Qual a importância da tradição oral na preservação da memória religiosa?

UNIDADE TEMÁTICA

Crenças religiosas e filosofias de vida

OBJETOS DE CONHECIMENTO

Ancestralidade e tradição oral

Reconhecer a importância da tradição oral para preservar memórias e acontecimentos religiosos.

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Qual a importância da tradição oral na preservação da memória religiosa?

Tradição oral ou conhecimento oral é a cultura material e tradição transmitida oralmente de uma geração para outra.[1][2] As mensagens ou testemunhos são verbalmente transmitidas em discurso ou canção e podem tomar a forma, por exemplo, de contos, provérbios, canções ou cânticos. Desta forma, é possível que uma sociedade possa transmitir a história oral, literatura oral, a lei oral, e outros saberes entre as gerações, sem um sistema de escrita. Técnica iniciada antes do surgimento da escrita (3 000 a.C.) quando as memórias auditiva e visual eram os únicos recursos de armazenamento e a transmissão do conhecimento entre gerações (linguagem).[3]

Uma definição mais estreita de tradição oral é, por vezes apropriada.[1] Sociólogos também podem enfatizar a exigência de que o material é realizado em comum por um grupo de pessoas, ao longo de várias gerações, e pode distinguir tradição oral do testemunho ou da história oral.[4] Em um sentido geral, "tradição oral" refere-se à transmissão de material cultural através da emissão vocal, e foi por muito tempo considerado um descritor-chave do folclore (um critério não mais realizado rigidamente por todos os folcloristas).[5] Como uma disciplina acadêmica, refere-se tanto a um conjunto de objetos de estudo e um método pelo qual eles são estudados[6] — o método pode ser chamado variadamente de "teorias da tradição oral", "a teoria da composição oral-fórmula" e a "teoria de Parry-Lord"(em homenagem a dois dos seus fundadores). O estudo da tradição oral é diferente da disciplina acadêmica da história oral,[7] que é a gravação de memórias pessoais e histórias de quem experimentou épocas ou eventos históricos. Ele também é distinta do estudo da oralidade, o que pode ser definido como o pensamento e a sua expressão verbal em sociedades onde as tecnologias de alfabetização (especialmente escrita e impressão) não estão familiarizados com a maioria da população.[8]

Atualmente as Populações Tradicionais ou Comunidades Tradicionais continuam transmitindo de forma oral o conhecimento sócio-cultural-religioso.[9][10] Por meio da contração de histórias e da prática cotidiana que ela mantém viva sua tradição. Por isso, para os povos nativos é fundamental o respeito aos mais velhos, que geralmente são responsáveis por contar as histórias dos antepassados. De acordo com o Governo Federal do Brasil, a comunidade tradicional realiza práticas cotidianas de produção baseadas no desenvolvimento sustentável;[11] a "Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais" (PNPCT) (subordinada ao Ministério do Meio Ambiente do Brasil),[12][13] determina as comunidade que são tradicionais: caboclo; caiçara; extrativista; indígena; jangadeiro; pescador; quilombola; ribeirinho, e; seringueiro.[14]

Estudo da tradição oral[editar | editar código-fonte]

Origina-se do primórdio dos tempos, quando ainda não havia a escrita e os materiais que pudessem manter e circular os registros históricos. Na atualidade, é própria das classes iletradas. A tradição oral tem sido, contudo, muito valorizada pelos eruditos que se dedicam ao seu estudo e compilação (os contos dos Irmãos Grimm, por exemplo), ao considerarem que é na tradição oral que se fundamenta a identidade cultural mais profunda de um povo. Supõe-se, por exemplo, que a Ilíada e a Odisseia de Homero foram, inicialmente, longos poemas recitados de memória. No romantismo, voltou-se a valorizar estes temas, como é visível, por exemplo, nas Lendas e Narrativas, de Alexandre Herculano, em Portugal.

O folclore também é visto como fonte rica para a tradição oral. Se pensarmos nas inúmeras versões que existe dos contos, fábulas e lendas em todo mundo (por exemplo, o saci pererê, que é chamado de vários nomes), conclui-se o quanto a oralidade é importante na historicidade do ser humano e até mesmo antropologicamente.

A partir da expansão dos centros urbanos e a deslocação de pessoas do campo para as cidades grandes, a tradição oral ameaçou a se extinguir. Por isso, famosos escritores como Charles Perrault e os Irmãos Grimm dedicaram-se a publicar essas histórias, que, antes, eram contadas oralmente.

Ver também[editar | editar código-fonte]

  • Tradicionalismo
  • Lendas
  • Mitologia grega
  • Oratória
  • Folclore

Referências

  1. a b Vansina, Jan: Oral Tradition as History, 1985, James Currey Publishers, ISBN 0-85255-007-3, ISBN 978-0-85255-007-6; na página 27 e 28, onde Vasina define tradição oral como "mensagens verbais onde são relatadas declarações da geração atual", que "especifica que a mensagem devem ser declarações orais faladas, cantadas ou gritadas apenas em instrumentos musicais"; "Deve haver transmissão por palavra por pelo menos uma geração". Ele ressalta que "Nossa definição é uma definição funcional para o uso de historiadores. Sociólogos, linguistas ou estudiosos das artes verbais propõem sua própria, que em, por exemplo, sociologia, salienta conhecimento comum. Em linguística, características que distinguem a linguagem do diálogo comum (linguistas) e nas características das artes verbais de forma e conteúdo que definem arte (folcloristas)."
  2. Ki-Zerbo, Joseph: "Methodology and African Prehistory", 1990, UNESCO International Scientific Committee for the Drafting of a General History of Africa; James Currey Publishers, ISBN 0-85255-091-X, 9780852550915; veja o capítulo 7; "A tradição oral e sua metodologia" nas páginas 54-61; na página 54: "tradição oral pode ser definida como um testemunho transmitido de geração em geração. Suas características especiais são que é oral e a forma em que ele é transmitida."
  3. Machado, Vanda . Tradiçao Oral- Vida Africana e Afro-brasileira. In: FLORENTINA SOUZA E MARIA NAZARÉ LIMA. (Org.). Literatura Afro-brasileira. 1ed.Salvador: CEAO - Fundaçao Cultural Palmares, 2006, v. , p. 79-109.
  4. Henige, David. "Oral, but Oral What? The Nomenclatures of Orality and Their Implications" Oral Tradition, 3/1-2 (1988): 229-38. p 232; Henige cita Jan Vansina (1985). Oral tradition as history. Madison, Wisconsin: University of Wisconsin Press
  5. Degh, Linda. American Folklore and the Mass Media. Bloomington: IUP, 1994, p. 31
  6. Dundes, Alan, "Editor's Introduction" para The Theory of Oral Composition, John Miles Foley. Bloomington, IUP, 1988, pp. ix-xii
  7. Henige, David. "Oral, but Oral What? The Nomenclatures of Orality and Their Implications" Oral Tradition, 3/1-2 (1988): 229-38. p 232; Henige cita Jan Vansina (1985). Oral tradition as history. Madison, Wisconsin: University of Wisconsin Press
  8. Ong, Walter, S.J., Orality and Literacy: The Technologizing of the Word. Londres: Methuen, 1982 pp. 12
  9. «Comunidades ou Populações Tradicionais». Organização Eco Brasil. Consultado em 18 de julho de 2018
  10. «Povos e Comunidades Tradicionais». Ministério do Meio Ambiente. Consultado em 18 de julho de 2018
  11. «Comunidades ou Populações Tradicionais». Organização Eco Brasil. Consultado em 18 de julho de 2018
  12. «Comunidades ou Populações Tradicionais». Organização Eco Brasil. Consultado em 18 de julho de 2018
  13. «Povos e Comunidades Tradicionais». Ministério do Meio Ambiente. Consultado em 18 de julho de 2018
  14. «Comunidades ou Populações Tradicionais». Organização Eco Brasil. Consultado em 18 de julho de 2018

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

  • Memória e História Oral entre os imigrantes alemães no Sul do Brasil, Revista do Historiador, PUC-RS, vol.2 n.1, 2010.
  • TRESPACH, Rodrigo. O lavrador e o sapateiro: memória, tradição oral e literatura. Porto Alegre: EdiPUCRS, 2013.
  • Exemplos contemporâneos de momentos da tradição oral podem ser consultados no site do Projecto Memoriamedia [1].
  • Qual a importância da tradição oral na preservação da memória religiosa?
    Portal da literatura

Qual a importância da tradição oral na religião?

A tradição oral tem a função de preservar histórias, de garantir às novas gerações indígenas ou afro-brasileiras o conhecimento de seus antepassados. Para muitos grupos a oralidade é a única forma de resgatar e preservar sua ancestralidade.

Qual é a importância da tradição oral para preservar memórias e acontecimentos religiosos?

Como elemento-chave na constituição de uma tradição oral afro-brasileira, essas narrativas tornam-se relevantes para pesquisas históricas porque são entendidas como uma outra forma de expressar as memórias ancestrais, contribuindo, assim, para a produção e transmissão de experiências e práticas culturais entre ...

Como a tradição oral contribui para a preservação da memória?

Nas sociedades que se baseiam na tradição oral, os conhecimentos são memorizados e constantemente relembrados para que não sejam esquecidos ou desapareçam. constroem sua cultura e o indivíduo se torna capaz de construir sua identidade cultural que irá conduzir a própria trajetória.

Qual é a importância e como acontece a tradição nas tradições religiosas?

Tradição religiosa Para muitas religiões, a tradição é o fundamento, conservado de forma oral ou escrita, dos seus conhecimentos acerca de Deus e do Mundo, dos seus preceitos culturais ou éticos.