Qual a importância do cuidado de enfermagem para o paciente família e sociedade?

A base familiar é importante para a educação e desenvolvimento do ser humano

Qual a importância do cuidado de enfermagem para o paciente família e sociedade?
É muito difícil pensar a nossa sociedade sem a noção de família tendo em vista que ela é a base de tudo é um sistema onde se conjugam valores, crenças, conhecimentos e práticas, formando um modelo explicativo de bem estar, através do qual a família desenvolve sua dinâmica de funcionamento, promovendo e otimizando a vida, Ela é considerada a mais importante células de todos os grupos sociais, pois é através dela que aprendemos a perceber o mundo e nos situarmos nele. É através da família que formamos nossa identidade social, a base do processo da socialização.

Partindo do pressuposto que “A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado” e que “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão” segundo a Constituição Federal, vemos que a família é o esteio para a formação do indivíduo.

Deste modo, independentemente se a família é biológica ou não, há a necessidade em se ter uma, pois ela é a base, que educa, protege e acolhe, é a fonte principal no desenvolvimento do ser humano. 

Sabe-se que ser pai ou mãe pode ser um dos maiores desafios que a vida apresenta e nem sempre aqueles que o são, ou vão ser, se sentem preparados para tal experiência. Para além de alimentar, lavar e cuidar da criança, o papel parental passa também por proporcionar a proteção, educação e afeto necessários a um desenvolvimento saudável e equilibrado.

Na família, podemos encontrar a força de um relacionamento que é determinada pela disposição dos seus membros em compartilharem seus sentimentos e de permanecerem abertos um para o outro.

 A família não nasce pronta, constrói-se aos poucos, e é o melhor laboratório do amor. Em casa, entre pais e filhos, pode-se aprender a amar, pode-se experimentar com profundidade a grande aventura de amar sem medo. A família pode e deve ser o ambiente mais apropriado para uma maravilhosa experiência de amor.

A família deve ser vista como parte responsável pela saúde de seus membros, necessitando ser ouvida, valorizada e estimulada a participar em todo o processo de cuidar/curar, pois Ela é a principal produtora de saúde.

A importância da família enquanto elemento socializador fundamental e agência formadora do indivíduo em seus aspectos sociais, afetivos e educativos é reconhecida em vários trabalhos e campos do saber.

Introdu��o

A pertin�ncia das fam�lias nos cuidados de sa�de tem levado � implementa��o de pol�ticas de sa�de, que assumem o compromisso de integrar as fam�lias nos cuidados de sa�de, com o objetivo de promover e manter a sa�de familiar. Em Portugal, o reconhecimento da relev�ncia da fam�lia nos cuidados de sa�de levou � regulamenta��o das compet�ncias espec�ficas do enfermeiro especialista em enfermagem de sa�de familiar, que suporta a import�ncia de termos profissionais de enfermagem com forma��o especializada para trabalhar com as fam�lias (Silva et al., 2013). Consideramos que a conceptualiza��o dos cuidados de enfermagem face � fam�lia, tendo-a como foco de aten��o, se poder� desenvolver quer ao n�vel dos cuidados de sa�de prim�rios, quer em contexto hospitalar, pois � fundamental que os cuidados de enfermagem sejam centrados na fam�lia, independentemente do contexto cl�nico em que os mesmos se desenvolvem (Fernandes et al., 2015).

A rela��o entre enfermeiros e familiares � central para a qualidade da pr�tica cl�nica em enfermagem, e s�o hoje v�rias as investiga��es que procuram perceber a import�ncia atribu�da � fam�lia pelos enfermeiros e de que forma a valoriza��o da fam�lia por parte destes profissionais, determina o sucesso dos cuidados de enfermagem prestados (Hagedoorn et al., 2017; �stergaard et al., 2020).

As atitudes dos enfermeiros em rela��o ao envolvimento da fam�lia afetam a sua disposi��o de interagir e envolver as fam�lias no cuidado em enfermagem, e o conhecimento das atitudes dos enfermeiros face � fam�lia ajuda-nos a compreender de que forma os enfermeiros contextualizam o indiv�duo e os seus processos de sa�de ou doen�a, no seio do seu contexto familiar. Por outro lado, permitem ao enfermeiro conhecer as for�as que a fam�lia det�m, de modo a que, em conjunto e num trabalho de parceria, consigam planear interven��es que v�o ao encontro das necessidades da fam�lia.

Apesar das evid�ncias cient�ficas revelarem uma atitude favor�vel dos enfermeiros em rela��o � import�ncia dada � fam�lia nos cuidados de enfermagem, na pr�tica, as interven��es de enfermagem �s fam�lias, em especial em ambiente hospitalar, s�o em n�mero reduzido (Fernandes et al., 2015).

A resist�ncia � integra��o das fam�lias nos cuidados de enfermagem deve ser desconstru�da, pois � de extrema import�ncia que os cuidados de enfermagem sejam centrados na fam�lia, desenvolvendo-se uma parceria de cuidados, que exige ao enfermeiro uma mudan�a de atitude, que leve ao entendimento do mesmo sobre a import�ncia de integrar as fam�lias no processo de cuidar. Segundo Henriques e Santos (2019), � necess�rio dotar os enfermeiros de conhecimentos e compet�ncias que possibilitem o conhecimento e compreens�o das din�micas internas da fam�lia.

Compreender a perspetiva dos enfermeiros e estudantes de enfermagem em rela��o � integra��o das fam�lias no processo de cuidar permitir-nos-� conhecer qual o caminho que h� a percorrer na ci�ncia de enfermagem, para que a integra��o das fam�lias nos cuidados de enfermagem, seja uma realidade efetiva em todas as �reas de atua��o do enfermeiro, independentemente da sua �rea de especialidade.

Assim, o objetivo desta investiga��o visa: identificar e descrever a perspetiva dos enfermeiros e estudantes de enfermagem, acerca da import�ncia da integra��o das fam�lias, na presta��o de cuidados de enfermagem.

Enquadramento

A Ordem dos Enfermeiros (2011, p. 6), define fam�lia com sendo

um grupo de seres humanos, vistos como unidade social ou um todo coletivo, composta por elementos ligados atrav�s da consanguinidade, afinidade emocional ou parentesco legal, sendo vista para al�m dos indiv�duos e da sua rela��o sangu�nea de parentesco, rela��o emocional ou legal, incluindo pessoas relevantes para o utente, que constituem partes do grupo.

Existem v�rios pap�is na estrutura familiar, os pap�is familiares surgem e modificam-se para ajudar as fam�lias a realizarem as transi��es para novos est�dios ao longo da sua vida e para satisfazerem as suas necessidades em cada est�dio (Dias, 2011).

A unidade de suporte a todos aqueles que carecem de cuidados, sejam crian�as, jovens, adultos ou idosos, em Portugal � a fam�lia.

O conceito de enfermagem de sa�de familiar envolve tr�s conceitos que dizem respeito ao indiv�duo, � fam�lia e � comunidade, com o objetivo centrado na promo��o da sa�de familiar. Os enfermeiros de sa�de familiar procuram ajudar as fam�lias a identificar os seus problemas, mobilizar as estrat�gias de coping e os recursos necess�rios, sejam estes a n�vel individual ou coletivo (Hagedoorn et al., 2017).

Os cuidados de enfermagem � fam�lia devem centrar-se na intera��o entre enfermeiro e fam�lia, implicando a cria��o de uma rela��o interpessoal significativa e terap�utica. O enfermeiro deve reconhecer a fam�lia como sujeito do seu processo de viver e de se cuidar, com direitos e deveres. Cabe ao enfermeiro a responsabilidade de ouvir, ser sens�vel, estar presente, comprometer-se, lutar, respeitar e garantir os direitos da fam�lia nos servi�os de sa�de; deve tamb�m participar na elabora��o e implementa��o de pol�ticas e programas de sa�de que visam a sa�de e o bem-estar das fam�lias (Cossette et al., 2016). Por outro lado, o modelo de parceria de cuidados, onde se procura envolver a fam�lia nos cuidados de enfermagem, deve ser adequadamente conceptualizado e aplicado pelo enfermeiro, j� que o profissional por um lado n�o dever� sentir-se amea�ado pela presen�a do familiar, por outro, o familiar n�o deve ser visto como um elemento que vai substituir algumas das suas fun��es. Os enfermeiros, independentemente da �rea de especialidade, devem estar habilitados e mostrarem-se capazes de envolver as fam�lias em todos os dom�nios da sua pr�tica cl�nica, promovendo a capacita��o e empoderamento da fam�lia na resolu��o dos seus problemas.

Para que a integra��o das fam�lias no processo de cuidar seja uma realidade, � necess�rio que os cuidados de enfermagem sejam centrados na fam�lia, numa parceria de cuidados, o que obriga a uma mudan�a de perspetiva e atitude dos enfermeiros (Fernandes et al., 2015).

Os enfermeiros que mostram atitudes mais favor�veis face ao envolvimento das fam�lias nos cuidados sabem que a rela��o rec�proca entre enfermeiro e fam�lia � fundamental. Neste sentido, o enfermeiro deve procurar preparar e capacitar a fam�lia na presta��o e envolvimento nos cuidados de coopera��o, de forma a obter uma maior qualidade nos cuidados prestados (Kholiaf et al., 2018). Para Lozano et al. (2019), as interven��es de enfermagem que visam capacitar a fam�lia na presta��o e envolvimento em cuidados de colabora��o devem centrar-se em dar seguran�a, aumentar a proximidade do doente e da fam�lia/pessoa significativa, tratar de informa��o, facilitar o conforto e refor�ar o apoio.

Um estudo realizado por Fernandes et al. (2015), que se debru�ou sobre as atitudes dos enfermeiros perante a inclus�o das fam�lias nos cuidados de enfermagem, revela que grande parte dos enfermeiros portugueses que trabalham nos cuidados de sa�de diferenciados tem uma atitude positiva para com as fam�lias, o que representa um indicador favor�vel para a integra��o das fam�lias no processo de cuidados, no entanto, as interven��es de enfermagem �s fam�lias em ambientes hospitalares s�o diminutas, privilegiando a fam�lia como contexto e n�o como foco. O mesmo estudo conclui que os enfermeiros devem ter conhecimentos e compet�ncias para avaliar e intervir na fam�lia. Neste sentido, Santos (2012) considera que o modelo de avalia��o familiar de Calgary possibilita que os enfermeiros realizem uma avalia��o familiar rigorosa, levando � identifica��o das necessidades de interven��o de cada fam�lia.

Quest�o de Investiga��o/Hip�teses

Qual a perspetiva dos enfermeiros e estudantes de enfermagem sobre a import�ncia da integra��o das fam�lias nos cuidados de enfermagem?

H1 - Existem diferen�as estatisticamente significativas entre as vari�veis: idade, anos de experi�ncia profissional, sexo, categoria profissional, escolaridade, forma��o na �rea da fam�lia e a import�ncia da integra��o das fam�lias nos cuidados de enfermagem.

Metodologia

Primeiramente foi realizada uma revis�o integrativa da literatura, partindo da quest�o: Qual � a perspetiva dos enfermeiros e estudantes de enfermagem (P - participantes), acerca da import�ncia da integra��o das fam�lias na presta��o de cuidados de enfermagem (I – fen�meno de interesse), ao n�vel do contexto hospitalar ou dos cuidados de sa�de prim�rios (Co – contexto)?, utilizando como descritores families and nursing care and nurses or nursing students, de forma a percebermos os estudos existentes neste dom�nio datados entre 2015 a 2020. Verificou-se a exist�ncia de diminutos estudos de investiga��o nesta �rea, em Portugal e no mundo, j� que percorrendo as bases de dados da SciELO, e as bases de dados que integram a EBSCOhost� (MEDLINE, CINAHL, Cochrane, Health Technology Assessments, MedicLatina, and Psychology and Behavioral Sciences Collection) e a Web of Science, foram encontrados 601 estudos, sendo que somente 223 se aproximavam da tem�tica em estudo. Verificou-se que a maioria destes estudos diziam respeito � enfermagem de sa�de infantil e pedi�trica, onde a parceria de cuidados entre fam�lia/enfermeiros � muito presente. No que concerne � perspetiva dos estudantes sobre a import�ncia da integra��o das fam�lias nos cuidados de enfermagem, foram encontrados 10 estudos que de alguma forma tocavam nesta tem�tica.

Posteriormente, foi realizado um estudo transversal entre 2019 e 2020, a uma popula��o (N = 164) de enfermeiros e estudantes de enfermagem a trabalhar e/ou a estudar na regi�o centro de Portugal. Como crit�rios de inclus�o no estudo temos: enfermeiros na pr�tica cl�nica em Portugal (a exercer nos cuidados de sa�de prim�rios ou em cuidados de sa�de diferenciados); estudantes de enfermagem no �ltimo ano do curso de licenciatura em enfermagem em Portugal.

Na realiza��o do estudo foram respeitados todos os preceitos �ticos de acordo com a Declara��o de Hels�nquia, nomeadamente a assinatura do consentimento informado e esclarecido de todos os indiv�duos que participaram neste estudo. O estudo foi aprovado pela Comiss�o de �tica da Unidade de Investiga��o em Ci�ncias da Sa�de: Enfermagem da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (Parecer 561/02-2019).

A escala utilizada na recolha da informa��o foi a escala Families’ Importance in Nursing Care - Nurses’ Attitudes (FINC-NA; Benzein et al., 2008) scale. � uma escala de autopreenchimento, composta por 26 itens que utiliza uma escala de concord�ncia de estrutura tipo Likert (quatro op��es) a variar entre discordo completamente (1 ponto) at� concordo completamente (4 pontos), o que significa que a vari�vel dependente Import�ncia atribu�da � fam�lia pode variar entre um score m�nimo de 26 e um score m�ximo 104 pontos. No Fator 3 desta escala, os itens s�o invertidos para que a maior pontua��o corresponda a uma maior import�ncia atribu�da � fam�lia. A escala foi validada para a popula��o portuguesa por Oliveira et al. (2011), tendo apresentado um alfa de Cronbach total de 0,87, de 0,90 no fator 1, de 0,84 no fator 2 e de 0,49 no fator 3.

A an�lise dos dados foi feita com recurso � vers�o 23.0 do IBM SPSS Statistics. Foi feita a an�lise descritiva das principias vari�veis independentes: Idade, Anos de servi�o, Sexo, Escolaridade, Categoria profissional, e Forma��o na �rea da fam�lia. De seguida, � caracterizada a vari�vel dependente Import�ncia da fam�lia nos cuidados de enfermagem.

Com o objetivo de testar a normalidade da amostra, foi utilizado o teste Kolmogorov-Smirnov, teste de elei��o em situa��es em que a amostra � superior a 50 elementos, o que revelou uma distribui��o normal das vari�veis dependentes em estudo (Tabela 1). Os intervalos de confian�a foram definidos a 95%. Procedeu-se � an�lise inferencial das vari�veis independentes sobre a vari�vel dependente.

Tabela 1

Teste da Normalidade

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Nota. a = Correla��o de Signific�ncia de Lilliefors; df = degrees of freedom (graus de liberdade).

Foram utilizados testes param�tricos, nomeadamente teste t Student e Anova com an�lise de compara��o m�ltipla de Tukey. Para predizer a poss�vel associa��o das vari�veis independentes � vari�vel dependente Import�ncia atribu�da � fam�lia na presta��o dos cuidados de enfermagem foram utilizados modelos de regress�o linear simples e m�ltipla, com o respetivo estudo de colinearidade atrav�s da estat�stica de Durbin-Watson e a an�lise dos respetivos res�duos.

Resultados

A aplica��o da escala FINC-NA obteve, na amostra estudada, um alfa de Cronbach total de 0,891. No fator 1 o alfa de Cronbach foi de 0,870, no Factor 2 de 0,821 e no factor 3 de 0,651.

Carateriza��o da amostra

A amostra foi constitu�da por 164 indiv�duos, em que 71 eram j� profissionais (43,29%) e 93 estudantes de enfermagem (56,70%). A m�dia de idade foi de 41,93 anos, no 1� grupo com uma varia��o entre os 22 e os 58 anos de idades e de 20,40 anos no segundo grupo, com uma varia��o entre 18,89 e 22,77 anos de idade, respetivamente. O tempo de exerc�cio profissional m�dio foi de 18,63 anos para os profissionais, uma vez que os estudantes nunca trabalharam. A maioria dos indiv�duos � do sexo feminino. A escolaridade foi o 12� ano para os estudantes e para os profissionais repartiu-se entre a licenciatura, o mestrado e o doutoramento, sendo o maior grupo composto pelos licenciados (47/71; 66,19%), existindo apenas dois doutorados. Dos enfermeiros que participaram no estudo, 53 exerciam fun��es em unidades de cuidados de sa�de prim�rios (53/71; 74,65%) e 18 enfermeiros exerciam fun��es em unidades de cuidados de sa�de diferenciados (18/71, 25,35%). Do total da amostra, no que concerne aos enfermeiros, 33 (20,21%) referem n�o ter tido qualquer forma��o na �rea da enfermagem de fam�lia (Tabela 2).

Tabela 2

Caracteriza��o das diferentes vari�veis independentes

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Caracteriza��o da vari�vel dependente Import�ncia atribu�da � fam�lia

A vari�vel Import�ncia atribu�da � fam�lia apresenta um intervalo de varia��o que varia entre os 45 e 100 pontos avaliados pela escala FINC-NA. Dos seus resultados, 90% situam-se entre o percentil 5 (71 pontos) e o percentil 95 (95,750 pontos), sendo que 50% encontram-se entre o percentil 25 e 75 (intervalo de varia��o 77 - 89 pontos).

A m�dia da import�ncia atribu�da � fam�lia foi maior nos estudantes de enfermagem (m�dia = 83,776 pontos) relativamente aos enfermeiros (m�dia = 80,605 pontos), sendo que a diferen�a entre os dois grupos � estatisticamente significativa (p ≤ 0,023). Quando avaliamos a import�ncia atribu�da � fam�lia nas diferentes dimens�es da escala FINC-NA, verificamos que existem diferen�as estatisticamente significativas entre os dois grupos em estudo, estudantes de enfermagem (m�dia = 11, 215 pontos) e enfermeiros (m�dia = 8,831 pontos) apenas no fator 3, Fam�lia como um fardo, da Escala FINC_NA (p ≤ 0,001), onde a import�ncia atribu�da � fam�lia � maior tamb�m nos estudantes de enfermagem (Tabela 3).

Tabela 3

Import�ncia atribu�da � fam�lia nos cuidados de enfermagem

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Potenciais vari�veis associadas � import�ncia atribu�da � fam�lia nos cuidados de enfermagem

Na an�lise de regress�o linear univariada as vari�veis: Idade, Anos de experi�ncia profissional e Forma��o na �rea da fam�lia parecem estar associadas � import�ncia atribu�da � fam�lia na presta��o de cuidados de enfermagem (p ≤ 0,05).

O modelo interm�dio onde s�o colocadas no modelo apenas as vari�veis significativas na an�lise univariada n�o revela nenhuma associa��o significativa, embora a vari�vel Forma��o na �rea da fam�lia apresente valores bordeline (p = 0,098).

O modelo de regress�o linear m�ltipla associa a vari�vel Idade (p = 0,036) e a vari�vel Anos de experi�ncia profissional (p = 0,017) � import�ncia atribu�da � fam�lia na presta��o de cuidados de enfermagem pelos enfermeiros e estudantes de enfermagem como podemos ver da an�lise da Tabela 4.

Tabela 4

Modelo de regress�o linear para predizer fatores associados � import�ncia atribu�da � fam�lia na presta��o de cuidados de enfermagem pelos enfermeiros e estudantes de enfermagem

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Discuss�o

O Conselho Internacional de Enfermeiros (2006) entende que a fam�lia � um conjunto de pessoas visto como uma unidade social ou um todo coletivo, constitu�da por membros ligados por consanguinidade, afinidade emocional ou parentesco legal, incluindo pessoas importantes para o utente.

Dos dados por n�s obtidos importa real�ar que fizeram parte deste estudo 71 profissionais de enfermagem e 93 estudantes de enfermagem. No que concerne aos enfermeiros o tempo de exerc�cio profissional m�dio foi de 18,63 anos, em que 66,19% s�o licenciados, e 20,23% indicam-nos que n�o teve qualquer forma��o na �rea da enfermagem de fam�lia. Os dados da caracteriza��o da amostra v�o ao encontro do estudo de Santos (2012), em que as idades dos participantes oscilaram entre os 24 e os 43 anos, com uma m�dia de 33,8 anos e o tempo de exerc�cio profissional variou entre 1 e 22 anos de exerc�cio profissional, no entanto, neste estudo os enfermeiros integraram um programa de interven��o educativa sobre a abordagem sist�mica do cuidados � fam�lia, segundo o modelo de avalia��o e interven��o de Calgary, o que evidencia o efeito positivo da forma��o sobre a mudan�a de atitude dos enfermeiros em rela��o � integra��o das fam�lias nos cuidados. No estudo de Apolin�rio (2012), foi tamb�m evidente a falta de conhecimentos dos enfermeiros no dom�nio da sa�de familiar, em que a maioria dos participantes do seu estudo enfatiza a necessidade de programas de forma��o na �rea da enfermagem de sa�de familiar. Tamb�m Henriques e Santos (2019) consideram a import�ncia de investir em programas de interven��o que permitam prover nos enfermeiros conhecimentos e habilidades t�cnicas necess�rias para a presta��o de cuidados � fam�lia como foco de aten��o, independentemente do contexto laboral dos enfermeiros.

Relativamente � Import�ncia atribu�da � fam�lia, verificou-se que esta foi maior nos estudantes de enfermagem relativamente aos enfermeiros, sendo a diferen�a entre os dois grupos, estatisticamente significativa. Tamb�m para o fator 3 da escala, Fam�lia como um fardo, a import�ncia atribu�da � fam�lia � maior nos estudantes de enfermagem em rela��o aos enfermeiros, sendo esta rela��o estatisticamente significativa. Consideramos estes dados extremamente importantes, n�o nos sendo poss�vel comparar com nenhum trabalho de investiga��o onde se colocassem lado a lado estudantes e profissionais de enfermagem. No entanto, se por um lado sabemos e conhecemos o esfor�o que atualmente os acad�micos de enfermagem em Portugal fazem junto dos seus estudantes para o envolvimento da fam�lia nos cuidados de enfermagem, procurando apropriar o estudante de conhecimentos cient�ficos e t�cnicos para trabalhar com e para as fam�lias, no estudo de Pires (2016) foi poss�vel verificar, utilizando o mesmo instrumento de medida que foi aplicado neste estudo, que os enfermeiros invocam elevada concord�ncia face ao envolvimento da fam�lia nos cuidados de enfermagem, indo ao encontro dos estudos desenvolvidos por Alves (2011), �ngelo et al. (2014), Fernandes et al. (2015) e Silva et al. (2013), em que os enfermeiros revelam atitudes positivas face � import�ncia da integra��o da fam�lia nos cuidados de enfermagem, tida recurso positivo para o profissional de enfermagem.

Face �s potenciais vari�veis associadas � import�ncia atribu�da � fam�lia nos cuidados de enfermagem, verificou-se que a idade, anos de exerc�cio profissional e forma��o na �rea da fam�lia parecem estar associadas � import�ncia atribu�da � fam�lia na presta��o de cuidados de enfermagem. Assim, quanto maior a idade, os anos de exerc�cio profissional e a forma��o na �rea da fam�lia, maior a import�ncia atribu�da � fam�lia nos cuidados de enfermagem. Os dados por n�s encontrados n�o corroboram com a investiga��o de Pires (2016), em que se observou que n�o existem rela��es estat�sticas significativas nas dimens�es desta escala com as vari�veis: idade, experi�ncia profissional, forma��o profissional e forma��o em enfermagem de fam�lia. Pelo contr�rio, nos estudos de �ngelo et al. (2014) e de Silva et al. (2013) verificou-se que a idade parece determinar atitudes mais positivas em rela��o � import�ncia atribu�da � fam�lia nos cuidados de enfermagem, em que os enfermeiros com maior idade apresentam atitudes de maior suporte para com a fam�lia.

Relativamente � vari�vel Anos de exerc�cio profissional, tamb�m Silva et al. (2013) mostram que quanto maior o n�mero de anos de exerc�cio profissional e de experi�ncia profissional, maior a import�ncia atribu�da � fam�lia nos cuidados de enfermagem, no entanto, no estudo de �ngelo et al. (2014), considera-se que uma maior experi�ncia profissional � indicadora de menor suporte � fam�lia, o que vem demonstrar a necessidade de investirmos na forma��o cont�nua dos enfermeiros, ao longo do seu percurso profissional.

Em respeito � vari�vel Forma��o, os dados por n�s obtidos evidenciam que quanto maior a forma��o na �rea da enfermagem de sa�de familiar, maior a import�ncia atribu�da � fam�lia. Tamb�m Freitas (2009) refere que quanto maior a forma��o profissional ou forma��o ao n�vel de p�s-graduada ou mestrado, maior import�ncia � atribu�da ao envolvimento da fam�lia nos cuidados de enfermagem, j� Sousa (2011) ressalva que os enfermeiros que t�m um maior contacto com a sa�de familiar, nomeadamente ao n�vel dos cuidados de sa�de prim�rios, mostram uma atitude mais favor�vel � inclus�o da fam�lia nos cuidados, ao contr�rios dos enfermeiros que n�o contactam profissionalmente com esta �rea, apresentando m�dias superiores na dimens�o fam�lia como um fardo.

Temos hoje alguns estudos que nos permitem sustentar os resultados por n�s encontrados, no entanto, como limita��es ao mesmo, apresentamos a necessidade de um maior n�mero de estudos, com uma amostra mais alargada para que possamos fazer uma discuss�o mais aprofundada, tal como, a integra��o em futuros estudos de uma distribui��o estratificada entre os enfermeiros que desenvolvem fun��es em cuidados de sa�de prim�rios e os que integram os cuidados de sa�de diferenciados.

Conclus�o

A rela��o do enfermeiro com as fam�lias acontece desde sempre, pelo que se torna clara a import�ncia e o potencial do sistema familiar para o desenvolvimento dos cuidados de enfermagem, tendo o sistema familiar como parceiro e promotor da sa�de dos seus subsistemas.

No estudo por n�s realizado a 164 indiv�duos, em que 71 s�o enfermeiros e 93 s�o estudantes de enfermagem, verific�mos que a import�ncia atribu�da � fam�lia foi maior nos estudantes, que nos enfermeiros. Os estudantes de enfermagem encaram a integra��o da fam�lia nos cuidados, como uma estrat�gia de coping e uma ferramenta de di�logo essencial, n�o tendo a perspetiva de que a fam�lia se possa tornar “um fardo” nos cuidados. No que concerne aos profissionais de enfermagem, as vari�veis Idade, Anos de exerc�cio profissional e Forma��o na �rea da fam�lia, associa-se a uma maior import�ncia atribu�da � fam�lia.

A escassez de estudos neste dom�nio espec�fico enquanto �rea disciplinar da enfermagem � ainda uma realidade. S�o necess�rios estudos que reforcem a import�ncia do trabalho dos enfermeiros com as fam�lias, perspetivando a promo��o, manuten��o e reabilita��o da sa�de das fam�lias.

Este estudo pretende n�o s� contribuir para aumentar o core de dados e de investiga��o na �rea da enfermagem de sa�de familiar, como potenciar a reflex�o sobre a forma��o que fazemos com os estudantes e com os enfermeiros no seu desenvolvimento formativo ao longo da vida, na �rea da sa�de familiar e da enfermagem de fam�lia. Evidencia tamb�m a necessidade premente de se desenvolverem programas de forma��o/interven��o nesta �rea especifica dirigidos aos enfermeiros no seio dos seus contextos de trabalho. A enfermagem de fam�lia e a sa�de familiar s�o um bem necess�rio para a sa�de das fam�lias, que maximizam e potenciam os cuidados de parceria entre os enfermeiros e as fam�lias.

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Notas

Como citar este artigo: Frade, J. M., Henriques, C. M., & Frade, M. F. (2021). A integra��o da fam�lia nos cuidados de enfermagem: perspetiva de enfermeiros e estudantes de enfermagem. Revista de Enfermagem Refer�ncia, 5(7), e20158. https://doi.org/10.12707/RV20158

Notas de autor

a Conceptualiza��o

Tratamento de dados

Investiga��o

Visualiza��o

Reda��o - rascunho original

Reda��o - an�lise e edi��o

b Conceptualiza��o

Investiga��o

Visualiza��o

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Reda��o - an�lise e edi��o

c Conceptualiza��o

Tratamento de dados

Investiga��o

Visualiza��o

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Reda��o - an�lise e edi��o

Qual é a importância da enfermagem para a sociedade?

A importância dos enfermeiros no sistema de saúde Segundo informações do Cofen, os profissionais de enfermagem são responsáveis por 60 a 80% do total das ações na atenção básica, que é o primeiro contato do paciente com o sistema de saúde, e aproximadamente 90% das ações de saúde em geral.

Qual a importância dos cuidados de enfermagem ao paciente?

Os cuidados de enfermagem são essenciais especialmente após a realização de exames, laudos e procedimentos. Isso porque eles favorecem à recuperação do paciente, evitando problemas e infecções e garantindo seu bem-estar.

Qual a importância das relações interpessoais entre o técnico de enfermagem paciente e família do paciente?

Vínculo entre familiares e técnico em enfermagem Por outro lado, o familiar também passa a ser um elo entre o técnico de enfermagem e o paciente. Por meio de orientações dadas pelos profissionais da saúde, os familiares sentem-se mais tranquilos, influenciando positivamente o paciente na sua recuperação plena.

Qual a importância da assistência de enfermagem ser voltada para a família?

É importante abordar a necessidade de humanização do cuidado de enfermagem a pacientes em coma e a atenção ao seu familiar. Este processo de interação visa, sobretudo, tornar efetiva a qualidade da assistência ao indivíduo doente.