Quantos casos de assédio no Brasil 2022?

A cada quatro mulheres, no Brasil, uma já passou por importunação ou assédio sexual dentro do transporte público. Mas nenhum homem admite ter feito isso. É o que mostra a pesquisa Percepções sobre controle, assédio e violência doméstica: vivências e práticas, do Instituto Patrícia Galvão, que ouviu mulheres e homens sobre o assunto.

Quantos casos de assédio no Brasil 2022?
Quantos casos de assédio no Brasil 2022?

O levantamento aponta que 45% das mulheres relataram ter tido o corpo tocado sem seu consentimento, em local público. E apenas 5% dos homens admitem que já fizeram isso. Para uma das diretoras do instituto, Marisa Sanematsu, os dados revelam que a noção de consentimento precisa entrar na educação dos meninos, desde a infância. É que muitos não têm noção de que estão sendo agressivos.

Outro dado ainda mostra que 31% delas já sofreram tentativa de abuso sexual e mais de 40% foram agredidas ou xingadas por simplesmente dizerem não a uma investida. Segundo Marisa Sanematsu, os números, apesar de chamarem atenção, não trazem surpresa. Tanto o ambiente privado quanto o público ainda são espaços difíceis para as mulheres, apesar dos avanços.

Do total de pessoas entrevistadas, 17% disseram que se envolveram em alguma briga séria, de 2020 para cá. Entre as mulheres, a maior parte dos conflitos foi com parceiros ou ex-parceiros. Já entre os homens, com familiares. Na avaliação de Marisa Sanematsu a conclusão é de que o ambiente doméstico, no geral, está “muito violento”.

O levantamento foi feito junto com o IPEC e a empresa de transporte Uber. Os resultados mostram que ciúme e posse são o principal motivo de conflitos nos relacionamentos. Quando uma relação acaba, as agressões mais relatadas são controle, perseguição e calúnia.

Por outro lado, mais de 90% dos entrevistados concordam que a Lei Maria da Penha contribuiu para que mulheres busquem ajuda e saiam de relacionamentos abusivos e violentos. E mais de 90% também acreditam que se deve intervir ao se deparar com um homem agredindo uma mulher.

Qualquer situação de violência contra a mulher denuncie no telefone 180.

Uma em cada cinco pessoas sofre com violência e assédio no emprego

Cerca de 23% das pessoas empregadas já sofreram algum tipo de violência e assédio no local de trabalho, seja físico, psicológico ou sexual. É o que mostra a primeira análise sobre o tema realizada pela Organização Internacional do Trabalho, OIT, com o apoio da Lloyd's Register Foundation, LRF, e o Instituto Gallup.

A pesquisa global indica o tamanho do problema e suas diferentes formas. Também analisa motivos que impedem as pessoas de falar sobre suas experiências, incluindo vergonha, culpa ou falta de confiança nas instituições. Em alguns casos, a violência e o assédio são tidos como “normais”.

Quantos casos de assédio no Brasil 2022?

A pandemia de Covid-19 destacou ainda mais o problema, com muitas formas de violência e assédio relacionados ao trabalho sendo relatadas

Vítimas têm dificuldade de falar sobre o assunto

Segundo a OIT, a violência e o assédio no trabalho são difíceis de medir. O relatório revela que apenas metade das vítimas relatou suas experiências a outra pessoa, e muitas vezes somente depois de terem sofrido mais de uma forma de violência e assédio.

Dentre as maiores razões para não falar estariam “perda de tempo” e “medo por sua reputação”. As mulheres são mais propensas a compartilhar suas experiências do que os homens, 60,7% em comparação com 50,1%.

Globalmente, 17,9% dos trabalhadores disseram ter sofrido violência psicológica e assédio em sua vida profissional, e 8,5% sofreram violência física e assédio. Dos entrevistados, 6,3% relataram violência e assédio sexual, com as mulheres sendo particularmente expostas.

Violência e assédio sexual atinge mais as mulheres

Entre os grupos com maior probabilidade de serem afetados por diferentes tipos de violência e assédio estão jovens, trabalhadores migrantes e mulheres e homens assalariados.

As jovens são duas vezes mais propensas que os jovens de enfrentar violência e assédio sexual, e as mulheres migrantes têm quase o dobro mais chance do que as mulheres não migrantes a denunciar.

Mais de três em cada cinco vítimas contaram ter sofrido violência e assédio no trabalho, várias vezes e, para a maioria, o incidente mais recente ocorreu nos últimos cinco anos.

A diretora-geral adjunta de Governança, Direitos e Diálogo da OIT, Manuela Tomei, destaca que “a violência psicológica e o assédio são prevalentes em todos os países e as mulheres estão particularmente expostas à violência e assédio sexual”. Para ela, o relatório ressalta a enorme tarefa de acabar com a violência e o assédio no mundo do trabalho.

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Convenção exige medidas dos governos para proteger os trabalhadores da violência e do assédio, especialmente às mulheres.

Normas para diminuir a incidência do problema

A representante disse esperar que mais ações sejam tomadas para ratificar e implementar a Convenção 190 da OIT. O documento, junto com a Recomendação 206 são as primeiras normas internacionais de trabalho que fornecem uma estrutura comum para prevenir, remediar e eliminar a violência e o assédio no mundo do trabalho, incluindo gênero violência e assédio.

A Convenção inclui o reconhecimento específico, pela primeira vez no direito internacional, do direito de todos a um mundo de trabalho livre de violência e assédio, e estabelece a obrigação de respeitar, promover e concretizar isso.

O sócio da Gallup, Andrew Rzepa, afirma que “por muito tempo, empresas e organizações não souberam ou não quiseram lidar com a violência e o assédio no local de trabalho”. Segundo ele, estes dados fornecem uma linha de base que pode ser usado para rastrear o progresso necessário.

Já a diretora de Evidências e Insights da Lloyd's Register Foundation, Sarah Cumber lembra que “para enfrentar desafios globais de segurança tão difíceis e enraizados como a violência e o assédio no trabalho, é fundamental ter bons dados para entender a extensão do problema e identificar aqueles que correm maior risco.

As recomendações do relatório:

  • Coleta regular de dados sólidos sobre violência e assédio no trabalho, nos níveis nacional, regional e global, para informar leis e mecanismos de prevenção e remediação, políticas e programas, além de pesquisa e defesa.
  • Ampliar e atualizar os mecanismos para prevenir e gerir de forma eficaz a violência e o assédio no mundo do trabalho, através de sistemas de inspeção e políticas e programas de segurança e saúde nesses ambientes.
  • Aumentar a conscientização para a violência e o assédio no trabalho, nas suas diferentes manifestações, com uma visão sobre mudança de percepções, estigmas, atitudes e comportamentos que podem perpetuar a violência e o assédio, como os baseados na discriminação.
  • Melhorar a capacidade das instituições em todos os níveis para fornecer prevenção, remediação e apoio eficazes, para construir a confiança das pessoas na justiça e garantir que as vítimas sejam apoiadas.

O estudo foi baseado em entrevistas realizadas em 2021 com quase 75 mil indivíduos empregados com 15 anos ou mais em 121 países e territórios.

Quantas mulheres são assediadas na rua por dia?

Mais de 60% das mulheres sofreram algum tipo de assédio, diz pesquisa. Uma pesquisa conduzida pelo aplicativo de transportes “99” indicou que 64% das mulheres afirmaram já ter sofrido assédio no cotidiano.

Qual o tipo de assédio mais frequente no Brasil?

Em relação às formas de assédio sofridas em público pelas brasileiras, o assobio é o mais comum (77%), seguido por olhares insistentes (74%), comentários de cunho sexual (57%) e xingamentos (39%).

Quando começou o assédio no Brasil?

ASSÉDIO COMO CRIME Somente no ano de 1990 é que as discussões de assédio sexual começaram e ainda assim só valendo quando a vítima se encontrar uma posição inferior do assediador. Este crime, obviamente, se alimenta de características machistas, que predomina no Brasil e no resto do mundo, desde a Antiguidade.

O que é assédio e o que não é?

O assédio pode ser configurado como condutas abusivas exaradas por meio de palavras, comportamentos, atos, gestos, escritos que podem trazer danos à personalidade, à dignidade ou à integridade física ou psíquica de uma pessoa, pôr em perigo o seu emprego ou degradar o ambiente de trabalho.