Quais são os principais produtos da fermentação ruminal?

O retículo-rúmen representa cerca de 85% do estômago de um bovino adulto e com uma capacidade de até 200 litros (). A temperatura interna é constante (entre 39°C e 40°C) e o valor do pH mantido próximo a 6,7, graças à produção de grande quantidade de saliva, o que normalmente ocorre com o animal em pastejo. O meio é anaeróbico (ausência de oxigênio) e os nutrientes são adicionados por meio do consumo da pastagem, alternados com períodos de ruminação, principal processo responsável pela redução do tamanho das partículas ingeridas.

Um movimento regular e constante do retículo-rúmen mistura essas partículas recém-ingeridas com o conteúdo ruminal, contribuindo no processo de fermentação e na saída de partículas menores do que 1 milímetro () para o restante do trato digestivo até a eliminação nas fezes.

A concentração dos produtos da digestão no retículo-rúmen, principalmente os ácidos graxos voláteis, é mantida em níveis constantes, por processo contínuo de absorção pelas paredes ruminais. Essas condições ambientais, desde que 11 Suplementação de bovinos em pastejo estáveis, são extremamente favoráveis para uma enorme proliferação de vários microorganismos, tais como as bactérias, os protozoários e os fungos.

Dentre estes, o grupo das bactérias celulolíticas é que confere aos bovinos a capacidade de sobreviverem em dietas exclusivas de forragens. Entretanto, essas bactérias são sensíveis à ausência de nitrogênio (níveis de amônia no líquido ruminal não deveriam estar abaixo de 5 mg/100 ml de líquido ruminal, de acordo com , ou a alterações no pH ruminal (pH abaixo de 6,1 pode limitar seriamente o crescimento, de acordo com , sendo que ambos os fatores são afetados diretamente pela dieta.

Existem outros que contribuem para manter uma alta taxa de crescimento da população microbiana no retículo-rúmen, como a presença de aminoácidos específicos ou ácidos orgânicos (). De fato, esta é uma das razões da suplementação exclusiva com nitrogênio não protéico (NNP), caso da uréia, a qual fornece única e exclusivamente nitrogênio, não satisfaz totalmente as demandas protéicas de um animal.

Esses conceitos básicos de nutrição servem para mostrar que é extremamente importante manter um equilíbrio no ambiente ruminal, para se maximizar a taxa de crescimento do bovino em pastejo. Alcançar esse ponto de equilíbrio deveria ser a principal meta da suplementação, com a preocupação de também se maximizar a eficiência do uso da pastagem. 

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Sobre a aula

Importância, definições e princípios da fermentação ruminal. Microbiologia da fermentação. Substratos e produtos da fermentação. Desvios e manipulação da fermentação. Fermentação e preocupação ambiental.

EMENTA

1) Introdução à nutrição animal: importância, aplicações, histórico e futuro da nutrição animal. Definições e terminologia utilizadas em nutrição animal.
2) Diferentes critérios de classificação dos alimentos, com ênfase às definições, importância, características, fontes e usos. Alimentos volumosos, com destaque às gramíneas e leguminosas, conservadas pela ensilagem, fenação e outros. Alimentos basais (energéticos), com destaque aos cereais, raízes e tubérculos, bem como óleos e gorduras. Alimentos protéicos, com destaque aos subprodutos das indústrias de alimentos. Importância nutricional de minerais, vitaminas e aditivos empregados na alimentação animal.
3) Abordagens sobre proteína e aproveitamento pelos animais. O fluxo de nitrogênio em animais, apresentando as principais fontes de nitrogênio, digestão, metabolismo e formas de excreção. Conceitos de reciclagem de nitrogênio no rúmen, bem como dos fatores que afetam a produção de proteína microbiana. Fatores que afetam as exigências de proteína por animais; estudo dos diferentes métodos para quantificação das exigências de nitrogênio, proteína e aminoácidos, bem como dos métodos para avaliar a quantidade e qualidade da proteína nos alimentos.
4) Carboidratos em suas definições, importância, classificação e métodos analíticos para determinação dos carboidratos. Importância da fibra na alimentação de não-ruminantes, bem como as causas e conseqüências da acidose lática ruminal e síndrome da depressão da gordura no leite em ruminantes.
5) Lipídios em alimentação animal. Definições, classificações, estrutura, propriedades físicas e métodos analíticos para quantificação dos lipídios. Digestão e processos metabólicos pós-absortivos dos lipídios. Interações das propriedades físicas dos lipídios e seus efeitos sobre a digestão ruminal, especialmente da fibra. Métodos para estabelecimento dos limites da adição de lipídios na alimentação animal.
6) Conceitos de energética aplicada à nutrição animal, com destaque ao fluxo de energia, aos métodos de mensuração das exigências de energia, aos fatores que afetam as exigências de energia e aos métodos para aumentar a disponibilidade de energia nos alimentos. Pontos críticos dos diferentes sistemas para avaliação das exigências e caracterização da concentração de energia nos alimentos.
7) Minerais: estudos das funções, metabolismo e deficiências. Métodos e sistemas utilizados para estimar as exigências e disponibilidade de macro e micro-elementos em animais.
8) Vitaminas: estrutura, funções, metabolismo e deficiências. Métodos e sistemas utilizados para estimar as exigências de vitaminas lipo e hidrossolúveis por animais.

Objetivo

Fornecer ao aluno conhecimentos teóricos essenciais à nutrição dos animais de interesse zootécnico. Tem por finalidade, ainda, informar ao aluno aspectos da ingestão, digestão, absorção, transporte, armazenamento e excreção dos componentes dos alimentos, bem como suas funções no organismo.

Quais são os produtos finais da fermentação ruminal?

Os ácidos graxos voláteis (AGV) são os principais produtos finais da fermentação ruminal dos carboidratos realizada pelos microrganismos, sendo os mais importantes o acetato, o propionato e o butirato (Van Soest, 1994).

Quais os principais produtos da fermentação realizada pela flora ruminal?

Os produtos finais da fermentação microbiana dos carboidratos no rúmen são os ácidos graxos voláteis (AGVs), sendo o acético, o propiônico e o butírico os três mais importantes ácidos formados juntamente com os gases de dióxido de carbono (C02) e metano (CH4).

Quais os principais alimentos dos ruminantes?

Concentrados proteicos: São considerados concentrados proteicos os alimentos que possuem menos de 18% de fibra e mais de 20% de proteína bruta na matéria seca. Farelo de soja, farelo de algodão, farelo de girassol, soja grão, farelo de amendoim e caroço de algodão são alguns dos seus representantes principais.

Quais são os principais AGV's produzidos pela fermentação ruminal para que servem?

A principal fonte de energia para os ruminantes são os ácidos graxos voláteis (AGV) produzidos no rúmen pela fermentação microbiana de carboidratos e, em alguns casos, da proteína, sendo o acético, propiônico e butírico os principais (Berchielli et al., 2006).