Qual o papel do farmacêutico para minimizar os erros de medicação?

A responsabilidade da administração de medicamentos é dos enfermeiros; conheça as barreiras para minimizar riscos de erro

Por Eliana Argolo*

A administração de medicamentos exige muita responsabilidade da enfermagem. Para isso, a equipe utiliza mecanismos de segurança denominados “certos”, que inclui protocolo conhecido como “cinco certos”, sendo que hoje há publicações de artigos com até “treze certos” para a administração segura de medicamentos. O mais importante, independentemente do protocolo utilizado, é aplicar as barreiras essenciais para minimizar o risco de erro na administração de medicamentos, garantindo a segurança do paciente nesse processo.

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O processo de medicação é composto por muitas etapas, que envolve uma série de decisões de diferentes profissionais de saúde. Esse processo é iniciado pela escolha do medicamento a ser adquirido pela instituição, pois a decisão de comprar um novo medicamento com embalagem ou miligrama diferente do habitual, por exemplo, pode ser o start para a ocorrência de um incidente, com dano ou não, relacionado à administração errada de um medicamento.

Como barreiras de prevenção para minimizar o risco de erros na administração de medicamentos, podemos citar: padronização desde a compra seguida do cadastro e prescrição do medicamento, restrição de acesso aos medicamentos, rótulos e alertas automatizados e verificação em dupla checagem por profissionais diferentes envolvidos no cuidado do paciente.

O que ainda pode colaborar para evitar a ocorrência de erros é a adoção de uso de seringas com diferentes adaptadores de conexões e sistemas de administração incompatíveis em situação de via oral/enteral e endovenosa, bem como utilização de cores e classes de medicamentos específicos e identificação diferenciada de soluções eletrolíticas concentradas.

Caminho é o monitoramento
A Instituição de saúde deve contar com uma Comissão Interna de Farmácia Terapêutica e/ou o Núcleo de Segurança do Paciente para as definições sobre o uso seguro dos medicamentos. Ressalto a importância de um sistema de monitoramento sobre o uso do grupo de medicamentos chamados potencialmente perigosos ou de alta vigilância, os quais requerem maior vigilância sobre seu uso por apresentarem risco aumentado de provocar danos significativos aos pacientes em decorrência de falha no processo de utilização, conforme define o Instituto para Práticas Seguras no Uso de Medicamentos (ISMP Brasil 2013).

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São muitas as etapas que envolvem a administração dos medicamentos e, por isso, fragilidades em qualquer uma delas pode resultar em um incidente. Alguns fatores são de extrema importância para aumentar a segurança no processo:

  • A identificação correta do paciente com pelo menos dois dados explícitos em sua identificação como, nome completo e data de nascimento;
  • Padronização institucional de abreviaturas;
  • Conciliação medicamentosa na admissão do paciente e sempre que necessário;
  • Conhecimento sobre histórico de alergia e sinalização dessa informação em todas as etapas do cuidado;
  • Legibilidade da prescrição médica ou prescrição digitada e uso de um sistema eletrônico com padronizações e barreiras de segurança;
  • Validação da prescrição pelo profissional farmacêutico;
  • Sistema de distribuição por dose unitária;
  • Encorajamento do paciente e familiar para participarem desse processo, indagando a equipe sobre informações a respeito do medicamento que será administrado.

A enfermagem é considerada a principal barreira para evitar um erro relacionado ao uso de medicamento por ser, na maioria das vezes, o profissional que executa a ação de administrar o medicamento. Por isso, é de extrema importância que enfermeiros, técnicos de enfermagem e auxiliares de enfermagem olhem para a prática diária e para os processos da instituição a qual estejam inseridos e reflitam “onde é possível intervir no processo de medicação para que essa prática se torne mais segura?”.

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Qual o papel do farmacêutico para minimizar os erros de medicação?
Hoje iremos apresentar o último cartaz da série de 12 cartazes com medidas para Segurança do Paciente, baseada nas publicações da Gerência Geral de Tecnologia em Serviços de Saúde – GGTES/ANVISA.

E para fechar com chave de ouro, o tema será Práticas seguras para prevenção de erros na administração de medicamentos. Há um tempo atrás, nos publicamos aqui no blog o artigo Os 9 Certos na administração segura de medicamentos pela enfermagem escrito por nossa Diretora Alexia Costa. É justamente sobre eles que vamos abordar.

O cartaz fornece dicas para a realização de cada um dos certos de maneira segura para prevenir erros na administração de medicamentos. Então, vamos a eles!

1. Paciente certo

  • Conferir nome completo antes de administrar o medicamento e utilizar no mínimo dois identificadores para confirmar o paciente correto: nome identificado na pulseira; nome identificado no leito e nome identificado no prontuário.
  • Evitar, dentro do possível, que dois pacientes com o mesmo nome fiquem internados simultaneamente no mesmo quarto ou enfermaria.

2. Medicamento certo

  • Conferir se o nome do medicamento que tem em mãos é o que está prescrito.
  • Conferir se o paciente não é alérgico ao medicamento prescrito.
  • Identificar os pacientes alérgicos de forma diferenciada, com pulseira e aviso em prontuário, alertando toda a equipe.

3. Via certa

  • Identificar a via de administração prescrita.
  • Higienizar as mãos com preparação alcoólica para as mãos ou sabonete líquido e água, antes do preparo e administração do medicamento.
  • Verificar se o diluente (tipo e volume) foi prescrito e se a velocidade de infusão foi estabelecida, analisando sua compatibilidade com a via de administração e com o medicamento em caso de administração por via endovenosa.
  • Avaliar a compatibilidade do medicamento com os produtos para a saúde utilizados para sua administração (seringas, cateteres, sondas, equipos e outros).
  • Identificar no paciente qual a conexão correta para a via de administração prescrita em caso de administração por sonda nasogástrica, nasoentérica ou via parenteral.
  • Realizar a antissepsia do local da aplicação para administração de medicamentos por via parenteral.
  • Esclarecer todas as dúvidas com a supervisão de enfermagem, prescritor ou farmacêutico previamente à administração do medicamento.
  • Esclarecer as dúvidas de legibilidade da prescrição diretamente com o prescritor.

4. Hora certa

  • Garantir que a administração do medicamento seja feita sempre no horário correto para adequada resposta terapêutica.
  • A antecipação ou o atraso da administração em relação ao horário predefinido somente poderá ser feito com o consentimento do enfermeiro e do prescritor.

5. Dose certa

  • Conferir atentamente a dose prescrita para o medicamento. Doses escritas com “zero”, “vírgula” e “ponto” devem receber atenção redobrada.
  • Certificar-se de que a infusão programada é a prescrita para aquele paciente.
  • Verificar a unidade de medida utilizada na prescrição; em caso de dúvida, consultar o prescritor.
  • Conferir a velocidade de gotejamento, a programação e o funcionamento das bombas de infusão contínua em caso de medicamentos de infusão contínua.
  • Realizar dupla checagem dos cálculos para o preparo e programação de bomba para administração de medicamentos potencialmente perigosos ou de alta vigilância (ex.: anticoagulantes, opiáceos, insulina e eletrólitos concentrados, como cloreto de potássio injetável).
  • Medicações de uso “se necessário” deverão, quando prescritas, ser acompanhadas da dose, posologia e condição de uso.

6. Documentação certa (Registro certo)

  • Registrar na prescrição o horário da administração do medicamento.
  • Checar o horário da administração do medicamento a cada dose.
  • Registrar todas as ocorrências relacionadas aos medicamentos, tais como adiamentos, cancelamentos, desabastecimento, recusa do paciente e eventos adversos.

7. Razão/orientação correta

  • Esclarecer dúvidas sobre a razão da indicação do medicamento, sua posologia ou outra informação antes de administrá-lo ao paciente, junto ao prescritor.
  • Orientar e instruir o paciente sobre qual o medicamento está sendo administrado (nome), justificativa da indicação, efeitos esperados e aqueles que necessitam de acompanhamento e monitorização.
  • Garantir ao paciente o direito de conhecer o aspecto (cor e formato) dos medicamentos que está recebendo, a frequência com que será ministrado, bem como sua indicação, sendo esse conhecimento útil na prevenção de erro de medicação.

8. Forma certa

  • Checar se o medicamento a ser administrado possui a forma farmacêutica e a via de administração prescrita.
  • Checar se a forma farmacêutica e a via de administração prescritas estão apropriadas à condição clínica do paciente.
  • Sanar as dúvidas relativas à forma farmacêutica e a via de administração prescrita junto ao enfermeiro, farmacêutico ou prescritor.
  • A farmácia deve disponibilizar o medicamento em dose unitária ou manual de diluição, preparo e administração de medicamentos; caso seja necessário, realizar a trituração do medicamento para administração por sonda nasogástrica ou nasoentérica.

9. Resposta certa

  • Observar cuidadosamente o paciente, para identificar, quando possível, se o medicamento teve o efeito desejado.
  • Registrar em prontuário e informar ao prescritor, todos os efeitos diferentes (em intensidade e forma) do esperado para o medicamento.
  • Deve-se manter clara a comunicação com o paciente e/ou cuidador.
  • Considerar a observação e relato do paciente e/ou cuidador sobre os efeitos dos medicamentos administrado, incluindo respostas diferentes do padrão usual.
  • Registrar todos os parâmetros de monitorização adequados (sinais vitais, glicemia capilar).

Confira os outros cartazes que já foram publicados aqui no site:

Medidas de prevenção de infecção da corrente sanguínea associada a cateter venoso central

Medidas para prevenção de pneumonia

Medidas de prevenção de infecção do trato urinário associada a cateter vesical de demora.

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Qual a importância na redução dos erros relacionados a medicação?

Os erros de medicação são evitáveis e considerados uma das importantes causas de agravos à saúde em todo mundo, por resultarem em elevadas taxas de mortalidade, prolongarem o período de hospitalização, afetarem o tratamento, além de aumentarem as despesas da assistência em saúde( 4.

O que o farmacêutico pode fazer para evitar o uso irracional de medicamentos?

Estratégias para promoção do uso racional de medicamentos.
Diagnosticar corretamente;.
Prescrever o tratamento correto, com as informações necessárias para o usuário, baseado em evidências científicas;.
Prescrever de modo legível, a fim de evitar inclusive problemas de dispensação e administração;.

Quais etapas corretas devem ser realizadas para prevenção de erros de medicação?

Tais itens devem ser sistematicamente verificados a cada administração medicamentosa:.
Medicação certa..
Paciente certo..
Dose certa..
Via certa..
Horário certo..
Registro certo..
Ação certa..
Forma farmacêutica certa..