[email protected] www.psicopedagogamariateixeira.com.br Show O psicopedagogo diante do desafio da inclus�o El psicopedagogo frente al desaf�o de la inclusi�n *Esp. em psicopedagogia clinica e institucional **Doutoranda em Educa��o, UFSM Prof. da Universidade de Cruz Alta, UNICRUZ (Brasil) Daiana Guarda da Silva* Vaneza Cauduro Peranzoni** Resumo O presente artigo tem como objetivo compreender a analisar a import�ncia do papel do psicopedagogo diante da inclus�o. Unitermos : Psicopedagogo. Alunos com necessidades especiais. Inclus�o.EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, A�o 17, N� 171, Agosto de 2012. http://www.efdeportes.com
Enquanto campo de conhecimento humano, a Psicopedagogia tem sido influenciada por diversas correntes te�ricas e, em seu hist�rico, sempre esteve voltada para as quest�es relativas � aprendizagem. Nas d�cadas de 50 e 60 do s�culo passado, em seu iniciar, a vis�o predominante era a m�dica. Nesta vis�o, buscava-se enfocar problemas que ocorriam com os sujeitos em rela��o � aprendizagem a partir de uma abordagem neuropsicol�gica, j� que a exist�ncia de problemas de aprendizagem apresentados por tais sujeitos gerava fracassos no espa�o escolar. A busca de solu��o deveria investigar qual era a causa destes. Nos anos 60 e 70, a Psicopedagogia interessou-se pelos condicionamentos, saindo da abordagem focada apenas nas poss�veis falhas e avaliando os desempenhos dos sujeitos em situa��o de aprendizagem numa perspectiva behaviorista. De acordo com Bossa (2000, p.37) a psicopedagogia surgiu na Europa, mais precisamente na Fran�a, em meados do s�culo XIX, onde a Medicina, Psicologia e a Psican�lise, come�aram a se preocupar com uma alternativa de interven��o nos problemas de aprendizagem e suas poss�veis corre��es. Os primeiros centros psicopedag�gicos foram fundados na Europa em 1946 por J. Boutonier e George Mauco, com dire��o m�dica e pedag�gica. Estes centros uniam conhecimentos da �rea de Psicologia, Psican�lise e Pedagogia, onde tentavam readaptar crian�as com comportamento socialmente inadequados na escola ou no lar e atender crian�as com dificuldades de aprendizagem apesar de serem inteligentes. A partir dessas constata��es observamos que a Psicopedagogia teve uma trajet�ria significativa. Inicialmente surgiu como car�ter m�dico-pedag�gico, onde participavam m�dicos, Psic�logos, Psicanalistas e Pedagogos. Sendo assim, este profissional surge para contribuir com solu��es aos problemas de aprendizagem, pois um dos maiores desafios dos docentes � trabalhar com alunos que apresentam algum tipo de problema. E � nesse sentido, que o psicopedagogo procura facilitar e evitar que as interfer�ncias no processo de constru��o do conhecimento seja um obst�culo. De acordo com Bossa (2000, p. 14)
A corrente europ�ia influenciou a inicia��o psicopedag�gica na Argentina, e a mesma influenciou a identidade da Psicopedagogia Brasileira. Em nosso pa�s a psicopedagogia surge aproximadamente nos anos 70, a partir da necessidade de atendimento a crian�as com dist�rbios na aprendizagem, consideradas inaptas dentro do sistema educacional convencional, por�m, os cursos na �rea s� come�am a se multiplicarem na d�cada de 90. Sendo a psicopedagogia uma ci�ncia que se dedica a entender como o sujeito cognoscente elabora o seu conhecimento e porque em determinados momentos este n�o se torna sujeito do seu aprender. Compreender a singularidade de cada crian�a diante do aprender, faz desta ci�ncia um campo de conhecimentos abrangentes e necess�rios no contexto escolar. Entender que a aprendizagem � fruto da hist�ria de cada sujeito e das rela��es que ele consegue estabelecer com o conhecimento ao longo da vida, afirma Bossa (2000). Sendo assim, � necess�rio compreender como alguns autores se apropriam do conceito de aprendizagem na vis�o psicopedag�gica. Fern�ndez (2001) relata que todo sujeito tem sua modalidade de aprendizagem e os seus meios para construir o pr�prio conhecimento, e isso significa uma maneira muito pessoal para se dirigir e construir o saber. J� Piaget (apud Bossa, 2000) busca subs�dios na linha cognitivista para desenvolver uma caracteriza��o do processo de aprendizagem. Por�m, quando falamos em aprendizagem, n�o podemos relacionar o problema simplesmente com o aluno, pois, a aprendizagem n�o � um processo individual, ou seja, n�o depende s� do esfor�o de quem aprende, mas sim de um processo coletivo. � o que nos mostra Fern�ndez (2001, p.36) a import�ncia da fam�lia, que por sua vez, tamb�m � respons�vel pela aprendizagem da crian�a, j� que os pais s�o os primeiros ensinantes e os mesmos determinam algumas modalidades de aprendizagem dos filhos. Esta considera��o tamb�m nos remete a rela��o professor-aluno, para essa mesma autora, �quando aprendemos, aprendemos com algu�m, aprendemos daquele a quem outorgamos confian�a e direito de ensinar�. Almeida (1993, p. 28), tamb�m considera que a aprendizagem ocorre no v�nculo com outra pessoa, a que ensina, �aprender, pois, � aprender com algu�m�. � no campo das rela��es que se estabelecem entre professor e o aluno que se criam �s condi��es para o aprendizado, seja quais forem os objetos de conhecimentos trabalhados. Por isso, � fundamental estabelecer um bom v�nculo entre professor-aluno, pois atrav�s deste, o processo de ensino-aprendizagem ser� de maneira significativa para o aluno, permitindo que ele sinta desejo em aprender. Para a crian�a autista estabelecer o v�nculo com algu�m � um dos princ�pios metodol�gicos que a partir da confian�a estabelecida com o outro este poder� quebrar a barreira com o mundo do objeto, interagindo com este. O psicopedagogo diante desta rela��o de vinculo que dever� ser estabelecida poder� atuar com um mediador entre professor e aluno, aluno e aluno. Cabe a este profissional ter um olhar humano para que de uma forma singular possa clarificar as rela��es para o professor de quanto � importante nestes primeiros contatos apresentar uma rotina segura, de confian�a para que esta crian�a sinta-se confiante e se entregue para o aprender. Para Weiss (2000), a pr�tica psicopedag�gica deve considerar o sujeito como um ser global, composto pelos aspectos org�nico, cognitivo, afetivo, social e pedag�gico. Por isso, devemos valorizar cada individuo como ele � considerando suas habilidades e respeitando suas limita��es. Respeitar os limites de cada sujeito � uma das formas que o psicopedagogo na sua atua��o diante da crian�a autista. Reconhecer esse sujeito como um se que estabelece seus v�nculos com o mundo de uma forma restrita, mas que apesar desta inser��o � capaz de desenvolver habilidade e compet�ncia no mundo do conhecimento. A forma como esse sujeito se comunica com o mundo n�o pode � n�o deve ser a marca do n�o aprender, mas a evidencia de que todos podem construir conhecimento, onde a primeira atitude deve ser de quebra das barreiras, para adentrar neste mundo t�o singular do autista. Segundo Feldman (2006) ao psicopedagogo cabe avaliar o aluno e identificar os problemas de aprendizagem, buscando conhec�-lo em seus potenciais construtivos e em suas dificuldades. Ap�s essa identifica��o deve ser encaminhando, por meio de um relat�rio, quando necess�rio, para outros profissionais - psic�logo, fonoaudi�logo, neurologista, etc. que realizam diagn�stico especializado e exames complementares com o intuito de favorecer o desenvolvimento da potencializa��o humana no processo de aquisi��o do saber. Esse trabalho em equipe visa uma melhora significativa no desenvolvimento da crian�a, mas quando isso � realizado precocemente. Assim segundo Feldman (2006, p. 34)
Tendo em vista que o ser humano � um ser complexo, n�o podemos estudar separadamente o afetivo, cognitivo, f�sico. Devemos levar em conta a singularidade e a diversidade de cada indiv�duo, pois cada um constr�i a sua rede, apesar de conviver na mesma fam�lia, cada um tem uma forma de ser, agir e pensar. De acordo com Perrenoud (2001, p. 69):
Por isso, cabe ao Psicopedagogo ter esse olhar, dando suporte ao professor para que ele consiga trabalhar com essa diversidade, para assim realizar um trabalho de maneira individualizado. Auxiliar na compreens�o de problemas na sala de aula, acompanhando a educadora a trabalhar com esse educando, olhar a metodologia, oferecendo suporte de como o professor esta utilizando esta, para ver se realmente ele esta trabalhando de forma �adequada� com esse educando. Segundo Rotta (2006, p 112) a defini��o dos problemas de aprendizagem passa primeiro pelo conceito de aprendizagem, visto que
Com certeza o meio � um fator que est� diretamente ligado com o processo de ensino- aprendizagem, podendo interferir ou n�o no aprender. A forma como esse sujeito estabelece seus v�nculos com o conhecimento, ou a forma como o conhecimento � apresentado a esse sujeito, pode determinar a rela��o sujeito/objeto do conhecimento. Por isso o psicopedagogo tem um olhar mais amplo no que se refere ao processo de aprendizagem, pois ele consegue perceber o individuo como um todo, porque n�o podemos estudar separadamente o f�sico, cognitivo, social e o emocional. Isso tudo � uma rede, que deve estar sempre interligada, e s� assim o ser ter� uma aprendizagem significativa e v�lida para sua vida. A partir deste estudo percebe-se que os problemas na aprendizagem no geral, requerem um olhar atento dos profissionais da educa��o, pois estes podem ter origem org�nica, psicol�gica ou ambiental. Cabe ao professor perceber tais problemas, e j� encaminhar seu aluno aos profissionais que poder�o prestar um atendimento especializado. E quanto mais cedo for detectado, com certeza o resultado ser� significativo. Nesse caso, o Psicopedagogo � o profissional que pode estar contribuindo, para realizar este trabalho, pois atrav�s de suas t�cnicas ir� realizar uma hip�tese diagn�stica e encaminhar para o profissional especializado. Ap�s um diagn�stico elaborado, este deve ser encaminhado para o atendimento por uma equipe multidisciplinar, formada por psic�logos, neurologistas, fonoaudi�logos, entre outros profissionais que atrav�s de estudos conjuntos poder�o estar atuando frente ao problema. O presente estudo est� centrado na atua��o do Psicopedagogo diante da inclus�o do aluno autista, ela assume o papel de desmistificadora do fracasso escolar, entendendo o erro apresentado pelo indiv�duo no processo de constru��o do seu conhecimento (Piaget), a as intera��es (Vygotsky), como fator importante no desenvolvimento das habilidades cognitivas. Apresenta assim, uma perspectiva diferenciada daquelas que h� muito permeia a mente de muitos professores. � importante ressaltar a psicopedagogia como ci�ncia que estuda o processo de aprendizagem e dificuldades de aprendizagem, e que este estudo muito tem contribu�do para explicar a causa das dificuldades de aprendizagem. Esta tem como objetivo central de estudo o processo humano do conhecimento: seus padr�es evolutivos normais e patologias bem como a influ�ncia (fam�lia, escola, sociedade) no seu desenvolvimento (Scoz, 1992; Kiquel, 1991). Por isso, o campo da psicopedagogia tem duas �reas muito distintas uma sendo preventiva, onde psicopedagogo pode atuar nas escolas atrav�s de assessoria pedag�gica. Tamb�m pode atuar em cursos de forma��o de professores, esclarecendo sobre o processo evolutivo das �reas ligadas � aprendizagem escolar (perceptiva motora, de linguagem, cognitiva, emocional), auxiliando na organiza��o de condi��es de aprendizagem de forma integrada e de acordo com as capacidades dos alunos. E a outra de car�ter curativo, � dirigida as crian�as, adolescentes e adultos com dist�rbios de aprendizagem. Portanto a psicopedagogia n�o lida diretamente com o problema, mas sim com as pessoas envolvidas. Lida com as crian�as, com os familiares e com os professores, levando em conta os aspectos sociais, culturais, econ�micos e psicol�gicos. Nesse caso, o psicopedagogo procura avaliar a situa��o da forma mais eficiente e proveitosa. Em sua avalia��o, no encontro inicial com o aprendente e seus familiares, que � um recurso important�ssimo, utiliza a chamada �escuta psicopedag�gica,� que o auxiliar� a captar atrav�s do jogo, do desenho, elementos que possam explicar a causa do n�o aprender. Segundo Fernandes (1990, p. 117),
Por isso, o qu�o � importante e complexa a figura do psicopedagogo, pois ele tem essa grande responsabilidade em tentar entender o ser humano. Entender o ser humano perpassa pelo sentimento de cumplicidade com a crian�a autista, com o seu mundo singular. Cumplicidade esta do psicopedagogo n�o s� com a crian�a, mas com a sua trajet�ria dentro do contexto escolar, ressignificando este no mundo acad�mico como um sujeito capaz de desenvolver-se. As atribui��es do psicopedagogo tamb�m se constituem na intera��o com a fam�lia, dirigindo os passos deste com essa crian�a. Finalizamos o artigo acreditando que todos n�s temos que se colocar no lugar do outro, para entendermos e por fim tirarmos uma conclus�o do que possa vir a ser. Considera��es finais Todos n�s lutamos por uma sociedade inclusiva, que aceite a diversidade como fator que nos diferencia uma pessoa da outra, pois todos n�s somos diferentes, independente de sua cor, classe social, etnia. Por isso devemos valorizar cada pessoa como ela �, respeitando seu modo de ser, pensar e agir. Temos todo respaldo da legisla��o onde � assegurado e garantido o direito desses alunos juntamente com os �ditos normais�, mas percebo o sentimento de ang�stia, medo, � quando o diferente bate na porta do professor, acredito que n�o � m� vontade do educador e sim despreparo de como proceder com aquela situa��o. Percebe-se que os educadores t�m dificuldade em trabalhar com o diferente, pois isso mexe com suas mem�rias educativas, exigindo-lhes uma mudan�a de postura, uma nova forma de conceber sua pr�tica pedag�gica, onde eles ter�o que repensar e modificar seu fazer. Cada educando passa aprender de um jeito, tendo como ponto de partida um �nico conte�do. Desta forma deve-se ter a clareza de que o profissional que ir� atuar na educa��o inclusiva, dever� ent�o possuir uma forma��o permanente atrav�s da forma��o continuada em atividades de pesquisa, grupos de estudo entre outros meios de forma��o. No entanto, n�o basta apenas o professor ter forma��o, faz-se necess�rio que a escola esteja disposta a vencer as barreiras impostas, por ela mesma. A educa��o inclusiva, haja vista que toda comunidade escolar dever� estar empenhada e aberta �s mudan�as que proporcionem o avan�o no processo. Cabe salientar, que queremos qualidade na educa��o e n�o quantidade de pessoas numa mesma sala, fazendo de conta que todos est�o aprendendo, pois sabemos que cada um, apresenta um ritmo diferente, e n�s como educadores temos que ter esse olhar e s� assim aos poucos e a longo prazo podemos fazer com que essa inclus�o realmente aconte�a. Diante disso, o psicopedagogo ocupa um papel extremamente importante, pois por meio de t�cnicas e m�todos pr�prios, ele possibilita uma interven��o psicopedag�gica visando � solu��o de problemas de aprendizagem em espa�os institucionais, juntamente com toda equipe escolar. Por isso o qu�o � importante esse trabalho, porque ele consegue mediar esse processo, oferecendo um suporte para os professores e contribuindo no desenvolvimento desses educandos e quando necess�rio ele faz o encaminhamento para profissionais de outras �reas. Refer�ncias bibliogr�ficas
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