Onde são produzidos os leucócitos

Índice

  • 1 Os diferentes tipos de leucócitos
    • 1.1 Os granulócitos
    • 1.2 Os agranulócitos
  • 2 Produção e amadurecimento
  • 3 A imunidade inata
  • 4 A imunidade adquirida
    • 4.1 Bibliografia

Onde são produzidos os leucócitos
Fonte: Abbas – Imunologia celular e molecular

Na composição do conteúdo sanguíneo, encontramos os eritrócitos, também conhecidos como células vermelhas, as plaquetas, o plasma e os leucócitos ou células brancas. Embora estejam presentes em menor quantidade que as células vermelhas, os leucócitos desempenham um papel essencial na defesa do organismo contra potenciais agressores. A maioria dessas células passam boa parte do tempo fora da circulação sanguínea, armazenadas em órgãos linfoides e são atraídas por estímulo químico quando necessário.

Os diferentes tipos de leucócitos

Os granulócitos

Os neutrófilos são os leucócitos mais comuns, chegando a até 70% do total de células brancas em circulação. Eles se movimentam com bastante velocidade e são as primeiras células responsáveis pelas respostas inflamatórias. Também podem ser chamados de leucócitos polimorfonucleados devido aos seus múltiplos núcleos (3 a 5) com formas diversas. Seus grânulos se dividem em específicos, que geralmente não se coram fortemente; e aurofílicos, mais susceptíveis à coloração, onde ficam armazenadas enzimas microbicidas que atuam durante a resposta imunológica.

Os eosinófilos são células binucleadas capazes de liberar toxinas responsáveis pelo rompimento da membrana celular dos parasitos, como o óxido nítrico e a eosina. Porém essa habilidade pode se tornar danosa ao tecido do hospedeiro, uma vez que não filtra completamente os diferentes tipos celulares. Já os mais raros dentre os granulócitos, os basófilos, são pequenas células que atuam liberando histamina e heparina em alguns locais de inflamação, levando à vasodilatação e ao controle da coagulação, um processo que medeia a inflamação para que ela ocorra corretamente.

Os agranulócitos

Dentre os leucócitos não-granulosos, os monócitos são células grandes com um núcleo em formato de “feijão” que apresentam vacúolos fagocíticos e filamentos de citoesqueleto. Essas estruturas auxiliam no processo de fagocitose de microrganismos invasores realizado pelos monócitos uma vez que eles são ativados. A ativação ocorre nos tecidos e os transforma em macrófagos. Há dois tipos de ativação: a clássica, que leva os macrófagos a fagocitar os parasitos; e a ativação alternativa, que permite aos macrófagos a realização da fagocitose de células mortas do hospedeiro, fazendo a limpeza do local de inflamação. Por fim, essas células ainda possuem capacidade de liberar citocinas que agem no endotélio próximo para facilitar o recrutamento de outras células brancas para o foco inflamatório, além de auxiliar na angiogênese e no processo de cicatrização.

Os linfócitos são células de núcleo grande e arredondado, responsáveis pela imunidade adaptativa. São divididas em células B, os principais responsáveis pela imunidade humoral; células T, mediadores da imunidade celular; e células natural killer (NK), que vigiam o organismo visando uma rápida resposta imunológica, inclusive em casos de crescimento tumoral. Porém, as NK são muito mais rigorosas que os linfócitos T e B e aderem a diversos objetos estranhos nos tecidos, muitas vezes atingindo aqueles que não são ameaças reais, como células provenientes de órgãos transplantados.

Onde são produzidos os leucócitos
2. Fonte: Silverthorn, Fisiologia Humana

Produção e amadurecimento

Dois tecidos linfoides primários são responsáveis pela produção e amadurecimento das células brancas: o timo e a medula óssea. Na medula óssea, dentro de nichos especializados, encontramos a célula-tronco hematopoiética comum (HSC), um tipo de célula tronco pluripotente e autorrenovável. Quando há sinalização química adequada, a HSC origina duas linhagens, uma capaz de gerar células brancas e outra que dá origem a células vermelhas. Assim, surgem na medula óssea os granulócitos, monócitos, linfócitos B e T, as células NK e as hemácias. Após a produção dos leucócitos, citocinas incentivam o seu amadurecimento adequado. Entretanto, é importante ter em mente que amadurecimento é diferente de especialização. Os linfócitos naïve, ou seja, que nunca entraram em contato com algum antígeno novo, por exemplo, são maduros, mas não se especializam até entrar em contato com algum patógeno.

Já o timo, situado no mediastino anterior, é um órgão amplamente vascularizado que se divide em dois lóbulos formados por córtex e medula. Aglomerados de linfócitos T em diferentes estágios de maturação são encontrados no córtex, enquanto macrófagos e células dendríticas são observadas em sua maioria na medula. No córtex, células epiteliais especializadas produzem IL-7, uma molécula que incentiva o amadurecimento dos linfócitos T. Já as células epiteliais medulares auxiliam na apresentação de antígenos aos linfócitos T maduros.

Os tecidos linfoides secundários estão espalhados ao redor do corpo, permitindo a saída dos leucócitos para lesões e ameaças próximas, o que resulta numa ação de defesa bastante veloz. Esse tipo de tecido pode ser dividido em encapsulados ou difusos. Dentre os encapsulados, temos o baço, onde as células brancas são armazenadas para realizar monitorização sanguínea; e os linfonodos, parte da circulação linfática onde células imunes podem conter invasores presentes no líquido intersticial e levá-los para a linfa, onde serão fagocitados. Os tecidos linfáticos difusos são aglomerados de células brancas presentes em diferentes órgãos e sistemas ao redor do corpo, como no trato gastrointestinal e pele. Os aglomerados visam a interceptação de patógenos assim que eles adentram o organismo.

A imunidade inata

A imunidade intata é responsável pela defesa imediata do organismo, atacando os invasores que passaram pelas barreiras iniciais, como a mucosa e a pele. O início dessa defesa se dá pelo reconhecimento dos padrões moleculares associados a patógenos (PAMPs) pelos leucócitos através de ligações com os receptores de reconhecimento padrão (PRRS). O que se segue ao reconhecimento é a atração de fagócitos (células que realizam fagocitose), como neutrófilos e macrófagos, por meio da quimiotaxinas para que realizem a ingestão dos corpos estranhos. Os fagócitos que chegam ao local liberam mais quimiotaxinas, levando à chegada de outros leucócitos ao local. Os novos leucócitos recrutados liberam mais citocinas, criando uma espécie de “cascata” de resposta imune. Assim se inicia a inflamação, um importante processo que cria barreiras físicas contra a infecção, atrai leucócitos e ainda auxilia na reparação tecidual. As proteínas inflamatórias cuja liberação é mais forte logo após o início do processo são chamadas de proteínas de fase aguda, e incluem opsoninas e a proteína C reativa (PCR). É bastante comum observar o surgimento de pus nos locais de inflamação, um líquido constituído por neutrófilos e macrófagos que saíram da corrente sanguínea e adentraram os tecidos para combater um invasor.

O macrófago utiliza pseudópodes, uma espécie de “ramo” da sua membrana plasmática, para envolver o patógeno previamente identificado. O material que deve ser fagocitado fica armazenada na nova região criada pelos pseudópodes, chamada de fagossomo, onde é destruído. A fagocitose é cuidadosamente executada para evitar danos aos tecidos próximos aonde os patógenos se encontram, mas em muitos casos o reconhecimento não é completo, como quando falta marcadores suficientes para a diferenciação da célula invasora e o tecido, levando a danos ao próprio hospedeiro.

A imunidade adquirida

A imunidade adquirida é outro tipo de defesa do organismo, mais específica, porém mais lenta, podendo demorar vários dias para se tornar efetiva. Ela acontece junto à resposta inata e é executada pelos linfócitos T e B. Pode ser classificada em ativa, quando o corpo produz seus próprios anticorpos depois de ser exposto a um patógeno; ou passiva, quando o organismo adquire anticorpos gerados externamente, como acontece com os recém-nascidos ao receberem anticorpos maternos na amamentação.

Os linfócitos se ligam a diferentes receptores, assim cada patógeno invasor é conectado a um linfócito diferente. Os linfócitos específicos são armazenados no organismo em pequenas quantidades e replicados quando sinalizada a exposição ao patógeno que combina com o seu receptor. Esse processo é chamado de expansão clonal. As células produzidas na expansão se tornam efetoras, que atuam para impedir a infecção e matar o patógeno; ou de memória, responsáveis por manter armazenadas as informações sobre o invasor para atuação futura do sistema imune. Uma vez que respodem a alguma exposição, as células B podem se tornar plasmócitos e passam a produzir altas quantidades de anticorpos. Esse tipo de célula tem vida curta e geralmente morre após o combate ao invasor. Além de plasmócitos, os linfócitos B também podem se tornar células de memória que carregam anticorpos em sua membrana celular por longos períodos. Assim, os linfócitos B atuam na chamada imunidade humoral.

As células T são citotóxicos ou auxiliares. Os linfócitos T citotóxicos são responsáveis pela imunidade celular e atuam sobre os patógenos que saíram da corrente sanguínea e entraram nas células do organismo. Por meio de complexos antígeno-MHC (complexo de histocompatibilidade principal), os linfócitos T encontram células onde há fragmentos de antígenos estranhos e se ligam a elas para iniciar o processo de morte celular. O MHC é uma família de proteínas de membrana presente nas células nucleadas do corpo humano (MHC de classe I); ou nas células apresentadoras de antígenos (MHC de classe II). Elas se ligam a fragmentos de antígenos e os deixa visíveis na membrana para que os linfócitos T percebam que houve uma invasão e eliminem a célula contaminada. A morte celular é realizada principalmente por meio da liberação de citotoxinas formadoras de poros, como a perforina, e por meio da indução à apoptose. Por fim, as células T auxiliares, apesar de não atacar os patógenos, permitem amplificação da resposta imune ao liberar citocinas que atraem e ativam os demais leucócitos.

Onde são produzidos os leucócitos

O texto acima é de total responsabilidade do autor e não representa a visão da sanar sobre o assunto.

Bibliografia

ABBAS, A. K.; LICHTMAN, A. H.; PILLAI, S. Imunologia Celular e Molecular. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.

AIRES, M. D. M. Fisiologia. 4ª. ed. Rio de Janeiro: Gen, 2012.

ASHTON, N. Physiology of red and white blood cells. Anaesthesia and Intensive Care Medicine, v. 8, n. 5, p. 203-208, Maio 2007.

KUMAR, V. et al. Robbins & Cotran. Patologia, Bases Patológicas das Doenças. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.

SILVERTHORN, D. U. Fisiologia Humana. 7ª. ed. São Paulo: Artmed, 2017.

Como são produzidos os leucócitos?

Os leucócitos são produzidos na medula óssea, local onde a maioria também amadurece. A partir desse local, eles são levados através dos vasos sanguíneos para todo o corpo junto a outras células do sangue. O número normal de leucócitos por milímetro cúbico de sangue em uma pessoa adulta é de 4 a 10 mil.

Onde são produzidos os glóbulos?

Dentro da medula óssea, todas as células sanguíneas se originam de um mesmo tipo de célula não especializada, denominada célula-tronco. Quando uma célula-tronco se divide, ela se torna primeiro um glóbulo vermelho, glóbulo branco ou célula produtora de plaquetas imatura.