Qual solução é adotada para minimizar a desigualdade de acesso a alimentos?

Em 2014, o Brasil saiu do Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas (ONU). Mas não há o que comemorar: o país voltou para a lista com mais pessoas em situação de insegurança alimentar em 2022.

Segundo dados de um relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), a cada três brasileiros, um tem algum nível de insegurança alimentar. Ao todo, são 61,3 milhões de pessoas sem saber o que vão comer na próxima refeição.

Em 2021, o relatório “O Estado da Segurança Alimentar e Nutricional no Mundo 2021”, também elaborado pela ONU, mostra que cerca de 50 milhões de brasileiros ficaram sem comer por falta de dinheiro ou tiveram que reduzir a qualidade e a quantidade de alimentos.

O estudo divulgado em junho de 2022 comprova mais ainda a piora no quadro da fome no Brasil: entre 2014 e 2016, a insegurança alimentar atingiu 37,5 milhões de pessoas, sendo 3,9 milhões em condição grave.

Outra pesquisa, desta vez o o Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, aponta que 33,1 milhões de pessoas convivem com a fome no Brasil. Isso representa um aumento de 14 milhões de brasileiros, se comparado com o fim de 2020.

Confira as causas para esse quadro e o papel do terceiro setor para contribuir com a solução.

Desigualdade social e a fome no Brasil

A fome no Brasil não surgiu agora: de acordo com artigo de pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco, as origens remetem ao Brasil Colônia

Os primeiros colonos portugueses se alimentavam com frutas, legumes e verduras. Mas isso não chegava à população mais pobre, pois esta teve que abandonar a policultura de subsistência pela monocultura.

Para os negros escravizados, a situação era ainda mais alarmante: toda a sua alimentação era controlada pelos senhores. Geralmente, eles comiam restos ou descartes de alimentos.

Entre 1500 e 1822, as causas da fome no Brasil estavam ligadas à estrutura colonial e às deficiências do sistema agrário. Além disso, as imposições do Estado e as mudanças climáticas também dificultavam o acesso aos alimentos. 

Depois que o país se tornou independente, levou mais de 100 anos para começar a se preocupar em criar os “mapas da fome”. Foi só em 1940 que foi feita a primeira contagem das pessoas que passavam fome no Brasil. 

A partir daí, foi possível criar estratégias para diminuir o número de brasileiros em insegurança alimentar. A distribuição de alimentos, os programas de profissionalização e a redistribuição de renda são algumas dos meios que ajudaram a melhorar o quadro e levar à saída do Mapa, em 2014.

Mas, nos últimos anos, o Brasil enfrenta o aumento da inflação e a crise econômica, agravada pela pandemia. Por isso, a renda das famílias diminuiu, junto com seu poder de compra

Para se ter uma ideia, os preços dos alimentos chegaram a aumentar 14% em 2020. O que levou quase 20 milhões de brasileiros a não terem o que comer.

Papel do Terceiro Setor

A fome e a insegurança alimentar trazem consequências para a pessoa e para toda a sociedade, tanto na saúde e no bem-estar, como impactos na produtividade, no trabalho e no desempenho escolar.

Por exemplo, crianças com fome têm dificuldades de aprendizagem e problemas de saúde. Mas também ocorre a perda de potencial humano e maiores gastos com educação e saúde.

Por isso, fome zero e agricultura sustentável são Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. E o acesso à alimentação de qualidade é um dos direitos básicos da Constituição Brasileira

Mas, para solucionar a fome no Brasil, não basta o trabalho dos governos: empresas e sociedade civil também têm papel fundamental. 

As empresas podem não só doar alimentos, como também diminuir o desperdício, criar políticas internas de alimentação, investir em projetos para combate à desnutrição e apoiar as ONGs do ramo.

Enquanto isso, o Terceiro Setor pode distribuir refeições e cestas de alimentos. Além disso, também pode trabalhar pela capacitação profissional e na mobilização. Ajudando com que as pessoas tenham mais oportunidades no mercado de trabalho e, em médio e longo prazo, tenham melhor renda e, consequentemente, consigam melhores condições de vida. 

Isso porque as ONGs chamam a atenção de mídias e governos, reunindo recursos para melhorar a qualidade de vida da comunidade. Ou seja, quando uma organização age em uma causa, sociedade civil, empresas e instituições se engajam mais.

O trabalho do Instituto Ramacrisna

O Ramacrisna é uma dessas instituições que ajudam no combate à fome no Brasil. Para isso, conta com estratégias de curto e médio prazos

Em curto prazo, ocorrem as doações de cestas básicas,  almoços e lanches diários para crianças e jovens que fazem parte dos projetos, moradores de Betim e mais 13 cidades da RMBH. Parte desses alimentos vêm das doações semanais do Instituto Mesa Brasil do SESC. Além de completar as refeições, também ajudamos as famílias dos alunos, com a doação de kits para eles levarem para casa.

Para se ter uma ideia, só em 2021, o Instituto Ramacrisna possibilitou doações de alimentos, produtos de higiene, limpeza, roupas, tênis e livros que beneficiaram mais de 50 mil pessoas. Para isso, contamos com 12.540 doações vindas de parceiros e entregues às famílias.

Além disso, só no ano passado, foram 27.090 refeições fornecidas pelo Ramacrisna, além de 10.257 lanches para os alunos dos projetos do Instituto e colaboradores. Sem contar as ações de datas comemorativas, como chocolates na Páscoa e confraternização de Natal.

Em médio prazo, programas como o Adolescente Aprendiz permitem que jovens em vulnerabilidade social entrem no mercado de trabalho e possam contribuir com a renda da família. E os cursos profissionalizantes oferecem novas possibilidades de trabalho e melhor renda para os alunos, com o aumento da qualidade de vida. 

Nos ajude a fazer a nossa parte. Clique e saiba como ajudar.  

Como diminuir a desigualdade alimentar?

Cinco atitudes e ações da ONU para acabar com a fome.
Não desperdice comida. Se você tiver sobras, congele elas para mais tarde ou use elas como ingrediente para fazer uma nova refeição. ... .
Produza mais, com menos. ... .
Adote uma dieta mais saudável e sustentável. ... .
Defenda a #FomeZero..

Que ações poderiam ajudar a solucionar a desigualdade na produção de alimentos?

Entre os projetos mais importantes estão as escolas de campo para agricultores, onde estudantes aprendem na prática gestão de negócios agrícolas, comercialização de produtos, conscientização do mercado e adaptação às mudanças climáticas para aumento de resiliência.

Como acabar com a má distribuição de alimentos no mundo?

FOME: DE QUE FORMA COMBATER ESSE PROBLEMA? Em primeiro lugar, para tratar a fome é importante atacar também a pobreza. De acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o crescimento econômico dos países é um dos fatores chaves para a redução da fome mundial.

Quais são as medidas tomadas pelo governo para combater a fome?

Correção imediata do valor per capita do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) repondo as perdas inflacionárias e garantindo correção periódica; ampliação do conjunto de ações de acesso à alimentação como restaurantes populares, cestas e bancos de alimentos, retomada do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA ...