Por que a cidade de Ouro Preto é um Patrimônio Histórico e cultural da humanidade?

Cidade preserva obras de Aleijadinho e Mestre Ataíde, principais artistas do período Barroco.

Na Serra do Espinhaço, na região Central, está Ouro Preto, cidade histórica de Minas Gerais, considerada Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco, desde 1980. A antiga Vila Rica guarda não só a narrativa do crescimento do estado, do qual já foi sede administrativa, mas também do Ciclo do Ouro. Quem passa pelas ruas íngremes e estreitas do município tem a impressão de ser viajante do tempo. Construções coloniais, vias calçadas por blocos de pedras, igrejas do Barroco mineiro, elaboradas e erguidas por artistas e escravos, mostram um pouco de como vivia a população nos séculos XVII e XVIII.

Com 73 mil habitantes, Ouro Preto foi oficializada como cidade em 1717, mas a ocupação do território começou ainda em 1698, com os bandeirantes. O ouro escuro, coberto por uma camada de óxido de ferro, encontrado no local, é o que deu nome ao município. 

O território foi palco de importantes fatos da história brasileira, como a Guerra dos Emboabas, sangrento conflito travado com os paulistas pelo direito a explorar o ouro; a Revolta de Vila Rica, quando os moradores da colônia insurgiram contra a Coroa Portuguesa; e a Inconfidência Mineira, movimento separatista organizado pelas elites mineiras oposto à política fiscal da metrópole, que cobrava pesados impostos do metal extraído.

Conhecida por ser um “museu a céu aberto”, Ouro Preto tem obras do Mestre Aleijadinho, que nasceu e executou boa parte de seu trabalho como escultor e arquiteto na cidade. A Igreja São Francisco de Assis, que teve fachada projetada por ele com elementos do Barroco e do Rococó, é um dos principais cartões-postais do município. Na parte interna, o templo exibe a pintura “Assunção da Virgem” de outro reconhecido artista da época, o Mestre Ataíde. 

As matrizes do Pilar e de Nossa Senhora da Conceição de Antônio Dias, as igrejas de Nossa Senhora do Carmo, Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos e a Capela de Padre Faria também integram a lista de monumentos religiosos que recebem grande volume de turistas. 

A atividade cultural ouro-pretana extrapola o turismo histórico. O local sedia, todos os anos, o Festival de Inverno, um dos principais eventos do calendário cultural brasileiro, o Fórum das Letras, com palestras e saraus literários, exposições e atividades culturais diversas. 

Para quem se interessa por artesanato, uma boa pedida é conferir a Feira de Pedra Sabão do Largo do Coimbra, que acontece em frente à Igreja São Francisco de Assis. Outra marca da cidade é a cerâmica saramenha, feita com barro escuro e de aspecto vidrado.

O visitante também tem opções como o Museu Casa Guignard – artista que retratava Ouro Preto como cenário de várias de suas pinturas – o Museu da Inconfidência e a Casa dos Contos.

O turismo em cachoeiras, trilhas e fazendas, especialmente nos 12 distritos do município, também movimenta a economia do lugar. Atualmente, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do município é considerado alto, de 0,741. 

Fonte: Agência Minas

Foi no Centro Histórico de Ouro Preto, Minas Gerais, na antiga Vila Rica, que o episódio da Inconfidência Mineira, uma conspiração fracassada de independência da Coroa Portuguesa, aconteceu. Ouro Preto, erguida no século 17, foi tombada em 1980. Seu bom estado de preservação conta histórias do período da ascensão da exploração do ouro no estado. E as esculturas barrocas de Aleijadinho, o maior artista do Brasil colonial, combinadas com as pinturas de Manuel da Costa Athaide, dão à cidade uma importância artística que só poderia resultar em seu tombamento pela Unesco.

Por que a cidade de Ouro Preto é um Patrimônio Histórico e cultural da humanidade?

Título foi concedido pela Unesco em 5 de setembro de 1980

É impossível andar pelas históricas ruas de Ouro Preto sem reconhecer as infinitas belezas de seu patrimônio. As próprias ladeiras de pedras, os museus repletos de cultura, os casarões e igrejas imponentes e tão tradicionais. Tudo isso, luz para os olhos dos ouro-pretanos e de todos os turistas que pela cidade passam, fez com que Ouro Preto tenha o título de Patrimônio Cultural da Humanidade.

No dia 05 de setembro, a cidade comemora 35 anos desse título, concedido em 1980 pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). A decisão foi tomada na quarta sessão do Comitê do Patrimônio Mundial, realizada em Paris, na França.  Dessa forma, Ouro Preto foi a primeira cidade no Brasil a receber o título de Patrimônio Cultural da Humanidade.

Em entrevista ao jornal O Globo, na edição do dia 03 de setembro de 1980, o então diretor do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), Aloísio Magalhães, detalhou os bastidores de como Ouro Preto se tornou Patrimônio Cultural da Humanidade. Segundo ele, a decisão do Comitê foi unânime.

Falecido em 1982, Aloísio participou da reunião em Paris que definiu, finalmente, o título ao município ouro-pretano. Na entrevista, ele salientou “o valor que esta escolha representa para a comunidade de Ouro Preto, para as famílias que, de pai para filho, têm lutado pela sobrevivência da cidade”.

O caminho para a escolha de Ouro Preto como Patrimônio Cultural da Humanidade começou em 1979. Em junho daquele ano, o Itamaraty, como é conhecido o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, encaminhou um dossiê completo sobre o município mineiro ao diretor-geral da Unesco, em Paris.

De acordo com reportagem da mesma edição d’O Globo, o dossiê apresentava um levantamento profundo de toda a história ouro-pretana e sua importância cultural, política e sócio-econômica. Cerca de 400 fotografias também acompanhavam o dossiê. Na ocasião, Aloísio Magalhães destacou a importância do reconhecimento da cidade no plano nacional. “Vai nos ajudar muito para que a comunidade se dê conta do valor do patrimônio e que sua defesa tenha sempre apoio”, concluiu.

Para o atual prefeito de Ouro Preto, José Leandro Filho, “grande parte da preservação deste patrimônio se deve ao entendimento da população, dos moradores de Ouro Preto, do valor imenso que representa o seu imóvel, cuidando dele da melhor maneira possível, fazendo garantir as características do século XVIII”. O prefeito ressalta também o papel do poder público na manutenção da história. “O município vem desenvolvendo um trabalho incessante, com muita dedicação, no sentido de melhorar os espaços públicos, realçar o seu valor histórico e artístico. Exemplo disso, nosso projeto foi contemplado com o PAC das Cidades Históricas (PAC 2)”.

A consagração do título

Na cerimônia da Semana da Inconfidência do ano seguinte, 1981, o então diretor-geral da Unesco, Amadou Mahtar M’Bow, junto ao governador de Minas Gerais, Francelino Pereira, descerraram na Praça Tiradentes a placa alusiva ao título de Patrimônio Cultural da Humanidade. A placa está fixada na sede da Câmara Municipal de Ouro Preto.

Ao discursar na cerimônia, o diretor-geral da Unesco reafirmou os valores ouro-pretanos que pesaram na concessão do título. “Poucos lugares no mundo merecem, tanto quanto Ouro Preto, a homenagem universal prestada a seu valor  histórico e artístico, bem como a qualidade dos homens que fizeram sua fama”, disse.

O prefeito de Ouro Preto à época, Alberto Caram, afirmou que o título concedido ao município constituía o coroamento dos ideais da Inconfidência Mineira. De acordo com ele, os inconfidentes “sonhavam em implantar uma universidade, transformando Vila Rica em centro de cultura ligado às preocupações maiores da inteligência e da formação humanística”.

A manutenção do Patrimônio

Em seu site, a Unesco destaca que, em Ouro Preto, “subsistem muitas igrejas, pontes e fontes que permanecem como testemunhas de seu próspero passado”. A Prefeitura de Ouro Preto tem feito um constante trabalho em relação a manutenção de todo o seu legado cultural e histórico.

A Secretaria Municipal de Cultura e Patrimônio é a responsável por essas ações, muitas vezes realizadas em parceria com o Iphan e governos estadual e federal. Os chafarizes da cidade, por exemplo, estão sendo recuperados. Todo o conjunto arquitetônico do centro histórico, assim como dos distritos, recebe atenção especial. É o caso da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, no bairro Antônio Dias, e da Capela de Nossa Senhora das Dores, em Cachoeira do Campo. Também a Casa da Ópera, mais antigo teatro em funcionamento das Américas, passa por restauração e tem previsão de entrega da obra já no final deste mês.

Compreender a importância de Ouro Preto ser considerada, já há 35 anos, Patrimônio Cultural da Humanidade, é fundamental para que a história do munícipio seja respeitada e valorizada. A Secretaria Municipal de Turismo, Indústria e Comércio, por sua vez, reforça a necessidade de políticas públicas voltadas para a preservação dos tesouros ouro-pretanos e, dessa forma, fomentar cada vez mais o turismo e a economia em Ouro Preto.

Foto: Praça Tiradentes crédito Eduardo Tropia

Divulgação ASCOM/PMOP

Por que a cidade de Ouro Preto é considerado um Patrimônio Cultural da Humanidade?

Devido às íngremes ruas, estreitas, em paralelepípedos, que seguem as ladeiras da paisagem local, e casas em estilo colonial, Museus e Igrejas, em 02 de setembro de 1980 foi agraciada pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) como patrimônio Cultural da Humanidade.

O que significa ser uma cidade considerada patrimônio histórico da humanidade?

O termo patrimônio histórico cultural diz respeito a tudo aquilo que é produzido, material ou imaterialmente, pela cultura de determinada sociedade que, devido à sua importância cultural e científica em geral, deve ser preservado por representar uma riqueza cultural para a comunidade e para a humanidade.

Porque o centro histórico de Ouro Preto deve ser preservado pela humanidade?

Sem qualquer sombra de dúvida, o título de Patrimônio Cultural da Humanidade consagrou a merecida importância de Ouro Preto, possibilitou maiores investimentos públicos e privados na cidade e ajudou a manter a preservação de sua originalidade, sobretudo dos imóveis antigos que perseveram sem grandes reformas.

Qual é o patrimônio histórico de Ouro Preto?

Entre o patrimônio protegido está a Igreja São Francisco de Assis (considerada uma obra-prima). Destacam-se, também, as igrejas de Nossa Sra. do Pilar, da Conceição e do Carmo, o cenário de suas ladeiras de pedras, e o casario branco com suas telhas de barro e esquadrias coloridas.