Quais os principais ácidos graxos de cadeia curta oriundos da fermentação ruminal?

Os ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) mais estudados são: Butirato, Propionato, Acetato e Lactato. São produzidos a partir da fermentação de carboidratos, principalmente fibras, realizada por bactérias benéficas da microbiota. Alguns estudos mostram que, proteínas e peptídeos também podem contribuir para o aumento dessa produção. AGCC são essenciais para diversas funções importantes no organismo, como participação no nosso metabolismo, produção de mediadores anti-inflamatórios, saúde intestinal, entre outras.

Quais os principais ácidos graxos de cadeia curta oriundos da fermentação ruminal?

A produção de AGCC é regulada por diversos fatores, como ambientais, dietéticos e microbiológicos. A quantidade e qual AGCC é produzido depende de quais espécies de bactérias estão presentes no intestino, o tempo de trânsito intestinal e a disponibilidade de substrato, ou seja, do alimento que foi ingerido.

Porém, a produção de AGCC pode ser prejudicada principalmente quando os alimentos capazes de estimular sua produção não foi consumido em quantidades suficientes, como por exemplo baixa ingestão de vegetais, grãos, farinhas integrais, leguminosas frutas, entre outros.

Quando existe a ingestão adequada de fibras, a produção de AGCC é estimulada.

Assim, após a ingestão de carboidratos complexos, ocorre a produção de Butirato, principalmente pelas bactérias: Faecalibacterium, Eubacterium e Roseburia. O butirato é fonte de energia para as células do intestino, ajuda a prevenir e combater a inflamação e protege as funções cerebrais.

A produção de Propionato ocorre a partir das bactérias Bacteroidetes, Firmicutes e Lachnospiraceae. E esse substrato ajuda na regulação do apetite, combate a inflamação e na proteção contra o câncer.

Ainda, com a ingestão adequada de fibras, ocorre também a produção de Acetato pelas bactérias Bifidobacteria, Lactobacillus, Akkermansia, Prevotella e Ruminococcus. O acetato contribui na regulação do pH sanguíneo, controle do apetite, nutre bactérias produtoras de butirato e protege o corpo contra patógenos.

Por fim, existe também a produção de Lactato, por bactérias láticas. O lactato participa da regulação do pH intestinal e também serve como substrato para bactérias produtoras de butirato, participa da regulação do sistema imunológico e combate bactérias com potencial patogênico.

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Quais os principais ácidos graxos de cadeia curta oriundos da fermentação ruminal?

O mercado consumidor tem exigido um sistema pecuário cada vez mais eficiente, baseado em um regime de ciclo curto de produção que otimize os recursos ambientais. Nas últimas duas décadas, a produtividade da pecuária de corte brasileira aumentou 159%, o que possibilitou a redução do ciclo pecuário e impulsionou a produção de carne de qualidade e sustentável, através de tecnologias associadas ao melhoramento genético que permitem acelerar os ganhos genéticos dos rebanhos em consonância com os recursos disponíveis na propriedade e objetivos de produção.

No melhoramento genético de zebuínos há uma preocupação crescente em relação à seleção para crescimento e peso vivo em idades jovens e seus impactos no tamanho adulto, composição da carcaça, fertilidade e produtividade do rebanho. Em vista dessa demanda e da necessidade de medidas complementares às DEPs para peso em diferentes idades, o Frame Score (frame) mostrou-se uma ferramenta adicional de seleção. Específico para cada raça, o frame é a descrição numérica do tamanho do esqueleto do animal em função da idade, sexo e altura, estando indiretamente associado com o potencial de crescimento, composição corporal, tamanho na maturidade e exigência nutricional.

Apesar das vantagens de sua utilização, o frame não era habitualmente utilizado no Brasil, pois até então as equações de predição para frame eram adequadas para animais taurinos, tornando impraticável a sua utilização em animais zebuínos. Diante disso, um grupo formado por pesquisadores da Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP), em parceria com pesquisadores da Embrapa Cerrados, da Universidade Estadual Paulista (UNESP) e da Universidade de Davis da Califórnia, Estados Unidos, desenvolveu equações de predição para classificar animais da raça Nelore para frame, utilizando medidas de carcaça obtidas por ultrassonografia, altura na garupa, idade e sexo dos animais, a partir de dados oriundos do programa Nelore Brasil da ANCP.

Essa pesquisa deu origem a um artigo recém-publicado na revista Animal Production Science, intitulado de “Critérios de seleção para frame score e sua associação com crescimento, reprodução, eficiência alimentar e características de carcaça em bovinos Nelore” (em inglês: Selection criteria for frame score and its association with growth, reproductive, feed efficiency and carcass-related traits in Nellore cattle). Neste trabalho, foram quantificadas as associações genéticas entre o frame Nelore e características relacionadas ao crescimento, reprodução, carcaça e eficiência alimentar. Além disso, foi estimado o impacto da seleção para o tradicional índice bioeconômico MGTe (MGTe: Mérito Genético Total Econômico), assim como para os quatros novos índices bioeconômicos de seleção da ANCP para sistemas de cria, recria e engorda sobre o escore de frame (MGTe_CR; MGTe_RE, MGTe_CO e MGTe_F1).

Os resultados da pesquisa publicada indicaram que a característica frame é um critério apropriado para monitorar o peso ao nascimento (PN) e peso adulto (PA) da vaca, como consequência da maior associação genética entre frame e os pesos nestas idades, sendo que a seleção para maior frame deve aumentar o peso ao nascimento e peso adulto da matriz. Contudo, para os pesos e perímetros avaliados após a desmama, a magnitude das associações genéticas com frame foi baixa. Portanto, a seleção para maiores pesos e perímetros após desmama não deve envolver animais de maior frame. Isso implica que, se a finalidade é a adequação do frame ao sistema de produção e objetivos do criador, este deve ser incluído ou utilizado como critério de seleção para obtenção de maiores respostas, em conjunto com outras DEPs de interesse produtivo. Ainda de acordo com o estudo, o frame não se mostrou uma característica apropriada para melhorar a precocidade sexual, a fertilidade e a produtividade das matrizes, em virtude de sua baixa associação genética com estas características, indicando que, se o objetivo do criador é melhorar a precocidade e produtividade das matrizes, a estratégia mais apropriada é utilizar as DEPs diretamente indicadoras às mesmas, disponíveis nas avaliações genéticas, como o caso da DEP para 3P, STAY e PAC.

Em relação às características de carcaça, a área de olho de lombo (AOL) apresentou associação positiva com frame, indicando que a seleção para aumentar o frame levaria a melhorias no rendimento dos cortes de carcaça e no valor comercial. Já a associação genética obtida entre frame e espessura de gordura na garupa (P8) foi de alta magnitude, porém negativa, sugerindo que a seleção para maior frame diminuiria a P8. A deposição de gordura é associada com a curva de crescimento dos animais, pois o início da deposição está relacionado com a redução do crescimento muscular e a maturidade fisiológica. Dessa forma, animais mais altos apresentam desenvolvimento muscular e deposição de gordura subcutânea tardios.

Para as características relacionadas com a eficiência alimentar, como o consumo de matéria seca (IMS) e consumo alimentar residual (CAR), podemos afirmar que, como era de se esperar, a seleção para adequação do frame não interfere na expressão do CAR, mas a seleção para aumentar o frame deve acarretar aumento na IMS.

Neste trabalho, os pesquisadores também avaliaram o impacto da seleção para os índices bioeconômicos de seleção para sistemas de ciclo completo (MGTe), cria (MGTe_CR), e recria e engorda (MGTe_RE, MGTe_CO e MGTe_F1) sobre a DEP de frame. A seleção para maior MGTe e MGTe_CR resultou em menores impactos sobre o frame: apenas 8,3% e 9,7%, respectivamente, do ganho genético obtido, se a seleção fosse diretamente pela DEP para frame. Já para os índices de recria e engorda a pasto (MGTe_RE) e recria e engorda em confinamento (MGTe_CO e MGTe_F1), que incluem maior ponderação nas características de composição de carcaça, a mudança correlacionada ao frame foi 15%, 16,5% e 13,6%, respectivamente, do ganho genético obtido, se fosse selecionado diretamente pela DEP para frame. Desta forma, a seleção usando os índices MGTe e MGTe_CR, customizados para sistemas de produção menos intensivos, não influenciam o frame, em curto prazo, o que significa que esses índices de seleção apresentam menor impacto no tamanho maduro, composição da carcaça e exigências nutricionais dos animais.

Quais os principais ácidos graxos de cadeia curta oriundos da fermentação ruminal?
Os resultados dessa pesquisa demonstram que a característica Frame Score foi favorável à seleção e relevante para ser considerada no atual cenário do melhoramento genético da raça Nelore, podendo ser utilizada como critério auxiliar ou complementar para os programas de melhoramento genético, visando melhores decisões de reprodução e acasalamento para diferentes condições de mercado e produção. A classificação de frame não é importante apenas para sistemas de cria Nelore, mas também para sistemas de recria e terminação, devido a potenciais antagonismos genéticos entre características de crescimento, reprodução, eficiência alimentar e características de carcaça.

*Maria Paula Marinho de Negreiros é médica veterinária e mestre em Ciências. Atua na Base de Dados ANCP.

As referências bibliográficas estão com a autora:

Fonte: Assessoria

Quais os principais ácidos graxos de cadeia curta produzidos na fermentação ruminal?

A fermentação ruminal das hexoses resulta na produção dos ácidos graxos voláteis, nomeados de acetato, propionato e butirato e a liberação de gases como dióxido de carbono (CO2) e metano (CH4).

Quais são os ácidos graxos de cadeia curta?

Os ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) mais estudados são: Butirato, Propionato, Acetato e Lactato. São produzidos a partir da fermentação de carboidratos, principalmente fibras, realizada por bactérias benéficas da microbiota.

Quais os 3 principais AGVs produzidos no rúmen?

Os produtos finais da fermentação microbiana dos carboidratos no rúmen são os ácidos graxos voláteis (AGVs), sendo o acético, o propiônico e o butírico os três mais importantes ácidos formados juntamente com os gases de dióxido de carbono (C02) e metano (CH4).

Quais ácidos graxos são produzidos no rúmen?

A principal fonte de energia para os ruminantes são os ácidos graxos voláteis (AGV) produzidos no rúmen pela fermentação microbiana de carboidratos e, em alguns casos, da proteína, sendo o acético, propiônico e butírico os principais (Berchielli et al., 2006).