Como ajudar psicologicamente uma pessoa com câncer

O estudo conduzido por Gary Rodin nos traz reflexões sobre os aspectos que atualmente temos abordado em nossa prática, além de constatar a significância das intervenções psicológicas nos desfechos clínicos para esta população.

Uma das grandes contribuições do estudo é a reflexão de que os profissionais de saúde podem gerir os impactos das informações compartilhadas e não apenas transmiti-las. O que era muitas vezes entendido como função e atribuído apenas à família ou ao próprio paciente, passa a ser responsabilidade do serviço de saúde.

A mudança de paradigma na relação médico-paciente, no que tange ao compartilhamento de informações e decisões sobre o tratamento, trouxe uma dúvida que ainda paira no ar: como ajudar o paciente e sua família a viverem com mais qualidade após a ciência de que o câncer está agora em estágio avançado?

O grande salto deste estudo é focar não apenas na preparação para o fim da vida, mas capacitar o paciente a viver com as implicações da doença neste estágio. Muitos pacientes que estão em estágio avançado e mesmo aqueles que passam para um estágio de tratamento paliativo exclusivo (controle de sintomas não mais focando cura ou retardo da evolução da doença, mas sim a manutenção da qualidade de vida) tendem a ficar impacientes e até angustiados, inclusive com a melhora de performance quando isso é possível (dado a cessação dos efeitos da quimioterapia quando não é mais indicada). Isto acontece, pois há uma tendência em prepará-los para a morte. Morte que pode demorar dias, semanas, meses. E viver sem saber o que fazer, como agir ou o que esperar não é algo fácil.

A metodologia CALM também traz reflexões importantes sobre a prática clínica do Brasil. Há uma tendência cada vez menor, mais ainda persistente, de que os cuidados de qualidade de vida sejam relacionados apenas ao escopo de atuação dos profissionais de saúde mental e áreas afins. O estudo, no entanto, mostra que é possível que outros profissionais
(inclusive os próprios médicos oncologistas e equipe de enfermagem) se responsabilizem por programas estruturados de intervenções de cunho emocional. Os cuidados com a saúde emocional passam a ser, como deveriam, dever de todos os envolvidos no processo de cuidados.

Quanto aos domínios de intervenção enfatizados no programa CALM cabe destacar sua abrangência e importância na
aplicação prática nos tratamentos de pacientes com doenças avançadas. No programa CALM há o foco básico, o que não
quer dizer simples, no tratamento do processo de evolução da doença (manejo de sintomas) e nas relações humanas e de comunicação entre os envolvidos. Mas há também uma preocupação de gerenciamento e reconstrução desta “nova pessoa” que surge após a constatação da fase avançada da doença. A ênfase do programa também está no entendimento do próprio paciente sobre quem ele é no momento (autoconceito), no que ele se tornou dentro do seu ciclo social/familiar e a relação dele com seu futuro (e a inexistência do mesmo da forma antes planejada). A intervenção deste domínio traz a possibilidade de uma reconstrução existencial condizente com a realidade inexorável. Não se trata apenas do ser que está se esvaindo, mas da pessoa que ainda existe somada às novas limitações e possibilidades.

Esse empoderamento das relações de tratamento, somado ao melhor entendimento existencial, pode trazer ao paciente e à sua família o ajustamento necessário para vivenciar este momento de forma digna e profícua. Não obstante, este estudo pode diminuir a ansiedade da equipe médica, principalmente do oncologista, em ter uma comunicação franca e sincera com seu paciente/família, já que ele sabe que pode contar com intervenções psicológicas que se mostraram efetivas no controle de sintomas depressivos em pacientes.

Autor: *Danilo Faleiros é psicólogo pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), psicólogo hospitalar sênior do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, e membro da Sociedade Brasileira de Psico-oncologia (SBPO).

Referência: Abstract LBA10001: Managing cancer and living meaningfully (CALM): A randomized controlled trial of a psychological intervention for patients with advanced cancer. – Citation: J Clin Oncol 35, 2017 (suppl; abstr LBA10001) – – Gary Rodin et. Al

No Dia Mundial Contra o Câncer preparamos uma série de dicas sobre como acolher alguém querido que recebe o diagnóstico. Com amor e atitudes certas, é mais fácil superar essa fase.

2 FEV 2018 · Leitura: min.

Dicas de psicologia

PUBLICIDADE

Como ajudar psicologicamente uma pessoa com câncer

Cada ano, mais de 14 milhões de pessoas são detectadas com câncer, 596 mil só no Brasil. Atualmente, a doença é responsável pela morte de 8,8 milhões de indivíduos no mundo por ano, segundo dados da Organização Mundial de Saúde. Devido à alta taxa de mortalidade, receber a notícia de um câncer é um baque tanto para o paciente quanto para pessoas próximas a ele.

Porém, apesar da tristeza e do medo do desconhecido que o diagnóstico provoca, o bem-estar e recuperação do paciente estão muito ligados à maneira como a família e amigos lidam com ele. E embora haja amor e boa vontade dessas pessoas em colaborar, nem sempre elas sabem como agir para minimizar o sofrimento de quem passa pelo problema.

No Dia Mundial Contra o Câncer, comemorado em quatro de fevereiro, preparamos algumas dicas valiosas sobre o que fazer (e o que não) para acolher e ajudar alguém que amamos a superar essa fase. Confira:

Dê tempo para a assimilação da doença

Após receber o diagnóstico, o doente precisa um de tempo para assimilar o que se passa e para se preparar psicologicamente para o tratamento. Nessa fase, choro e alterações de humor são normais. Mantenha-se presente, mas dê espaço à pessoa. No início há quem se feche e não queira falar sobre o que sente. Nesse caso, não pressione. Respeite suas necessidades e mostre-se apenas disposto a ouvir se ela quiser desabafar.

Como ajudar psicologicamente uma pessoa com câncer

Evite pesquisar sobre a doença no Google

Embora existam muitos sites confiáveis sobre câncer, há, na mesma medida, muita informação errada e alarmista na internet, o que pode gerar uma enorme confusão. Se quiser pesquisar, peça ao médico indicações de livros e portais sérios. Também é fundamental ter em mente que cada caso é um caso quando se fala em câncer. Somos diferentes e a doença se comporta de maneira imprevisível em cada um.

Não trate o doente como coitadinho

Por mais que a situação seja difícil, ter pena e tratar o doente como um coitado só fará com que ele se isole e se sinta pior. Vale ressaltar que não ter dó não é fingir que nada estar acontecendo. É reconhecer que é uma fase difícil, mas que a pessoa continua com a mesma essência, mesmo se o câncer provocar mudanças físicas e psicológicas.

Escute, escute, escute

Em muitas ocasiões o paciente só deseja alguém para desabafar. Evite dar conselhos que não forem pedidos, seja uma boa companhia e mostre que estará sempre ao seu lado. E quando a pessoa estiver mais quieta, respeite. Momentos de silêncio fazem parte e com certeza ela se sentirá tranquila apenas por tê-lo por perto. Lembre-se também que quem enfrenta um câncer não quer falar apenas sobre a doença. Elas continuam se interessando por seus temas favoritos.

Ajude-o a manter a autoestima

É comum a medicação provocar transformações físicas que mexem com o psicológico ­- como a perda de cabelo, ressecamento da pele, maior debilidade, perda ou ganho de peso, entre outros. Por isso é tão importante colaborar para que o paciente mantenha sua autoestima. Foi necessário raspar o cabelo? Você pode ajudar a pessoa a montar um novo visual com lenços diferentes, bijuterias ou outro adereço que a faça sentir-se melhor.

Seja espotâneo

Família e amigos devem buscar agir com espontaneidade. É normal demonstrar alegria quando há avanços no tratamento e tristeza se há retrocesso. Psiquiatras não recomendam chorar sempre escondido e parecer forte na frente do doente em todas as situações. Além disso, o paciente deve participar das conversas sobre seu caso clínico e tomar suas próprias decisões. Respeite suas decisões mesmo se não concordar com elas.

Se for preciso, busque ajuda de um psicólogi

Se perceber que não está conseguindo suportar situação, busque o aconselhamento de um terapeuta. O especialista te ajudará a compreender melhor essa fase e a lidar com o paciente. A terapia pode ainda ser benéfica para quem está em tratamento, desde que a pessoa queira fazê-la.

Foto: por MundoPsicologos.com

As informações publicadas por MundoPsicologos.com não substituem em nenhum caso a relação entre o paciente e seu psicólogo. MundoPsicologos.com não faz apologia a nenhum tratamento específico, produto comercial ou serviço.

Como dar força a uma pessoa com câncer?

O que fazer e como apoiar uma pessoa diagnosticada com câncer.
1 – Pergunte como ela se sente (e se quer falar sobre o assunto) ... .
2 – Pergunte se pode fazer algo para ajudar. ... .
3 – Demonstre que ela pode contar com você ... .
4 – Passe seu tempo com a pessoa. ... .
5 – Evite a sobrecarga de informações. ... .
6 – Não dê conselhos, dê motivação..

Como acalmar uma pessoa com câncer?

O que fazer?.
Passe tempo com a pessoa..
Pergunte se ela gostaria de falar sobre a experiência..
Deixe-a decidir o que e quanto compartilhar..
Esteja disposto a falar sobre suas experiências e permitir que ela compartilhe seus medos..
Esteja disponível para conversar quantas vezes ela quiser..

O que não se deve falar para uma pessoa com câncer?

O que não dizer para uma pessoa com câncer.
Oferecer conselho sem que a pessoa peça;1.
Dizer que entende como ela está se sentindo;1.
Falar sobre as mudanças físicas dela causadas pelo câncer;5.
Relativizar o tipo de câncer dela falando de outro que seria pior;5.
Dar informações sobre tratamentos não comprovados;5.

Como fica o psicológico de uma pessoa com câncer?

Sentimentos como raiva, depressão, ansiedade, medo, preocupações, angustias, negação e agressividade são comuns entre os pacientes com câncer. Seguem alguns exemplos de situações nos quais esses sentimentos podem aparecer: A negação costuma estar mais relacionada ao momento do diagnóstico.