Qual a modalidade que Brasil conquistou sua primeira medalha?

 

Qual a modalidade que Brasil conquistou sua primeira medalha?
Qual a modalidade que Brasil conquistou sua primeira medalha?

Qual a modalidade que Brasil conquistou sua primeira medalha?

 

Qual a modalidade que Brasil conquistou sua primeira medalha?
Qual a modalidade que Brasil conquistou sua primeira medalha?
Brasil vence Canadá no vôlei masculino por 3 sets a 1 na Rio 2016

Há exatos 24 anos a seleção masculina de vôlei derrotou a Holanda por 3x0 e entrou para a história por ter conquistado a primeira medalha de ouro em esportes coletivos do Brasil. Isso deu início a uma expansão da prática da modalidade no país e à profissionalização do esporte. Até então, os brasileiros só tinham olhos para o futebol.

De lá para cá, o Brasil conquistou 19 medalhas em esportes coletivos: quatro ouros, dez pratas e cinco bronzes. O vôlei é a modalidade que trouxe as medalhas mais valiosas. Além do ouro de 1992, os homens trouxeram a medalha dourada em 2004. Em 2008 e 2012, eles também chegaram às finais, porém voltaram com a prata.

Para Wagner Gomes, membro do Conselho Federal de Educação Física e apresentador do programa Stadium, o vôlei é o esporte mais organizado que temos no país. Gomes conta os motivos que levaram o voleibol brasileiro ao pódio tantas vezes.

Profissionalização

“O voleibol se profissionalizou de tal forma que a organização do esporte tem hoje uma renovação praticamente natural. É um dos poucos esportes coletivos com um centro de treinamento de altíssimo nível. Até os clubes de futebol querem fazer pré-temporadas por lá”, explicou.

De sete esportes coletivos que são disputados nas Olimpíadas de Verão, o país conquistou medalhas em apenas três – vôlei, basquete e futebol. A de ouro veio apenas no vôlei.

Planejamento

Os demais esportes têm poucos adeptos no país e, em função disso, não têm equipes muito competitivas. Entre os esportes que o país ainda não subiu no pódio estão o handebol, polo aquático, hockey sobre a grama e o rugby de sete – este último fez sua estreia este ano nos Jogos Olímpicos do Rio.

Gomes explicou a razão de o país não ser mais competitivo nesses esportes. “Falta um planejamento e um programa a longo prazo no Brasil incentivando outros esportes. O rugby feminino, por exemplo, ficou em nono lugar. Com isso, elas conquistaram o direito de participar da liga mundial no ano que vem. Antes, elas só eram convidadas. Mas também quem é que faz rugby aqui? São pouquíssimos clubes. Precisamos dar mais visibilidade a esses esportes, de modo a fazer um planejamento a longo prazo. O Brasil é muito grande. Quanto mais praticantes o país tiver, mais fácil de selecionar”, concluiu.

- Foi a primeira oportunidade do Brasil, participando de uma Olimpíada - recorda Cristina Ferraz, sobrinha neta de Afrânio da Costa.

- Desde aquela época a gente viu que o povo brasileiro é muito guerreiro. E, realmente, eles estavam com muita vontade de ganhar essa medalha - destaca o medalhista olímpica Felipe Wu.

Guilherme Paraense (2º da esq. para a dir.) e Afrânio da Costa (ao lado) com a equipe brasileira em Beverloo — Foto: COI

Eles estão falando da maior relíquia olímpica do país. A primeira medalha do Brasil. Conquistada há exatos 100 anos, na Bélgica, no dia 2 de agosto de 1920. Prata de Afrânio da Costa no tiro com pistola livre, calibre 22. A medalha e a arma repousam no museu do Fluminense. Um pedido do dono, tricolor de coração.

- É como se a medalha fosse do Fluminense. Tanto é que ele pediu que tudo que fosse referente a isso, à vida esportiva dele, todos os troféus, medalhas, documentos, tudo, as armas também, tudo fosse dado ao Fluminense, e assim foi. Tá tudo lá - revela a sobrinha neta de Afrânio.

Naquele mesmo 2 de agosto, outra conquista. Medalha de bronze por equipes na pistola livre com Afrânio da Costa, Guilherme Paraense, Sebastião Wolf, Dario Barbosa e Fernando Soledade. Um dia depois, veio o ouro, também no tiro. O primeiro tenente do Exército Guilherme Paraense faturou a medalha no revólver, calibre 38.

Aqueles Jogos Olímpicos foram realizados logo após uma pandemia. A de gripe espanhola, que durou de 1918 a 1920. No Brasil, 35 mil pessoas morreram por causa do vírus. Entre elas, o presidente da República, Rodrigues Alves. Estima-se que cinquenta milhões de vidas foram perdidas no mundo, na maior pandemia do século 20.

Tudo isso logo após o fim da Primeira Guerra Mundial, que havia cancelado os Jogos Olímpicos de Berlim, em 1916. Aquele era o cenário para a realização das Olimpíadas da Antuérpia.

Guilherme Paraense carrega bandeira no desfile da cerimônia de abertura em Antuérpia — Foto: COI

- A Bélgica havia sido destruída pela Primeira Guerra Mundial. A Bélgica que era, naquele momento, um queijo suíço, porque ela era inteira atravessada pelas trincheiras abertas por soldados aliados e não aliados - recorda Kátia Rubio.

Os Jogos da Antuérpia foram a estreia do Brasil em Olimpíadas. E Afrânio Antonio da Costa foi o primeiro porta-bandeira do Brasil em Jogos Olímpicos. O jornal "O Paiz", do Rio de Janeiro, em sua edição de 3 de julho de 1920, deu destaque para a delegação brasileira.

- Vinte e um atletas, dez na natação e polo aquático, três no remo, um no salto em distância e os sete atiradores - destacava o periódico.

As longas distâncias naquele tempo eram percorridas de navio. Então, para chegar até a Bélgica, eles tiveram que cruzar o oceano Atlântico. Era uma viagem que demorava dias e não poupava passageiros e tripulantes de atrasos e de outros problemas em alto mar. Pois o roteirista da primeira viagem olímpica brasileira caprichou no quesito emoção.

Os relatos detalhados da viagem eram enviados pelo atirador Afrânio da Costa, o chefe da equipe brasileira de tiro. Em um dos primeiros textos, uma explicação sobre o que era ser um atleta olímpico naqueles tempos.

- A delegação brasileira seguiu para a Europa no dia 1 de julho de 1920. Deixava atrás de si as maledicências dos descrentes e dos invejosos, que se referiam às aspirações da equipe da seguinte forma: não vão arranjar nem pro bife - escreveu o futuro medalhista olímpico.

Atiradores no campo de Beverloo, nas Olimpíadas de 1920 — Foto: COI

- Nessa época, 1920, dentro do Brasil, não havia essa empolgação com o esporte, né? - diz o historiador Eduardo Ferreira, autor de um livro sobre a saga brasileira até as primeiras medalhas.

- Diziam que o esporte é para desocupado, para vagabundo que não quer trabalhar, não quer estudar - completa.

Na viagem, dormir foi uma prova de resistência.

– O navio Curvelo estava longe de ser um transatlântico de luxo. Tratava-se de um navio de três classes, sem o mínimo conforto, com seus camarotes mais se parecendo com uns cubículos, sem ar, sem mobiliário e ainda, acima de tudo, sem água. Diante disso, os atletas foram ao comandante Reis Júnior e pediram para dormir no bar, pois era mais amplo e mais arejado do que os camarotes - afirma Ferreira.

- Mas só podiam dormir no bar depois que as pessoas todas acabavam de beber, de ficar lá, e as pessoas não paravam de beber e eles não podiam dormir. Enfim, foi uma viagem terrível - relata a sobrinha neta de Afrânio.

Valéria, neta de Guilherme Paraense, que conquistaria o primeiro ouro brasileiro em Olimpíadas, ouviu do avô passagens da saga.

- O mais difícil era justamente a acomodação e não poder treinar, por causa do balanço. Cabines pequenas, abafadas, o calor que eles sentiram por ser muito pequena. Eles tinham muita dificuldade. Eles preferiam ficar no convés, que era muito difícil, mas tentaram o bar, que era mais fresco também. Meu avô também não passou bem com coisa de alimentação, teve problemas estomacais. A trajetória, ou melhor, a travessia não foi das melhores. Não foi prazerosa. Não foi para quem está numa expectativa de chegar numa competição com os melhores do mundo na época. Isso foi a parte ruim. Fora as outras, como a parte terrestre, que também não foi fácil. Aliás, nada foi fácil desde que eles saíram daqui. Acho que a parte mais fácil foi ganhar as medalhas - brinca Valéria.

Prova de tiro no campo de Beverloo — Foto: COI

Não bastassem as noites mal dormidas, veio uma notícia assustadora.

- No dia da chegada à Ilha da Madeira, em Portugal, o comandante informou que o Curvelo somente chegaria à Antuérpia no dia 5 de agosto, depois das provas de tiro. Como a bordo fora combinado, a equipe desceu em Lisboa, a fim de seguir por terra. A viagem, que de antemão sabíamos ser penosa, em muito ultrapassou à expectativa, e só organizações de grande rigidez poderiam resistir ao abalo sofrido e produzir o resultado obtido - escreveu Afrânio em seu relato.

Ali, a equipe de tiro se separou do resto da delegação brasileira.

- Eles desembarcam em Portugal. O cônsul brasileiro busca recursos pra eles irem de trem de lá até a Bélgica, enfim, é uma odisseia - resume Kátia Rubio.

Uma odisseia que parecia sem fim e que teve mais um imprevisto. Um assalto no meio do caminho.

- Ao partimos de Bruxellas, fomos roubados em alvos e quase toda munição 38, de forma que eu e o Paraense ficamos reduzidos a 100 balas cada um, para treinar uma semana e atirar nas provas oficiais 75 tiros. Foi este o estado de corpo e de espírito em que os nossos atiradores sem dormir e mal alimentados, debilitados ainda mais pelo frio, chegaram a Berverloo, a 26 de julho, ao meio dia - acrescentou mais um trecho do relato de Afrânio.

Chegaram e não tinha Vila Olímpica.

- Afrânio vai até o acampamento americano e quando ele chega no acampamento os atletas, o chefe da delegação estava jogando xadrez. E ele fica atrás do chefe e começa a cantar a jogada para o cara da delegação americana. E, aí, esse cara ganha a partida e fala assim: 'Quem é você?' Aí ele começa a contar a história brasileira... - retrata a professora da USP.

Afrânio da Costa, primeiro medalhista olímpico do Brasil — Foto: Arquivo pessoal

O próprio Afrânio relatou a "jogada de mestre":

- Lane e Backer, dois famosos campeões, jogavam uma partida de xadrez, fui peruar o jogo e arrisquei uma opinião na partida, acharam boas. Daí por diante entraram em franca camaradagem. Ao fim da noite, já haviam dado ali armas, cartuchos 38 e 50 alvos, material fabricado expressamente para o concurso.

Noventa e quatro competidores disputaram a categoria individual e 17 países a prova por equipes.

- Apesar das más condições que se disputaram as provas, com um abatimento moral e físico que lhe fez diminuir no conjunto cerca de 30% dos resultados obtidos no Rio de Janeiro, a equipe brasileira foi um dos conjuntos mais fortes de tiro durante os jogos olímpicos - relatou Afrânio.

Eram armas pesadas, com munição real. Bem diferentes de hoje em dia. Atualmente é uma pistola de ar comprimido, tem cerca de um quilo e meio, a empunhadura é feita sobre medida para a mão de cada atirador e tudo é regulável.

Nos Jogos do Rio em 2016, o tiro brasileiro voltou ao pódio. A primeira das 19 medalhas do Brasil nas Olimpíadas em casa saiu da moderna pistola de ar de Felipe Wu, 96 anos depois da conquista de Afrânio Costa.

- Desde que eu comecei no esporte eu já ouvia essa história do Guilherme Paraense e do Afrânio Costa. Essa nova conquista foi bastante importante pra relembrar toda essa história da conquista deles cem anos atrás, e também escrever a história daqui para frente - diz Wu.

A história dos atiradores de 1920 foi escrita com um final surpreendente. Aquele time que partiu pouco reconhecido para as Olimpíadas retornou ao Brasil valorizado pelos jornais da época.

- Eles são recebidos, sim, com festas no porto de Santos e no porto do Rio de Janeiro, mas não dá para a gente comparar o nível de popularização que o esporte tinha nessa época e com o que a gente tem hoje - pondera Katia Rubio.

Felipe Wu, que ganhou a medalha de prata no tiro esportivo em 2016, 96 anos após os primeiros pódios brasileiros — Foto: GETTY

O último relato de Afrânio da Costa sobre o Brasil nas Olimpíadas da Bélgica deixa claro que essa tremenda saga de nossa primeira medalha olímpica teve um final feliz:

- O retorno da equipe não foi mais no Curvelo, mas num navio descente, cheio de gente importante. Era justo reconhecimento pelo memorável feito. Inúmeras autoridades políticas e desportivas e uma multidão curiosa aguardavam ansiosamente para conhecer e abraçar o campeão e o vice-campeão olímpico. Os brasileiros sabem sempre cumprir o seu dever.

Qual modalidade o Brasil ganhou a primeira medalha?

✓ Afrânio da Costa: prata na pistola livre individual. Primeira medalha olímpica do Brasil! ✓ Bronze na prova de pistola livre por equipe.

Qual foi a primeira medalha de ouro olímpica no Brasil?

Por isso, em 03 de agosto o Brasil comemora a primeira medalha de ouro olímpica do país, conquistada pelo atleta, Guilherme Paraense, do Fluminense Football Club-RJ.

Qual foi a primeira medalha do Brasil no voleibol?

A vitória, que marcou uma campanha de oito jogos com vitórias em Barcelona (Espanha), deu ao país a conquista da primeira medalha de ouro olímpica na modalidade. O ace de Negrão foi comemorado por milhares de torcedores que ligaram a TV naquele dia 9 de agosto de 1992.