Por que é importante que o professor de Educação Física compreenda sobre o desenvolvimento motor?

Introdu��o

    O presente estudo apresenta a import�ncia da educa��o f�sica na educa��o infantil. Para isso algumas caracter�sticas desse processo foram abordadas para melhor esclarecer. O desenvolvimento motor infantil passa por uma progress�o. A crian�a precisa ser estimulada por diversos fatores para que possa ter um �xito no seu processo, est�mulos esse que partem da condi��o do ambiente que foi proposto para a aprendizagem, contribui��o da fam�lia, da sociedade e posteriormente do professor de EF trazendo est�mulos gerados pela pr�tica.

    Autores mostram que dos dois aos sete anos de idade a crian�a est� na fase de desenvolvimento das habilidades motoras fundamentais, que se subdivide em: de dois a tr�s anos � est�gio inicial; de quatro a cinco anos � est�gio elementar; e de seis a sete anos � est�gio maduro (GALAHHUE, 2003). Ser�o desenvolvidas nessa fase as habilidades motoras fundamentais e estabilizadoras (Equil�brio Din�mico, equil�brio est�tico, movimentos axiais, locomotoras e manipulativas).

    � importante sabermos sobre as caracter�sticas comportamentais de cada idade para definirmos o que trabalhar e explorar na crian�a. Para isso Jean Piaget juntamente com a Psicologia do desenvolvimento detectou que dos dois aos 24 meses prevalece o comportamento sens�rio-motor; dos 4 aos 5 anos pr�-operat�rio; de sete a 12 anos operat�rio � concreto e dos 12 anos em diante operat�rio-formal.

    Ap�s esse conhecimento � necess�rio adequar as atividades motoras para cada idade. Nesse caso o brincar � um excelente m�todo para se usar no desenvolvimento da crian�a. O brincar � um processo natural e de plena import�ncia na vida da crian�a. A brincadeira proporciona para a crian�a seu desenvolvimento psicol�gico, motor, social e cultural. Esse � a real contribui��o da educa��o b�sica no ensino aprendizagem da crian�a.

    A Carta Brasileira de Educa��o F�sica, prop�em que a Educa��o F�sica seja obrigat�ria no ensino b�sico (infantil, fundamental e m�dio) (CONFEF, 2013).

    A Educa��o F�sica na Educa��o Infantil tem um papel muito importante e significativo para o desenvolvimento da crian�a (ANTUNES, 2010). Estas conseguem ter um melhor conhecimento de si, d� continuidade � cultura corporal tornando-se indiv�duos mais aut�nomos em seu processo, fazendo propostas desafiadoras que os levar�o a busca de solu��es.

    As crian�as n�o s�o apenas receptoras de saberes do mundo adulto, elas s�o capazes de desenvolver id�ias provenientes das situa��es a que forem submetidas (SILVA; KUNZ; AGOSTINO, 2010).

    Autores afirmam que: o brincar de antigamente est� perdendo sua identidade, devido ao esquecimento da cultura l�dica, que faz parte do universo da crian�a onde ela interage de forma natural com seu mundo m�gico (MACIEL & STRAUB, 2011). Por isso a import�ncia do professor de Educa��o F�sica, para estruturar e sistematizar jogos e brincadeiras, a fim de se resgatar e resignificar o mundo da crian�a. Os objetivos da Educa��o F�sica na Inf�ncia se resumem em quatro t�picos: �introduzir o aluno na cultura corporal de movimento; compreender e vivenciar o significado de sa�de integral; compreender o significado de lazer e suas possibilidades e entender a linguagem corporal como forma de intera��o� (RANGEL, 2012).

    Dessa forma um conhecimento espec�fico � necess�rio para que conte�dos pertinentes � Educa��o F�sica sejam trabalhados. � nesse ponto que chamamos a aten��o para a import�ncia do professor de EF no ensino infantil. Autores afirmam que um professor especialista tem a compet�ncia especifica de fragmentar os conte�dos e at� mesmo podemos dizer o aprendizado para que este possa ser significante para o aluno e que o mesmo contribua para seu crescimento de forma global (AYOUB, 2001).

    Para isso foi realizada uma pesquisa de campo, cujo objetivo foi identificar o n�vel de desenvolvimento motor nas crian�as de ensino infantil de 5 anos de idade, cujo tinham a presen�a do professor de educa��o f�sica em rela��o as que n�o apresentaram o profissional espec�fico.

Materiais e m�todo

    Esta pesquisa teve car�ter predominantemente qualitativo, cuja caracter�stica mais significativa � de car�ter interpretativo e teve a aprova��o do Comit� de �tica da PUC Campinas, CAAE n� 08327312.1.0000.5481, n� 170.015.

    Foi utilizado para os testes os seguintes materiais: fita de cetim de aproximadamente 45 cm e um l�pis; um desenho de labirinto, l�pis, papel seda (5x5 cm), dois suportes de madeira de 20 cm de altura, uma corda, dois ret�ngulo de cartolina 14x10 cm corte em sentido longitudinal.

    No m�todo foi aplicado o teste de avalia��o Motora de Rosa Neto (2002) com base em uma Escala de Desenvolvimento Motor (EDM). Essa bateria de testes tem por finalidade avaliar o desenvolvimento motor da crian�a contendo 10 atividades para cada idade motora (IM), atividades que v�o dos dois aos 11 anos. Os testes foram aplicados a partir da idade cronol�gica da crian�a, expressa em meses. Se houvesse dificuldade em realizar o da sua pr�pria faixa et�ria deveria fazer o anterior at� obter �xito. A crian�a soma pontos a cada atividade positiva e a partir disso lhe � atribu�da uma IM.

    O teste teve uma ordem de aplica��o sendo esta: motricidade fina (IM1); motricidade global (IM2); equil�brio (IM3); esquema corporal (IM4); organiza��o espacial (IM5) e organiza��o temporal (IM6). As IM s�o somadas e dividas por 6 obtendo assim a idade motora geral (IMG) (IMG = IM1+IM2+IM3+IM4+IM5+IM6/6). A partir do resultado IMG tem-se o quociente motor geral (QMG), que divide a IMG pela idade cronol�gica e multiplica-se por 100 (QMG = IMG/IC.100) podendo identificar atrav�s de um quadro (Quadro 1) o n�vel de desenvolvimento motor.

Quadro 1. Valores finais do quociente motor e sua categoria de classifica��o

130 ou mais

Muito superior

120 � 129

Superior

110 � 119

Normal alto

90 � 109

Normal m�dio

80 � 89

Normal baixo

70 � 79

Inferior

69 ou menos

Muito inferior

Fonte: Rosa Neto (2002)

Resultados

    Na tabela 1 est�o os resultados da amostra sem a presen�a do professor de educa��o f�sica, onde se confere os dados gerais do teste segundo a EDM (ROSA NETO, 2002). Em destaque 3 resultados que obtiveram classifica��o do quociente em normal baixo.

Tabela 1. Escola sem Educa��o F�sica

Por que é importante que o professor de Educação Física compreenda sobre o desenvolvimento motor?

    Nas Tabelas 2 e 3, onde ambas j� tem o professor de educa��o f�sica, todos os resultados est�o classificados em normal m�dio, de acordo com o quadro 1.

Tabela 2. Escola com Educa��o F�sica � escola 1

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Tabela 3. Escola com Educa��o F�sica � escola 2

Por que é importante que o professor de Educação Física compreenda sobre o desenvolvimento motor?

    Destacamos do teste completo os testes de motricidade global, equil�brio e esquema corporal onde s�o realizadas provas que exigem habilidades importantes para a EF, sendo elas, saltar, caminhar, equilibrar (com uma ou as duas pernas) e imitar gestos e saber lateralidade (direita e esquerda). Para chegar a esse resultado fizemos o seguinte calculo: IMG = IM2+IM3+IM4/3 e para o QMG idem ao teste completo.

    Podemos observar que na tabela 4 houve um pequeno aumento em rela��o ao desenvolvimento motor no normal baixo e um destaque na tabela 5 de um n�vel de normal alto. J� na tabela 6 n�o ouve nenhum destaque.

Tabela 4. Escola sem Educa��o F�sica

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Tabela 5. Escola com Educa��o F�sica � 1

Por que é importante que o professor de Educação Física compreenda sobre o desenvolvimento motor?

Tabela 6. Escola com Educa��o F�sica � 2

Por que é importante que o professor de Educação Física compreenda sobre o desenvolvimento motor?

Discuss�o

    Com essa avalia��o propusemos analisar uma poss�vel diferen�a no desenvolvimento motor de crian�as que estudam em escolas que t�m o professor de Educa��o F�sica e as que n�o t�m.

    Os testes realizados com crian�as de 5 anos de idade em escolas com o professor de Educa��o F�sica tiveram mais resultados favor�veis em rela��o ao n�vel motor normal do que na escola que n�o tinha o professor, demonstrando pouca diferen�a nos resultados, nos levando a pensar sobre qual Educa��o F�sica est� sendo aplicada no ensino infantil. Devendo a mesma ser bem estruturada e intencionalizada de acordo com o n�vel de desenvolvimento da crian�a.

    Segundo Fernandes, Nogueira & Martinez (2008) em seu teste realizado com crian�as da mesma idade do ensino infantil da escola p�blica da cidade de Sert�ozinho, foi realizada uma pesquisa de seis meses que inseriram em uma turma um profissional capacitado para realizar atividades especificas da aula de educa��o F�sica e na outra turma ficou com a professora da sala de aula que tamb�m utilizou de atividades l�dicas. As crian�as que tiveram o professor especifico tiveram um resultado de maior aproveitamento em seu desenvolvimento motor enquanto as crian�as que ficaram com a professora de sala n�o tiveram uma complexidade em suas habilidades motoras no �mbito do desenvolvimento.

    Comparando com nossa pesquisa que foi realizada em curto prazo devemos analisar algumas vari�veis da aula de Educa��o F�sica como: qualidade da aula realizada, did�tica do professor e comprometimento com seu trabalho.

Refer�ncias

  • ANTUNES, C. Educa��o F�sica e Did�tica. Cole��o como bem ensinar. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2010.

  • AYOUB, E. Reflex�es Sobre a Educa��o F�sica na Educa��o Infantil. Rev. paul. educ. f�s., S�o Paulo, supl.4, p.53-60, 2001.

  • FERNANDES, D.P., NOGUEIRA, J. E. & MARTINEZ, L. R. M. O Papel Do Professor Especialista Na Educa��o F�sica Infantil Escolar. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - A�o 13 - N� 125 - Octubre de 2008. http://www.efdeportes.com/efd125/o-papel-do-professor-especialista-na-educacao-fisica-infantil-escolar.htm

  • GALLAHUE, D. L.; OZMUN, J. C. Compreendendo o Desenvolvimento Motor: Beb�s, Crian�as, Adolescentes e Adultos. Phorte editora Ltda. 2� edi��o 2003.

  • MACIEL, D. F.; STRAUB, J. L. Brincadeiras na Educa��o Infantil: seus significados no processo ensino aprendizagem. Eventos Pedag�gicos 2011.

  • RANGEL, I. C. A. Educa��o F�sica na Inf�ncia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.

  • ROSA NETO, F. Manual de Avalia��o Motora. Porto Alegre: Artmed, 2002.

  • SILVA, E. G.; KUNZ; E.; SANT� AGOSTINO, L. H. F. Educa��o (f�sica) infantil: territ�rio de rela��es comunicativas. Rev. bras. ci�nc. esporte (Impr.) vol.32 no. 2-4 Porto Alegre Dec. 2010.

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EFDeportes.com, Revista Digital � A�o 18 � N� 189 | Buenos Aires,Febrero de 2014
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Qual a importância da Educação Física para o desenvolvimento motor?

Contribui ao estruturar o meio ambiente adequado para a criança e o adolescente. Quem pratica atividade física regular consegue desenvolver a sua capacidade motora, garantindo a aprendizagem de habilidades específicas. Ela aprimora a motricidade do aluno, aumentando o equilíbrio, a organização temporal e a espacial.

Qual a importância do professor no processo de aprendizagem e desenvolvimento motor?

A função do professor é oferecer ao aluno condições de desenvolver seu comportamento motor através da diversidade e complexidade de movimentos. O professor tem que olhar cada aluno de maneira individualizada.

Como o professor de Educação Física pode atuar para contribuir com o desenvolvimento motor ao longo da vida?

Além de estimular um estilo de vida saudável, incluindo novos hábitos de alimentação, as atividades propostas pelos profissionais trazem benefícios para todas as idades. Por meio de exercícios de ginástica, jogos e brincadeiras, a Educação Física contribui para o desenvolvimento motor e cognitivo das pessoas.

O que o professor deve saber sobre o desenvolvimento motor de seus alunos?

É tão importante prestar atenção às características dos estímulos que são relevantes à ação como prestar atenção nas restrições impostas à tarefa motora e ao padrão motor a ser executado. O grande desafio que os professores devem enfrentar é como trabalhar a atenção de seus alunos no contexto escolar.