Qual é o período do desenvolvimento da personalidade que a criança começa a ser capaz de se identificar com os outros?

Cem anos se passaram desde a descoberta freudiana acerca da sexualidade infantil, todavia esse ainda é um tema controverso. A proposta de que a criança é, antes de um ser puro, alguém dotado de desejos e conflitos ainda enfrenta dificuldades de compreensão na sociedade contemporânea.

Entre os conceitos abarcados pela teoria da sexualidade infantil está a Fase de Latência, que se caracteriza primordialmente por um período, ou ainda, um intervalo no desenvolvimento da sexualidade.

O que é latência?

A palavra latência significa o estado daquilo que é latente, que, por sua vez, significa algo que não se vê, que está oculto, ou ainda, que está subentendido, dissimulado. É o tempo que se estabelece, por exemplo, entre um estímulo e uma resposta. Podemos entender assim porque a fase de latência pode ser considerada, antes de qualquer coisa, um intervalo.

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Quando se dá a Fase de Latência?

A fase ou período de latência está localizado entre as fases fálica e genital, ou ainda entre a organização sexual infantil e adulta, e compreende uma diminuição do que se pode chamar de atividade sexual. Cronologicamente, esse período localiza-se aproximadamente entre os seis e dez anos de idade.

O início desse período é mais tenso e conflituoso que sua finalização, uma vez que a criança vai, aos poucos, interagindo melhor com o mundo que a cerca. Ou seja, a fase de latência corresponde a um aumento gradual no tempo de espera pela satisfação dos desejos da criança. Esta aprende, a partir das frustrações, que nem sempre será imediatamente satisfeita e que isso é importante para que possa se relacionar com outras pessoas.

Quais são as características dessa fase?

Ao contrário do que acontece nas demais fases do desenvolvimento (oral, anal fálica e genital), na fase de latência não se identifica uma zona específica de erotização. Isso significa dizer que a energia libidinal está investida em um objeto outro, que não o próprio corpo. Podemos dizer que a libido sexual está adormecida, em prol de outros investimentos.

O período de latência pode ser caracterizado ainda pela mudança qualitativa na relação da criança com seus pais, a partir do processo de superação do Complexo de Édipo. Assim, é um período extremamente importante para o fortalecimento do ego da criança.

Para compreendermos melhor, não se pode deixar de ressaltar que a fase de latência é concomitante ao período de escolarização da criança, onde sua energia está investida nas atividades escolares e nas relações sociais.

Qual é a importância desse período?

Para se relacionar melhor com todas as pessoas que vão sendo inseridas a sua vida, a criança tem sua sexualidade reprimida ou sublimada, para que então possa se concentrar em outras atividades como jogos, aprendizados, brincadeiras e amizades.

Pode-se dizer ainda que é nesse período que as crianças se tornam capazes de identificarem-se com outros, que não seus pais, como colegas de escola, professores, personagens e heróis da ficção, que serão importantes para o desenvolvimento da identidade sexual dessas crianças.

Segundo Freud, é nesse período que se desenvolvem atitudes como a vergonha e a moralidade, que serão determinantes no encaminhamento dos desejos sexuais que serão despertados na puberdade.


Juliana Spinelli Ferrari
Colaboradora Brasil Escola
Graduada em psicologia pela UNESP - Universidade Estadual Paulista
Curso de psicoterapia breve pela FUNDEB - Fundação para o Desenvolvimento de Bauru
Mestranda em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pela USP - Universidade de São Paulo

Personalidade infantil é como aqueles brinquedos com blocos de montar, sabe?

Só que no jogo da vida real a participação dos pais é obrigatória e, como na brincadeira, você e sua criança conhecerão muitas combinações diferentes!

Vontades inusitadas, argumentações ferrenhas, expressões que você não sabe de onde saíram… é o jeitinho da personalidade infantil dar um alô para o mundo.

Mas será mesmo que toda a personalidade é fruto da criação que a criança recebe no lar? Por aqui, você vai ver:

  • Como a personalidade se desenvolve na infância
  • Fatores que influenciam na personalidade infantil
  • Como os pais podem ajudar no desenvolvimento da personalidade da criança
  • Os principais tipos de personalidade

Como a personalidade se desenvolve na infância

A personalidade se desenvolve de acordo com os padrões de pensamento, sentimentos e comportamentos que a pessoa tem durante a vida. Quanto mais esses padrões são alimentados, mais a personalidade se estabelece!

Toda personalidade é única e individual, isso não é nenhum segredo. Mas desde quando uma personalidade começa a se formar?

A personalidade infantil começa a ser construída desde que o bebê é bem pequenino. Então, sim, os fatores biológicos e hereditários contam nesse aspecto.

Mas também há questões psicológicas e aquelas ligadas às interações sociais, o que faz de nós, humanos, seres biopsicossociais.

Toda criança já começa a apontar tendências de personalidade desde cedo, mas a tendência em questão pode ser minimizada, consolidada ou potencializada.

Vamos pegar uma personalidade como exemplo: uma criança daquelas superdeterminadas. Se ela demonstra essa personalidade desde cedo, esse traço pode ser reprimido, pode ser apenas aprovado ou pode receber vários estímulos para continuar sendo assim.

Tá acompanhando?

Pois bem, é assim que os traços de personalidade se consolidam. Mas o que influencia nessa consolidação é outra história.

Fatores que influenciam na personalidade da criança

Você já entendeu que fatores biológicos, sociais e culturais têm a ver com o desenvolvimento da personalidade infantil.

Mas como saber o que define uma personalidade, aquelas características que se sobressaem e nos permitem ler o outro?

  O que pode fazer uma criança ter personalidade criativa, corajosa e persistente, por exemplo?

São outros três pontos – o temperamento, o caráter e o ambiente em que a criança cresce – que formam os ingredientes principais de uma personalidade.

Esses conceitos que fazem parte da personalidade podem soar parecidos, mas não são excludentes, um complementa o outro. Olha só que interessante:

O temperamento

Este traço da personalidade está ligado ao comportamento, às emoções e às tendências de humor. É o fator que menos temos controle sobre, mas não significa que seja irredutível.

Há milhares de anos, o filósofo Hipócrates, estudioso da medicina, foi o primeiro a classificar os tipos de temperamento. Segundo ele, há os temperamentos predominantes:

  • Sanguíneo: marcante em pessoas otimistas e expansivas;
  • Fleumático: comum em pessoas pacíficas e sonhadoras;
  • Melancólico: característico do pessoal mais tímido e solitário;
  • Colérico: aquele jeitinho ambicioso e explosivo.

O caráter

Se a personalidade é tudo aquilo que a pessoa pensa e sente no fundo do coração, o caráter é aquilo que a pessoa faz concretamente. Ele está ligado às noções morais e éticas que norteiam a nossa vida em sociedade.

Quando uma criança entende que suas ações geram algum tipo de consequência – e ela decide fazer ou não a ação – é o seu caráter que falará mais alto no momento.

Então a diferença principal é esta: um caráter está ligado às decisões e atitudes tomadas, está no campo do fazer.

O ambiente

O nome já diz tudo, né? Este componente diz respeito aos comportamentos e falas que se aprende na convivência com outras pessoas.

Assim como o caráter, isso está relacionado a ensinamentos. Por isso, é tão importante o papel dos pais na formação da personalidade da meninada.

Nesse sentido, o ambiente familiar é o mais influente na primeira infância (do nascimento até os seis anos). Depois, quando entra em fase escolar, a criança começa a absorver o mundo fora do núcleo que tinha costume até então.

Essas duas fases são decisivas para o desenrolar da personalidade. Depois, numa terceira etapa, a criança já experimentou um pouco de independência e começa a indicar suas escolhas, como a influência dos amigos, típico da pré-adolescência.

“Tá, mas o que eu faço sobre isso?”. Continue com a gente se essa for a pergunta que não quer calar dentro da sua cabeça.

Como os pais podem ajudar no desenvolvimento da personalidade da criança

“Esse menino puxou a seriedade da mãe.”

“Que menina engraçada, igual ao pai!”

“Olha lá, tem um gênio forte como o da avó.”

Temos certeza que seu filho ou filha tem características que você sabe muito bem como foram parar ali, são aquelas biológicas, que falamos há pouco.

Quanto aos comportamentos, não tem mistério: é observando que as crianças aprendem. É exatamente assim que elas começam a se expressar para o mundo: absorvendo exemplos.

É desse modo que os valores simbólicos (como a honestidade, o respeito, a responsabilidade, a compaixão e o que mais você quiser acrescentar nesta lista) se moldam para as crianças.

Às vezes, a criança reproduz até de forma inconsciente aquilo que ela assiste. Algumas dicas para o desenvolvimento saudável da personalidade da criança:

  • Tente ensinar bons hábitos;
  • Apresente personagens que possam ser grandes inspirações;
  • Converse abertamente sobre emoções e sentimentos;
  • Demonstre o valor dos laços e tradições familiares;
  • Estimule interesses que afirmam a personalidade, como esportes e artes;
  • Invista no autoconhecimento da criança.

Sabemos que é grande a pressão de influir na personalidade dessa pessoinha que está se desenvolvendo diante de você, mas fica o conselho: é um bom momento para se conhecer melhor também e reparar, com delicadeza, naquilo que você está transmitindo dentro de casa.

Seja na forma de pedir algo, de impor respeito, de demonstrar afeto, seja na sua linguagem corporal. Não é que você deva se policiar, mas focar naquilo de melhor que tem para acrescentar na personalidade da criança.

Por mais que você queira que seu filho tenha certo tipo de personalidade, nem sempre será possível – e está tudo bem.

Para quem tem mais de uma criança, chega a ser impressionante como uma pode ser tão diferente da outra, mesmo convivendo na mesma casa.

É aí que entram todos os outros fatores que já falamos aqui, afinal, o desenvolvimento e a consolidação de uma personalidade são processos únicos para cada pessoa.

Mas temos mais algumas perspectivas para você, caso você esteja com aquela pontinha de curiosidade para compreender a personalidade do seu filho.

Vamos recapitular tudo o que você viu aqui?

O desenvolvimento da personalidade tem influências internas e externas: a genética e o ensino de valores e comportamentos. O papel dos pais nisso tudo é ajudar no cultivo das características boas, sempre dando liberdade para que a criança tenha autonomia enquanto se descobre.

Até porque ninguém aqui quer criar marionetes, concorda? Ajudar no desenvolvimento da personalidade infantil é um processo cheio de surpresas, mas muito divertido!

Se você busca mais apoio nisso tudo, leia os conteúdos da nossa Rede de Carinho e conecte-se às famílias que estão na mesma fase que você! Que tal?

Qual idade a criança desenvolve a personalidade?

Por volta dos três anos de idade inicia-se um novo momento no desenvolvimento da personalidade infantil, que vai se estender até os seis anos aproximadamente: o momento dos jogos e atividades lúdicas (Bissoli, 2005).

Quais são as fases de desenvolvimento da personalidade?

O conceito de desenvolvimento da personalidade, para Freud, ocorre em sete fases: oral, anal, fálica, latência, adolescência, maturidade e velhice. Afirmando que em cada fase, a pessoa deve aprender a resolver certos problemas específicos, originados do próprio crescimento físico e da interação com o meio.

Qual a fase que a criança começa a perceber que sua identidade permanece intacta apesar de acontecer várias mudanças em sua volta quando elas aprendem o próprio nome?

A fase do Self-Identify ocorre quando as crianças percebem que sua identidade permanece intacta apesar das várias mudanças que estão ocorrendo.

Como se forma a personalidade de uma criança?

A personalidade se desenvolve de acordo com os padrões de pensamento, sentimentos e comportamentos que a pessoa tem durante a vida. Quanto mais esses padrões são alimentados, mais a personalidade se estabelece!