O que representam os BRICS na nova ordem política e econômica mundial

Oficina O Brasil e os BRICS, paralela à VI Cúpula dos países do bloco, em Fortaleza, reuniu, na segunda-feira, 14, fundações parceiras para debate no Ceará

Juntos, eles concentram 42% da população mundial e representam um quarto do PIB do planeta, mas os números, ainda que impressionantes, não mostram a verdadeira importância do bloco de países formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, o chamado BRICS: a emergência de uma nova ordem mundial, multilateral e comandada por países em desenvolvimento.

Enquanto seus líderes se reuniam em Fortaleza (CE), na segunda-feira, 14, para VI Cúpula dos BRICS - Crescimento inclusivo: soluções sustentáveis, a Fundação Perseu Abramo (FPA), em parceria com as fundações Leonel Brizola-Alberto Pasqualini, Maurício Grabois e Ulysses Guimarães, realizou, na Assembleia Legislativa do Estado do Ceará, a oficina "O Brasil e os BRICS".

O que representam os BRICS na nova ordem política e econômica mundial

Viana, Monica Hirst, Rosa, Arruda e Fernandes (da esq. para dir.)

A mesa de abertura contou com as presenças do presidente da FPA Marcio Pochmann, do senador Inácio Arruda (PcdoB/CE), do deputado estadual Lula Morais (PCdoB/CE), representante da Presidência da Assembleia Legislativa do Ceará; de Leocir Rosa, diretor da Fundação Maurício Grabois, coordenando a mesa; de Chico Donato, secretário nacional de Gestão da Fundação Ulysses Guimarães; e de Cristina Luz, presidenta da Fundação Leonel Brizola-Alberto Pasqualini.

Fora do eixo Rio-São Paulo
“Importante frisar: neste momento em que falamos sobre a conjuntura internacional, a importância desse novo fenômeno do capitalismo, a alternativa dos BRICS, que o façamos aqui, em Fortaleza, fora do eixo Rio-São Paulo”, destacou Pochmann, abrindo os trabalhos para os palestrantes: Monica Hirst, profesora titular de Relações Internacionais da Universidad Nacional de Quilmes, Argentina; Inácio Arruda; José Fernandes de Sousa, doutorando em Direito Público da Universidad Nacional de Lomas Zamora, Argentina; e o professor Ricardo Viana, representante da Fundação Leonel Brizola-Alberto Pasqualini.

Sob o tema Os BRICS e a construção de um mundo multipolar, a professora Monica Hirst abordou política e segurança nacional num mundo de transição da ordem global. “O novo momento é um esforço de uma visão de mundo alternativa ao esquema político-ideológico do internacionalismo liberal. Os poderes emergentes desejam maior influência nos desenhos da arquitetura institucional, em uma dinâmica multipolar.”

O que representam os BRICS na nova ordem política e econômica mundial

O senador Inácio Arruda, em sua apresentação Os BRICS e a crise econômica mundial, falou sobre a crise de 2008, “o ápice da hiperfinanceirização do capitalismo”, além das características atuais de comércio dos países do bloco, China e Índia, por exemplo, além da manufatura, como exportadores de produtos de alta tecnologia, algo não comum há 15 anos. Ele destacou ainda o fato de entre os cinco países do bloco três serem potências nucleares e um dominar o ciclo de enriquecimento de urânio. “Há diferenças, questões a serem resolvidas, mas é um grupo que almeja a paz e busca soluções conjuntas, é uma mudança de eixo que tem impacto muito grande.”

Com o título de Os BRICS no sistema financeiro internacional (leia apresentação aqui), José Fernandes afirmou que o bloco “sai do namoro para algo mais sólido com a implantação de um banco de desenvolvimento e a criação de um fundo de contingência, que faz frente aos dois fundos mundiais (BM e FMI)”. Para ele, essa etapa será importante não apenas para os BRICS, mas para outros países emergentes, tendo em vista que o banco os financiará.

BRICS: US$ 19 trilhões
Para dimensionar o tamanho do bloco, Fernandes apresentou dados: os BRICS hoje representam 25% do PIB mundial, ou US$ 19 trilhões, contra US$ 17 trilhões da União Europeia e US$ 16 trilhões dos EUA. Para Fernandes, o comércio entre os países ainda pode crescer, principalmente as exportações brasileiras para Índia, Rússia e África do Sul – o Brasil exportava para a China, em 2000, US$ 1 bilhão; no ano passado fechou as vendas aos chineses em US$ 46 bilhões.

O professor Ricardo Viana fez a apresentação Os BRICS e a reforma da governança global, em que afirmou “o sistema econômico atual não deu certo. O sistema econômico solidário é o que deveria ser aplicado, voltado à população, ao povo”. Para Viana, é crucial que os países do bloco pensem em governança global com participação social e democracia, com compromentimento com a atual e as próximas gerações; com solidariedade entre os povos; com educação e ordem planetária no campo econômico. As falas foram seguidas por um debate entre o público e os palestrantes.

BRIC é uma sigla formada pelas letras iniciais de Brasil, Rússia, Índia e China, criada em 2001 pelo economista Jim O'Neill, analista de mercado do grupo Goldman Sachs (um dos maiores bancos de investimento do mundo), no relatório intitulado Building Better Global Economic Brics. "Ele fez um estudo de previsão de crescimento econômico no mundo para os próximos cinquenta anos, e chegou à conclusão de que justamente essas quatro nações eram as que mais se destacavam", diz André Roberto Martin, professor de Geografia Política da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP). Segundo o documento, dentro das próximas décadas, esses países ocuparão o topo no ranking das maiores economias do mundo. 

"Nos últimos anos, vem crescendo a ideia de que o BRIC está tirando dos Estados Unidos, União Europeia e Japão - que chamamos de trilateral - o dinamismo da economia mundial", comenta o professor. Juntas, as quatro nações respondem por 15% do produto interno bruto (PIB) do mundo e concentram cerca 40% da população total do planeta. "Brasil e Rússia possuem abundância de recursos naturais, enquanto China e Índia, de mão-de-obra. É isso que lhes dá esse potencial de crescimento. Já a trilateral, embora possua capital, não tem mais para onde crescer". O especialista acrescenta que a crise econômica que atingiu o planeta no segundo semestre de 2008 contribuiu para que mundo voltasse seus olhos ao grupo. "Depois da crise, que afetou principalmente Estados Unidos e Europa, ficou muito clara a dependência econômica mundial desses quatro países".

O BRIC não é um bloco econômico como o Mercosul, nem político como a União Européia ou militar como a Otan. Trata-se de um conceito que está ligado aos grandes mercados emergentes, mas que nada diz sobre o modelo econômico ou a situação política e social de cada uma de suas quatro nações. "Nessa questão ainda há muito a percorrer, principalmente para a China e a Índia, que possuem milhões de pessoas em condições muito precárias de vida", afirma André Martin.

Ainda assim, os quatro países têm buscado uma aproximação política e, em junho de 2009, foi realizado o primeiro encontro formal e independente do BRIC, na cidade de Ecatemburgo, na Rússia. "O que saiu de lá foi uma crítica à hegemonia do dólar, mas não se pensou em uma moeda alternativa. Ou seja, eles têm força para se opor ao domínio da economia americana, mas ainda não têm poder para substituí-la", comenta o especialista. "Agora o momento é de dúvida se elas vão se consolidar como um grupo geopolítico ou não". A próxima reunião de cúpula do grupo será sediada no Brasil, em 2010.

O que representam os BRICS na nova ordem política econômica mundial?

RESPOSTA: Os BRICS representam uma melhor distribuição do poder econômico na escala global, capaz de reequilibrar as forças e a configuração da ordem mundial, anteriormente conduzida por algumas potências, como os Estados Unidos, os países da União Europeia e o Japão.

Qual é a importância do BRICS para a economia mundial?

Atualmente, os BRICS são detentores de mais de 21% do PIB mundial, formando o grupo de países que mais crescem no planeta. Além disso, representam 42% da população mundial, 45% da força de trabalho e o maior poder de consumo do mundo.

O que são e o que representam os BRICS?

Brics é uma sigla que se refere a Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, que se destacaram no cenário mundial pelo rápido crescimento das suas economias em desenvolvimento.

Qual são os objetivos do grupo econômico BRICS?

Fortalecer as economias dos países, Estabelecer cooperação nas áreas técnica, científica, cultural e no setor acadêmico.