Como a reprodução sexuada contribui para a variabilidade genética?

Definição e caracterização de Reprodução Sexuada, uma estratégia reprodutiva caracterizada pela fusão de duas células sexuais haplóides ou gâmetas…

Conceito de Reprodução Sexuada

A reprodução sexuada é uma estratégia reprodutiva caracterizada pela fusão de duas células sexuais haplóides ou gâmetas para formação de um novo indivíduo diplóide, o ovo ou zigoto. A este fenómeno de fusão dos gâmetas é dada a designação da fecundação. Após a formação do zigoto, é iniciado um processo de proliferação celular (mitose) que dá origem ao crescimento e desenvolvimento de um novo ser.

A reprodução sexuada é um mecanismo bastante custoso do ponto de vista energético, mas é a estratégia reprodutiva dominante no ciclo de vida dos organismos pluricelulares. A reprodução não é, em si mesma, uma etapa necessária à sobrevivência do próprio indivíduo. É, no entanto, indispensável para a perpetuação da espécie a que o indivíduo pertence. Aliás, a actividade reprodutiva é a primeira a cessar sempre que as populações entram em períodos de escassez de recursos ou de stress.

Variabilidade genética

Dados os inúmeros benefícios energéticos e funcionais da reprodução assexuada, terá de haver uma grande vantagem na reprodução sexuada para que esta estratégia tenha sido favorecida ao longo da evolução dos organismos.

A principal vantagem da reprodução sexuada é que os processos intrínsecos pelas quais se desenvolve constituem importantes fontes de variabilidade genética no seio das populações e das espécies. Os processos de recombinação génica que ocorrem durante a formação dos gâmetas e durante a fecundação permitem a diversificação do material genético. Primeiro, durante a meiose que ocorre em cada indivíduo, os cromossomas homólogos emparelham e trocam segmentos do seu ADN (Ácido desoxirribonucleico) entre si, aumentando, assim, a diversidade genética entre cada gâmeta formado. Depois, durante a fecundação, a fusão dos gâmetas masculino e feminino constitui um aumento adicional da variabilidade genética, dado que, cada um dos organismos parentais contribui com o seu património genético e com um alelo para cada gene para a constituição do novo ser.

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References:

  • Mark Jobling, Edward Hollox, Matthew Hurles, Toomas Kivisild, Chris Tyler-Smith. (2013) . Human Evolutionary Genetics. Garland Science.
  • Brusca, Richard C.  and Brusca, Gary J. (2002). Invertebrates. Sinauer Associates, 2ª Edição.

Como a reprodução sexuada contribui para a variabilidade genética?
14-01-2019

Licenciada em Biologia e Mestre em Biodiversidade, Genética e Evolução pela FCUP - Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. Atualmente, desenvolve uma tese de Doutoramento sobre a genética das Perturbações do Espectro do Autismo. Saiba mais sobre o autor >>>

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Porque a reprodução sexuada permite a variabilidade genética?

Na reprodução sexuada, diferentemente da assexuada, existe a presença de gametas e, por essa razão, ocorre a variabilidade genética. Nesse caso, observa-se a formação de um organismo diferente dos progenitores, uma vez que é resultado da combinação dos cromossomos presentes em cada gameta.

Quais são os fatores que contribuem para a variabilidade genética?

Alguns fatores influenciam na variabilidade genética, como a mutação, o fluxo gênico, a reprodução sexuada e a deriva genética. Entre eles, a mutação é o principal fator gerador de variabilidade, permitindo o surgimento de novas combinações dentro do conjunto de genes da população.

O que é a variabilidade genética?

A variabilidade genética refere-se às variações dos genes entre indivíduos de uma população. É a variabilidade genética da espécie que determina o seu conjunto de características morfológicas e fisiológicas, o que a torna capaz de responder às mudanças ambientais.