Qual o objetivo dos Estados Unidos ao ocupar militarmente o Afeganistão?

Qual o objetivo dos Estados Unidos ao ocupar militarmente o Afeganistão?
Invasão no Iraque: Luta pela paz ou início de um novo problema?

No ano de 2003, os Estados Unidos realizaram uma ocupação ao território iraquiano sob a alegação de que o presidente Saddam Hussein mantinha um arsenal de armas químicas que ameaçavam a paz mundial. Mesmo não provando a existência do arsenal bélico iraquiano, o governo norte-americano conseguiu promover o julgamento e a posterior condenação do ditador Saddam Hussein.

O novo governo empossado ainda não conseguiu legitimar-se e seu poder se mantém com o auxílio direto de tropas militares internacionais que chegam a um contingente de 150 mil soldados estrangeiros. Ao invés de afugentar os grupos radicais do cenário político iraquiano, a intervenção dos EUA incentivou o crescimento dos grupos fundamentalistas islâmicos do Oriente Médio.

De acordo com alguns analistas, o governo norte-americano tinha outras intenções com o processo de ocupação. Segundo estes, vários acordos financeiros foram criados para que os Estados Unidos garantissem a posse sob as reservas de petróleo daquele país. Passados mais de cinco anos da invasão, o Iraque ainda sofre com um grande problema de infra-estrutura que, depois da guerra, se tornou ainda mais grave.

A população civil parece viver uma situação ainda mais complicada. Depois da invasão, os vários atentados contra civis colocam o país sob ameaça terrorista. Algumas estimativas dizem que a presença norte-americana já foi responsável por mais de 40 mil mortes. Ainda assim, os Estados Unidos comemoraram a prisão de alguns importantes lideres de organizações terroristas escondidas no Iraque.

Nos Estados Unidos e em outros países algumas manifestações se colocam contra a presença norte-americana no Oriente. Várias nações aliadas aos EUA já fizeram a retirada de suas forças dos territórios iraquianos. Enquanto isso, os conflitos se estendem e as incertezas distanciam a autonomia política das instituições e da população iraquiana sob seu país.

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Por Rainer Gonçalves Sousa

"Eu mantenho com firmeza minha posição", reforçou Biden em discurso nesta segunda-feira (16).

Presidente dos EUA, Joe Biden, acena ao chegar ao forte McNair nesta segunda-feira (16) — Foto: Leah Millis/Reuters

No pronunciamento, transmitido pela TV a partir da Casa Branca, Biden reconheceu que o avanço do Talibã pegou de surpresa o governo americano.

"Isso tudo realmente se desenrolou mais rápido do que pensávamos", admitiu Biden sobre o avanço Talibã.

Cumprindo um plano que se iniciou ainda no governo Donald Trump, os EUA iniciaram neste ano a retirada dos militares americanos que estavam há 20 anos em solo afegão (leia mais adiante nesta reportagem).

Com a saída dos americanos, o Talibã ganhou terreno sobre as forças oficialistas apoiadas por Washington até que, neste fim de semana, o grupo extremista tomou Cabul, a capital afegã.

Mesmo assim, Biden defendeu a saída dos militares americanos e, indiretamente, criticou a falta de reação das forças oficiais afegãs diante da ofensiva Talibã. Afinal, a opinião pública dos EUA era favorável à retirada das tropas, medida apoiada tanto por políticos democratas quanto republicanos nos últimos anos.

"Os EUA não podem participar e morrer em uma guerra em que nem o próprio Afeganistão está disposto a lutar", disse Biden (veja vídeo abaixo).

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Biden: 'Não podemos entrar numa guerra se os afegãos não querem lutar'

Além disso, no pronunciamento, Biden defendeu que os EUA conseguiram retirar o risco do grupo terrorista Al-Qaeda — que era aliado do Talibã e esteve por trás dos atentados de 11 de setembro de 2001.

Segundo o presidente dos EUA, o foco da missão americana nunca foi "construir uma nova nação" no Afeganistão, e sim reduzir o risco do terrorismo — o que contrasta com o que George W. Bush, republicano que ocupava a Casa Branca em 2001, admitiu em relação à invasão ao país asiático.

Combatentes do Talibã assumem o controle do palácio presidencial afegão em Cabul, capital do Afeganistão, após o presidente Ashraf Ghani fugir do país em 15 de agosto de 2021 — Foto: Zabi Karimi/AP

Biden criticou também a falta de um cessar-fogo, de um acordo ou de qualquer outra garantia de que não haveria mais ataques a partir de 1º de maio de 2021— data estipulada na gestão Trump para a retirada dos militares americanos. Segundo o presidente, haverá resposta caso o Talibã ataque combatentes ou civis americanos.

"A reposta dos EUA será ágil e contundente", disse Biden.

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'Podemos construir ações contra o terrorismo em vários países, mas não precisamos ter presença militar', afirma Joe Biden

EUA invadiram Afeganistão em 2001

Os EUA atacaram o Afeganistão em 2001, em reação ao atentado do 11 de Setembro, e tiraram o grupo extremista do poder. O Talibã foi acusado pelos americanos de esconder e financiar membros da Al-Qaeda, grupo terrorista comandado por Osama bin Laden e responsável pelo atentado.

A queda de Cabul ocorreu muito antes do previsto pelos EUA. Segundo a Reuters, a estimativa dos serviços de inteligência americanos era a de que o Talibã chegasse a Cabul em setembro, com uma possível tomada do poder em novembro.

A maior parte das forças lideradas pelos EUA deixaram o Afeganistão em julho, e o Talibã se aproveitou da retirada e avançou rapidamente pelo país, conquistando diversas capitais de províncias desde o início do mês.

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VÍDEO: Veja cronologia da tomada de poder do Talibã no Afeganistão

Situação no aeroporto

Nesta segunda-feira, milhares de pessoas invadiram a pista no aeroporto internacional de Cabul, e multidões tentaram entrar em aviões para deixar o país.

O tumulto deixou mortos e feridos. As forças americanas assumiram o controle do local e suspenderam todos os voos do aeroporto Hamid Karzai para tentar controlar a situação.

O porta-voz-chefe do Pentágono, John F. Kirby, disse que 2,5 mil fuzileiros navais americanos foram enviados ao local. E tropas turcas passara a ajudar a proteger o aeroporto (veja mais abaixo).

A autoridade de aviação afegã afirmou que o aeroporto foi "liberado para os militares" e aconselhou as companhias aéreas a evitarem o espaço aéreo do país, o que levou as principais delas a desviarem voos.

Afegãos se aglomeram na pista do aeroporto de Cabul no dia 16 de agosto para tentar fugir do país após o Talibã assumir o controle do Afeganistão — Foto: AFP

Afegãos lotam avião no aeroporto de Cabul para tentar fugir do Talibã no Afeganistão — Foto: Wakil Kohsar / AFP

Afegãos são vistos em cima de avião após multidão invadir aeroporto de Cabul na tentativa de fugir do Talibã; voos comerciais foram cancelados — Foto: Wakil Kohsar / AFP

Mais de 60 países, incluindo EUA, Alemanha, Japão e França, publicaram um comunicado no domingo em que fizeram um apelo para que cidadãos afegãos e estrangeiros tenham permissão para deixar o Afeganistão em segurança.

A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, afirmou em uma reunião a portas fechadas que o país precisa evacuar com urgência cerca de 10 mil pessoas sob sua responsabilidade, segundo a Reuters.

"Estamos testemunhando tempos difíceis", teria dito Merkel a colegas de seu partido, o Democrata Cristão. "Agora devemos nos concentrar na missão de resgate."

Número de mortos

O número de vítimas não havia sido confirmado oficialmente por autoridades afegãs até a última atualização desta reportagem.

O porta-voz do Pentágono afirmou também que um soldado ficou ferido e dois afegãos armados foram mortos após terem atirado contra tropas americanas, segundo informações preliminares.

O jornal americano "The Wall Street Journal" diz que três pessoas foram mortas por armas de fogo. A agência de notícias Reuters fala em cinco óbitos.

A Reuters não diz se as vítimas foram atingidas por disparos de armas de fogo ou pisoteadas durante a confusão. Não está claro se os tiros foram disparados contra pessoas ou para o alto.

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VÍDEO: Veículos ficam presos em congestionamento nas ruas de Cabul

Talibã toma o poder no Afeganistão — Foto: G1

VÍDEOS: Talibã avança no Afeganistão

TALIBÃ TOMA CABUL

VÍDEOS: as últimas notícias internacionais

Quais são as razões de os Estados Unidos terem atacado o Afeganistão?

A invasão do Afeganistão foi autorizada pelo então presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, e tinha dois objetivos: capturar Osama bin Laden e derrubar o Talibã, grupo que governava aquele país desde a década de 1990. A busca por bin Laden deu-se porque ele reconheceu em vídeo ter sido o autor dos ataques.

Qual a relação dos Estados Unidos com a situação do Afeganistão?

O Afeganistão e os Estados Unidos têm uma parceria estratégica muito forte e amigável. Em 2012, as relações ficaram ainda mais próximas quando o presidente dos Estados Unidos Barack Obama declarou o Afeganistão como um aliado importante extra-OTAN.

Qual é o motivo da guerra no Afeganistão?

O objetivo declarado da invasão era encontrar Osama bin Laden e outros líderes da Al-Qaeda, destruir toda essa organização e remover do poder o regime Talibã, que dera apoio a Bin Laden. Neste ponto, a primeira etapa da guerra foi bem-sucedida para a OTAN.

Qual o posicionamento dos EUA frente ao futuro do Afeganistão?

Os interesses dos EUA no Afeganistão são variados. Por um lado, Washington sabe que seria muito perigoso deixar o Talebã controlar todo o país, pois isso significaria que o Ocidente teria que lidar com um estado de quase 40 milhões de habitantes que poderia servir de santuário para grupos extremistas.