Este artigo vem fazer uma retrospectiva sobre as concep��es e pol�ticas de atendimento de educa��o infantil no Brasil, perpassando por v�rios per�odos hist�ricos. Unitermos: Educa��o Infantil. Brasil. Hist�ria. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires - A�o 19 - N� 192 - Mayo de 2014. http://www.efdeportes.com/
No Brasil escravista, a crian�a escrava entre 6 e 12 anos j� come�a a fazer pequenas atividades como auxiliar. A partir dos 12 anos era vista como adulto tanto para o trabalho quanto para a vida sexual. A crian�a branca, aos 6 anos, era iniciada nos primeiros estudos de l�ngua, gram�tica, matem�tica e boas maneiras e vestia os mesmos trajes dos adultos. As primeiras iniciativas voltadas para a crian�a tiveram um car�ter higienista. O trabalho era realizado por m�dicos e damas beneficentes, e se voltava contra o alto �ndice de mortalidade infantil, que era atribu�da aos nascimentos ileg�timos da uni�o entre escravas e senhores e a falta de educa��o f�sica, moral e intelectual das m�es. Com a Aboli��o e a Proclama��o da Rep�blica, a sociedade abre portas para uma nova sociedade, impregnada de id�ias capitalistas e urbano-industriais. Neste per�odo, o pa�s era dominado pela inten��o de determinados grupos de diminuir a apatia que dominava as esferas governamentais quanto ao problema da crian�a. Segundo Kramer, (1992, p.23), eram objetivos da �poca:
No Brasil, o surgimento das creches foi um pouco diferente do restante do mundo. Enquanto, no mundo, a creche servia para as mulheres terem condi��o de trabalhar nas ind�strias, no Brasil, as creches populares serviam para atender n�o somente os filhos das m�es que trabalhavam na ind�stria, mas tamb�m os filhos das empregadas dom�sticas. As creches populares atendiam somente o que se referia � alimenta��o, higiene e seguran�a f�sica. Eram chamadas de Casa dos Expostos ou Roda. Em 1919, foi criado o Departamento da Crian�a no Brasil, cuja responsabilidade caberia ao Estado, mas foi mantido, na realidade, por doa��es. Esse Departamento possu�a diferentes tarefas: realizar hist�rico sobre a situa��o a prote��o � inf�ncia no Brasil, fomentar iniciativas de amparo � crian�a e � mulher gr�vida pobre, publicar boletins, divulgar conhecimentos, promover congressos, concorrer para a aplica��o das leis de amparo � crian�a, uniformizar as estat�sticas brasileiras sobre a mortalidade infantil. A partir de 1930 com o estudo da situa��o do bem-estar social e acelera��o dos processos de industrializa��o e urbaniza��o, manifestam-se elevados graus de nacionaliza��o das pol�ticas sociais assim como a centraliza��o de poder. Nesse momento, a crian�a passa a ser valorizada como um adulto em potencial, matriz do homem, n�o tendo vida social ativa. A partir dessa concep��o, surgiram v�rios �rg�os de amparo assistencial e jur�dico para a inf�ncia, como o Departamento Nacional da Crian�a em 1940, Instituto Nacional de Assist�ncia em 1942, Projeto Casulo e v�rios outros. O estado de bem-estar social n�o atingiu todos da popula��o da mesma forma, trazendo desenvolvimento e qualidade s� para alguns. A teoria foi muito trabalhada, mas pouco colocada em pr�tica. Neste sentido, as pol�ticas sociais reproduzem o sistema de desigualdades existentes na sociedade. Resumindo esse per�odo, constata-se um governo fortemente centralizado pol�tica e financeiramente, acentuada fragmenta��o institucional, exclus�o da participa��o social e pol�tica nas decis�es, privatiza��es e uso do clientelismo. Na d�cada de 60 e meados de 70 do s�culo XX, tem-se um per�odo de inova��o de pol�ticas sociais nas �reas de educa��o, sa�de, assist�ncia social, previd�ncia, etc. Na educa��o, o n�vel b�sico � obrigat�rio e gratuito, o que consta a Constitui��o. H� a extens�o obrigat�ria para oito anos desse n�vel, em 1971. Neste mesmo ano, a lei 5.692/71 traz o princ�pio de municipaliza��o do ensino fundamental. Contudo, na pr�tica, muitos munic�pios carentes come�am esse processo sem a ajuda do Estado e da Uni�o. Em 1970, ocorre uma crescente evas�o escolar e repet�ncia das crian�as das classes pobres no primeiro grau. Por causa disso, foi institu�da a educa��o pr�-escolar (chamada educa��o compensat�ria) para crian�as de quatro a seis anos para suprir as car�ncias culturais existentes na educa��o familiar da classe baixa. As car�ncias culturais existem porque as fam�lias pobres n�o conseguem oferecer condi��es para um bom desenvolvimento escolar, o que faz com que seus filhos repitam o ano. Faltam-lhes requisitos b�sicos que n�o foram transmitidos por seu meio social e que seriam necess�rios para garantir seu sucesso escolar. E a pr�-escola ir� suprir essas car�ncias. Contudo, essas pr�-escolas n�o possu�am um car�ter formal, pois n�o havia contrata��o de professores qualificados e remunera��o digna para a constru��o de um trabalho pedag�gico s�rio. A m�o-de-obra, que constitu�a as pr�-escolas, era, muitas das vezes, exercida por volunt�rios, que rapidamente desistiam desse trabalho. Pode-se perceber que a educa��o n�o era tratada por um �rg�o somente, era fragmentada. A educa��o se queixava da falta de alimenta��o e das condi��es dif�ceis das crian�as. Nesse quadro, a maioria das creches p�blicas prestava um atendimento de car�ter assistencialista, que consiste na oferta de alimenta��o, higiene e seguran�a f�sica, sendo, muitas vezes, prestado de forma prec�ria e de baixa qualidade, enquanto as creches particulares desenvolviam atividades educativas, voltadas para aspectos cognitivos, emocionais e sociais. Constata-se a exist�ncia de um maior n�mero de creches particulares, devido � privatiza��o e � transfer�ncia de recursos p�blicos para setores privados. Nos anos de 1980, os problemas referentes � educa��o pr�-escolar s�o: aus�ncia de uma pol�tica global e integrada, a falta de coordena��o entre programas educacionais e de sa�de, predomin�ncia do enfoque preparat�rio para o primeiro grau, insufici�ncia de docente qualificado, escassez de programas inovadores e falta da participa��o familiar e da sociedade. Conforme a Constitui��o de 1988, a educa��o pr�-escolar � vista como necess�ria e de direito de todos, al�m de ser dever do Estado e dever� ser integrada ao sistema de ensino, tanto para creches como para escolas. A partir da�, tanto a creche quanto � pr�-escola s�o inclu�das na pol�tica educacional, seguindo uma concep��o pedag�gica, complementando a a��o familiar, e n�o mais assistencialista, passando a ser um dever do Estado e direito da crian�a. Esta perspectiva pedag�gica v� a crian�a como um ser social, hist�rico, pertencente a uma determinada classe social e cultural. Ela desmascara a educa��o compensat�ria, que delega � escola a responsabilidade de resolver os problemas da mis�ria. Por�m, essa descentraliza��o e municipaliza��o do ensino trazem outras dificuldades, como a depend�ncia financeira dos munic�pios ao Estado para resolver a educa��o infantil e prim�ria. O Estado nem sempre repassa o dinheiro necess�rio, deixando o ensino de baixa qualidade, favorecendo as privatiza��es. Com a Constitui��o de 1988, tem-se a constru��o de um regime de coopera��o entre Estados e munic�pios nos servi�os de sa�de e educa��o de primeiro grau. H� a reafirma��o da gratuidade do ensino p�blico em todos os n�veis, al�m de reafirmar serem a creche e a pr�-escola um direito da crian�a de zero a seis anos, a ser garantido como parte do sistema de ensino b�sico. Neste per�odo, o pa�s passa por um per�odo muito dif�cil, pois se aumentam as demandas sociais e diminuem-se os gastos p�blicos e privados com o social. O objetivo dessa redu��o � o encaminhamento de dinheiro p�blico para programas e p�blico-alvo espec�ficos. Com a cria��o do Estatuto da Crian�a e do Adolescente (1990) lei 8.069/90, os munic�pios s�o respons�veis pela inf�ncia e adolesc�ncia, criando as diretrizes municipais de atendimento aos direitos da crian�a e do adolescente e do Conselho Municipal dos Direitos da Crian�a e do Adolescente, criando o Fundo Municipal dos Direitos da Crian�a e do Adolescente e o Conselho Tutelar dos Direitos da Crian�a e do Adolescente. Na d�cada de 90 do s�culo XX, o Estado brasileiro v� na privatiza��o das empresas estatais o caminho para resolver seu problema de d�ficit p�blico, n�o tentando resolver com um projeto mais abrangente de amplia��o industrial. Com essa situa��o, na educa��o, tem-se aumentado a institui��o de programas de tipo compensat�rio, dirigido �s classes carentes. Esse programa requer implementa��o do sistema de parceria com outras institui��es, j� que o Estado est� se retirando de suas fun��es. O atendimento institucional � crian�a pequena, no Brasil e no mundo, apresenta, ao longo da hist�ria, concep��o bastante divergente sobre sua finalidade social. Grande parte dessas institui��es nasceu com o objetivo de atender exclusivamente �s crian�as de baixa renda. O uso de creches e programas de pr�-escolas como estrat�gia para combater a pobreza e resolver os problemas ligados � sobreviv�ncia das crian�as foi, durante muitos anos, justificativa para exist�ncia de atendimento de baixo custo, com aplica��es or�ament�rias insuficientes, escassez de recursos materiais, precariedade de instala��es, forma��es insuficientes de profissionais e altas propor��es de crian�as por adultos. Durante seu percurso hist�rico, a Educa��o Infantil estava voltada para as classes desfavorecidas, principalmente na institui��o mantida e financiada pelo poder p�blico. Isso significou uma atua��o educativa compensat�ria, para sanar as car�ncias das fam�lias desprovidas de recursos econ�micos. A t�nica do trabalho institucional foi pautada por uma vis�o que estigmatizava a popula��o de baixa renda. Nessa perspectiva, o atendimento era entendido como um favor oferecido para poucos e selecionados por crit�rios excludentes. A concep��o educacional era marcada por caracter�sticas assistencialistas, sem considerar as quest�es de cidadania ligadas aos ideais de liberdade e igualdade tidos por todos nas mesmas condi��es. Kramer (1994) afirma: que est�o presentes, hoje, no ide�rio escolar, n�o s� a vis�o de defici�ncia da crian�a das classes populares, da inferioridade de sua cultura como a inadequa��o de sua fam�lia. Esta, precisamente, faz de guarda e prote��o no atendimento � crian�a em fase pr�-escolar que, na maioria das vezes, permanece, at� os dias de hoje, marcada pela inadequa��o das pol�ticas governamentais, que se configura num dos problemas a serem enfrentadas. A concep��o de educa��o compensat�ria adv�m de um entendimento acerca dos fracassos escolares como responsabilidade dos alunos, individualidade ou da cultura, geralmente inferior aos padr�es culturais exigidos pela escola. Por isso, a educa��o compensat�ria � entendida como f�rmula para a expans�o cultural das crian�as originadas de fam�lia pobres. A pobreza econ�mica corresponde � pobreza cultural, sin�nimos e de defici�ncia. Em sua an�lise, Kramer (1992) aposta no surgimento e na expans�o da Educa��o Infantil no bojo de uma abordagem da teoria da priva��o cultural. Inicialmente, de forma esparsa e isolada, entre os s�culos XIX e XX e, posteriormente, de forma massiva, impulsionada pela combina��o dos fatores de depress�o econ�mica dos anos 30 e do p�s-guerra, gerando muito fortalecimento aos programas de educa��o compensat�ria. Para Kramer (1992, p.22)
A Hist�ria da pr�-escola surgiu dentro do esp�rito preparat�rio, ou seja, preparar a crian�a para a primeira s�rie e para a vida escolar. Isso, para reverter o fracasso do ensino de 1� grau que apontava altos �ndices de reprova��o e repet�ncia. O car�ter assistencial de atendimento � crian�a pequena foi, inicialmente, devido � emerg�ncia e desestrutura��o gerada pela guerra. Kuhlmann (1996) investiga, nessa dire��o e traz � an�lise, como resultado, uma articula��o de for�as jur�dicas, empresariais, pol�ticas, m�dicas, pedag�gicas e religiosas, influenciadas por tr�s concep��es:
Kuhlmann (1996) considera o ano de 1899 como o do surgimento de creches, que passaram a ocupar o cen�rio da assist�ncia � Inf�ncia Brasileira, enquanto os Jardins de Inf�ncia eram considerados educativos, tornando-se a principal modalidade de atendimento aos pobres. At� meados de 1920, o atendimento � inf�ncia estava sob a iniciativa particular, isto �, o Estado apoiava, mas n�o propunha as a��es pol�ticas. Foi no 1� Congresso de Prote��o � inf�ncia, de 1922, que se apelou para a iniciativa das autoridades governamentais. Em 19 de novembro de 1930, foi baixado o Decreto n� 10.402, criando o Minist�rio da Educa��o e de Sa�de P�blica, no qual reinavam v�rios setores desmembrados do ent�o Minist�rio da Justi�a dos Neg�cios Interiores. At� os anos 60, os programas de atendimento � inf�ncia s�o marcados pelo assistencialismo; os anos 70 trazem a marca da assist�ncia social, ou seja, atendimento em creches para crian�as menores, enquanto as pol�ticas educacionais come�am a ocupar-se da pr�-escola. O car�ter desses programas � educacional e come�a a ocupar-se da pr�-escola. O car�ter desse programa � a educa��o compensat�ria e a assist�ncia � educa��o de crian�as de zero a seis anos. J� na d�cada de 80, � influenciada por fortes press�es populares, trazendo � tona a for�a dos setores da sociedade civil organizada por seus direitos sociais. Finalmente, cabe abordar a quest�o estabelecida entre educar e assistir/cuidar - a educa��o e assist�ncia devem estar voltadas para uma educa��o emancipat�ria; portanto, � preciso incluir os aspectos legais que atualmente orientam as pol�ticas para Educa��o Infantil, compreendendo os avan�os assimilados dessa elabora��o. Mas, aspectos conservadores s�o de extrema relev�ncia. A grande marca do s�culo XX, em termos de pol�ticas de atendimento � faixa infantil, no Brasil, foi o conjunto desses fatores que desencadeou um movimento da sociedade civil e de �rg�os governamentais para que o atendimento �s crian�as de zero a seis anos fosse reconhecido na Constitui��o Federal de 1988. A partir de ent�o, a Educa��o Infantil em creches e pr�-escolas passou a ser, sob mesmo ponto de vista legal, um dever do Estado e um direito da crian�a (artigo 208, inciso IV). O Estatuto da Crian�a e do Adolescente, (1990) destaca, tamb�m, o direito da crian�a a esse atendimento a educa��o infantil. No que se refere �s contribui��es dos munic�pios, � definida como priorit�ria, ao lado da educa��o elementar. Em seu artigo 211, par�grafo 2�, a Se��o sobre educa��o determina que os Munic�pios atuem prioritariamente no Ensino Fundamental e pr�-escolar. A prioridade � refor�ada quando diz respeito aos percentuais m�nimos da receita de impostos que devem ser destinados ao ensino pela Uni�o � 18% - e pelos Estados e Munic�pios � 25% (art. 212). O artigo 209, incisos I e II da Constitui��o Federal de 1988, submete a iniciativa privada ao cumprimento das normas gerais da educa��o nacional e a autoriza��o e avalia��o da qualidade pelo Poder P�blico. Assim, todas as institui��es educacionais que atendem crian�as de 0 a 6 anos devem ser objeto de supervis�o e fiscaliza��o oficiais. � de compet�ncia comum � Uni�o, aos Estados, Munic�pios e ao Distrito Federal proporcionar os meios de acesso � cultura, educa��o e ci�ncia (art.23, incis, o V) e destes, inclusive, os munic�pios devem, legislar sobre educa��o e prote��o � inf�ncia (art. 24 inciso IX e XV).
O item que se refere ao direito das presidi�rias de amamentarem seus filhos (t�tulo II, cap�tulo I, art. 5�, inciso I) refor�a a inten��o da constitui��o de atender � inf�ncia com destaque maior do que a legisla��o anterior. Um aspecto importante da inclus�o do atendimento � inf�ncia na �rea de Seguridade Social � que ela garante um suporte nos recursos que poder�o ser somados �s verbas da �rea de educa��o para a implanta��o de pol�ticas voltadas para a crian�a. No par�grafo 4�, do art. 212, da Constitui��o Federal de 1988, sobre os programas assistenciais inseridos no sistema educacional, tais como os programas de alimenta��o e assist�ncia � sa�de, podem ser estendidos �s creches e pr�-escolas. O par�grafo define que tais programas ser�o financiados com recursos provenientes de contribui��es sociais e recursos or�ament�rios. Grande parte dos programas existentes da creche e da pr�-escola funciona atrav�s de repasses de verbas para entidades privadas. Portanto, a possibilidade de repasse de verbas tem representado uma evas�o consider�vel dos recursos p�blicos dispon�veis para a educa��o, desvalorizando a rede p�blica. O art.227, da Constitui��o Federal de 1988, define mais abrangentemente os direitos da inf�ncia brasileira:
A promulga��o da nova Carta prev� a necessidade de elaborar legisla��o complementar, formular pol�ticas sociais, estabelecer prioridades or�ament�rias e expandir o atendimento em creches e pr�-escolas. A Lei de Diretrizes e Bases da Educa��o Nacional, Lei n� 9.394, promulgada em dezembro de 1996, estabelece, de forma incisiva, o v�nculo entre o atendimento �s crian�as de zero a seis anos e � educa��o. Aparecem, ao longo do texto, diversas refer�ncias espec�ficas � Educa��o Infantil. Aos sistemas municipais de ensino compete o cuidado necess�rio para a institucionaliza��o da educa��o infantil em seus respectivos territ�rios, para que as creches e escolas se enquadrem, no prazo m�ximo de tr�s anos (art. 89), nas normas da LDB, 9.394/96, isto �, componham o 1� n�vel da educa��o b�sica (exig�ncia do inciso I, art. 21), providenciando sua autoriza��o e exigindo de seus professores a habilita��o legal em curso normal ou de n�vel superior (art. 62). Segundo o Referencial Curricular Nacional de Educa��o Infantil (1998), a educa��o infantil � considerada a primeira etapa da educa��o b�sica (t�tulo V, cap�tulo II, se��o II, art. 29), tendo como base o desenvolvimento integral da crian�a at� os seis anos de idade. Conforme o t�tulo III, do direito � Educa��o e do Dever de Educar, art. 4�[...] Atendimento gratuito, em creches, para crian�as de zero a tr�s anos como as pr�-escolas para as de quatro a seis anos, s�o consideradas como institui��es de Educa��o Infantil. A distin��o entre ambas � feita apenas pelo crit�rio de faixa et�ria Sabe-se que, agora, o documento no singular-referencial, apresenta-se como uma das perspectivas poss�veis de se pensar a educa��o infantil. Mas o Referencial Curricular Nacional trouxe um grande impacto. A ampla distribui��o de centenas de milhares de exemplares �s pessoas que trabalham com esse n�vel educacional mostra o poder econ�mico do Minist�rio da Educa��o e seus interesses pol�ticos, muito mais voltados para os futuros resultados eleitorais, do que preocupados com a realidade das institui��es. Significa, de fato, a concretiza��o de uma proposta que se torna hegem�nica, como se fosse �nica, desconsiderando a realidade s�cio-cultural onde a educa��o se d� concretamente. Essas reflex�es mostram que a institui��o pode ser educacional e adotar pr�ticas e cuidados que ocorrem no interior da fam�lia, sem precisar escorar-se em uma divis�o disciplinar que compartimenta a crian�a. A institui��o pode ser escolar e compreender que, para a crian�a pequena, a vida � algo que se experimenta por inteiro, sem divis�es hierarquizadas. Que, para ela, a amplia��o de seu universo cultural, o conhecimento do mundo, ocorre na constitui��o de sua identidade e autonomia, no interior de seu desenvolvimento pessoal, diferente da segmenta��o que a proposta curricular nacional prop�e. � necess�rio faz�-lo, na pr�tica, como ela � na sua ess�ncia, envolvendo o afeto, o prazer e o desprazer, a fantasia, o brincar e o movimento, a poesia, as ci�ncias, as artes visuais e dram�ticas, a linguagem oral e escrita, a m�sica e a matem�tica. Para ela, todas as formas de linguagem devem ser respeitadas e desenvolvidas, de acordo com suas necessidades cognitivas, sociais e culturais. A Educa��o Infantil � a primeira etapa da educa��o b�sica. Tem como finalidade o desenvolvimento integral da crian�a at� seis anos de idade, art. 29 da LDB 9.394/96.
Para fazer frente a essas exig�ncias legais para a profissionaliza��o docente dos educadores da Educa��o Infantil, inclusive aqueles que, no momento, s�o leigos dever� haver intensa mobiliza��o das Universidades P�blicas e Privadas, Institutos Superiores de Educa��o, Escolas Normais de N�vel M�dio, Secretarias, Conselhos e F�runs de Educa��o na cria��o de estrat�gias de colabora��o, entre os v�rios sistemas, possibilitando a habilita��o dos profissionais, dentro dos par�metros legais. As propostas pedag�gicas das institui��es de Educa��o Infantil devem ser criadas, coordenadas, supervisionadas e avaliadas por educadores, que tenham, pelo menos, o Diploma de Curso de Forma��o de Professores, mesmo que da equipe dos profissionais participem outros das Ci�ncias Humanas, Sociais e Exatas, assim como familiares das crian�as. Da dire��o das Institui��es de Educa��o Infantil deve participar, necessariamente, um educador com, no m�nimo, o Curso de Forma��o de Professores. Segundo o Referencial Curricular Nacional de Educa��o Infantil (2001), a implementa��o de uma proposta curricular de qualidade depende, principalmente, dos professores que trabalham nas institui��es. Para ARRIBAS (2004, p. 32).
Diante disso, tem-se a certeza de que, para ser um bom professor, n�o basta apenas ter a forma��o exigida por lei, � necess�rio estar em constante forma��o. Os professores de Educa��o Infantil devem estar comprometidos com a pr�tica educacional e, por isso, precisam estar preparados para assumir essa responsabilidade, considerando que � a etapa mais importante da vida do ser humano, pois � nesta fase da vida que a pessoa constr�i a sua personalidade, e muito vai depender da interven��o do educador. Segundo Franco (1995, p. 61).
Considerando o que o autor diz, ressalta-se a import�ncia de os profissionais que trabalham com crian�as, conhecerem o desenvolvimento infantil, para que possam fazer interven��es pertinentes, quando necess�rio. A crian�a s� chega ao m�ximo do seu desenvolvimento, quando bem orientada e isso muito depende das intera��es estabelecidas ao logo do caminho. Os professores que trabalham com Educa��o Infantil, devem realizar constantes reflex�es sobre o que fazem, por que fazem e recorrer a determinados referenciais, que os guiem, fundamentem e justifiquem sua atua��o. De acordo com Sol� e Coll (2003, p. 12)
S�o necess�rias teorias que forne�am instrumentos de an�lise e reflex�o sobre a pr�tica pedag�gica de modo a enriquecer o conhecimento do docente, principalmente sobre como se aprende e como se ensina. O professor de Educa��o Infantil precisa quebrar os seus paradigmas e pr�-conceitos, para entender e atender as diversidades dos seus alunos. Ele precisa estar preparado e ser flex�vel a fim de, conduzir as diversas situa��es que surgem no dia-a-dia, na sala de aula. Muitas vezes o seu planejamento precisa ser modificado ou conduzido de outra forma, para atender os interesses dos alunos, ou at�, devido ao surgimento de imprevistos. O docente deve, quando da elabora��o do seu plano de aula, saber dosar o tempo das atividades e trabalhar de uma forma l�dica, atrav�s de jogos, m�sica, dramatiza��o, quebra-cabe�as e utilizar sempre o material concreto, pois assim o aluno poder� entender como acontece o processo tornando assim, o aprendizado mais significativo para o ele. O papel do professor de Educa��o Infantil deve ser de observador, questionador, conhecer o seu aluno e ter sensibilidade para interpretar as mensagens, tanto impl�citas como expl�citas que o aluno apresenta e tamb�m deve saber ouvir, ter paci�ncia e acima de tudo ser muito afetuoso com seus alunos, criando um clima de respeito entre ambos de uma forma afetuosa. O profissional que trabalha nas institui��es de Educa��o Infantil precisa ter profundo conhecimento sobre o desenvolvimento infantil para poder entender cada fase da crian�a, como ela se comporta em cada fase e de que maneira poder� fazer as interven��es e estimula��o das mesmas. Os mesmos devem estar sempre motivados para interagir junto com as crian�as, em todos os momentos que estiver com elas, seja nas atividades dirigidas ou livres, e estar disposto a participar com os alunos, pois � nesta fase que a crian�a necessita de atividades com movimento, ou seja, pular, correr, enfim, desenvolver a coordena��o motora ampla, pois se esta for estimulada consequentemente aumentar� a sua capacidade cognitiva. Refer�ncias
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Como era a educação infantil na Revolução Industrial?O trabalho infantil foi uma das características mais marcantes da Revolução Industrial. A concepção era de que as crianças pobres deveriam trabalhar, porque o trabalho protege do crime e da marginalidade, uma vez que o espaço fabril era concebido em oposição ao espaço de rua, considerado desorganizado e desregulado.
Qual a finalidade das creche logo após a Revolução Industrial?Explicação: As creches eram responsáveis por cuidar das crianças enquanto seus pais trabalhavam, possibilitando o bom funcionamento do sistema industrial, já que o proletariado teria condições de ir ao trabalho.
Como foi o surgimento das creches?As primeiras creches surgiram no século XIX na Europa e no início do século XX no Brasil, precedidas pela estruturação do capitalismo, a crescente urbanização e a Page 2 necessidade de reprodução da força de trabalho composta por seres capazes, nutridos, higiênicos e sem doenças.
Para que surgiram as creches?As conclusões foram as de que a creche tinha como finalidade: · Combater a pobreza e a mortalidade infantil; · Atender os filhos da trabalhadora, mas com uma prática que reforçava o lugar da mulher no lar e com os filhos; · Promover a ideologia da família.
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