Qual a importância das pastagens nativas para a pecuária brasileira?

A bovinocultura brasileira passa por grandes transformações. Os motivos estão relacionados à segurança alimentar, ao bem estar dos animais, ao aumento das exigências dos consumidores, à competição com outras fontes de proteína animal, além da competição por terras destinadas a culturas agrícolas. Desenvolver e adotar tecnologias capazes de ampliar a capacidade de produção são fundamentais. Nesse sentido, uma fazenda bovina deve ser vista como uma empresa, rigorosamente administrada, no intuito de apresentar resultados eficientes do ponto de vista zootécnico e econômico.

De acordo com o pesquisador da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), Sidnei Lopes, por estar localizado em uma região tropical, o Brasil apresenta potencial elevado para produção de biomassa vegetal, o que favorece a exploração de bovinos em pastejo. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2019, só em Minas são mais de 25 milhões de hectares de pastagens, cerca de 30% do território do estado.

"As pastagens se destacam dos demais meios de alimentação para bovinos porque são uma fonte mais barata de energia e nutrientes, apresentam baixo custo de produção, quando comparadas a outras fontes de alimentos, e são práticas, pois podem ser colhidas pelos próprios animais", explica Sidnei.

Sazonalidade, degradação e recuperação

O sistema de pastagens passa por períodos de grandes disponibilidades e qualidade da forragem, e por períodos de escassez. Isso ocorre devido às variações sazonais características dos trópicos e de aspectos ligados às próprias plantas forrageiras.

Além disso, Sidnei Lopes destaca outros fatores de degradação das pastagens, como a acidez e a baixa fertilidade do solo, a falta de adubação corretiva e de manutenção, as práticas inadequadas de formação e manejos deficientes.

"A degradação de pastagens é um processo evolutivo de perda de vigor e produtividade da forrageira, sem possibilidade de recuperação natural, o que afeta a produção forrageira e o desempenho animal e culmina com a degradação do solo e dos recursos naturais em função de manejos inadequados. Por isso, é importante cuidar das pastagens com grande atenção e aplicação de técnicas e tecnologias para recuperar a vegetação", explica.

O pesquisador da Epamig, Ítalo de Almeida, chama atenção para o fato de que, no Brasil, as pastagens são geralmente relegadas a condições ruins de solo e topografia. Para ele, há uma busca equivocada por uma "forrageira milagrosa".

"Esses solos são encontrados, muitas vezes, exauridos após anos seguidos de exploração irracional. Isso acarreta perda de produtividade e vigor, aparecimento de plantas não desejáveis, surgimento de pragas, doenças e áreas com solo sem vegetação. Em casos extremos, temos até a completa erosão do solo", enfatiza Ítalo.

O pesquisador também enfatiza que as forrageiras são constantemente submetidas a estresses por pisoteio, pastejo e corte. Segundo Ítalo, é necessário dar às forrageiras as mesmas condições físicas, químicas e biológicas de solo dadas a outras culturas economicamente exploradas.

"Esse é um ponto de particular importância, pois ainda há uma crença no Brasil de que o uso de corretivos e a adubação de pastagens é caro e muitas vezes inviável. Porém, ressalto que a obtenção de elevada produção a pasto só é possível com forrageiras de alta produção de matéria seca e bom valor nutritivo, sendo que estas são as mais exigentes em relação a fertilidade do solo", finaliza.

Disponibilização de recursos

Sidnei Lopes acredita que um dos principais entraves na recuperação de pastagens é a disponibilização de recursos para uma atividade que possui retorno demorado ou, muitas vezes, que não é visto pelo produtor. Para amenizar os custos com a recuperação de pastagens, o pesquisador indica algumas alternativas específicas, sempre de acordo com o perfil de cada propriedade.

"Recorrer a linhas de crédito específicas para recuperação de pastagens, reformar pequenas áreas anualmente com recursos oriundos da propriedade e aplicar a integração com outras culturas em sistemas de integração lavoura pecuária (ILP) ou lavoura pecuária floresta (ILPF) são formas de amenizar os custos. Sobre a integração, em curto a médio prazo pode ser praticada a venda de grãos e, a longo prazo, a venda de madeira", sugere Sidnei.

Ascom/Epamig

Foto: Divulgação/Epamig

Siga a Secretaria de Agricultura nas redes sociais: Instagram - Youtube - Twitter - Facebook

Acompanhe as notícias do Estado pela Agência Minas

Área de pastagens cresceu 200% na Amazônia nos últimos 36 anos. Neste período a quantidade de pastagens severamente degradadas caiu pela metade em todo o país

O principal uso dado ao solo brasileiro é a pastagem: ela ocupa 154 milhões de hectares de norte a sul do país, com presença em todos os seis biomas. Essa área praticamente equivale a todo o Estado do Amazonas, que tem 156 milhões de hectares. Ou 6,2 estados de São Paulo. Ou mais de duas vezes e meia o tamanho da Bahia. Os dados fazem parte de um mapeamento inédito do MapBiomas apresentado nesta quarta-feira, 13 de outubro, pelo YouTube.

A área destinada à pecuária é ainda maior se considerar que a ela se somam parte das áreas de campos naturais, principalmente no Pampa e Pantanal, que cobrem 46,6 milhões de hectares no país, e áreas de mosaico de agricultura e pastagem onde o mapeamento não permitiu a separação ou elas ocorrem de forma consorciada, e que cobrem 45 milhões de hectares.

A análise das imagens de satélite entre 1985 e 2020 permitiu também avaliar a qualidade das pastagens brasileiras e constatar uma queda nas áreas com sinais de degradação de 70% em 2000 para 53% em 2020. No caso das pastagens severamente degradadas houve uma redução ainda mais expressiva; representavam 29% das pastagens em 2000 (46,3 milhões de hectares) e agora representam 14% (22,1 milhões de hectares). Essa melhora foi identificada em todos os biomas, sendo que os que apresentaram maior retração nas áreas severamente degradadas foram Amazônia (60%), Cerrado (56,4%), Mata Atlântica(52%) e Pantanal (25,6%).  

 “A qualidade das pastagens tem importância estratégica para o produtor e para o país. Para o produtor, pela relação direta com a produtividade do rebanho, seja ele de corte ou de leite. Para o país, pela capacidade das pastagens bem manejadas de capturar carbono. Por outro lado, pastagens degradadas agravam a contribuição do setor agropecuário para as emissões dos gases que estão alterando o clima, com efeitos perversos sobre a própria atividade agropecuária”, explica Laerte Laerte Ferreira, professor e pró-reitor de Pós-Graduação (PRPG) da Universidade Federal de Goiás e coordenador do levantamento de pastagens do MapBiomas.  

De 1985 a 2020, pelo menos 252 milhões de hectares são ou já foram pastagem. A partir da análise de imagens de satélite foi possível detectar duas fases distintas no processo de conversão que transformou quase um terço do país  em pastagens nesse período. Ele foi mais intenso entre 1985 e 2006, quando se registrou um crescimento de 46,3% na extensão ocupada por pastagens, que passou de 111 milhões de hectares para 162,4 milhões de hectares. Em meados dos anos 2000, a área total de pastagem parou de crescer e até encolheu, registrando uma retração de 5% de 2005 a 2020.  

Essa aparente estabilidade esconde um intenso processo de mudança de uso de solo, com a conversão de áreas de vegetação nativa para pecuária e a ocupação de áreas já convertidas pela agricultura. No caso específico da Amazônia, as imagens de satélite mostram que a pecuária avançou, entre 1985 e 2020, 38 milhões de hectares - um aumento de cerca de 200%.  Esse crescimento fez com que a Amazônia seja o bioma com maior extensão de pastagens cultivadas, com 56,6 milhões de hectares, seguido por Cerrado (47 milhões de hectares), Mata Atlântica (28,5 milhões de hectares), Caatinga (20 milhões de hectares) e Pantanal (2,4 milhões de hectares).

A Coleção 6 do MapBiomas mostrou que agricultura e pecuária ganharam 81,2 milhões de hectares entre 1985 e 2020 – um crescimento de 44,6%. As atividades agropecuárias cresceram em cinco dos seis biomas brasileiros, com exceção da Mata Atlântica.  Dados específicos sobre o avanço da agricultura serão apresentados em um estudo inédito do MapBiomas que será lançado em 20 de outubro.  

Em termos percentuais, o bioma mais ocupado por pastagens cultivadas é a Mata Atlântica, com 25,7%, seguido por Cerrado (23,7%), Caatinga (23,1%), Pantanal (16%) e Amazônia (13,4%).  Os estados líderes em área de pastagem são Pará (21,5 milhões de hectares), Mato Grosso (21 milhões de hectares) e Minas Gerais(19,3 milhões de hectares).

Acesse os principais destaques da Pastagem na Coleção 6. 

Qual a importância das pastagens nativas para a pecuária brasileira?

Saiba como foi o webinar de apresentação dos dados da Pastagem.

Qual a importância das pastagens nativas para a pecuária brasileira?

Porque as pastagens são importantes para a pecuária brasileira?

As pastagens, portanto, desempenham papel fundamental na pecuária bovina brasileira, garantindo baixos custos de produção, por ser a forma mais econômica e prática de produzir e oferecer alimentos para os bovinos.

Qual a importância da pastagem nativa?

Com baixa utilização de insumos, essa pecuária tem sido importante para a conservação dos recursos naturais da região, entretanto a sustentabilidade dessa atividade vem diminuindo em virtude de vários fatores, como divisão das terras, preço do bezerro, custo dos insumos, entre outros.

Qual a importância da forragicultura para a pecuária nacional?

Com isso, torna-se prioridade aumentar a produtividade e eficiência de utilização das forragens por meio da utilização de espécies forrageiras mais produtivas e adaptadas as condições edafoclimáticas brasileira, bem como da otimização do consumo e da disponibilidade de seus nutrientes.

O que é uma pastagem nativa?

Pastagem nativa é a vegetação nativa espontânea de algum valor forrageiro, que surge após a destruição parcial ou total da vegetação original ou vegetação clímax.