Qual é o maior recorde do mundo?

Luana Rodrigues

Digitar 160 caracteres em menos de 20 segundos, carregar 14,9kg através dos furos das orelhas ou calçar 48 meias em apenas um minuto. O que tudo isso tem em comum? São recordes do Guinness Book, o livro dos recordes.

Em meio a toda essa peculiaridade, uma atividade não é registrada pelo livro: a privação do sono. Ou seja, a falta de sono não é computada como recorde. O motivo? Ficar muito tempo sem dormir pode ser uma atividade perigosa.

É comum ficarmos muito tempo acordados durante festas, viagens e reuniões com os amigos, esquecendo nossa rotina de sono. É aí que o aspecto de cansaço, olheiras e bocejos fica evidente.

Mas você sabia que deixar de dormir pode afetar muito mais do que isso? O seu humor, o nível de estresse e até o funcionamento do seu cérebro podem ser prejudicados. Enfim, a sua saúde.

Quem foi a pessoa que conseguiu registrar o recorde de mais tempo acordada?

Na década de 1960, um estudante americano, Randy Gardner, fez história no Guinness – antes de a empresa decidir que não registraria recordes relacionados ao maior tempo sem dormir. O jovem passou 264 horas (o equivalente a 11 dias) e 25 minutos acordado.

Motivados por um experimento escolar, Randy e seu amigo Bruce McAllister buscavam encontrar os efeitos da falta de sono em uma pessoa. Foi possível perceber mudanças nas habilidades cognitivas, sensoriais e no humor do jovem, que passou a se irritar mais facilmente.

Randy dormiu 14 horas seguidas, após o registro do recorde, e, ao longo dos dias, seu padrão de sono voltou ao normal. Algum tempo depois, porém, o jovem passou a sofrer de insônia.

Qual é o maior recorde do mundo?

Randy Gardner,  jovem que passou 11 dias acordado, registrando o recorde de maior tempo sem dormir (Foto: Reprodução)

Os prejuízos em nosso corpo

Algum dia você já se sentiu tão cansado a ponto de não ter forças até mesmo para falar? Esse é um dentre os prejuízos de passar uma noite em claro. O lobo temporal, região do cérebro associada ao processamento da linguagem, deixa de funcionar corretamente se o cérebro não estiver descansado. Por isso, conversar se torna um desafio.

Ficar sem dormir também contribui para uma intensificação de sentimentos, como a raiva. Isso acontece porque passamos a focar em experiências negativas e não interpretamos corretamente o que ocorre ao nosso redor, em razão da falta de comunicação entre diferentes regiões do cérebro. Foi o que ocorreu com Randy durante o experimento.

As memórias também podem ser prejudicadas. Durante o dia, o que aprendemos fica armazenado em uma região do cérebro chamada “hipocampo”. Quando dormimos, essas memórias seguem um caminho para ser armazenadas. Se deixamos de dormir, elas podem se perder ou ser mal interpretadas, causando uma confusão.

Outro ponto importante é o foco para realizar alguma atividade. É comum que, em determinados momentos, percamos o foco. Todavia, se você deixa de dormir, os lapsos de atenção podem ser muito mais intensos.

A falta de sono pode “desligar” o nosso corpo, e a visão e o processamento sensorial também podem ser prejudicados. Nós reagimos com um nível de desinteresse com o mundo. Ou seja: ficar sem dormir transformaria você na Phoebe, de Friends.

Qual é o maior recorde do mundo?

Assim como compreender o motivo que levou a decisão do Guinness Book de não registrar mais desafios ligados ao sono, é importante priorizar a nossa saúde. Para isso, saiba também quantas horas de sono são necessárias em cada fase da vida.  

Os recordes existem para ser batidos. Uma máxima muitas vezes usada no desporto mas que no atletismo caiu em desuso. E um dos grandes exemplos é a melhor marca de sempre no salto em comprimento que dura desde 1991. O norte-americano Mike Powell foi o autor da proeza ao voar na extensão de 8,95 metros em Tóquio, deitando abaixo a marca do mítico Bob Beamon (8,90 m) alcançada 23 anos antes e que nos dias de hoje ainda é o segundo melhor registo da história desta disciplina.

Agora, 28 anos depois da proeza de Powell, um raio de luz surgiu na história do salto em comprimento. O cubano Juan Miguel Echevarría conseguiu atingir os 8,92 metros, há duas semanas, numa prova em Havana, uma marca supersónica que no entanto não foi contabilizada como a segunda melhor de sempre por ter sido obtida com o vento a favor (3,3 metros por segundo). "Foi um salto muito facilitado pelo vento, quer no salto em si quer na chamada, mas é uma referência que é preciso ter em conta", disse ao DN Carlos Calado, medalha de bronze nos Mundiais de 2001, em Edmonton, e recordista nacional com 8,36 metros.

Echevarría, cubano com raízes bascas, tem apenas 20 anos e entrou para a história do salto em comprimento há um ano, em Birmingham, quando conquistou a medalha de ouro nos Mundiais de pista coberta. Três meses depois atingia os 8,68 metros ao ar livre, no meeting de Bad Langensalza, na Alemanha, naquela que foi a terceira melhor marca registada neste século com o vento regulamentar. "Neste momento, Echevarría é, pelo que já mostrou, o atleta que talvez nos dê mais garantias de que pode chegar ao recorde do mundo", assume Miguel Lucas, treinador de saltos que orientou Carlos Calado, o melhor português de sempre nesta disciplina.

"É um atleta com grandes índices de velocidade e muito bom em termos técnicos. Fez 8,92 metros, não regulamentares, mas por ter sido numa prova em Cuba deixa algumas reservas. Se fizer esta marca nos Estados Unidos ou na Europa, irá torná-lo um grande candidato a bater o recorde de Mike Powell", reforçou Miguel Lucas, enquanto Carlos Calado se mostra esperançado de que Echevarría possa tornar-se "uma espécie de catalisador dos outros atletas", pois considera que "sempre que alguém se destaca os outros estão obrigados a ir atrás para o tentar superar".

Falta de foras de série ou doping?

Mas afinal por que razão o recorde do mundo do salto em comprimento resiste há 28 anos? Carlos Calado está convencido de que a explicação está na "crise de talentos", defendendo que "não há muita consistência" nos resultados dos atletas nesta disciplina.

"No meu tempo, há cerca de 20 anos, para se chegar a uma final era preciso saltar 8,15 metros, mas atualmente isso não é necessário e, como tal, perdeu-se essa competitividade", frisa o recordista nacional, de 43 anos, lamentando que "tenham aparecido poucos atletas fora de série".

Miguel Lucas faz um diagnóstico diferente. "Mike Powell bateu o recorde do mundo em Tóquio, foi numa pista muito rápida... Entretanto soubemos que durante alguns anos foram detetados atletas com doping...", recorda, lembrando que atualmente os controlos do uso de substâncias proibidas "estão cada vez mais apertados". "Não podemos dizer que esses resultados foram obtidos ilegalmente... houve dois foras de série nesta disciplina, Mike Powell e Carl Lewis. Talvez depois deles tenha faltado atletas de grande nível", acrescenta.

Com algumas cautelas em relação a um tema muito sensível como é o doping, o treinador diz que "obviamente não houve um decréscimo do conhecimento do treino e, neste espaço temporal, não se pode dizer que o corpo humano ficou mais fraco". E a realidade mostra que neste século apenas o americano Dwight Phillips (2009) e o panamiano Irving Saladino (2008) superaram a barreira dos 8,70 metros, numa altura em que o passaporte biológico dos atletas ainda estava numa fase embrionária, uma vez só foi adotado pela Agência Mundial Antidoping (WADA) em 2009 e implementado pela Federação Internacional de Atletismo (IAAF) em 2011.

"O que se passa é que nesta altura não há tecnologia ou metodologia capazes de fugir aos controlos. Veja-se o exemplo da interdição dos atletas da Rússia. A questão é que sem aquelas ajudas passou a ser necessário diminuir a intensidade do treino, pois o corpo não é capaz de se regenerar tão rapidamente quanto o desejável", acrescenta Miguel Lucas, fazendo no entanto uma ressalva: "Isto são apenas suposições, mas certo é que em termos estatísticos há mais de 20 anos que não há novos recordes em várias disciplinas do atletismo. Nem têm aparecido resultados que se aproximam e até já se ganharam Jogos Olímpicos com marcas de 8,30 metros no comprimento."

O exemplo de Usain Bolt

Carlos Calado recusa liminarmente o doping como explicação para que os recordes resistam tantos anos. "Não acredito que o maior controlo no combate ao doping seja a explicação para que o recorde de Mike Powell prevaleça", assume, dando de imediato um exemplo: "O Ben Johnson foi apanhado e depois disso apareceu o Usain Bolt e dominou a velocidade." "O doping é uma nuvem negra que existe no atletismo", admite Calado, que defende ser preciso "acreditar no treino".

"Nas disciplinas técnicas essa nuvem não existe tanto como na velocidade ou nos lançamentos", assume, lembrando que ao longo dos tempos "a medicina evoluiu, as pessoas são mais profissionais e os métodos de treinos são melhores", recorrendo a outro exemplo: "No triplo salto, o Nelson Évora, depois das lesões que teve, encontrou um tipo de treino e uma forma de saltar que não são tão desgastantes e mantém-se a alto nível."

Miguel Lucas continua no entanto a acreditar que "é possível chegar aos recordes de forma natural". "O problema é que inverteu-se o ciclo, primeiro chegou-se lá pela via mais fácil, com o suporte do doping, agora procura-se explorar melhor o treino, a suplementação, a monitorização do sono, as cargas físicas, entre outros aspetos tecnológicos."

Contudo, admite que superar o recorde de Mike Powell não será tarefa fácil, mesmo para Juan Miguel Echevarría: "Considero que será mais fácil lá chegar no triplo salto do que no comprimento." Carlos Calado considera que para o cubano conseguir bater a melhor marca de sempre "precisa de que o salto saia na perfeição e tenha todos os fatores a seu favor", acrescentando que nos dias de hoje tudo é calculado ao pormenor: "O treino passou a ser matemático: velocidade versus ângulo de saída para o salto." Na prática, será o trabalho diário que dirá até onde Echevarría poderá chegar.

São 26 recordes do mundo no atletismo que duram há mais de 20 anos, 13 no setor masculino e outros tantos nas competições femininas. O mais antigo foi alcançado a 26 de julho de 1983, em Munique, por Jamila Kratochvilova, que representava a Checoslováquia, na prova dos 800 metros, distância que completou em 1.53,28 minutos. Já passaram 35 anos, sete meses e 25 dias.

O setor feminino é aquele que tem marcas mais antigas, pois existem mais oito recordes que remontam à década de 1980: União Soviética na estafeta 4x800 m, em 1984; Marita Koch (RDA) nos 400 m, em 1985; Natalia Lisovskaya (URSS) no lançamento do peso, em 1987; Stefka Kostadinova (Bulgária) no salto em altura em 1987; Galina Chistyakova (URSS) no salto em comprimento, em 1988; Gabriele Reinsch (RDA) no lançamento do disco, em 1988; e Florence Griffith-Joyner (EUA) nos 100 m e nos 200 m, em 1988.

Entre os homens, o recorde de Mike Powell no salto em comprimento é o quinto mais antigo. Mas o que resiste há mais tempo pertence ao norte-americano Johnny Gray, na prova de 600 m, que em 24 de maio de 1986 completou a distância em 1.12,81 minutos, em Santa Mónica, nos Estados Unidos. Curioso é que a segunda melhor marca de sempre nesta distância foi alcançada há quase três anos pelo queniano David Rudisha, tendo gasto mais de um minuto.

Os outros três recordes mais antigos do que o de Powell no salto em comprimento são dos lançamentos. O do disco dura desde 6 de junho de 1986 e está na posse de Jürgen Schult, da antiga RDA, com 74,08 metros. No martelo, o arremesso de Yuriy Dedykh, em representação da União Soviética, dura desde agosto de 1986, enquanto o americano Randy Barnes se mantém como detentor da melhor marca de sempre no peso, alcançada em maio de 1990.

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Quanto vale um recorde mundial?

Uma medalha de ouro em competições individuais vale um prêmio de US$ 70 mil. Nas provas de revezamento o valor sobre para US$ 80 mil. Todos os finalistas recebem algum tipo de prêmio em dinheiro. Existe ainda um prêmio especial de US$ 100 mil para qualquer atleta que quebrar um recorde mundial durante a competição.