogos Olímpicos. A arqueira neozelandesa Neroli Fairhall é considerada a pioneira da participação de deficientes físicos em Jogos Olímpicos, tendo competido em Los Angeles 1984 na prova individual feminina.[86] A italiana Paola Fantato, também atleta do tiro com arco, foi a primeira a competir, em 1996, nos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos no mesmo ano, tendo sido eliminada na primeira fase nos Jogos Olímpicos e conquistado duas medalhas nos Jogos Paralímpicos.[87] A primeira deficiente visual a competir em Jogos Olímpicos foi a americana Marla Runyan, que disputou as maratonas dos Jogos de Sydney 2000 e Atenas 2004.[88] Os Jogos de 2008, em Pequim, foram os primeiros com participação de atletas amputados. As duas pioneiras foram a mesa-tenista polonesa Natalia Partyka, que é dona de quatro medalhas paraolímpicas (dois ouros e duas pratas),[89][90] e a nadadora sul-africana Natalie du Toit, que possui onze medalhas paraolímpicas (dez ouros e uma prata).[91][92] A participação bem-sucedida da nadadora deram a ela o prêmio Whang Youn Dai (concedido ao final de cada edição de Jogos Paraolímpicos aos atletas que mais representam o espírito paraolímpico)[93] e o Laureus, maior honraria esportiva mundial, em 2010.[94] Antes dessas participações, entretanto, já havia relato da presença de deficientes em Jogos Olímpicos. Em St. Louis 1904, George Eyser, que não possuía a perna direita e usava uma prótese de madeira, fez parte da equipe americana de ginástica, conquistando seis medalhas. O húngaro Olivér Halassy, amputado de parte da perna esquerda, conquistou três medalhas no polo aquático entre 1928 e 1936. Seu compatriota Károly Takács, que teve sua mão direita dilacerada por uma granada, conquistou em Londres 1948 o ouro no tiro, repetindo o feito em Helsinque 1952. A esgrimista Ildikó Ságiné-Ujlakyné-Rejtő, também húngara, competiu em cinco edições dos Jogos Olímpicos, entre 1960 e 1972, conquistando sete medalhas, sendo duas de ouro.[95] O corredor sul-africano Oscar Pistorius, que usa próteses ligadas aos dois joelhos, requereu em 2007 o direito de competir em eventos regulares do atletismo, já que, segundo ele, estava um nível acima dos demais atletas paraolímpicos (àquela altura ele possuía um ouro e um bronze conquistados em Atenas 2004[96]). Nos testes a que se submeteu, a junta médica considerou que as próteses davam a Pistorius uma vantagem em relação aos atletas que possuem as duas pernas. Como consequência, seu pedido foi negado. No ano seguinte Pistorius entrou com um recurso junto à Corte Arbitral do Esporte, que, em maio de 2008, o deferiu, alegando que não havia comprovação científica das vantagens do uso de próteses no atletismo. Pistorius, entretanto, não conseguiu o índice para participar dos Jogos Olímpicos de Pequim. Nas Paraolimpíadas, por sua vez, conquistou três medalhas de ouro.[96][97] Outro caso de portador de deficiência que esteve próximo de competir nos Jogos Olímpicos ocorreu em 2010, quando o canadense Brian McKeever se classificou para competir no esqui cross-country dos Jogos de Vancouver. McKeever seria o primeiro deficiente a partir das Olimpíadas de Inverno, mas, a poucos dias de sua prova, o Comitê Olímpico Canadense desistiu de relacioná-lo, substituindo-o por um atleta com maiores chances de medalha.[98] Além dos exemplos de deficientes que participaram de Jogos Olímpicos, há um caso de atleta que competia regularmente e, após um acidente, passou a competir em esportes paraolímpicos. Pál Szekeres, esgrimista húngaro, conquistou uma medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Seul 1988 e, após os Jogos, sofreu um acidente de trânsito que o obrigou a usar cadeira de rodas. Szekeres superou os desafios da nova condição e, quatro anos após a conquista de Seul, estava pela primeira vez nos Jogos Paralímpicos. Entre 1992 e 2008, o atleta conquistou três ouros e três bronzes na esgrima em cadeira de rodas, se tornando o único atleta a conquistar medalhas tanto em Olimpíadas quanto em Paralimpíadas.[99][100] PolêmicasDopingGlenn Ikonen (no canto direito da imagem) foi suspenso por uso de medicamentos contra hipertensão arterial. Os primeiros casos de doping em Jogos Paralímpicos ocorreram em Barcelona 1992, quando cinco atletas foram pegos nos exames. Em Atlanta 1996, nenhum caso foi registrado, mas em Sydney 2000 onze atletas foram punidos (dez deles do levantamento de peso).[101] Em Atenas 2004 dez atletas falharam nos testes[102] e em Pequim 2008 três atletas foram suspensos.[103] Em Jogos Paraolímpicos de Inverno, destaca-se o caso de Thomas Oelsner, esquiador alemão, que foi reprovado nos testes após conquistar duas medalhas de ouro em Salt Lake City 2002,[104] e o de Glenn Ikonen, curler sueco de 54 anos de idade, suspenso por causa de um remédio para hipertensão arterial prescrito por seu próprio médico e que continha substâncias proibidas.[105] FraudeOs Jogos Paralímpicos de Verão de 2000 foram marcados pela polêmica envolvendo os atletas que competiram em eventos para pessoas com deficiência intelectual. Meses após os Jogos, um membro da equipe espanhola de basquetebol alegou que diversos atletas, incluindo ele próprio, competiram mesmo sem serem deficientes.[106] O Comitê Paraolímpico Internacional iniciou uma profunda investigação e concluiu que a alegação estava correta: mais de dois terços das inscrições de deficientes intelectuais foram consideradas inválidas pela comissão investigadora. Como consequência, a Federação Internacional de Esportes para Atletas com Deficiência Intelectual foi suspensa por tempo indeterminado.[107] Em 2007 foi criado um grupo de trabalho entre o IPC e a Federação com o objetivo de reintroduzir eventos para deficientes intelectuais nos Jogos Paralímpicos. Dois anos depois, a Assembleia Geral do IPC decidiu pelo retorno desse tipo de evento na edição de 2012, em Londres. Quatro esportes terão em seus programas provas para deficientes intelectuais: atletismo, natação, tênis de mesa e remo.[108] MídiaEnquanto os Jogos Olímpicos tiveram um crescimento enorme na cobertura da mídia mundial desde os Jogos Olímpicos de Verão de 1984, os Jogos Paralímpicos foram incapazes de manter uma consistente presença na mídia internacional. As transmissões televisivas dos Jogos Paralímpicos começaram em 1976, mas esta cobertura inicial foi limitada a versões gravadas com atraso a uma nação ou região. Nos Jogos Paralímpicos de Verão de 1992 houve apenas 45 horas de cobertura ao vivo, mas disponíveis apenas para a Europa. Outros países transmitiram pacotes de flashes durante os Jogos. Nenhuma melhoria significativa na cobertura ocorreu até os Jogos Paralímpicos de Verão de 2000 em Sydney[109]. Os Jogos Paralímpicos de 2000 representaram um aumento significativo da exposição de mídia global para os Jogos Paralímpicos. Um acordo foi alcançado entre o Comitê Organizador dos Jogos Paralímpicos de Sydney (SPOC) e a All Sports Media (AMS) para transmitir os Jogos internacionalmente. Acordos foram alcançados com asiáticos, sul-americanos, europeus e empresas de radiodifusão para distribuir a cobertura para os possíveis mercados. Os Jogos também foram transmitidos via web pela primeira vez. Graças a esses esforços os Jogos Paralímpicos de Sydney atingiram um público global estimado em 300 milhões de pessoas.[110] Também foi importante o fato de que os organizadores não tiveram comprar horários nas emissoras como tinha sido feito anteriormente nos Jogos de 1992 e 1996. Apesar destes avanços, uma atenção consistente da mídia tem sido um desafio, o que foi evidenciado na cobertura na Grã-Bretanha dos Jogos Paralímpicos de Inverno de 2010.[111] A British Broadcasting Corporation (BBC), foi criticada por sua cobertura mínima dos Jogos Paralímpicos de Inverno de 2010 em comparação com a cobertura dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2010. A BBC anunciou que iria transmitir alguns conteúdos em seu site e mostrar um programa com flashes de uma hora após o término das Olimpíadas. Para os Jogos Olímpicos de Inverno da BBC foram ao ar 160 horas de cobertura. A resposta da BBC foi de que as restrições orçamentárias e do "fator fuso horário" necessitaram de um horário de transmissão limitado.[112] A redução da cobertura foi feita apesar da avaliação ter aumentado para os Jogos Paralímpicos de Verão de 2008, que foram assistidos por 23% da população da Grã-Bretanha.[112] Na Noruega, a Norwegian Broadcasting Corporation (NRK) transmitiu 30 horas dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2010 ao vivo. A NRK-sport criticou severamente a qualidade das imagens vindas de Vancouver,sendo que as críticas foram notificadas à União Europeia de Radiodifusão (EBU). Questões como a exibição do biatlo, sem mostrar o tiro, e no esqui cross-country com as imagens dos esquiadores muito fundas e desfocadas, o que tornava difícil acompanhar o andamento da competição. A NRK esteve muito mais satisfeita com a transmissão dos jogos de hóquei sobre trenó e curling em cadeira de rodas, em que o nível foi considerado o mesmo dos Jogos Olímpicos.[113] Maiores medalhistasTrischa Zorn dos Estados Unidos é a atleta paraolímpica mais condecorada da história. Ela competiu nas provas de natação para cegos e ganhou um total de 55 medalhas, 41 das quais de ouro. Sua carreira paralímpica durou 24 anos de 1980-2004.Trischa também foi reserva da equipe de natação americana das Olimpíadas de 1980, mas não foi aos Jogos Olímpicos devido ao boicote americano do evento.[114][115] Ragnhild Myklebust da Noruega detém o recorde de maior medalhista dos Jogos Paraolímpicos de Inverno. Competindo em uma variedade de eventos entre 1988 e 2002, ela ganhou um total de 22 medalhas, das quais 17 foram de ouro. Depois de ganhar cinco medalhas de ouro nos Jogos de 2002 ela se aposentou aos 58 anos de idade[116]. Neroli Fairhall, uma arqueira paraplégica da Nova Zelândia, foi a primeira competidora paraplégica, e a primeira paraolímpica, a participar nos Jogos Olímpicos, quando ela competiu nos Jogos Olímpicos de Verão de 1984 em Los Angeles. Ela foi a trigésima quarta colocada na competição de tiro com arco.[28] Mais de mil atletas já ganharam mais de uma medalha nos Jogos Paraolímpicos. A lista abaixo reúne os dez primeiros mais os cinco melhores de países lusófonos.[117] Na imagem, Clodoaldo Silva, o maior medalhista brasileiro em Jogos Paralímpicos. O português Paulo de Almeida Coelho é o maior medalhista português, e as demais nações lusófonas não possuem medalhas.
Ver também
Referências
Ligações externas
Quais tipo de deficiências não participam dos Jogos Paralímpicos?Os atletas com deficiência auditiva não participam das Paralimpíadas por já terem uma competição mundial destinada a eles (a Surdolimpíada (ou, em inglês, Deaflympics), que foram realizadas pela última vez em 2009.
Quais deficiências são elegíveis para participar dos Jogos Paralímpicos?Eles são frequentemente divididos em três grupos de deficiência: física (potência muscular prejudicada, amplitude de movimento prejudicada, deficiência de membros, diferença de comprimento das pernas, hipertonia, ataxia, atetose e baixa estatura), de visão e intelectual.
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