Versões diferentes para a mesma notícia

Por: Carolina, Danielle, Isabella e Tábata

Oswald de Andrade já disse “A gente escreve o que ouve, não o que houve”. A notícia não é o real, o fato. Ela é uma representação, um conjunto de versões que formam um recorte (não o inteiro) do acontecimento. É impossível ser totalmente isento ou imparcial, por que até as suas fontes (quem você escolhe entrevistar) vão puxar a sardinha pra si. O que acontece na prática, é que esse quebra-cabeça visto em diferentes veículos mostra um determinado ângulo de ver aquele fato, carregando interesses das fontes, dos editores do jornal, dos proprietários, dos anunciantes,que nem sempre somos capazes de ver. É o que vamos tentar mostrar com esse post.

Versões diferentes para a mesma notícia

Vamos analisar os dois jornais

Versões diferentes para a mesma notícia

Colocando os textos lado a lado, é mais fácil ver como diferentes veículos mostram diferentes pontos de vista sobre uma mesma notícia.

* Pra quem se interessa por jornalismo, uma curiosidade: mesmo as edições sendo do mesmo dia (3), o Estadão “furou” a folha, deu a informação mais recente. Enquanto um publica que a PM entrou, o outro já deu que a Justiça manda sair. Pra quem faz jornalismo isso é muito importante, por que o jornal de hoje tem que ter novidade, ou o leitor vai buscar no concorrente.

Voltando a análise, os trechos sobre os estudantes e o protesto são bem diferentes entre os dois jornais. Na Folha, “ocupada em protesto que reivindica o fornecimento de merenda em todas as escola técnicas estaduais de SP”, a causa do protesto é divulgada como reivindicação, o que significa requerer algo a que se tem direito. Já o Estado publicou:  “Revoltados, alunos que ficaram sem aula racharam o protesto contra a falta de merenda”. O problema nessa frase é o dizer “os alunos que ficaram sem aula”, que dá a entender que não tinham mais nada pra fazer, então estavam tirando o Centro Paula Souza da plena ordem, ao invés de dizer que ocupavam o local por uma causa. E a falta de merenda aparece no fim da frase, como o menos importante.

Página Interna

Versões diferentes para a mesma notícia

Versões diferentes para a mesma notícia

Os jornais fazem uso de verbos diferentes para descrever a notícia. O jornal Folha de S. Paulo usa o verbo “entrar” que indica passar de fora para dentro, ao invés de “invadir” que significa entrar a força, que foi o que os PMs fizeram no Centro Paula Souza. Já o Estado de S. Paulo faz uso do verbo “mandar” que indica ordem, autoridade, vinda do Ministério da Justiça.

Versões diferentes para a mesma notícia

Na capa do Jornal Folha de S. Paulo a manchete foi dada através de linha fina e imagem que foram colocadas no topo da página, garantindo maior visibilidade para a foto e o tema, já que as primeiras noticias da capa são os destaques, consideradas mais importantes. Já o jornal O Estado de S. Paulo também publicou a manchete com linha fina e imagem, porém, no centro do jornal. O espaço que foi dado à matéria foi menor que o jornal Folha de S. Paulo, portanto, menos importante na opinião dos editores.
Já na pagina interna ambos jornais ocuparam um tamanho semelhante, o espaço cedido pela Folha de S. Paulo foi um pouco maior que o do Estado de S. Paulo, que preencheu a coluna do lado da reportagem com uma análise da notícia.

Versões diferentes para a mesma notícia

* Outra curiosidade pra quem gosta de jornalismo, o lide (primeiro parágrafo de uma notícia, que responde as perguntas básicas: o que, quem, quando, porque, como, onde) na Folha, é bem menor que o do Estadão. Isso por que o jornal aderiu no impresso o mesmo modelo de jornalismo online, onde os textos são mais curtos e diretos.

Versões diferentes para a mesma notícia

O recurso de ilustração utilizado nos dois jornais foi a fotografia, que aparecera tanto na capa do jornal como na página interna do caderno acompanhada da matéria. A Folha de S. Paulo publicou a foto dos três estudantes se beijando na ocupação de frente para à Polícia Militar. Já na página interna a foto utilizada foi dos alunos em frente a força tática. No Estado de S. Paulo a foto dada na manchete foi da Policia Militar saindo do Centro Paula Souza. Na página interna o Estadão deu como imagem os estudantes comemorando a saída da PM.
A própria seleção das fotografias produz sentido quando interpretada. Os estudantes se beijando na frente da PM mostra resistência, humaniza a reportagem.

Versões diferentes para a mesma notícia

Como se trata de uma mesma notícia em dois jornais, ambos apresentam fontes de informações em comum, isso acontece principalmente com fontes oficiais como exemplo a Secretaria de Segurança que garante credibilidade à informação.

Essa análise é uma base para que vocês se atentem aos detalhes que muitas vezes passam uma ideologia (linha editorial da empresa), o que pode ou não ser publicado ali. A mesma matéria que saiu na revista VEJA não vai aparecer na Carta Capital. Esperamos que tenha sido útil, se tiverem dúvidas ou algo a acrescentar ao debate, publiquem nos comentários!

Quais são tipos de notícia?

Existem diferentes tipos de notícias, vamos listar os principais deles abaixo, confira quais são:.
Análise;.
Opinião;.
Humor;.
Crônicas;.
Checagem de fatos;.
Publieditorial..

Por que os jornalistas acharam que a história de um lobo resfriado pedindo açúcar não é emocionante?

c) Por que os jornalistas acharam que a história de um lobo resfriado pedindo açúcar não era emocionante? Respostas possíveis: Porque esse não é nenhum grande acontecimento para virar notícia; Porque isso é apenas uma situação corriqueira, que pode acontecer a qualquer um.