O que foi a política externa do Segundo Reinado?

O fato de nosso país ter mantido uma monarquia, enquanto o resto da América Latina já havia adotado sistemas políticos republicanos, sempre fez com que o Brasil fosse um pouco isolado no continente, fazendo com que fosse perceptível uma dificuldade do reconhecimento nos brasileiros em serem latino-americanos.

O Brasil surgiu, basicamente, como um acordo para dividir território entre pai e filho. Em 1820, ocorreu a Revolução do Porto, em Portugal, que fez com que Dom João VI retornasse à Europa. Então, este negociou com o seu filho, D. Pedro I, para que governasse o Brasil, enquanto D. João VI assumia o controle da situação política em Portugal, mantendo a família Bragança no poder, com o aval da Inglaterra. 

Após todo o turbulento processo de independência, os ingleses exigiam como condição para aceitar a independência do Brasil o pagamento da dívida feita por Portugal, mas como nosso país estava recém-formado, só conseguiram o dinheiro através de empréstimos ingleses. Dessa forma, a Inglaterra teve um grande papel na pressão contra o fim do tráfico negreiro e da escravidão, porque era necessário para o capitalismo criar relações assalariadas ao redor do mundo, além de terem mercados consumidores – levando em conta que com escravizados isso não seria possível, já que os mesmos não conseguiam comprar nada. 

D. Pedro I, então, elaborou uma Constituição, escrita por ele mesmo, em 1824. Quem definia a política externa, de acordo com essa Constituição, era o Conselho de Estado, um dos órgãos acessórios do Poder Moderador, que pertencia ao imperador e o dava o direito de contestar os outros Três Poderes. Quem a executava eram os diplomatas, na Secretaria de Negócios Estrangeiros. 

Nesse sentido, podemos então dividir o período imperial em dois momentos, de maior e menor submissão ao Reino Unido. O de maior submissão corresponde desde o início do Primeiro Reinado até meados de 1850 e, após isso, essa submissão diminuiu devido à prosperidade causada pelo cultivo do café no país.

Em 1825, os uruguaios se rebelaram, lutando em duas frentes, uma contra os argentinos e outra contra o Brasil, dando origem a Guerra da Cisplatina.  A Inglaterra interveio, declarando que o Uruguai seria um Estado independente e um tampão entre Brasil e Argentina. Além disso, em 1826, surgiu a importante figura de Simón Bolívar, que tinha um projeto de criar uma federação entre as repúblicas hispânicas, promovendo o Congresso do Panamá, que antes era parte da Colômbia. 

Bolívar deixou o Brasil de fora, na tentativa de se proteger da Santa Aliança – formada por Rússia, Prússia e Áustria – que queriam restaurar monarquias e retomar a colonização das repúblicas recém independentes. E o Brasil sendo uma monarquia de uma família europeia, geravam-se suspeitas demais para haver algum diálogo. Além disso, em contraponto ao projeto de Bolívar, os EUA atuavam com seus próprios interesses para minar a influência dos europeus para a América Latina. 

A população brasileira, então, começou a criticar D. Pedro I durante esse período, dizendo que o país era muito submisso a questões externas, ressaltando a distância do monarca para com seu povo, fazendo D. Pedro I abdicar o trono, e deixando seu filho de 5 anos, D. Pedro II, como herdeiro.

Nesse momento, iniciou-se então o Período Regencial, que tinha como foco controlar as fragmentações do Império (Revoltas Regenciais) e centralizar o poder na Coroa, único modo para bancar os escravizados. 

D. Pedro II era o primeiro governante com nacionalidade brasileira, ficando quase 50 anos governando. Na época, existiam dois partidos: os saquaremas e os lusías. Os saquaremas queriam mais centralização enquanto os lusías mais autonomia para as províncias. Em 1844, D. Pedro II se recusou a renovar os Tratados Desiguais com a Inglaterra. Como retaliação, a Inglaterra lançou a Bill Aberdeen, que autorizava os britânicos a prender qualquer navio suspeito de transportar escravizados no oceano Atlântico. Em consequência disso, é assinada em 1850 a lei Euzébio de Queiroz, que acabou com o tráfico negreiro internacional para o Brasil. 

A Questão Christie 

Em 1862, três arruaceiros foram presos por embriaguez no Rio de Janeiro, então capital do Brasil. Ao serem detidos, foram identificados como marinheiros britânicos e, devido à relação entre Inglaterra e Brasil, os marinheiros foram liberados. Mesmo assim, o embaixador inglês no Brasil, William Dougal Christie, exigiu que o Império indenizasse a Inglaterra pela constrangedora prisão da carga do navio inglês Prince of Wales, saqueado próximo da província do Rio Grande do Sul ocorrido em 1861, a demissão dos policiais que detiveram os marinheiros britânicos e um pedido oficial de desculpas do imperador à coroa britânica.

No ano seguinte, como o Brasil não cedera às pressões, navios britânicos bloquearam o porto do Rio de Janeiro e apreenderam cinco navios ancorados. Dom Pedro II, consentindo com a pressão popular, tentou uma saída diplomática, chamando o rei Leopoldo I da Bélgica para conduzir uma arbitragem imparcial. Leopoldo I favoreceu o Brasil e, como a Inglaterra negou-se a pedir desculpas, o imperador cortou relações diplomáticas com a Inglaterra, no mesmo ano de 1863.

A Inglaterra apenas desculpou-se em 1865, quando mostrou apoio ao Brasil na Guerra do Paraguai, reatando as relações diplomáticas. A vitória do governo na disputa acabou por fortalecer a imagem do Brasil no exterior, pois o país ainda tinha 40 anos de existência, e temia não ter reconhecimento junto aos países europeus. Os outros países da América do Sul passavam por problemas parecidos.

A Guerra do Prata (1851 a 1852)

Manuel Oribe e Juan Manuel de Rosas, respectivamente presidentes do Uruguai e da Argentina, buscavam, na década de 1850, criar um só país, o que desequilibraria as forças na bacia do Prata, uma vez que o novo país controlaria sozinho os dois lados do estuário do rio da Prata, vindo contra os interesses do Brasil na região. Dom Pedro II declarou guerra aos dois países, e mandou organizar um novo exército no Sul, sob cuidados do então conde de Caxias.

Ele invadiu o Uruguai em 1851, derrubando Oribe e apagando a possibilidade do Uruguai se fundir com a Argentina. A passagem bem-sucedida do império por este conflito e a pacificação das já mencionadas Revolução Farroupilha e Revolução Praieira melhorou consideravelmente a estabilidade e o prestígio da nação, e o Brasil emergiu como uma potência hemisférica.

A Guerra do Uruguai (1864 a 1865)

No ano de 1864, a Argentina cortou relações com o presidente nacionalista uruguaio Anatasio Cruz Aguirre. Esta rixa diplomática elevou os ânimos dos uruguaios. Como resultado, propriedades de brasileiros no Rio Grande do Sul eram invadidas e saqueadas por revoltosos, e os brasileiros que viviam no Uruguai também eram perseguidos. Buscando uma saída diplomática, D. Pedro II tentou negociações com o presidente uruguaio, mas não houve sucesso. Este negou inclusive o ultimato que o Brasil deu, e ameaçou quebrar o Tratado de Limites de 1852, assinado entre os dois países.

Desistindo das saídas diplomáticas, o Imperador buscou entendimentos com o general Venâncio Flores, que disputava o poder no Uruguai. Assim, ele deu apoio a uma invasão brasileira.

Em março de 1864, a Divisão de Observação do Exército (mais tarde, Divisão Auxiliadora) cruzou a fronteira e invadiu o Uruguai. Esta empreitada durou 11 meses. Em 15 de Fevereiro de 1865, após alguns dias de sítio na capital do Uruguai, Montevidéu, o presidente Aguirre rendeu-se e foi deposto do cargo. Em seu lugar, foi nomeado Venâncio Flores, que assinou o acordo de paz com o Brasil em 20 de Fevereiro. A invasão do Uruguai, bem como a deposição de Aguirre, foram algumas das causas que levaram à Guerra do Paraguai, pois o presidente paraguaio, Solano Lopez, era aliado de Aguirre e do Partido Blanco no país.

A Guerra do Paraguai (1864 a 1870)

Com as tensões já presentes por contas dos últimos acontecimentos no Uruguai, este conflito iniciou-se com o aprisionamento no porto de Assunção, em 11 de novembro de 1864, do barco a vapor brasileiro Marquês de Olinda, que transportava o presidente da província de Mato Grosso, Frederico Carneiro de Campos, que nunca chegou a Cuiabá, morrendo em uma prisão paraguaia.

Seis semanas depois, o exército do Paraguai, sob ordens de Francisco Solano López, invadiu pelo sul a província brasileira de Mato Grosso. Antes da intervenção brasileira no Uruguai, Solano López já vinha produzindo material bélico moderno, em preparação para um futuro conflito com a Argentina mitrista, e não com o Império. Solano López alimentava o sonho expansionista e militarista de formar o Grande Paraguai, que abrangeria as regiões argentinas de Corrientes e Entre Rios, o Uruguai, o Rio Grande do Sul, o Mato Grosso e o próprio Paraguai.  Objetivando a expansão imperialista, Solano López instalou o serviço militar obrigatório, organizou um exército de 80.000 homens, reaparelhou a Marinha e criou indústrias bélicas.

Em maio de 1865, o Paraguai também fez várias incursões armadas em território argentino, com objetivo de conquistar o Rio Grande do Sul. Contra as pretensões do governo paraguaio, o Brasil, a Argentina e o Uruguai reagiram, firmando o acordo militar chamado de Tríplice Aliança. O Império do Brasil, a Argentina mitrista e o Uruguai florista, aliados, derrotaram o Paraguai após mais de cinco anos de lutas.

A derrota marcou uma reviravolta decisiva na história do Paraguai, tornando-o um dos países mais atrasados da América do Sul, devido ao seu decréscimo populacional, ocupação militar por quase dez anos, pagamento de pesada indenização de guerra, no caso do Brasil até a Segunda Guerra Mundial, e perda de praticamente 40% do território em litígio para o Brasil e Argentina.

No pós-guerra, o Paraguai manteve-se sob a hegemonia brasileira. Foi o último de quatro conflitos armados internacionais, na chamada Questão do Prata, em que o Império do Brasil lutou, no século XIX, pela supremacia sul-americana, tendo o primeiro sido a Guerra da Cisplatina, o segundo a Guerra do Prata, e o terceiro a Guerra do Uruguai.

A guerra terminou, contra todas as expectativas, somente em 1870. Mais de 50 mil soldados brasileiros morreram e os custos da guerra foram onze vezes superiores ao orçamento anual do governo. No entanto, o país era tão próspero que o governo foi capaz de superar a dívida da guerra em apenas dez anos. O conflito também foi um estímulo para a produção e o crescimento econômico nacional, além do reavivamento da campanha abolicionista e a volta do apoio da Inglaterra ao Brasil. 

Nessa época, o Brasil era um país monarquista e escravista, num momento em que os EUA eram capitalistas e republicanos, com os ideais positivistas dominando o pensamento daquela época. Numa tentativa de fomentar diálogo para a região, o governo estadunidense promove a primeira Conferência Pan-americana, em Washington, chamando todos os governos da América Latina. Porém, três dias antes da abertura do evento, aconteceu o Golpe da República em 1889.

O que foi a política externa Segundo Reinado?

O Segundo Reinado foi um importante período para o processo de consolidação interna do projeto político da aristocracia rural e escravista brasileira, que se afirmou definitivamente no poder após o turbulento processo de constituição do Estado nacional.

O que significa política externa?

A política externa é o conjunto de objetivos políticos que um determinado Estado almeja alcançar nas suas relações com os demais países do mundo. A política externa costuma ser planejada de modo a procurar proteger os interesses nacionais de um país, em especial sua segurança nacional, prosperidade econômica e valores.

Quais os principais conflitos da política externa do Segundo Reinado?

Um acontecimento marcante na história do Segundo Reinado foi a Guerra do Paraguai, conflito travado entre 1864 e 1870. Nessa guerra, Brasil, Argentina e Uruguai, por meio da Tríplice Aliança, lutaram contra o Paraguai, governado nessa época por Francisco Solano López.

O que marcou a política no Segundo Reinado Brainly?

A política no Segundo Reinado foi marcada pela disputa entre o Partido Liberal e o Conservador. Estes dois partidos defendiam quase os mesmos interesses, pois eram elitistas. Neste período o imperador escolhia o presidente do Conselho de Ministros entre os integrantes do partido que possuía maioria na Assembleia Geral.