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Sismo e tsunâmi de Tohoku de 2011 ou sismo e tsunâmi de Sendai (designado oficialmente Grande Terremoto do Leste do Japão[4][5]) foi um sismo de magnitude de 9,1 MW[6] com epicentro ao largo da costa do Japão ocorrido às 14h46 JTC (02h46 no horário de Brasília) do dia 11 de março de 2011. O epicentro foi a 130 km da costa leste da península de Oshika, na região de Tohoku, com o hipocentro situado a uma profundidade de 24,4 km. O sismo atingiu o grau 7 — a magnitude máxima da escala de intensidade sísmica da Agência Meteorológica do Japão — ao norte da Prefeitura de Miyagi, grau 6 em outras prefeituras e 5 em Tóquio.[7][8] O sismo provocou alertas de tsunâmi e evacuações na linha costeira japonesa do Pacífico e em pelo menos 20 países, incluindo toda a costa do Pacífico da América do Norte e América do Sul. Provocou também ondas de tsunâmi de mais de 10 m de altura, que atingiram o Japão e diversos outros países. No Japão, as ondas percorreram mais de 10 km de terra.[9][10][11] De acordo com as autoridades, houve 15 894 mortes confirmadas e mais de 2 500 pessoas ainda desaparecidos.[3] O sismo causou danos substanciais ao Japão, incluindo a destruição de rodovias e linhas ferroviárias, assim como incêndios em várias regiões, e o rompimento de uma barragem. Aproximadamente 4,4 milhões de habitantes no nordeste do Japão ficaram sem energia elétrica, e 1,4 milhão sem água.[12] Muitos geradores deixaram de funcionar e pelo menos dois reatores nucleares foram danificados, o que levou à evacuação imediata das regiões atingidas enquanto um estado de emergência era estabelecido. A Central Nuclear de Fukushima I sofreu uma explosão aproximadamente 24 horas depois do primeiro sismo, e apesar do colapso da contenção de concreto da construção, a integridade do núcleo interno não teria sido comprometida.[13][14] Terremotos ocorrem quase que diariamente no Japão, que se localiza na junção de várias placas tectônicas que estão em constante movimentoː[15] do Pacífico, norte-americana, Eurasiática e das Filipinas. Contudo, estima-se que a magnitude do sismo de Sendai faça deste o maior sismo já registrado no Japão e um dos sete maiores do mundo desde que os registros modernos começaram a ser compilados.[16][17][18][19] Sismo[editar | editar código-fonte]O terremoto foi inicialmente registrado com a magnitude de 7,9 Mw pelo USGS antes de ser rapidamente corrigido e atualizado para 8,8 Mw, depois para 8,9 Mw, e, finalmente, para 9,0 Mw.[20] Em 11 de julho de 2016, o USGS aumentou ainda mais o terremoto para 9,1 Mw.[21] Sendai foi a cidade mais próxima do terremoto, a 130 km do epicentro. O terremoto ocorreu a 373 km a nordeste da cidade de Tóquio.[22] Impacto geofísico[editar | editar código-fonte]Relatórios do Instituto Nacional de Geofísica e Vulcanologia da Servia sugerem que o efeito dos terremotos na região foi tão forte que o eixo da Terra foi alterado em 10 cm.[23] Um relatório separado do Serviço Geológico dos Estados Unidos disse que Honshu, a principal ilha do Japão, foi movimentada em 2,4 m na direção leste.[24] Réplicas[editar | editar código-fonte]O Japão sofreu mais de 1 000 sismos após o terremoto de 11 de Março de 2011, dos quais, 80 foram registrados acima da magnitude 6,0 Mw e vários outros foram superiores a magnitude 7,0 Mw. Um grande sismo atingiu a costa do Japão no dia 7 de abril de 2011 com uma magnitude de 7,1 Mw.[25] Seu epicentro estava abaixo da superfície, a 66 km da costa de Sendai. A Agência Meteorológica do Japão atribuiu uma magnitude de 7,4 MJMA, enquanto o Serviço Geológico dos EUA informou que o sismo foi de 7,1 Mw. Pelo menos quatro pessoas morreram, e a eletricidade foi cortada em grande parte da região norte do Japão, incluindo a perda de energia externa para a Usina Nuclear de Higashidōri e a Usina de Reprocessamento de Rokkasho.[26][27] Quatro dias depois, em 11 de abril, outro sismo foi registrado, com magnitude 7,1 Mw atingindo a região de Fukushima, causando danos adicionais e matando um total de três pessoas.[28][29] Aeroporto de Sendai destruído pelo tsunâmi de 2011. Em 7 de dezembro de 2012, um grande choque de magnitude 7,3 Mw causou um pequeno tsunâmi, e novamente em 26 de outubro de 2013 um pequeno tsunâmi foi registrado após um choque de 7,1 Mw.[30] Outros sismos foram registrados tempos depois, totalizando 1887 sismos com magnitude 4.0 Mw; um mapa regularmente atualizado mostrando todos os sismos com magnitude 4,5 e tanto acima quanto ao longo da costa leste de Honshu, além de outros sismos registrados durante do período.[31][32] A partir do dia 11 de março de 2016 ocorreram 869 sismos posteriores de 5,0 Mw ou mais, 118 sismos de 6,0 Mw ou mais, e outros 9 acima de 7,0 Mw, conforme foi relatado pela Agência Meteorológica japonesa.[33] Tempo estimado de viagem do tsunâmi gerado pelo sismo. Em 13 de Fevereiro de 2021, um terremoto de magnitude 7,1-7,3 Mw atingiu a costa de Sendai, causando alguns danos nas prefeituras de Miyagi e Fukushima e pelo menos 150 pessoas ficaram feridas, ocorrendo nas proximidades do 10º aniversário do sismo e tsunâmi de Tohoku ocorrido no dia 11 de Março de 2011.[34][35] Tsunâmi[editar | editar código-fonte]O sismo gerou um tsunâmi com ondas de quatro metros, estando alertas ativos para vários O aviso de tsunâmi emitido pelo Japão foi o de maior gravidade na escala de alertas, esperando-se que possam ser atingidos os 10 metros de altura de algumas ondas. Uma onda de 0,5 m de altura atingiu a costa norte do Japão A agência Kyodo relatou que uma onda de 4 m de altura atingiu a prefeitura de Iwate no Japão, e houve também inundações na prefeitura de Miyagi, arrasando a parte baixa da costa, levando automóveis e causando destruição. O número de vítimas é impreciso, com relatos iniciais apontando mais de mil mortos e milhares de feridos.[36] Estes dados não contam com a destruição quase completa da cidade de Sendai. Japão[editar | editar código-fonte]
Mapa do NOAA da altura da onda do tsunâmi. O terremoto provocou um alerta de tsunâmi e evacuações da costa japonesa do Pacífico e de pelo menos outros 20 países, regiões e arquipélagos como Nova Zelândia, Austrália, Rússia, Guam, Filipinas, Indonésia, Papua-Nova Guiné, Nauru, Havai e Marianas Setentrionais (Estados Unidos), Alasca, Taiwan, Equador e Chile. O alerta de tsunâmi emitido pelo Japão foi o mais grave em sua escala de alerta, o que implica que a onda era esperada para ter uma altura de, ao menos, 10 metros de altura.[37][38][39] Uma onda desse tamanho ocorreu às 15h55 JST, causando inundações no Aeroporto de Sendai, que fica próximo da costa da Prefeitura de Miyagi,[40][41] com ondas varrendo carros e inundando vários edifícios conforme ia para o interior da ilha.[42][43] O impacto do tsunâmi em torno do Aeroporto de Sendai foi filmado por um helicóptero de notícias da rede NHK, mostrando vários veículos em estradas locais tentando escapar da onda que se aproximava rapidamente.[44] Uma onda de tsunâmi de 4 metros de altura atingiu a Prefeitura de Iwate.[45] Como no Sismo do Oceano Índico de 2004 e no Ciclone Nargis, o dano da afluência de água, embora muito mais localizado, pode ser muito mais letal e destrutivo do que o terremoto em si. Há relatos de "cidades inteiras destruídas" nas áreas atingidas pelo tsunâmi no Japão, incluindo 9 500 desaparecidos em Minamisanriku;[46] Kuji e Ofunato que foram "varridas...não deixando nenhum vestígio de que uma cidade estava lá".[47] Em outras partes do Pacífico[editar | editar código-fonte]Animação do NOAA da propagação do tsunâmi. Em Guam, dois submarinos de ataque dos Estados Unidos foram retirados de suas amarras, mas logo foram tomados ao abrigo do reboque.[48] O estado do Havaí estimou os danos à infra-estrutura pública em três milhões de dólares, com danos privados ainda maiores. Uma casa foi levada para o mar.[49] O Centro de Alerta de Tsunâmi da Costa Oeste dos Estados Unidos e do Alasca emitiu um alerta de tsunâmi para as zonas costeiras da Califórnia e do Oregon, de Point Conception, na Califórnia, até à fronteira do Oregon e Washington.[50] Na Califórnia, o porto em Crescent City foi atingido por ondas de tsunâmi de oito pés, com docas e cerca de 35 barcos severamente danificados, enquanto o porto de Santa Cruz estimou prejuízos de 10 milhões de dólares como resultado dos danos, com outros 4 milhões de dólares em danos em embarcações que atracam ali.[51] A Ilha Catalina, na Califórnia e Brookings, no Oregon, também sofreram danos.[52][53] Ao longo da costa do Pacífico no México e na América do Sul, foram registrados surtos de tsunâmi, mas na maioria dos lugares causou pouco ou nenhum dano.[54] O Peru relatou uma onda de 1,5 m e mais de 300 casas foram danificadas na cidade de Pueblo Nuevo de Colan e Pisco.[54] Alertas[editar | editar código-fonte]Vista aérea de área atingida pelo tsunâmi. O sistema de alerta de terremotos da Agência Meteorológica do Japão alertou a população cerca de um minuto antes do tremor, através de emissoras de televisão e rádio, além de correio eletrônico e mensagens via celular para pessoas cadastradas no sistema.[55] O sismo atingiu severamente Honshu, incluindo Tóquio. Verificaram-se numerosos incêndios em instalações industriais. Cerca de 13 horas depois do primeiro grande abalo, dois fortes sismos de magnitude 6,2 e 6,1 atingiram novamente a costa do Japão.[56] Um barco com cerca de 100 pessoas a bordo foi virado pelo tsunâmi que atingiu a costa do Japão. A embarcação estava na costa da prefeitura de Miyagi.[57] Um grande incêndio atingiu a cidade de Kesennuma.[58] Centrais nucleares[editar | editar código-fonte]Mapa mostrando o epicentro do terremoto e a posição das centrais nucleares afetadas (legendas em inglês). Outro dos efeitos do sismo foi a explosão ocorrida no dia 12 de março na Central Nuclear de Fukushima I.[59] O tsunâmi atingiu-a e provocou uma avaria no sistema de refrigeração. O corte de eletricidade impediu a recuperação desse sistema, permitindo que os bastões do combustível continuassem a aquecer, aumentando a pressão e originando a explosão. No dia anterior fora declarado estado de emergência na central nuclear e, apesar da informação de que não existiam fugas radioativas, evacuaram-se cerca de 3 000 residentes num raio de 3 km do reator.[60] Horas depois o raio de evacuação tinha sido elevado para 10 km, afectando já 45 000 pessoas.[61] O reator é refrigerado através da circulação de água através do seu combustível nuclear, tendo sido detectada uma alta pressão de vapor no reator, o dobro do que é permitido. A empresa Tokyo Electric Power avaliou a possibilidade de libertar parte deste vapor para reduzir a pressão no mesmo, vapor esse que contém material radioativo. Os níveis de radiação na sala de controlo da central eram cerca de 1 000 vezes maiores que os níveis normais.[62] e na entrada da central foram medidos níveis 8 vezes superiores aos normais.[63][64] existindo a possibilidade do derretimento do núcleo dos reatores.[65] O então primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, falou ao país após o sismo, lamentando a tragédia e oferecendo as suas condolências às famílias das vítimas. Indicou que seria realizada a construção de um quartel-general para as operações de emergência e assegurou que não foi detectada nenhum vazamento de radiação nas outras centrais nucleares do país.[66] Reações internacionais[editar | editar código-fonte]Marinheiros dos Estados Unidos carregando um helicóptero humanitário em um porta-aviões. O Japão recebeu mensagens de condolências e ofertas de ajuda de diversos líderes internacionais. De acordo com as Nações Unidas, equipes de busca e resgate de 45 países foram oferecidas ao Japão. O país requisitou especificamente equipes da Austrália, Nova Zelândia, Coreia do Sul, Reino Unido e Estados Unidos;[67][68] solicitou também (através de sua agência espacial JAXA) a ativação do International Charter on Space and Major Disasters, permitindo que imagens via satélite das regiões afetadas fossem compartilhadas de forma imediata com organizações de ajuda e resgate.[69] A Alemanha enviou especialistas do Technisches Hilfswerk, enquanto o Reino Unido enviou 70 técnicos, incluindo dois cães farejadores especialmente treinados para localizar sobreviventes soterrados.[70][71][68] Ma Ying-Jeou, presidente de Taiwan, requisitou ao governo a doação de 100 milhões de novos dólares taiwaneses ao Japão, enquanto uma equipe de resgate taiwanesa preparava-se para juntar-se aos esforços humanitários.[72] O Governo brasileiro enviou nota de solidariedade ao Japão, prestando sinceras condolências a todo povo japonês. O Governo acompanha, com preocupação, os desdobramentos após o terremoto e o consequente tsunâmi. O Brasil possui a maior colônia de imigrantes japoneses e inúmeros descendentes. Cerca de 254 mil brasileiros vivem atualmente no Japão. A Embaixada do Brasil no Japão e os Consulados Gerais em Tóquio, Nagoia e Hamamatsu até o momento não têm notícia de mortos ou feridos brasileiros.[73][74] O Presidente da República Portuguesa, Aníbal Cavaco Silva, enviou uma mensagem de condolências ao Imperador Akihito e ao povo japonês, em nome do povo português, pelas vítimas dos trágicos efeitos do sismo e do tsunâmi que atingiram o Japão.[75] Reconstrução e recuperação do Japão[editar | editar código-fonte]Após o terremoto e tsunâmi, foram realizados diversos trabalhos de recuperação e reconstrução das áreas atingidas.[76] Apesar de alguns atrasos, o governo japonês gastou e investiu bilhões de dólares na recuperação das comunidades, através de ações como a elevação das cidades, construção de barreiras e muros contra futuros tsunâmis, além da limpeza e descontaminação das regiões afetadas pelo vazamento de radiação da Usina Nuclear de Fukushima Daiichi I.[77] Em Minamisanriku, na província de Miyagi, na região onde antes era a cidade, foi construído o Parque Memorial do Terremoto em Minamisanriku. Inaugurado no dia 17 de Dezembro de 2019, o parque possui locais e monumentos em memória as vítimas do terremoto e do tsunâmi na cidade, dentre eles, a estrutura de prédio do departamento de prevenção de desastres da cidade que permaneceu em pé após o tsunâmi.[78] Em Futaba, na província de Fukushima, foi inaugurado e aberto ao público em 2020 o Museu do Grande Terremoto do Leste do Japão e Memorial do Desastre Nuclear na cidade, localizado a quatro quilômetros da Usina Nuclear de Fukushima Daiichi I, possui seis seções, contando com um acervo de 240 mil itens como imagens, vídeos, telas e objetos, além da colaboração de moradores contando suas experiências pessoais sobre a cidade antes e depois do terremoto e o tsunâmi, a evacuação e o trabalho de descontaminação.[79] Em Rikuzentakata, na província de Iwate, foi inaugurado o Memorial do Tsunâmi de Iwate em 2020.[80] Dividido em quatro zonas, o museu conta com um acervo de 150 itens em exposição sobre o terremoto e o tsunâmi em 2011 tanto na cidade quanto ao longo da costa de Sanriku, além de falar sobre os perigos causados por estes tipos de desastres naturais.[81] Ver também[editar | editar código-fonte]
Referências
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
Como foi a reconstrução do Haiti após o terremoto que atingiu a capital do país em 2010?Seis meses depois do terremoto devastador no sudoeste do Haiti, que causou a morte de 2.200 pessoas e feriu mais de 12.700, a comunidade internacional e o governo haitiano estão levantando cerca de 2 bilhões de dólares para a recuperação e reconstrução de longo prazo do país.
Como foi a reconstrução do Haiti?A reconstrução de um país após um desastre natural é um processo incansável e os resultados nem sempre são tão visíveis. Cinco anos depois do terremoto que abalou o Haiti, civis, militares e a ajuda internacional se esforçam para reerguer o país mais pobre do continente americano.
Como está a reconstrução do Japão após o tsunami de 2011?A economia do Japão está se recuperando rapidamente do impacto do terremoto e tsunami de 11 de março, com a maior parte das regiões tendo melhorado sua avaliação sobre a economia em relação há três meses, disse o Banco do Japão (BoJ, o banco central japonês) em relatório divulgado ontem.
O que aconteceu com o Haiti depois do terremoto?Consequências dos terremotos no Haiti
Um agravante para o país caribenho é o seu elevado índice de pobreza e a infraestrutura precária, que potencializam os efeitos destruidores dos sismos, sobretudo aqueles de alta intensidade na escala Richter, como os dois mais recentes, de 2010 e 2021.
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