Como o currículo deve ser visto e entendido pelos profissionais da educação?

1.     Introdu��o

    O curr�culo oculto representa uma dimens�o impl�cita no processo educacional n�o mensur�vel e informal, que fazem parte do cotidiano escolar transmitindo experi�ncias que refor�am o aprendizado sociocultural, na inter-rela��o professor aluno e o saber.

    O aprendizado dos educandos no ambiente escolar, n�o se restringe aos aspectos formais materializados no curr�culo institucional ou formal, pois n�o h� neutralidade no processo de ensino e aprendizagem visto que, o processo educacional � complexo e diferente em cada organiza��o de ensino que t�m seu pr�prio curr�culo oculto a partir de sua conting�ncia (GON�ALVES, 2002).

    A mesma autora relata que Philip Jackson foi o primeiro te�rico e educador americano a utilizar esta express�o �curr�culo oculto�, fazendo refer�ncias �s caracter�sticas subjetivas e estruturais do ambiente de aula que contribuem ou influenciam no processo de educa��o enquanto socializa��o tornando evidente, a co-exist�ncia de aprendizagem colateral ao curr�culo explicito formalmente.

    As dimens�es no processo de educa��o formal deixam claras as id�ias que o curr�culo escolar � desempenhando indissociavelmente em seus aspectos expl�citos e impl�citos. Neste sentido a escola n�o ensina apenas os estudantes a ler, escrever, calcular e demais conte�dos, mas est�o recheados de assuntos e pr�ticas n�o correlacionados que s�o agentes de socializa��o, concomitantes ao papel educacional que produz transforma��o social.

    A realidade do �curr�culo oculto� � inerente ao processo de educa��o, partindo da premissa que o ser humano � complexo e suas atividades tamb�m, pois estudar � compreender criticamente a dimens�o impl�cita, e processual que constitui assunto de fundamental import�ncia, para melhor desenvolver e otimizar os processos educacionais, permitindo (re) refletir e (re) desenhar a forma��o do papel do educador como facilitador e suas responsabilidade pedag�gicas.

    Desta forma, o embasamento cient�fico e a forma��o cr�tico-reflexiva voltada para o exerc�cio da cidadania e o compromisso social s�o refor�ados pelo argumento de Almeida e Albuquerque (2001), dizendo que �a educa��o tem como fim integrar o homem e torn�-lo sens�vel ao enfrentar os desafios da vida e seus complexos ditames�.

    Na escola, os educandos est�o submetidos ao contrato did�tico, que representa um conjunto de atividades conteudistas e comportamental dos sujeitos envolvidos atrelados negocia��o da organiza��o educacional. As prerrogativas subjetivas n�o est�o evidentes em papeis, mas, envolve as atividades humanas. Assim a integralidade do ser humano inserido no processo n�o � evidente no contrato. � neste sentido, Illich in Giddens (2002), alerta para uma maior liberdade no processo estrutural organizacional da escola considerando a din�mica, a complexidade e as inova��es tecnol�gicas que envolvem a escola contempor�nea.

    Portanto, visto que esta negocia��o did�tica � imputada aos alunos e professores, sem que alguns tenham consci�ncia das rela��es do curr�culo oculto que s�o desenvolvidas no �mbito educacional. � importante um espa�o de debate que proporcione a reflex�o cr�tica para conscientizar os atores envolvidos e respons�veis por conduzir a educa��o, para que os mesmos possam desenvolver seu trabalho educacional de forma a considerar as multidimens�es da ensinagem e da educa��o como processo de trabalho socializador.

    O curr�culo oculto refere-se ao processo de aprendizagem processual (impl�cita) socializador e colateral ao curr�culo escolar formal, que permeia as normas de comportamento social (valores, mensagens de natureza afetiva entre outros). Gapriglia (2004), afirma que o curr�culo impl�cito � processualmente desenvolvido nas rela��es pedag�gicas sem que o professor perceba, caracterizando pelo la�ar m�o de suas experi�ncias para transmitir, facilitar e refor�ar a troca de informa��es e conhecimentos ao desempenhar suas atividades pedag�gicas.

    Neste sentido, este estudo teve o objetivo de descrever o perfil acad�mico do educador que atua no ensino superior, na �rea de ci�ncias biol�gicas e da sa�de e qual a sua compreens�o frente �s dimens�es subjetivas e objetivas do processo educacional, no que cerne o fazer pedag�gico do curr�culo formal e n�o formal.

2.     Multidimens�es da educa��o. Multireferencialidade

    Partindo da premissa que a educa��o � um processo complexo, que vai al�m das a��es de desenvolver aspectos cognitivos, intelectuais e morais, abarcando aspectos subjetivos e objetivos que s�o indissoci�veis numa educa��o integral que � resultados do conhecimento a priori e das a��es pr�tica, h�bitos sociais, caracterizando como meios para transforma��o social.

    A educa��o � uma produ��o humana, pois est�o engendradas nas inter-rela��es humanas com seus conte�dos ideol�gicos, portanto estas a��es s�o carregadas de valores (aspecto atitudinal), sendo assim, o homem educa-se tamb�m pelo exemplo do outro e suas pr�prias inclina��es frente a vivencia no �mbito educacional. Assim, compreendemos que a forma��o de um educador deve ser critica reflexiva pautada no reconhecimento dos valores que ultrapassa o curr�culo materializado (formal), transcendendo as multidimens�es pol�ticas, culturais, hist�ricas, morais ambientais entre outras.

    Para Paulo Freire, educar � um ato pol�tico, neste sentido a leitura do mundo precede a leitura da palavra, este educar n�o est� engessado no curr�culo formal, mas, transcende para uma rela��o e comunica��o dial�gica das dimens�es que envolvem a educa��o, conseq�entemente a pr�xis pedag�gica.

    Rene Maheu, (1997) apud Cachioni & Neri (2004), discorre sobre os conceitos de educa��o permanente e de educa��o popular, nas quais ocorre troca aut�ntica de saberes entre os sujeitos ativos do processo educacional, num processo de transmiss�o e de assimila��o ativas. O Educador tem o papel de auxiliar, facilitar e promover o acesso do educando aos conte�dos, ligando-os com a sua experi�ncia cotidiana, bem como de proporcionar elementos de an�lise cr�tica, que permitam a ultrapassagem do �eu expressivo� para o �eu gen�rico ou social�. A transforma��o do saber ocorre, ent�o, atrav�s do sentir, pensar e agir.

    O curr�culo desenvolvido por via de m�o dupla - curr�culo formal e o aprendizado das li��es ocultas, tem nas inter-rela��es � posteriori um car�ter socializador, pois �muito do que se aprende no �mbito escolar n�o esta declarado no conte�do formal, estas prerrogativas evidenciam que n�o ha neutralidade no �mbito educacional (CARVALHO, 23007; ANASTASIOU, 2001; CANDAU, 1996).

    Neste sentido, � de extrema relev�ncia suscitar este debate sobre o perfil e forma��o do docente, que atua no ensino superior, e por vezes a inefici�ncia de forma��o pedag�gica que capacite sobre os preceitos b�sicos e papel do educador quest�es fundamentais da pr�xis educacional. H� que se pensar tamb�m, que os professores que n�o receberam forma��o diretiva para atuar na doc�ncia fica a margem das informa��es, fato infere limita��es da realidade da pr�xis pedag�gica e os reflexos no processo de ensino e aprendizagem. Estas prerrogativas subsidiam a necessidade de estrat�gias de capacita��o de profissionais que atuam na doc�ncia sem Conhecimentos fundamentais importantes na forma��o do educador (CARVALHO, 2007).

    O processo de ensino e aprendizagem apresenta desafios concernentes � constru��o mental ou abstra��o, que se efetiva quando, mentalmente, se � capaz de reconstruir o objeto apreendido pela concep��o de no��es e princ�pios, independentemente do modelo pragm�tico estudado, associando id�ias, enredando e chegando a se deduzir conseq��ncias subjetivas e in�ditas, atrav�s de uma a��o, ou uma pr�xis, que pode ser predominantemente motora, reflexiva e/ou perceptiva. (ANASTASIOU, 2001).

    A mesma autora, elucida uma rela��o existente na apreens�o do conhecimento a partir de deferentes conte�dos, como os factuais caracterizado por situa��es, fen�menos concretos, conhecimentos de fatos, acontecimentos, que s�o carregados de subjetividade em sua ess�ncia;

  • Conte�dos procedimentais, representados por a��es ordenadas e com um fim, regras, t�cnicas, m�todos, habilidades, estrat�gias e procedimentos, verificados pela realiza��o das a��es que se tornam conscientes pela reflex�o sobre a pr�pria atividade;

  • Conte�dos atitudinais (valores, atitudes e normas, verificados por sua interioriza��o e aceita��o, o que implica conhecimento, avalia��o, an�lise e elabora��o) e os

  • Conte�dos conceituais com ess�ncia tamb�m subjetivas (fatos, objetos ou s�mbolos) e princ�pios (leis e regras que se produz num fato, objeto ou situa��o); aprender conceitos possibilita elabora��o e constru��o pessoal, nas interpreta��es e transfer�ncias para novas situa��es.

    Na complexidade deste processo, esta o papel do educador, no planejamento e condu��o cont�nuos e processuais dos aspectos objetivos e subjetivos na educa��o, possibilitando aos estudantes construir e aprender a apreender, o que preconiza o did�tico, mas tamb�m, considerando as multidimens�es numa perspectiva de educa��o integral e cidad�. (GIDDENS, 2002; ZABALA, 2002)

    Leite, (1994), apud Anastasiou (2001) adverte que o conhecimento acad�mico �n�o constitui um produto est�tico (...) n�o � um conjunto isolado de informa��es, mas um comprometimento com uma determinada vis�o de mundo, e refor�a que�:

    O conhecimento n�o e algo dado e acabado ou tampouco isolado com fim em si mesmo (...) a partir desses elementos percebe-se que uma organiza��o curricular tanto pode estar privilegiando determinada vis�o de ci�ncia, como apresentando outra: numa organiza��o curricular ordenada pela grade ou cole��o, sob a vis�o cartesiana, o modelo racionalista est� de t�o forma entranhado que n�o facilita a��es integrativas dos saberes, por parte dos docentes. Experi�ncias integrativas v�m ocorrendo como fruto de verdadeiros malabarismos criativos dos professores, principalmente pelo reconhecimento da complexidade do processo.

    Educa��o que compreende as multidimens�es requer docentes que formados adequadamente, considerar que (...) a rela��o de conhecimento � uma rela��o entre sujeito e objeto; tem que haver um sujeito que conhece e um objeto que � conhecido, mas a Verdade n�o est� nem no p�lo do sujeito, nem no p�lo do objeto e sim na rela��o entre eles (...) a rela��o com o mundo n�o � individual, mas coletiva, social. (CANDAU, 1996).

    ao ensinar o educador deve se (pr�)ocupar com o todo do processo. Conduzir os educandos a perceberem as rela��es complexas que o homem tem com a natureza, espa�o e a sociedade. A import�ncia de conhecer todas essas rela��es, envolvendo as multidimens�es que o universo do conhecimento possui.

2.1.     Aspectos importantes na forma��o do educador contempor�nea

    Neste texto, discutir elementos que diferenciam a forma��o para o bacharelado e para a licenciatura, apontando elementos que integram e diferenciam estes dois aspetos da forma��o para estas respectivas �reas de atua��o da profiss�o, � de urgente necessidade para reforma educacional.

    Nos cursos onde se oferecem as habilita��es para a licenciatura e o bacharelado este processo diferenciado j� � vis�vel pela estrutura curricular: os conte�dos que enfocam a doc�ncia, discutindo elementos te�ricos e pr�ticos relativos � quest�o do ensino e da aprendizagem, s� far�o parte do curr�culo da licenciatura. E � nesta diferencia��o que gostar�amos de centrar nossas reflex�es. (ANASTASIOU,2001)

    A doc�ncia requer dom�nio dos conhecimentos cient�ficos da �rea essencialmente, compreens�o do trip� pedag�gico (ensino, pesquisa e extens�o) que s�o e indissoci�veis, alem da complexidade do processo ensino e aprendizagem, enquanto via de m�o dupla e o indissoci�vel bin�mio, teoria e pr�tica. Estes pressupostos somados a outras dimens�es comp�em o cen�rio educacional que transforma o social. O educador necessitar� dominar os saberes da �rea, de forma cient�ficos, relacionais, pois precisar� inicialmente conhecer e reconhecer os elementos essenciais e complementares dos conte�dos a ser trabalhador. O dom�nio desta totalidade � condi��o fundamental: o todo captado n�o como simples soma, mas como intera��o das partes que o comp�em. (ANASTASIOU, 2003).

    Estas significa��es requerem docentes que conhe�am e reconhe�am saberes da �rea, saberes pedag�gicos e contextualiza��o. Requer o dom�nio tanto do m�todo de pesquisa quanto o de ensino, do arcabou�o educacional, com caracter�sticas e especificidades pr�prias, as quais muitas vezes n�o ficam claramente explicitadas na forma��o da gradua��o, principalmente para os bachar�is. (PERRENOUD, 2000; GIDEENS, 2002).

    Neste sentido se justificam a especificidades de estudos e diferenciados para os futuros educadores (bachar�is e ou licenciados), as doc�ncias exigem profissionais competentes em suas �reas de atua��o, com pleno dom�nio dos saberes elaborado e pedag�gico especificadamente com o desafio de atuarem numa nova profiss�o, que tem estatuto, caracter�sticas, compromissos e procedimentos pr�prios, a serem apreendidos, questionados e constantemente reformulados, pelos participantes dos colegiados institucionais da educa��o superior. (ANASTASIOU, 200 GRAPIGLIA, 2001).

    Diante do exposto, h� que se refletir sobre o curr�culo oculto como tamb�m aprendizagem subjetiva envolvido no cotidiano desempenhados pelos atores do processo educacional. A gest�o pedag�gica compreende processos interativos de ensino e de aprendizagem que superam os limites do curr�culo formal, e o educador representa o �cone mediador. � necess�ria a compreens�o da doc�ncia como uma nova profiss�o, requerendo saberes pr�prios da pedagogia e do processo educacional al�m dos saberes espec�ficos de cada profiss�o. A partir desta compreens�o cabe um novo compromisso pedag�gico. (ANASTASIOU, 2003; BARRETO, 2007).

    Cabe ressaltar que o educador numa organiza��o educacional deve ter vis�o transdisciplinar, (reconhecer situa��es em sua totalidade), integrada e abrangente; contextualizada, assim transpassando as meras barreiras formais est�ticas do curr�culo explicito.

    Enfatiza a vis�o e atitude transdisciplinares que �reconhece a exist�ncia de diferentes n�veis de realidade, regidos por l�gicas diferentes � inerente � atitude transdisciplinar� (CETRANS, 1994). Para caracteriza��o do tema da transdisciplinaridade, o quadro abaixo apresenta a transposi��o de termos e conceitos importantes que est�o presentes no processo de educa��o e forma��o docente (MURIA, 2009).

Como o currículo deve ser visto e entendido pelos profissionais da educação?

    O ensino contempor�neo, avan�a com aceleradas mudan�as, com alto grau de competitividade e complexidade, o educador deve ampliar sua vis�o dos processos de ensino e aprendizagem para acompanhar a evolu��o numa sociedade do conhecimento e tecnol�gica (Carvalho 2007)

3.     Metodologia

    A proposta de investiga��o do tema �curr�culo impl�cito e explicito� caracterizou-se pelo enfoque dando na disciplina de PPP II e III sobre a pr�xis pedag�gica, a partir das atividades de leitura e debate integrativo. O assunto despertou o interesse para buscar informa��es sobre o perfil docente e o seu conhecimento sobre o curr�culo formal e n�o formal, utilizando meios de pesquisa de campo.

    Visando descrever o perfil e o conhecimento de docentes da �rea de ci�ncias biol�gicas em 02 Institui��es de Ensino Superior (IES) em Vit�ria da Conquista, Bahia, cidade considerada p�lo educacional, e com importante representa��o socioecon�mica no sudoeste Baiano.

    Para atender ao objetivo desta pesquisa de campos com car�ter quantitativo foi elaborado um instrumento do tipo question�rio. Foi elaborado um question�rio com seis perguntas fechadas, que abordaram sobre as dimens�es que envolvem a pr�xis pedag�gica curricular (impl�citos e expl�citos) e aplicada 31 professores.

    De acordo com Gil, 1999, o question�rio representa uma forma de coleta de dados que consiste em quest�es pr�-elaboradas referentes ao tema da pesquisa �com o objetivo de suscitar dos informantes respostas por escrito ou verbalmente sobre assunto que os informantes saibam opinar ou informar�. O gerenciamento e tratamento dos dados obtidos por meio do question�rio foi utilizado programa de an�lise estat�stica do tipo planilha de Excel.

4.     Principais resultados

    Os principais resultados apontaram que dos docentes entrevistados apenas 26.22% responderam que sabe o que significa o curr�culo oculto, os 73.77% responderam que n�o sabem o significado. Dos 31 professores entrevistados, cerca de 78.68% sabem o que � o curr�culo formalizado (explicito), em contrapartida 21.31% diz n�o conhecer o que significa o curr�culo formal, conforme tabela abaixo.

Como o currículo deve ser visto e entendido pelos profissionais da educação?

    O gr�ficos 1 apontam o perfil de titula��o acad�mica dos 31 docentes, dos quais, 69% s�o especialista, 28% s�o mestres e apenas 3% s�o doutores. No gr�fico 2, aponta a forma��o dos quais 59% s�o da �rea de ci�ncias biol�gicas e da sa�de, 18% de ci�ncias sociais aplicadas; 10% de ci�ncias humanas; 8% da �rea de ci�ncias exatas e apenas 5% de ci�ncias agr�rias.

Como o currículo deve ser visto e entendido pelos profissionais da educação?

Gr�fico 1. Titula��o dos docentes entrevistados

Fonte: Pesquisa de campo (2009)

Como o currículo deve ser visto e entendido pelos profissionais da educação?

Gr�fico 2. Forma��o dos docentes entrevistados

Fonte: Pesquisa de campo (2009)

    Quanto a import�ncia do conhecimento do docente sobre a pedagogia e o sistema educacional, 13% responderam que � importante e 87% responderam que tal conhecimento � importante na forma��o e desempenho do docente.

Como o currículo deve ser visto e entendido pelos profissionais da educação?

Gr�fico 3. Import�ncia de conhecer sobre pedagogia/sistema educacional

Fonte: Pesquisa de campo (2009)

5.     Considera��es finais

    A guisa conclusiva remete-nos a reflex�o sobre a necessidade de rever o modelo de forma��o do educador, pois o mesmo n�o deve ser visto de forma reducionista e sim considerar a complexidade e multidimensionalidade da educa��o. As lacunas para o saber pedag�gico inerentes ao processo apontaram a import�ncia de rever o perfil do docente e sua forma��o, no sentido de atender aos conhecimentos pr�prios da doc�ncia, no que se refere a integralidade pedag�gicos e sistema educacional.

    A multidimensionalidade e par�metros b�sicos do processo educacional requerem forma��o para o desempenho de uma educa��o integral, isto nos remete a reflex�o sobre as compet�ncias pedag�gicas, cientificas, visto que a educa��o integral preconiza a vis�o compress�o e a��o do todo.

    Neste sentido este trabalho contribuiu para tecer debates sobre as inquieta��es e desafios que permeiam a a��o pedag�gica, a partir da reflex�o da forma��o dos educadores respons�veis pela doc�ncia no ensino superior. Te�ricos da educa��o apontam a complexidade das atividades da escola, imbricadas de intensos e m�ltiplos fatores, que se inscrevem como casos �mpares e subjetivos. O cotidiano pedag�gico interp�e-se entre o pensar do professor e seu ideal a ser atingido, e aquilo que realmente faz. N�o h� mera transposi��o do pensar para a a��o, mas sim um movimento de concretude dos desafios do cotidiano envolvidos pela subjetividade.

    E not�ria a necessidade de capacita��es e ferramentas que desperte o interesse por mudan�as e promova o conhecimento sobre como acontece e em que medida o curr�culo oculto influencia no processo de forma��o dos docentes e conseq�entemente dos cidad�os, reconhecendo, respeitando e trabalhando a pluralidade e complexidade dos processos.

    A partir da contextualiza��o te�rica, este estudo permitiu perceber que as constru��es pedag�gicas nas escolas e da intera��o dos envolvidos processos de ensino e aprendizagem servem de ve�culo para o desempenho do curr�culo formal e do curr�culo oculto, com toda sua subjetividade e complexidade, evidenciando que n�o h� neutralidade no �mbito educacional que a aprendizagem vai al�m dos muros da escola.

    A relev�ncia desta pesquisa destacou-se por levantar tal reflex�o sobre complexidade do processo educacional, aponta a necessidade de adequa��es que subsidiem uma melhor forma��o do educador. A reflex�o de Candau (1996) � oportuna quando aponta que o desenvolvimento do processo ensino e aprendizagem s�o fundamentais a considera��o das multidimens�es (dimens�es humanas, t�cnica e pol�tico-social, aspectos expl�citos e impl�citos), e que o desafio � superar uma vis�o e forma��o reducionista, dissociada da rela��o entre as dimens�es. Tendo em vista que a educa��o integral prima pelo desenvolvimento f�sico, ps�quico e moral (espiritual) do Ser Humano, estimulando a conscientiza��o.

    Vale citar Paulo Freire quando prop�e que aprendentes e ensinantes sejam agentes dial�gicos de um mesmo processo no qual o ensino e a aprendizagem caminham de bra�os dados considerando a complexidade da educa��o.

    Assim, salta aos olhos a import�ncia de uma forma��o de professores voltada para compreender os sujeitos da educa��o como ser integral e complexa, contextualizada que favore�a o aprendizado significativo educando para a vida que ultrapassa os limites da escola.

Refer�ncias

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  • ANASTASIOU,L.G.C. Educa��o Superior e Prepara��o Pedag�gica: elementos para um come�o de conversa. Jaragu� do Sul/UNERJ: Revista Saberes. Ano 2, v. 2, maio/agosto 2001.

  • ______________. Rela��o Entre Saberes Pedag�gicos e Saberes Cient�ficos, na forma��o inicial do licenciado e do bacharel. Joinville, Editora da Univille, 2003.

  • GIL, Antonio Carlos. Metodologia do Trabalho cient�fico. 3.ed. S�o Paulo: Atlas, 1996.

  • BARRETO, M.O. O papel da criatividade no ensino superior. Revista Dialogos e Ciencias. Ano I, n.3, dez 2007

  • CACHIONI, M.; NERI, A. L. Educa��o, desafios e oportunidades. RBCEH - Revista Br�s. Ci�ncias. Passo Fundo, 99-115 - jan./jun. 2004.

  • CANDAU, Vera Maria (org.). A Did�tica em Quest�o. Petr�polis:Vozes,1996.

  • CARVALHO, A. Gest�o do conhecimento: uma vis�o transdisciplinar no contexto empresarial. CEETEPS. Rio Janeiro, 2007.

  • FREIRE, P. Pedagogia da indigna��o. S�o Paulo: Instituto Paulo Freire, 2002.

  • GIDDENS, A. O Curr�culo Oculto. Porto Alegre: Artemed, 2002.

  • GONCALVES, M. F. Curr�culo Oculto e Culturas de aprendizagem na forma��o de professores. Porto Alegre: Artmed, 1994

  • GRAPIGLIA, J. M. O Curr�culo na Forma��o do pedagogo.

  • MURIA, A. J. A Complexidade da Forma��o de Professores: o Caso da Educa��o F�sica e Desporto em Mo�ambique. UNIMEP. Piracicaba, 2009

  • PERRENOUD, P. Pedagogia diferenciada: das inten��es � a��o. Porto Alegre: Artes M�dicas, 2000.

  • ZABALA, Antoni. Enfoque Globalizador e Pensamento Complexo. Porto Alegre: Artmed, 2002.

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EFDeportes.com, Revista Digital � A�o 16 � N� 161 | Buenos Aires,Octubre de 2011
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Qual seria a melhor definição para o que deve ser entendido como currículo escolar?

O currículo escolar é o caminho que o estudante deve percorrer durante sua vida na escola. Nele, estão organizados os conteúdos que o aluno vai aprender ao longo do estudo em uma instituição de ensino.

Qual a importância do currículo para a educação?

Ele serve como referência para a gestão e organização do conhecimento escolar, ao dispor sobre os conteúdos a serem estudados e o modo como serão abordados em sala de aula, além de estabelecer as metodologias e estratégias de aprendizagem adotadas pela escola.

Como o currículo deve ser visto pelos profissionais da educação?

O currículo tem que ser olhado pelos educadores de forma diferenciada, bem mais que uma simples grade curricular a ser cumprida, mas um compromisso ético no ensino-aprendizagem, na busca de investigar e refletir sobre questões de natureza teórica e prática que norteiam a prática pedagógica voltada a atender as demandas ...

Como o currículo deve ser pensado?

O currículo deve ser pensado de forma crítica. Para a autora o currículo deve seguir uma tradição crítica. Portanto o currículo não pode ser visto como algo neutro ou passivo, indo muito além de métodos e técnicas. A autora defende um currículo que deve apresentar questões políticas, sociológicas e epistemológicas.