Qual a relação entre o esporte adaptado e a melhoria da qualidade de vida das pessoas com deficiência *?

O Fique por Dentro desta semana inicia um diálogo sobre o esporte adaptado e a inclusão de atletas com deficiência nessa área

publicado: 05/09/2019 12h38 última modificação: 05/09/2019 12h38

O esporte adaptado

Seja para lazer, para cuidar da saúde ou como atividade profissional, o esporte envolve muitas pessoas em todo o mundo, inclusive desportistas com diferentes deficiências. Destes, muitos são atletas de alto rendimento. Mas quais as atividades esportivas que pessoas com deficiência (PcDs) podem praticar? Há alguma restrição à sua participação na prática esportiva?

O Fique por Dentro desta semana inicia um diálogo sobre o esporte adaptado e a inclusão de atletas com deficiência nessa área.

O envolvimento de pessoas com deficiência no esporte

O esporte é física, emocional e socialmente benéfico para todas as pessoas. Alguns dos benefícios significativos para as PcDs serão abordados em outra postagem, mas pode se adiantar que, além de ser valioso à reabilitação e à inclusão social, há muito, o paradesporto forma atletas com deficiência de alto rendimento, competidores internacionais que disputam jogos como os Parapan-americanos e as paralimpíadas.

O que é necessário considerar quanto a inserção de pessoas com deficiência no esporte?

A inserção de pessoas com deficiência na prática esportiva deve passar por avaliação médica, que considerará condições cardiovasculares, respiratórias, circulatórias, fisicomotoras, bem como eventuais riscos decorrentes da prática esportiva.

Além disso, como já mencionado, devem ser avaliados aspectos funcionais, isto é, a compatibilidade das possibilidades da pessoa com a modalidade esportiva. Ademais, a pessoa deve ser acompanhada por um profissional especializado.

Modalidades de esporte adaptado

Há modalidades esportivas praticadas por pessoas sem deficiência que são adaptadas para ser praticadas por atletas PcDs e outras desenvolvidas especificamente para pessoas com deficiência, a exemplo do Golbol, criado para ser praticado por atletas com deficiência visual.

Confira algumas modalidades adaptadas, conforme a deficiência:

  • Pessoas com deficiência visual: futebol de cinco, golbol, atletismo, natação, judô, ciclismo, hipismo, halterofilismo e esportes de inverno;
  • Pessoas com deficiência intelectual: atletismo, natação, tênis de mesa, entre outros;
  • Pessoas com deficiência física: bocha, corrida (para cadeirantes), basquete em cadeira de rodas, vôlei sentado, vôlei para amputados, arco e flecha, atletismo, esgrima em cadeira de rodas, ciclismo, futebol para amputados e pessoas com paralisia cerebral, hipismo, halterofilismo, natação, iatismo, rugby, tênis de mesa, tênis em cadeira de rodas e modalidades de inverno;
  • Pessoas com deficiência auditiva: atletismo, handebol, basquetebol, futebol, natação, vôlei, entre outras. Note-se que pessoas com essa deficiência podem participar de muitas modalidades, haja vista que suas características físicas não são incompatíveis com a maior parte dos esportes.
  • Além desses, outras modalidades adaptadas são equitação, tênis de quadra, tiro, tiro com arco, vela e motor, entre outros.

As modalidades apresentam diversas adaptações e regras específicas. Além disso, os atletas são agrupados em categorias conforme suas características, de modo a não haver competição entre atletas com condições muito diferentes, em que possa haver vantagens de uns sobre os outros. Há casos em que busca-se minimizar eventuais disparidades. Tomando novamente o Golbol como exemplo, observa-se que, nesta modalidade, os atletas com resíduo visual utilizam venda, impedindo os estímulos à visão durante o jogo e nivelando as condições às dos atletas com cegueira total.

O paradesporto costuma ser fomentado em espaços específicos ligados ao trabalho com pessoas com deficiência, incluindo associações, centros de apoio, entre outros. Há registros de projetos que buscam fomentar o paradesporto para além desses espaços, mas, até a conclusão deste texto, não foram localizadas informações mais detalhadas.

Acompanhe o Fique por Dentro. Em outras postagens, você conhecerá mais sobre inclusão, acessibilidade, esporte adaptato, entre outros temas relacionados.

ARTIGOS DE REVISÃO

A reabilitação de pessoas com deficiência através do desporto adaptado

The rehabilitation of persons with disabilities through adapted sport

La rehabilitación de las personas con discapacidad a través del deporte adaptado

MS. Vinícius Denardin Cardoso

Mestre em Actividade Física Adaptada - Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, Portugal Graduado em Educação Física - Universidade Federal de Santa Maria, (Santa Maria - Rio Grande do Sul - Brasil) e-mail:

Endereço para correspondência

RESUMO

O desporto é um importante meio para a reabilitação física, psicológica e social de pessoas com algum tipo de deficiência. Trata-se de modificações e adaptações em metodologias, regras, materiais para a participação de pessoas com deficiências. O objectivo deste estudo foi realizar uma revisão de literatura sobre a reabilitação de pessoas com deficiência através do desporto adaptado, baseada em referências nacionais e internacionais obtidas através da base de dados da CAPES, Pubmed, Scielo e na base de dados da biblioteca da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto - Portugal. Observou-se que os benefícios da prática desportiva são evidenciados por grande parte de estudiosos da área do desporto adaptado e contribuem para a qualidade de vida desta população.

Palavras-chave: Reabilitação; desporto adaptado; prática desportiva; pessoas com deficiência.

ABSTRACT

Sport is an important means of physical rehabilitation, psychological and social development of people with some type of disability. It is modified and adapted methodologies, rules, materials for the participation of people with disabilities. The purpose of this study was to review the literature on the rehabilitation of disabled people through sport adapted, based on national and international references obtained from the database of CAPES, Pubmed, SciELO and the database of the library of the Faculty of Sport at the University of Porto - Portugal. It was observed that the benefits of sport are evident for most of scholars in the field of adapted sport and contribute to the quality of life in this population.

Keywords: Rehabilitation; adapted sport; sports practice; disabled Persons.

RESUMEN

El deporte es un medio importante de la rehabilitación física, psicológica y social a las personas con algún tipo de discapacidad. Se trata de modificar y adaptar metodologías, normas, materiales para la participación de las personas con discapacidad. El propósito de este estudio fue revisar la literatura sobre la rehabilitación de las personas con discapacidad a través del deporte adaptado, basado en referencias nacionales e internacionales obtenidos a partir de la base de datos de la CAPES, PubMed, Scielo y la base de datos de la biblioteca de la Facultad de Deporte en la Universidad de Porto - Portugal. Se observó que los beneficios del deporte son evidentes para la mayoría de los estudiosos en el ámbito del deporte adaptado y contribuir a la calidad de vida en esta población.

Palabras clave: Rehabilitación; deporte adaptado; práctica deportiva; personas con discapacidad.

INTRODUÇÃO

Cada vez mais observa-se a prática de actividades desportivas por pessoas com deficiência, a busca da melhoria da qualidade de vida nos últimos anos fez com que uma grande quantidade de pessoas com deficiência buscassem esta prática, visando estimular suas potencialidades e possibilidades, em prol de seu bem-estar físico e psicológico.

O desporto adaptado surgiu como um importante meio na reabilitação física, psicológica e social para pessoas com algum tipo de deficiência, consiste em adaptações e modificações em regras, materiais, locais para as atividades possibilitando a participação das pessoas com deficiências nas diversas modalidades esportivas (DUARTE; WERNER, 1995), e também pode ser definido como esporte modificado ou especialmente criado para ir ao encontro das necessidades únicas de indivíduos com algum tipo de deficiência (GORGATTI; GORGATTI, 2005).

A oportunidade da prática desportiva para pessoas com deficiência é de extrema eficácia para a promoção da qualidade de vida das mesmas, segundo Melo e López (2002) "é a oportunidade de testar seus limites e potencialidades, prevenir as enfermidades secundárias a sua deficiência e promover a integração social do indivíduo".

A reabilitação é um processo que diz respeito ao desenvolvimento humano e às capacidades adaptativas nas diferentes fases da vida. Abrange os aspectos funcionais, psíquicos, educacionais, sociais e profissionais (BRASIL, 2008).

Os objectivos da reabilitação é assegurar à pessoa com deficiência, independente da natureza ou da origem da deficiência, a mais ampla participação na vida social e ainda proporcionar a maior independência possível em atividades da vida diária.

Conforme Pereira (2009), quando abordamos o termo reabilitação de pessoas com deficiência, a intencionalidade tanto pode ser direcionada a restauração de funções quanto pode vincular-se ao processo de participação social da pessoa com deficiência.

Dessa forma, as ações de reabilitação visam ao desenvolvimento de capacidades, habilidades e recursos pessoais para promover a independência e a integração social das pessoas com deficiência, frente à diversidade de condições e necessidades.

Assim, através do desporto adaptado estamos proporcionando condições para que essa população também se reconheça como ser humano e busque seu desenvolvimento de forma lúdica e prazerosa. Grandes benefícios são evidenciados com a prática desportiva por pessoas com deficiência, entre estes podem ser destacados, a reabilitação física, psicológica e social, melhoria geral da aptidão física, grandes ganhos de independência e autoconfiança para a realização de atividades da vida diária, além de uma melhora do autoconceito e da auto-estima dos praticantes.

Com isso o objectivo deste estudo foi de realizar uma revisão de literatura sobre a reabilitação de pessoas com deficiência através do desporto adaptado.

METODOLOGIA

O presente estudo se caracteriza por ser uma revisão da literatura baseada em referências nacionais e internacionais obtidas através da base de dados da CAPES, Pubmed e Scielo, como também na base de dados da biblioteca da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto - Portugal. A pesquisa foi feita com ano limite de 1990 a 2009. Foram utilizadas as palavras chaves: reabilitação, desporto adaptado, benefícios físicos, psicológicos e sociais do desporto adaptado.

ORIGEM DO ESPORTE ADAPTADO

Por volta de 1870, anteriormente ao movimento pós-guerra, já se tinha conhecimento sobre o desporto adaptado para pessoas surdas, iniciava nos Estados Unidos as primeiras participações desportivas organizadas por escolas especiais (WINNICK,2004; ARAÚJO, 1997). Em Paris, 1924, aconteceram os "Jogos do Silêncio", reunindo atletas de diversos países (WINNICK, 2004). Para Adams et al. (1985), a prática desportiva para pessoas com deficiência física na Alemanha teria se iniciado em 1918, para amenizar os horrores da Primeira Guerra Mundial e 1932 em Glasgow no Reino Unido Inglaterra existiu uma associação de jogadores de golfe, abarcando amputados unilaterais de membros superiores (COMITE OLÍMPICO ESPANHOL, 1994; MAUERBERG-DE-CASTRO, 2005).

O término da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) foi um marco para a evolução do desporto adaptado para pessoas com deficiência, muitos soldados retornavam aos seus países, traziam em seu corpo marcas que jamais esqueceriam. O pós-guerra deixou muitos soldados mutilados, com distúrbios motores, visuais e auditivos, isso fez com que seus governos tomassem uma série de providências sobre a qualidade de vida desses indivíduos, com isso muitos começaram a ter acesso as práticas esportivas e atividades físicas adaptadas como forma de tentar minimizar as adversidades causadas pela guerra.

Em países da Europa e nos Estados Unidos essa preocupação foi maior, e os resultados dela foram evidenciados notavelmente. Aos poucos ex-veteranos de guerra começaram a obter grande êxito em atividades esportivas, as mais visadas foram: o basquete sobre cadeira de rodas e o atletismo. Para Mattos (1994), enquanto na Inglaterra o objetivo maior era a reabilitação pelo desporto, nos Estados Unidos a meta final era a competição.

Em Aylesbury na Inglaterra, o médico neurologista e neurocirurgião, alemão de origem judaica, Sir Ludwig Gutmann e seus colegas do Stoke Mandeville Hospital, obtém inúmeros sucessos com a reabilitação de ex-combatentes através de jogos desportivos com cadeira de rodas (MATTOS, 1990; VARELA, 1991; MAUERBERG-DE-CASTRO, 2005; GORGATTI; GORGATTI, 2005).

O primeiro programa em cadeira de rodas do hospital foi iniciado em 1945 com o objectivo de trabalhar o tronco e os membros superiores e diminuir o tédio da vida hospitalar (ARAÚJO, 1997). Sobre isso, o Jornal SuperAção (1988) divulga que: "Os primeiros resultados dessa prática relatam que, em um ano de trabalho, o Dr. Gutmann conseguiu preparar seis paraplégicos para o mercado de trabalho e reconheceu que as atividades desportivas, como medida terapêutica, eram importantes para a reabilitação psicossocial dos deficientes".

Em 1948 aconteceram os Jogos Olímpicos de Verão, em Londres, Inglaterra, e Sir Ludwig Gutmann, que passou a sonhar com uma olímpiada especial que reunisse milhares de deficientes em torno do desporto, aproveita o evento e cria paralelamente os primeiros jogos de Stoke Mandeville para paraplégicos, estes jogos contaram com a participação de 16 atletas ingleses nas modalidades de: arco e flecha, tiro ao alvo e arremesso de dardo (ARAÚJO, 1997; WINNICK, 2004; CIDADE; FREITAS, 2002; GORGATTI; GORGATTI, 2005).

Após isso em 1952, os jogos desenvolveram-se para a primeira competição internacional de desporto em cadeira de rodas para deficientes físicos, com cento e trinta participantes, equipes dos EUA, Inglaterra e Holanda (ARAÚJO,1997; WINNICK, 2004; CIDADE; FREITAS, 2002).

Os 9º Jogos de Stoke Mandeville foram realizados em Roma na Itália em 1960, logo após o encerramento dos Jogos Olímpicos, este evento contou com cerca de duzentos e trinta atletas de vinte e três países, contou com o apoio do Comitê Olimpíco Italiano (COI), tendo como madrinha dos jogos a primeira dama italiana, Srª. Carla Grounchi. Este evento marca o envolvimento político e social do mundo todo com os jogos para pessoas com deficiência.

O nome "Paraolimpíadas" foi cunhado durante a Olimpíada de Tóquio, em 1964 e surgiu com uma paciente paraplégica do Stoke Mandeville Hospital, Alice Hunter, que escreveu seu relato intitulado "Alice of the Paralympiad" (Alice das Paraolímpiadas), para uma revista de desportos "The Cord Journal of the paraplegics", na época o termo foi associada a paraplegia e posteriormente foi cunhado para batizar os Jogos Paraolímpicos (PARALYMPIC SPIRIT apud MAUERBERG-DE-CASTRO 2005).

No Brasil, a história do desporto adaptado surge em 1958, quando foram fundados dois clubes de desporto em cadeira de rodas, um em São Paulo e outro no Rio de Janeiro. Foram fundados por Sérgio Serafim Del Grande e Robson Sampaio de Almeida, que trouxeram a ideia do desporto adaptado ao Brasil após retornarem de tratamentos de reabilitação em hospitais americanos, onde adquiriram o conhecimento da prática do desporto em cadeira de rodas (ARAÚJO, 1997; CIDADE; FREITAS, 2002; MAUERBERG-DE-CASTRO, 2005; GORGATTI; GORGATTI, 2005).

A participação brasileira nos Jogos Paraolímpicos só aconteceu em 1972, em Heidelberg, Alemanha. A modalidade foi a bocha, mas sem conquista de medalhas, em 1976, nos Jogos de Toronto, Canadá, nessa mesma modalidade, Robson de Almeida e Luis Carlos Coutinho conquistam as duas primeiras medalhas paraolímpicas (prata) para o Brasil (ARAÚJO, 1997; MAUERBERG-DE-CASTRO, 2005).

De 1984 a 2008 os Jogos Paraolímpicos sempre contaram com a participação do Brasil, neste período o número de medalhas conquistadas pelos atletas paraolímpicos ultrapassa ao dobro das conquistadas por atletas sem deficiência nos Jogos Olímpicos.

BENEFÍCIOS FÍSICOS, PSICOLÓGICOS E SOCIAIS DO DESPORTO ADAPTADO

A prática de actividades desportivas para pessoas com deficiências, além de proporcionar todos os benefícios para seu bem estar e qualidade de vida, também é a oportunidade de testar seus limites e potencialidades, prevenir as enfermidades secundárias à sua deficiência e promover a integração social e a reabilitação da pessoa com deficiência.

Souza (2004) apud Melo e López (2002) enfatiza que o desporto adaptado deve ser considerado como uma alternativa lúdica e prazerosa, sendo parte da reabilitação de pessoas com deficiências físicas. Através dessa prática desportiva lúdica e prazerosa para o indíviduo, estas atividades surgem como facilitadoras para a melhoria da qualidade de vida.

O desporto adaptado é indicado desde a fase inicial do processo de reabilitação. Os indivíduos têm a oportunidade de vivenciar sensações e movimentos, que muitas vezes não realizaram pela limitação física ou por barreiras sociais e ambientais.

O desporto para pessoas com algum tipo de deficiência, iniciou como uma tentativa de colaborar no processo terapêutico delas e logo ganhou muitos adeptos (GORGATTI; GORGATTI, 2005). Como exemplo disso, o deficiente físico que inicia no desporto adaptado busca principalmente a reabilitação (recomendação médica) e a oportunidade de engajamento social com pares sob as mesmas condições (WHELLER et al., 1999). Dessa forma o desporto adaptado é uma ferramenta importante na reabilitação de indivíduos com deficiência, pelos benefícios motores, psicológicos e sociais, além de terem como objetivos o lazer e a competição, que são considerados aceleradores do processo de reabilita-ção.

Seus benefícios são muitos, como a melhoria da autoconfiança para a realização das atividades diárias, valorização pessoal, autoestima, melhora da condição física, aprimoramento das capacidades físicas gerais e prevenção de deficiências secundárias e reabilitação motora (BRAZUNA e MAUERBERG-DE-CASTRO, 2002; GORLA et al., 2007; GORGATTI et al., 2008).

Nahas (2006, p.139) afirma que: "As atividades físicas e desportivas regulares podem reduzir os sintomas de ansiedade e depressão, promover a socialização e aumentar os níveis e bem-estar geral das pessoas com deficiência".

Standal e Jespersen (2008), evidenciaram em seu estudo com vinte e um indivíduos com deficiência física de dois programas de reabilitação da Noruega, a interação entre os participantes e a elevação da possibilidade de reabilitação através das atividades desportivas por alunos com deficiência inseridos nestes programas.

Labrocini et al. (2000), em estudo realizado para avaliar a reabilitação através do desporto, com trinta pessoas com deficiência física iniciantes no desporto adaptado, sendo quinze iniciados do basquete e quinze inicados da natação, os autores relatam grandes benefícios afetivos, sociais (baixa incidência a depressão, alto vigor e melhora nos relacionamentos) e de lazer desses indíviduos. Segundo os autores as mudanças de comportamento evidenciadas demonstram a importância do desporto adaptado na vida desses indivíduos, que passaram a relacionar-se de maneira diferente com a sociedade onde estão inseridos, também demonstram mais facilidade para enfrentar as dificuldades ou barreiras encontradas em seu cotidiano. E consideram que a integração que o desporto adaptado proporcionou, foi importante para os próprios atletas e também para as pessoas as quais eles se relacionam diariamente. Este estudo mostra que o desporto pode trazer para a pessoa com deficiência física, uma melhor integração social e adaptação a sua condição física.

Giacobbi Jr. et al. (2008), analisando a qualidade de vida de vinte e seis indivíduos (doze masculino e quatorze feminino) com deficiência física participantes de um torneio de basquete em cadeira de rodas nos Estados Unidos, observaram ganhos em sua percepção psicológica, afetiva e social. Também obtiveram benefícios na saúde associados ao seu envolvimento à atividade física.

Harada e Siperstein (2009), realizaram um estudo com quinhentos e setenta e nove atletas americanos com deficiência intelectual das Special Olympics e evidenciaram que as actividades desportivas são fundamentais para as interações sociais desses indíviduos e suas famílias. Além de proporcionar benefícios afetivos e sociais, as atividades proporcionam ganhos físicos e motores.

Tsutsumi et al. (2004), citam que as atividades motoras em meio líquido visam o desenvolvimento cognitivo, afetivo, emocional e social, sendo mencionadas como um excelente meio de execução motora, favorecendo o desenvolvimento global do indivíduo com deficiência física.

Sporner et al. (2009), em estudo com cento e trinta e dois indíviduos participantes do National Veterans Wheelchair Games (NVWG) e do 20º Winter Sports Clinic (WSC) nos Estados Unidos, recomendam que a participação de pessoas com deficiência nesse tipo de eventos podem promover benefícios psicológicos e também proporcionar a reabilitação física em pessoas com deficiência.

Martin (2006), relata em seu estudo com cento e doze atletas com deficiência, que o desporto é um importante aspecto para a ampliação das relações sociais desses indíviduos. Através das relações sociais dentro do desporto é possível promover a qualidade de vida de pessoas com deficiência.

Em estudo realizado na Universidade Federal de Santa Maria por Borges et al. (2007), onde 23 alunos com deficiência física participaram da adaptação de regras e fundamentos do basquete e do futebol, os autores afirmam que através da prática desportiva para pessoas com deficiência, foi possível observar melhoras significativas em relação ao aspecto afetivo-social, na cooperação e o respeito entre os participantes durante as práticas desportivas e também em relação ao desenvolvimento motor dos participantes.

Soler (2005) aborda que os esportes servem para aumentar o sentimento de autonomia. Os jogos servem para explorar o mundo que os rodeia; reforça a convivência, o alto grau de liberdade faz com que os relacionamentos fiquem mais saudáveis.

Steinberg e Bittar (1993) consideram que o desporto deveria ser sempre, parte da reabilitação de um indivíduo, lembrando que todos indivíduos apresentam um grau de potencial residual que deve ser estimulado em busca de uma vida mais saudável e digna.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Desporto para pessoas com deficiência ganhou extrema relevância em nosso país e no mundo, novos adeptos, novas competições, novas modalidades, novas metodologias e um grande interesse científico, contribuiram para o engrandecimento do desporto adaptado para pessoas com deficiências.

Os benefícios da prática desportiva pela pessoa com deficiência são facilmente perceptíveis, melhorias em seu aspecto fisico-motor, psicológico e social são evidenciados por grande parte de professores e estudiosos da área do desporto adaptado e contribuem possitivamente para a qualidade de vida da pessoa com deficiência.

Contudo, apesar desses avanços e benefícios, percebe-se que ainda existem muitos espaços a serem conquistados. Dentre estes, destaca-se a formação profissional para atução com pessoas com deficiência, que ainda carece de incremento na qualidade; melhorias e concretizações em prol da Inclusão, e também em termos de oportunidades de prática desportiva, que percebe-se que indivíduos com deficiência ainda encontram muitas dificuldades e se deparam com falta de apoio, acessibilidade e preconceito para começar e se manter realizando uma modalidade desportiva adaptada.

Por fim, o esporte adaptado ainda tem muito a proporcionar para pessoas com deficiência. Ao que parece, o caminho da educação e da conscientização pode ser de grande importância para continuar a auxiliar na melhoria da qualidade de vida desta população.

  • Endereço para correspondência:

    Vinícius Denardin Cardoso

    Rua: Francisco Manoel 32, apto 201

    Santa Maria-RS

    CEP 97015-260

  • Recebido: 19 mar. 2010

    Aprovado: 10 nov. 2010

    Endereço para correspondência: Vinícius Denardin Cardoso Rua: Francisco Manoel 32, apto 201 Santa Maria-RS CEP 97015-260

    Qual a relação entre o esporte adaptado e a melhoria da qualidade de vida das pessoas?

    O fato é que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a prática regular de exercícios ‒ cerca de 30 minutos, três ou quatro vezes por semana ‒ contribui para a melhora de qualidade de vida de qualquer pessoa: aumenta a resistência, mantém o peso saudável e previne doenças.

    Qual a relação entre o esporte adaptado e a melhoria da qualidade de vida das pessoas com deficiência *?

    Atualmente, acredita-se que o esporte adaptado contribui significativamente para a inserção das pessoas com deficiência à sociedade, bem como trazem benefícios relacionados à melhor aceitação da deficiência, melhor interação com as pessoas ao seu redor, melhora da aptidão física, ganho de independência e autoconfiança ...

    Qual a relação entre o esporte adaptado e a melhoria da qualidade de vida das pessoas com necessidades especiais responda com suas palavras *?

    Resposta. Resposta: Há melhorias tanto psicológicas quanto físicas. No aspecto psicológico há a perspectiva de superação de possíveis deficiências, de modo que, ao praticar o esporte adaptado, o sujeito com necessidades especiais experimenta a sensação de superação das barreiras.

    Como o esporte adaptado pode melhorar a qualidade de vida das pessoas com deficiência?

    O esporte melhora a condição cardiovascular dos praticantes, aprimora a força, a agilidade, a coordenação motora, o equilíbrio e o repertório motor. No aspecto social, o esporte proporciona a oportunidade de sociabilização entre pessoas com e sem deficiências, além de torná-lo mais independente no seu dia a dia.