Dor forte no estômago e nas costas

A dor de estômago pode ser um sintoma de vários problemas, como refluxo, gastrite, úlcera, pancreatite, colecistite, infarto e até mesmo câncer, como explicou o gastroenterologista Ricardo Barbuti no Bem Estar desta terça-feira (30).

Geralmente, essa dor aparece por causa de uma combinação de fatores e hábitos inadequados e, por isso, é possível preveni-la com mudanças simples na rotina e também observando pequenos sinais de alerta. Um deles, por exemplo, é o despertar noturno – se a dor te faz acordar durante o sono, é um indício de que o problema pode ser grave e é hora de procurar um médico, como alertou o cirurgião do aparelho digestivo Fábio Atui.

Outro problema que indica algo mais grave é a perda de peso – muitas vezes, ela acontece porque o paciente tem a percepção de que a comida pode aumentar a dor e, por isso, deixa de comer. Se houver sangue nas fezes ou no vômito, é mais um sinal de alerta, especialmente se for de uma cor mais escura. De acordo com o cirurgião Fábio Atui, esse sangue escuro nas fezes significa que veio da parte mais alta, ou seja, foi digerido e, por isso, não deve ser ignorado porque é também perigoso.

Dor forte no estômago e nas costas

Em pessoas que já têm dor, existem três fatores que podem piorá-la: estresse, como foi o caso do jovem empresário Christian Barbosa, mostrado na reportagem do Phelipe Siani (veja no vídeo ao lado), cigarro e a bactéria do estômago, a Helicobacter pylorii. De acordo com pesquisas, essa bactéria pode ser uma das principais causas de úlceras e gastrites e, por isso, grande parte dos tratamentos é feito com antibióticos. Segundo o cirurgião Fábio Atui, essa bactéria é mais recorrente em populações que têm maiores problemas sanitários.

Para tratar a dor, muita gente costuma tomar chá de boldo, no entanto, não há trabalhos científicos suficientes que comprovem sua eficácia. De qualquer maneira, os médicos recomendam saber a procedência da planta e procurar um especialista para usar o chá com cautela para evitar overdose das substâncias presentes nele.

Em relação à alimentação, é importante que o cardápio seja leve e balanceado, pobre em gorduras e rico em carboidratos e derivados do leite, como batatas cozidas ou descascadas, purê de batata ou até mesmo sorvete de creme. Além disso, é importante fracionar a dieta, evitar jejum prolongado e também grandes quantidades de comida, que podem alterar a acidez estomacal.

Os médicos falaram também sobre o uso de antiinflamatórios. Assim como os outros remédios, eles também têm efeitos colaterais e, por isso, só devem ser usados quando forem realmente necessários. Isso porque esses medicamentos agem na corrente sanguínea e aumentam a acidez do estômago, o que pode piorar a dor. Por isso, caso o médico tenha receitado um antiinflamatório, é importante pedir também um protetor gástrico para reduzir a agressão.

*No vídeo ao lado, o cirurgião do aparelho digestivo Fábio Atui e o gastroenterologista Ricardo Barbuti respondem perguntas dos internautas sobre dor de estômago. Confira!

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Carlos Santos Bernardes, gastroenterologista no Hospital CUF Cascais e na Clínica CUF S. Domingos Rana, tira todas as dúvidas sobre este problema de saúde. Veja as respostas do médico.

O que é a dor?

“Dor de estômago” é um termo frequentemente utilizado para designar algum tipo de desconforto sentido nas regiões superiores do abdómen. Esta dor ou este desconforto pode ser extremamente variável, diferenciando-se pelo tipo de sensação (“queimadura”, “aperto”, “guinada”), pelo local (no centro, vulgarmente designado por “boca do estômago”; mais para o lado direito; a “fugir para as costas”), pelos fatores que a desencadeiam ou a aliviam (jejum, refeições, café, bebidas alcoólicas), entre outros.

Quais são as causas?

Tal como as características da dor, as suas causas também poderão ser múltiplas. Na maioria dos casos, alguém que sinta “dor de estômago” pode apresentar complicações geralmente ligeiras, tais como gastrite, refluxo gastroesofágico ou distúrbios funcionais do tubo digestivo. No entanto, esta dor pode também ser compatível com uma úlcera no estômago ou no duodeno, com inflamação no esófago ou com problemas com origem noutros locais, como a vesícula, o pâncreas ou até órgãos de outros sistemas, como o coração. Embora as características da dor possam dar-nos pistas acerca de qual o órgão envolvido e o problema subjacente, é difícil conseguir um diagnóstico sem uma história clínica aprofundada, um exame físico dirigido e recurso a exames complementares de diagnóstico. Por exemplo, alguém que tenha dor de estômago depois das refeições pode ter uma úlcera, mas também poderá ter esofagite ou gastrite. Adicionalmente, existem casos de úlceras em que os sintomas tendem a aliviar com as refeições, em vez de serem desencadeados pelas mesmas, pelo que a realização de exames é frequentemente fundamental para um melhor esclarecimento.

Quais os principais exames de diagnóstico?

De uma forma geral, a avaliação começa por uma história clínica cuidada e observação com exame físico realizado em consulta. Depois, os exames mais frequentemente utilizados são as análises ao sangue e às fezes, a endoscopia alta com anestesia e a ecografia abdominal, podendo, dependendo da circunstância, ser necessário recorrer a outros, como a tomografia computorizada (TAC), a ressonância magnética, o teste respiratório para deteção de Helicobacter pylori, entre outros.

Os gases são uma causa? O que é o estômago inchado?

Nalgumas pessoas, a acumulação de gases pode ser a razão das dores sentidas.

Em doentes cujo estômago se esvazia de forma mais lenta do que o habitual, por exemplo por estar inflamado, a comida e o ar ingeridos podem acumular-se mais tempo do que seria desejável, levando a sensação de inchaço, enfartamento, necessidade de arrotar frequentemente, entre outros sintomas. Noutras pessoas, a acumulação de gases e a dor/inchaço decorrente podem ter origem no intestino, e não no estômago.

Quais os sinais de gravidade?

Além de uma dor muito intensa, de início súbito, que “foge” para as costas ou cuja intensidade ultrapassa aquela que é habitual para aquele doente, a existência de fezes negras e/ou sangue misturado com as fezes, perda de peso, vómitos prolongados, incapacidade de se alimentar, mal-estar geral ou febre associada deverão chamar a atenção para a existência de uma complicação relacionada com o estômago ou com outro órgão próximo, passível de provocar dor nesta localização.

O que pode estar por detrás?

Isabel Pedroto, diretora do Serviço de Gastrenterologia do CHUP e professora catedrática convidada do ICBAS, explica o que pode causar esta dor

Na “maioria das vezes, a dor não é grave”, avança Isabel Pedroto, lembrando que costuma estar associada a outros sintomas, como azia, enjoo, vómitos, gases, enfartamento, distensão abdominal ou diarreia, por exemplo. No entanto, a diretora do Serviço de Gastrenterologia do Centro Hospitalar Universitário do Porto diz que pode ser sinal de algo mais grave. Segundo a médica, as dores de estômago podem ter uma causa orgânica ou serem só funcionais. Dentro das causas orgânicas, as mais comuns são úlceras, gastrites e cancros. Veja as explicações da médica sobre cada uma delas.

ÚLCERAS

Onde se localiza?

A dor ou o desconforto no abdómen superior é o sintoma mais frequente. Embora o desconforto das úlceras seja geralmente centrado no epigastro (região superior e média do abdómen, situada por cima do estômago), pode ocasionalmente localizar-se nos quadrantes abdominais superiores, direito ou esquerdo.

O que são?

As úlceras pépticas são feridas abertas que se desenvolvem no revestimento interno do estômago e na porção superior do intestino delgado. As úlceras pépticas ocorrem quando o ácido destrói a superfície interna do estômago ou do duodeno. O tubo digestivo é revestido por uma camada mucosa que normalmente protege do ácido. Mas se a quantidade de ácido aumentar ou a quantidade de muco diminuir, pode desenvolver-se uma úlcera.

Tipos de úlcera

As úlceras gástricas e as úlceras duodenais são os dois tipos de úlcera péptica. A principal diferença é que elas afetam diferentes partes do tubo digestivo.

As úlceras pépticas incluem:

  • Úlceras gástricas, que ocorrem no interior do estômago;
  • Úlceras duodenais, que ocorrem no interior da porção superior do intestino delgado (duodeno).

Sintomas

Os sintomas das úlceras gástricas e duodenais são geralmente semelhantes.

Dor de estômago

  1. Sensação de plenitude, inchaço ou eructação.
  2. Azia.
  3. Náusea.

O que alivia e agrava a dor?

A queixa mais comum é uma dor ardente e persistente no estômago. É descrita como uma sensação de roer ou queimar e ocorre após as refeições.

Classicamente, logo após as refeições com as úlceras gástricas, e duas a cinco horas depois com as úlceras duodenais.

O ácido do estômago piora a dor, assim como o estômago vazio. Muitas vezes, a dor pode ser aliviada pela ingestão de certos alimentos que neutralizam o ácido do estômago ou pelo uso de um medicamento inibidor do ácido, mas pode voltar. A dor pode ser pior entre as refeições e à noite.

Os alimentos aliviam a dor das úlceras duodenais, mas proporcionam pouco alívio na úlcera gástrica. Embora os sintomas típicos da úlcera duodenal ocorram duas a cinco horas após as refeições ou à noite (entre as 23h e as 2h), quando o padrão circadiano de secreção ácida é máximo, as úlceras pépticas também podem estar associadas a arrotos pós-prandiais, plenitude epigástrica, saciedade precoce, intolerância a alimentos gordurosos, náuseas e vómitos ocasionais.

Cerca de 50% a 80% dos pacientes com úlcera duodenal sofrem de dor noturna.

A dor geralmente segue um padrão diário específico para cada doente.

Causas mais comuns

  • Infeção pela bactéria Helicobacter pylori (H. pylori).
  • Consumo de anti-inflamatórios não esteroides, como ibuprofeno, naproxeno, diclofenac, ou aspirina − principalmente se tomados por um longo período ou em altas doses.

Como são tratadas?

Com o tratamento, a maioria das úlceras cura-se em um ou dois meses.

Inibidor

A maioria das pessoas receberá um medicamento chamado inibidor da bomba de protões, para reduzir a quantidade de ácido produzido pelo estômago e permitir que a úlcera cicatrize.

Antibióticos

Se uma infeção por H. pylori estiver presente (são realizadas biopsias no estômago para a sua pesquisa), os antibióticos também são usados ​​para matar as bactérias, durante dez a 14 dias.

Alternativas

Se as úlceras são causadas pelo uso de anti-inflamatórios não esteroides, os inibidores da bomba de protões são prescritos e deve conversar com o seu médico sobre a continuidade dos mesmos. Uma medicação alternativa, como o paracetamol, pode ser recomendada.

A gastrite

O que é?

É a inflamação da mucosa que reveste a parte interna do estômago, provocando uma dor “na boca do estômago” que varia de leve, moderada até intensa, e que costuma ser do tipo queimor ou aperto após as refeições.

Quais os sintomas?

Geralmente, além da dor, a gastrite provoca outros sintomas, como náuseas, sensação de estar muito cheio após a refeição, vontade de arrotar, gases excessivos e até vómitos. Os vómitos ou as eructações geralmente produzem uma sensação de alívio.

Causas

Esta inflamação pode ser desencadeada por várias causas, sendo as mais frequentes uma infeção pela bactéria Helicobacter pylori (H. pylori) e o consumo de anti-inflamatórios não esteroides, como ibuprofeno, naproxeno, diclofenac, ou aspirina − principalmente se tomados por um longo período ou em altas doses.

Quais os tratamentos?

  • Medicamentos – Os fármacos usados para tratar a gastrite incluem: antibióticos para erradicar a Helicobacter pylori e medicamentos que bloqueiam a produção de ácido.
  • Vigilância – Pode estar ou não indicada a vigilância endoscópica da gastrite. Depende se tem metaplasia intestinal (considerada uma lesão pré-maligna gástrica) e qual a sua extensão. Recomenda-se a erradicação de H. pylori e, habitualmente, a vigilância endoscópica a cada três anos. No caso de existir história familiar de cancro gástrico, sugere-se reduzir o intervalo entre endoscopias para um a dois anos.

O cancro gástrico

Quais os fatores de risco?

  • Infeção do estômago por Helicobacter pylori;
  • Gastrite crónica (inflamação do estômago);
  • Síndromes familiares, por exemplo, a polipose adenomatosa familiar;
  • Dieta rica em alimentos com sal e fumados e pobre em fruta e legumes;
  • Ser mais velho ou do sexo masculino;
  • Ser fumador;
  • Ter pai, mãe ou irmão que teve cancro gástrico.

Como se diagnostica?

A endoscopia digestiva alta (EDA) é o procedimento utilizado para visualizar o tubo digestivo superior, incluindo o esófago, o estômago e o duodeno, através de um tubo flexível equipado com uma pequena câmara na extremidade que transmite a imagem para um monitor. O tubo flexível (endoscópio) é inserido na boca e passa através da garganta para o esófago, o estômago e o duodeno. Posteriormente, é retirado pela boca.

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Porque dói o estômago e nas costas?

Semelhante ao pulmão, quando o estômago é afetado por alguma alteração, como refluxo ou úlcera, por exemplo, a dor pode irradiar para o meio das costas. No entanto, nesta situação, as pessoas também costumam apresentar sensação de queimação na garganta, dificuldade para fazer a digestão e, até, vômitos.

Como aliviar dor no estômago e nas costas?

Para o tratamento da dor de estômago é aconselhado:.
Tomar remédios como antiácidos ou anti inflamatórios, sob indicação médica;.
Evitar consumir bebidas alcoólicas e refrigerantes;.
Seguir uma dieta rica em vegetais, frutas, cereais integrais e carnes magras;.
Fazer algum tipo de atividade física com regularidade..

Quando a dor de estômago e preocupante?

Quando a dor de estômago é persistente e forte ou a pessoa apresenta vômito com sangue ou fezes pretas e com cheiro intenso, é importante consultar o gastroenterologista para que sejam feitos exames que confirmem a causa da dor e, assim, possa ser indicado o tratamento mais adequado para a situação.

Quem tem gastrite sente dor nas costas?

Os sintomas clássicos de gastrite são epigastralgia (dor na região do estomago) e azia, porem ele pode causar outros sintomas como náuseas, vômitos e dores irradiadas em hipocôndrio direito (de baixo da costela) e ate dorso (costas).