Qual a característica do território brasileiro torna o propício a utilização da energia solar?

Fernanda C. Klein

O crescimento da energia solar fotovoltaica no Brasil é evidente. Desde 2012, com a normatização do setor, presente na REN 482, a energia solar cresce em torno de 300% ao ano, trazendo benefícios na esfera socioeconômica por meio da redução de gastos com energia elétrica, geração de emprego e atração para investimentos no País. Destaca-se também na área ambiental devido a geração de energia limpa e renovável, sem emissão de gases como dióxido de carbono, sendo considerada de baixo impacto ao meio ambiente. Ainda, pode-se citar a esfera estratégica que se dá ao passo que a matriz energética é diversificada, onde os consumidores produzem sua própria energia no local de consumo, reduzindo os altos investimentos em redes de transmissão e distribuição de energia elétrica. De acordo com Portal Solar (2019):

“Devido às constantes secas, crise de energia no setor elétrico, aumento da conta de luz e a demanda pela diversificação da matriz energética no país, o mercado de energia fotovoltaica teve crescimento recorde em 2018 e, deve começar 2019, com perspectiva de crescer 300%. Segundo estimativas do governo, a tendência é que este mercado movimente U$ 100 bi até 2040. ”

Os benefícios são vastos e comprovados. Além disso, o Brasil possui uma das melhores condições no mundo para geração de energia solar. (SOLAR, Portal. 2019). Todo o potencial que o País possui é proveniente da irradiação solar presente de forma predominante. Segundo o ”Atlas Solarimétrico do Brasil”, os estados que possuem melhor insolação, em horas durante o ano, é a região do Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte.

Figura 1 – Índice de insolação anual no Brasil

A região do Sertão Nordestino e norte de Minas Gerais é caracterizado pelo bioma Caatinga, que compreende 9,92% do território Nacional. Este bioma é caracterizado pelo clima tropical semiárido com temperaturas que podem ultrapassar os 32°C, com pouca variação durante o ano. A chuva é escassa e irregular, com longos períodos de seca, tendo baixo índice de umidade. Toda Matéria afirma que o bioma:

“[…] abrange cerca de 11% do território nacional, localizado nos estados da região nordeste: Bahia, Ceará, Alagoas, Piauí, Paraíba, Pernambuco, Sergipe e Rio Grande do Norte; e ainda, parte do sudeste do país, o norte de Minas gerais.[…]”

Devido a estas características, a região sofre com problemas sociais e econômicos. A escassez de água, a terra praticamente infértil, causada pelo processo de desertificação, são fatores que dificultam a sobrevivência, gerando más condições de vida.

Por estas razões, a energia solar fotovoltaica também se destaca nesses locais. O clima na região é propício para instalação de usinas, sendo elas de pequeno ou grande porte. Luiz Alberto Wagner Pinto cita que:

“A região Nordeste apresenta os maiores índices de radiação solar do país, o que a torna um local de grande potencial para o sistema de energia solar. As melhores condições para a implementação do sistema em termos de viabilidade econômica encontram-se em Teresina (que tem o maior índice do país) e São Luís. Porém, em toda a extensão do Nordeste o potencial é favorável para a utilização da energia fotovoltaica. E isso não é apenas devido aos altos índices de radiação solar nas cidades, mas também pela existência do silício no solo local, que é a matéria prima utilizada na indústria fotovoltaica.”.

Os investimentos estão crescendo cada vez mais, trazendo melhor qualidade de vida para a população, como empregos na área. Em maio de 2019, a Conexão Política noticiou que o “Sertão Nordestino ganhará um dos maiores parques de energia solar do Brasil”, gerando em torno de 2500 vagas de emprego na região de Barreiras – BA. Ainda, o impacto gerado será muito menor comparado a implantação de Usinas Hidrelétricas.

Nesse ano, a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR) realizou um estudo apresentando um Ranking Estadual de potência instalada no Brasil. Minas Gerais garante sua primeira posição com 241,9 MW, seguido do Rio Grande do Sul e São Paulo, com 189,7 MW e 153,3 MW, respectivamente.

Figura 2 – Infográfico Geração Distribuída

Comparando as pesquisas realizadas no setor fotovoltaico, com o bioma da Caatinga, concluímos que o clima dessas regiões impacta consideravelmente no destino da geração distribuída. Investidores apostam no potencial do Sertão Nordestino. Isso se deve também ao fato de que a capacidade hídrica do local, devido à falta de chuva e desmatamentos, a geração de energia proveniente de hidrelétricas se torna cada vez mais impraticável, como afirma o especialista Rodrigo Castro (p.42):

“[…] mais de 60% da sua área já foi desmatada, e a região sofre com a maior seca dos últimos cem anos. Há um crescente estresse hídrico na região, que se torna muito vulnerável ao aquecimento global. A tendência é que a Caatinga se torne cada vez mais árida/seca, e as perspectivas de reverter este quadro não são alvissareiras, pois as ações públicas infelizmente têm se mostrado insuficientes na tentativa de frear o processo de degradação da Caatinga”.

Como afirmado no início deste trabalho, a energia solar fotovoltaica só tende a desenvolver-se de forma exponencial. Dentre seus benefícios, já destacados em alguns pontos anteriores, pode-se citar a conservação do meio ambiente. Auxilia de forma direta neste quesito, diminuindo a devastação de grandes áreas para a construção de usinas hidrelétricas, reduzindo a emissão de gases do efeito estufa ao realizar a queima de combustíveis fósseis (petróleo, carvão mineral, gás natural) ou então minimizar ou então eliminar os riscos que a energia nuclear oferece ao equilíbrio ecossistema.

REFERÊNCIAS:

• ABSOLAR. Infográfico. Disponível em: http://www.absolar.org.br/infografico-absolar-.html Acesso em: 25 out 2019.
• IHU online. Biomas brasileiros e a teia da vida. Disponível em:
  http://www.ihuonline.unisinos.br/media/pdf/IHUOnlineEdicao500.pdf Acesso em: 27 out 2019.
• MATÉRIA, Toda. Clima da Caatinga. Disponível em: https://www.todamateria.com.br/clima-da-caatinga/ Acesso em: 27 out 2019.
• MATÉRIA, Toda. Clima Semiárido. Disponível em:
  https://www.todamateria.com.br/clima-semiarido/ Acesso em: 27 out 2019
• MENEZES, Athos. Sertão Nordestino ganhará um dos maiores parques de Energia Solar do Brasil. Disponível em: https://conexaopolitica.com.br/brasil/sertao-nordestino-ganhara-um-dos-maiores-parques-de-energia-solar-do-brasil/ Acesso em: 28 out 2019.
• PINTO, Luiz Alberto Wagner. Sistema de energia solar no Nordeste: 4 vantagens de se implementar. Disponível em: https://hccengenharia.com.br/sistema-deenergia-solar-no-nordeste-4-vantagens-de-se-implementar/ Acesso em: 28 out 2019.
• SOLAR, Portal. Mercado de energia solar no Brasil. Disponível em: https://www.portalsolar.com.br/mercado-de-energia-solar-no-brasil.html Acesso em: 25 out 2019.
• TIBA, Chigueru. Atlas Solarimétrico do Brasil. Disponível em:
  http://www.cresesb.cepel.br/publicacoes/download/Atlas_Solarimetrico_do_Brasil_2000.pdf Acesso em 25 out 2019.

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Em qual Clima O potencial de energia solar é maior?