Quais são considerados equipamentos que são utilizados por sistema invasivos no esporte

ARTIGO ORIGINAL

CLÍNICA MÉDICA DO EXERCÍCIO E DO ESPORTE

Adaptação de protocolos invasivos e não invasivos para avaliações aeróbias e anaeróbias específicas ao basquetebol feminino

Bruno Ferreira CamargoI; Gustavo Gomes de AraújoII; Claudio Alexandre GobattoIII; Nathália Arnosti VieiraI; Leonardo Henrique Dalcheco MessiasI; Fúlvia de Barros Manchado-GobattoIII

IUniversidade Metodista de Piracicaba – Unimep, PiracicabaSão Paulo, Brasil

IIUniversidade Federal de Alagoas UFAL, Maceió – Alagoas, Brasil

IIIUniversidade Estadual de Campinas, Unicamp. Limeira São Paulo, Brasil

Correspondência

RESUMO

OBJETIVO: Adaptar os protocolos de velocidade crítica (Vcrit), RAST Test e Lactato Mínimo (LM) à especificidade do basquetebol feminino.

MÉTODOS: Doze basquetebolistas bem treinadas (19 ± 1 anos) foram avaliadas pelo modelo velocidade crítica, composto por quatro intensidades (10,8, 12,0, 13,0, 14,5 km/h) de corridas "vai-vem" até exaustão, aplicadas em dias alternados. O modelo linear 'velocidade versus 1/tlim' foi adotado para determinação de parâmetros aeróbio (Vcrit) e anaeróbio (CCA). O LM foi composto por duas fases: 1) indução hiperlactacidêmica, caracterizada pelo RAST adaptado, e 2) fase progressiva, composta por cinco estágios de 3 minutos em corridas "vai-vem" de 20 m (7 a 12km/h), com coletas de sangue ao final de cada estágio.

RESULTADOS: A velocidade (vLM) e a concentração do lactato mínimo foram obtidas pelos ajustes polinomiais 'lactato versus intensidade' (LM1) e 'lactato versus tempo' (LM2). A ANOVA one-way, teste t-Student e correlação de Pearson foram utilizados na análise estatística. A Vcrit foi obtida a 10,3 ± 0,2 km/h e a CCA estimada em 73,0 ± 3,4 m. O RAST foi capaz de induzir a hiperlactacidemia e determinar potências máxima (3,6 ± 0,2 W/kg), média (2,8 ± 0,1 W/kg), mínima (2,3 ± 0,1W/kg) e o índice de fadiga (30 ± 3%). A vLM1 e vLM2 foram obtidas, respectivamente, a 9,47 ± 0,13 e 9,8 ± 0,13km/h, sendo a vLM1 menor que a Vcrit.

CONCLUSÕES: Os resultados sugerem que o modelo específico não invasivo pode ser utilizado para determinar parâmetros aeróbios e anaeróbios de basquetebolistas e, assim como em outras modalidades, a Vcrit superestima as intensidades de LM. Além disso, a adaptação do LM ao basquetebol feminino utilizando o RAST e a fase progressiva em exercício "vai-vem" foi efetiva para avaliar as atletas respeitando a especificidade da modalidade, com elevado percentual de sucesso no ajuste polinomial 'lactato versus tempo'.

Palavras-chave: feminino, basquetebol, avaliação, lactato mínimo, velocidade crítica.

INTRODUÇÃO

O basquetebol é uma modalidade esportiva popular no mundo todo1. Devido ao dinamismo das partidas, o basquetebol moderno tornou-se cada vez mais intenso, exigindo dos atletas maiores deslocamentos com alta intensidade, por distâncias médias e curtas, com ou sem posse de bola2. Durante as partidas oficiais de basquetebol, os atletas percorrem em média 7,5 km com esforços de intensidades variadas (moderadas, intensas e severas) e atividades diversificadas (caminhadas, corridas, saltos)3, essas características estão diretamente ligadas com a posição do jogador, condição física e sistema tático adotado em âmbitos defensivo e ofensivo. Ainda é muito discutido na literatura qual sistema energético é mais atuante durante o jogo. Pesquisadores acreditam que os atletas durante suas ações são mais dependentes dos fatores de potência e resistência anaeróbia.1 Estudos têm mostrado que, ao longo da partida e ao final de cada período de jogo, a via metabólica anaeróbia lática contribui significativamente com a produção energética nas partidas em nível internacional3,4. Em contrapartida, a resistência aeróbia é um fator significante para o bom desempenho das ações do jogo5. A atuação do metabolismo aeróbio durante o jogo pode propiciar maior remoção e provável tolerância lactacidêmica em momentos ativos da partida3, bem como entre os quadros, resultando em melhores respostas atléticas nas tarefas decisivas, como drible, passes e arremessos. Investigando variáveis fisiológicas como o lactato sanguíneo durante partidas de basquetebol, foram encontrados valores médios de lactato pico aproximadamente 6,22 mm e uma queda no rendimento ao final das partidas, sugerindo a importância do metabolismo aeróbio nos períodos de recuperação dos basquetebolistas, para manutenção da performance por todo o jogo6. Dentre os métodos capazes de avaliar as condições aeróbia e anaeróbia de atletas destacam-se o modelo não invasivo de velocidade crítica, inicialmente proposto para determinação da potência crítica7 e o protocolo invasivo do lactato mínimo, dependente da fase de indução à hiperlactacidemia e execução de um teste com intensidades progressivas8. Para estimar a potência anaeróbia de atletas, o Running Anaerobic Sprint Test (RAST) vem sendo muito aplicado9,10. Os protocolos de velocidade crítica, lactato mínimo e RAST adaptados ao basquete, potencialmente interessantes para quantificação de intensidades de exercício e prescrição de treinamento, ainda não foram adaptados e aplicados a atletas do gênero feminino dessa modalidade. Considerando a necessidade de estudos empenhados em investigar parâmetros aeróbios e anaeróbios em atletas do basquetebol, mais especificamente no gênero feminino, o objetivo geral do presente estudo foi adaptar protocolos invasivo e não invasivos para avaliação de basquetebolistas femininas. Especificamente, objetivou-se adaptar os protocolos de velocidade crítica (Vcrit), RAST Test e Lactato Mínimo (LM) para avaliação de jogadoras de basquetebol.

MATERIAIS E MÉTODOS

Foram avaliadas 12 jogadoras de basquetebol (19 ± 1 anos, 66,7 ± 10,1 kg, 1,71 ± 5,2 m, 19,2 ± 1,0% de gordura), com experiência mínima de cinco anos na modalidade e frequência de treinamento de cinco a seis vezes semanais em dois períodos. Como critérios de inclusão, considerou-se as atletas serem membro das equipes de basquetebol selecionadas para avaliação, necessariamente participando de campeonatos estaduais (SP) no período das avaliações. Após receberem informações sobre os procedimentos aos quais seriam submetidas, bem como riscos e benefícios das avaliações, todas as participantes assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O procedimento experimental foi aprovado por Comitê de Ética em Pesquisa da Instituição em que o estudo foi desenvolvido (CEP-protocolo nº. 50/10).

Local e horário

Todos os testes foram realizados no local de treinamento e competições, com medidas oficiais preconizadas para partidas de basquetebol.

Delineamento experimental

O primeiro protocolo de avaliação adaptado e utilizado no estudo foi o modelo não invasivo para determinação dos parâmetros aeróbio (Vcrit) e anaeróbio (CCA), composto por quatro dias de teste em diferentes intensidades, efetuadas até a exaustão voluntária das avaliadas. O segundo teste aplicado foi o lactato mínimo, realizado em um único dia, composto por duas fases: a primeira utilizada para indução à hiperlactacidemia (fase anaeróbia), a qual foi efetuada pelo RAST e, em um segundo momento (após oito minutos de recuperação passiva), foi aplicado um teste progressivo com extrações sanguíneas do lóbulo da orelha após cada estágio, objetivando a aquisição de informações sobre o parâmetro aeróbio.

Avaliação da composição corporal

Foram realizadas as determinações de massa corporal (balança Filizola®), estatura (estadiômetro), índice de massa corporal (peso/estatura2) e mensuração de pregas cutâneas (peitoral, axilar média, tricipital, subescapular, abdominal, suprailíaca e coxa) para identificação do percentual de gordura (Jackson e Pollock, 1978).

Modelo não invasivo para determinação da velocidade crítica (Vcrit) e capacidade de corrida anaeróbia (CCA)

Para determinação de Vcrit e CCA foram aplicadas quatro "cargas preditivas". Os testes foram realizados em dias alternados e de maneira aleatória. Em cada dia de teste as atletas realizaram corridas "vai e vem" na distância equivalente a 20 m. A intensidade de cada avaliação foi controlada por sinal sonoro, sendo solicitado às atletas estarem passando por demarcações previamente estabelecidas concomitantemente com o sinal. A partir das intensidades selecionadas (10,8; 12,0; 13,0; e 14,5 km/h) foi registrado o tempo de exaustão (tempo limite – tlim), respectivo às intensidades. As velocidades foram selecionadas na tentativa de propiciar a exaustão entre um e 10 minutos de exercício. Os critérios de exaustão adotados foram a não manutenção da velocidade estipulada em duas passagens consecutivas de 20 m ou exaustão voluntária. A determinação de Vcrit e CCA foi realizada por ajuste linear 'velocidade versus 1/tlim', no qual o valor obtido para y-intercepto foi correspondente à Vcrit e a angulação da reta de regressão à CCA (valores observados na equação foram divididos por 3,6 para obtenção desse parâmetro em metros) (figura 1). Os valores de R2 para as regressões foram utilizados com o intuito de verificar a representatividade matemática do modelo frente às respostas fisiológicas esperadas para o teste.

Protocolo do lactato mínimo

O protocolo do lactato mínimo foi efetuado em uma única sessão de treinamento, sendo composto por duas fases: uma caracterizada pela indução à hiperlactacidemia e outra, composta por esforços progressivos.

a. Fase de indução: RAST adaptado ao basquetebol para determinações anaeróbias

Na fase de indução à hiperlactacidemia as atletas realizaram seis corridas máximas em distância total de 35 metros como solicita o protocolo original do RAST, que objetiva determinar as potências mínima (Pmin), média (Pmed) e máxima (Pmax), além do percentual equivalente ao índice de fadiga. Objetivando preservar a especificidade da modalidade esportiva, o RAST teste foi aplicado de forma adaptada ao basquetebol, no qual os 35 m foram divididos em duas passagens de 17,5 m em corridas de ida e volta. Desse modo, as atletas realizaram seis corridas "vai-vem" (2 x 17,5 m) subsequentes, separadas por intervalo passivo de 10 s entre elas.

b. Fase progressiva: Teste progressivo para determinação do lactato mínimo

Após o término do RAST, as participantes permaneceram na própria quadra esportiva, onde foram mantidas em recuperação passiva durante oito minutos, para determinação da concentração pico de lactato sanguíneo com coletas de sangue (25µL) extraídas do lóbulo da orelha nos tempos 3, 5 e 7 minutos de recuperação.

Ao fim da recuperação passiva, foi iniciada a segunda fase do protocolo do lactato mínimo, na qual as atletas executaram corridas "vai-vem" 20 m em intensidades progressivas (entre 7 e 12 km/h) distribuídas em cinco estágios com duração de três minutos cada. A intensidade ao longo do procedimento foi controlada por sinal sonoro. Ao final de cada estágio, foram também extraídas amostras de sangue do lóbulo da orelha para obtenção dos valores lactacidêmicos.

Foram gerados ajustes individuais e, por função polinomial de segunda ordem, determinou-se o lactato mínimo (intensidade e concentração de lactato por dois modelos):

1. Ajuste 'lactato versus intensidade de exercício', no qual a derivada zero do ajuste foi equivalente à concentração de lactato mínimo (LM1, em mM) e a intensidade correspondente a esse ponto, à velocidade de lactato mínimo (vLM1, em km/h) (figura 2a);

2. Ajuste 'lactato versus tempo', considerando, além das concentrações lactacidêmicas após as intensidades de exercício progressivo, o valor de lactato pico obtido com a indução à hiperlactacidemia. Desse modo, foi determinada a concentração mínima de lactato no tempo (LM2, em mM) e, após regressão linear 'intensidade versus tempo', foi identificada a intensidade de exercício correspondente ao tempo que o LM ocorreu (vLM2, em km/h) (figura 2b).

Para analisar o sucesso do teste de lactato mínimo nas análises utilizando ajustes polinomiais de segunda ordem de lactato versus intensidade (LM1) e lactato versus tempo (LM2), considerou-se a presença de quatro ou mais pontos matemáticos para a composição do ajuste, curva polinomial em formato de "U", com o "a" da equação apresentando valores positivos e R2 superior a 0,80.

Extração sanguínea e análise do lactato

Durante os procedimentos invasivos, foram extraídos 25µL de sangue do lóbulo da orelha com a utilização de capilares heparinizados e calibrados, sendo as amostras posteriormente depositadas em tubos Eppendorf contendo 400µL de TCA 4%, para bloqueio das reações no meio e desproteinização do sangue.

Análise estatística

A análise dos resultados obtidos foi procedida com o auxílio dos pacotes estatísticos STATISTICA versão 7.0 e ORIGIN, versão 7.0, conforme os objetivos do estudo.

Inicialmente, foram aplicados testes de normalidade (Shapiro Wilk) e homogeneidade (Levene) para identificar a característica dos dados. Por apresentarem normalidade e homogeneidade, foram adotados os métodos preconizados pela estatística paramétrica.

Foi aplicada a ANOVA one-way, seguida de post hoc Newmann Keuls, quando necessário, objetivando comparar os valores de intensidade aeróbia determinada por método não invasivo (Vcrit) e modelos invasivos (LM1 e 2). Por teste t de Student pareado, foi diagnosticada a semelhança ou diferença entre a concentração de LM observada por ajustes lactato versus intensidade e lactato versus tempo.

A correlação produto-momento de Pearson foi adotada para identificar possíveis correlações entre os parâmetros aeróbios e anaeróbios identificados pelos dois protocolos de avaliações específicos ao basquetebol. Em todos os casos o nível de significância foi pré-fixado em 5%.

RESULTADOS

A tabela 1 apresenta os resultados obtidos pelos protocolos não invasivo (modelo de velocidade crítica) e invasivo (lactato mínimo). Além dos resultados de Lacpic fornecidos após a realização do RAST, foi possível identificar, após a execução de seis tiros máximos de 35 metros (vai-vem 2 x 17,5m) os valores relativizados para potências máxima, média, mínima e índice de fadiga das atletas, expressos na tabela 2.

Quando analisados os parâmetros aeróbios fornecidos pelo modelo não invasivo (Vcrit) e métodos invasivos, observou-se superioridade de Vcrit (8,7%) em relação à velocidade de lactato mínimo determinada por ajuste 'lactato versus velocidade' (vLM1). Por outro lado, quando adotado o ajuste 'lactato versus tempo', o qual considera o valor de lactato pico na análise, a ANOVA não revelou diferenças significantes entre Vcrit e LM2. Em ambos os ajustes de lactato mínimo adotados não foram observadas correlações significantes entre Vcrit e vLM (r = 0,23 e 0,01).

Todos os testes não invasivos apresentaram valores de R2 superiores a 0,90, o que sugere bons ajustes para esse modelo. No que tange o sucesso observado no protocolo invasivo analisado por dois ajustes matemáticos, ambos apresentaram o mesmo percentual (83,3% dos casos).

Um dos objetivos do RAST adaptado ao basquete foi a avaliação da potência anaeróbia (tabela 3), também atrelado ao protocolo de lactato mínimo, o RAST foi utilizado como indutor à hiperlactacidemia. Após a aplicação desse método, as atletas apresentaram elevação das concentrações lactacidêmicas já nos minutos 1 e 3 da recuperação, sendo a moda de ocorrência do lactato pico aos 7 minutos, em concentração média de 5,91 ± 0,28 mM.

As correlações entre todos os parâmetros aeróbios e anaeróbios obtidos por diferentes procedimentos estão apresentadas na tabela 4.

DISCUSSÃO

A determinação de parâmetros capazes de predizer o desempenho físico em modalidades esportivas, incluindo o basquetebol, é fundamental para o sucesso esportivo. Nesse sentido, o presente estudo objetivou adaptar e analisar diferentes métodos para a determinação de parâmetros aeróbios e anaeróbios no basquetebol feminino.

A escolha dos modelos de Vcrit e LM para a avaliação de basquetebolistas foi pautada em alguns critérios. No caso do modelo não invasivo 'velocidade versus 1/tlim', não há a necessidade de equipamentos caros e equipe especializada em coleta de materiais biológicos, o que amplia a possibilidade de aplicação do protocolo em ambiente esportivo, além de estar bem estabelecida na literatura a elevada correlação observada entre a Vcrit e LM identificado por diversos métodos11,12. O modelo também é capaz de identificar um parâmetro anaeróbio (CCA), que ainda é alvo de investigação por, em alguns casos, não apresentar correlação significante com outros índices anaeróbios13. Por outro lado, a opção pelo método invasivo do lactato mínimo foi embasada na fortaleza do teste para detecção do fenômeno fisiológico "limiar anaeróbio"8,14, sendo esse executado em apenas uma sessão de treino.

Os resultados referentes a parâmetros aeróbios expressos na tabela 1 sugerem a possibilidade de utilização dos métodos não invasivo (modelo de velocidade crítica) e invasivo (lactato mínimo, obtido por dois ajustes matemáticos) para o basquetebol feminino, para determinação de parâmetros aeróbio e anaeróbio.

Assim como em outros estudos15,16, a Vcrit superestimou de modo significante o limiar anaeróbio em aproximadamente 8,7%, quando esse foi determinado pelo protocolo convencional de lactato mínimo (ajuste 'lactato versus intensidade'). Entretanto, quando houve a utilização do ajuste 'lactato versus tempo', considerando na análise o valor de lactato pico na determinação, essa distinção entre Vcrit e vLM2 foi menor (4,85%) e não significante. Nos dois ajustes matemáticos adotados, não foram observadas correlações significantes entre Vcrit e vLM (r = 0,23 e 0,01). O percentual de sucesso das avaliações de lactato mínimo foi de 83,7%, sendo que, para os casos de insucesso em ambos os ajustes esse ocorreu por conta de valores de R2 que, mesmo próximos (superiores a 0,76), foram inferiores a 0,80.

No mesmo direcionamento da presente investigação, outros estudos relacionaram os resultados de Vcrit aos parâmetros fornecidos pelo protocolo do LM, especificamente em aplicações a atletas corredores, observando correlação entre Vcrit e LM, mas diferença significante entre os parâmetros em atletas meio-fundistas17 e velocistas18. Ambos os estudos sugeriram que a Vcrit, atualmente considerada um índice aeróbio de transição entre os domínios de intensidade intenso e severo19, superestima não só o limiar anaeróbio determinado classicamente, mas também a vLM. Por outro lado, a Vcrit parece ser uma interessante ferramenta para acompanhamento das evoluções da vLM ao longo do treinamento, quando há correlação entre eles parâmetros, fato que não ocorreu na presente investigação.

O protocolo de lactato mínimo proposto no presente estudo utilizou o teste denominado RAST9,10, sendo esse método adaptado às especificidades do basquetebol (espaço reduzido e mudança de direção) para gerar a hiperlactacidemia necessária ao método. Esse teste, em sua versão original, vem sendo utilizado quando o objetivo é a determinação de potência anaeróbia em esportes que utilizam a corrida como gesto motor principal20,21.

As potências máxima, média, mínima e o índice de fadiga, expressos na tabela 2, apresentaram valores inferiores aos apontados por Araujo e cols20 analisando o basquetebol masculino. Entretanto, nesse caso, os autores utilizaram o método convencional do RAST (seis estímulos de 35 m, com intervalo de 10 segundos entre as corridas. Esses valores inferiores obtidos no presente estudo podem estar relacionados às diferentes características de gênero, especialmente pela potência expressar direta relação com os níveis de força, e ainda devido à característica do teste, já que na presente investigação houve a adaptação do RAST às necessidades espaciais, aproximando a tarefa solicitada da desempenhadas no jogo de basquetebol. Nesse caso, o RAST adaptado foi composto por seis estímulos de duas corridas 'vai-vem" em 17,5 m, totalizando os mesmos 35 m, mas preservando a especificidade da modalidade na avaliação.

O RAST adaptado elevou a lactacidemia das basquetebolistas para 5,91 ± 0,28 mM, valor que pode ser considerado viável para realização do teste e posterior determinação do LM. Apesar de adequados, os valores encontrados para Lac pico no presente estudo foram menores que obtidos por outros grupos10,14,18,22. A literatura ainda é controversa quanto à relação entre a concentração pico de lactato e os resultados do teste de lactato mínimo22,23. No presente estudo, as concentrações de LM nos dois ajustes adotados foram baixas (LM1 = 3,14 ± 0,29 mM e LM2 = 3,20 ± 0,33 mM) e significantemente correlacionadas com a concentração de lactato pico (r = 0,78 e 0,76, respectivamente), sugerindo que o valor de lac pico pode gerar diferentes concentrações de LM, mas não distintas intensidades (vLMs). Por outro lado, outros estudos observaram diferenças não só da concentração mínima de lactato, mas também da vLM quando adotaram protocolos diversificados14,24.

Outras correlações interessantes também foram observadas no presente estudo (tabela 3), especialmente entre potências anaeróbias geradas pelo RAST adaptado ao basquete. Ressalta-se ainda a não existência de correlação significante entre a capacidade anaeróbia estimada pelo modelo não invasivo (CCA) e demais parâmetros anaeróbios obtidos pelo RAST e por lactacidemia. Esses achados corroboram com resultados de outras investigações, as quais também não obtiveram correlações significantes entre a capacidade anaeróbia determinada por modelo de potência crítica ou variáveis deste com potência anaeróbia13,18.

CONCLUSÃO

Os resultados do presente estudo sugerem a possibilidade de determinação de parâmetros aeróbios e anaeróbios por testes invasivos e não invasivos aplicados a basquetebolistas do gênero feminino. O modelo específico não invasivo pode ser utilizado para determinar parâmetros aeróbios e anaeróbios, entretanto, assim como ocorre em outras modalidades esportivas, a Vcrit superestima a intensidade de LM determinada de modo tradicional. Ressalta-se também a não utilização de um pelo outro, haja vista a inexistência de correlações significantes entre Vcrit e LM1 e LM2. Ainda, quando da adoção do protocolo de lactato mínimo com indução hiperlactacidemica por RAST adaptado ao basquetebol, o ajuste 'lactato versus tempo', que considera o pico lactacidêmico na análise de LM (intensidade e concentração) parece ser mais adequado, já que esse modelo apresenta elevado percentual de sucesso e ainda minimiza as diferenças entre resultados observados por teste de velocidade crítica.

Todos os autores declararam não haver qualquer potencial conflito de interesses referente a este artigo.

  • Correspondência:

    Fúlvia de Barros Manchado-Gobatto

    Universidade Estadual de Campinas - Unicamp

    Faculdade de Ciências Aplicadas - FCA

    Caixa Posta 1068 - CEP 13484-350

    Limeira - SP - Brasil

    E-mail:

  • Correspondência: Fúlvia de Barros Manchado-Gobatto Universidade Estadual de Campinas - Unicamp Faculdade de Ciências Aplicadas - FCA Caixa Posta 1068 - CEP 13484-350 Limeira - SP - Brasil E-mail:

    Quais são considerados equipamentos que são utilizados por sistemas invasivos?

    Resposta verificada por especialistas Os esportes de invasão usam bola, tênis/chuteira e uniforme, são equipamentos comuns a modalidades como futebol, voleibol e basquetebol.

    Quais são os sistemas invasivos no esporte?

    Quais são considerados equipamentos que são utilizados por sistemas invasivos no esporte. 1- Identificadores por radiofrequência. Ultra Wide Band (UWB). Local Position Measurement LPMI e Sistemas de Posicionamento Globais (GPS).

    Quais são os materiais utilizados no esporte de invasão?

    Esportes de invasão Os esportes de invasão possuem como o objetivo o ataque ao campo adversário e a conquista de sua meta. Essa meta, em geral, deve ser alcançada por uma bola ou objeto semelhante (puck, no hóquei). O ponto é marcado quando se atinge o gol, a cesta, o touchdown ou o try, por exemplo.

    Quais são as principais características de um esporte de invasão?

    As características presentes nos esportes de invasão são os lançamentos, recepções e passagens de bola ou de outro objeto.