Quais são as barreiras naturais do nosso corpo contra os microrganismos?

O sistema imunológico desempenha importante papel no mecanismo de defesa do corpo contra as células tumorais

Publicado em 04/06/2022 01h38 Atualizado em 21/06/2022 14h47

No organismo, existem mecanismos de defesa naturais que o protegem das agressões impostas por diferentes agentes que entram em contato com suas diferentes estruturas. Ao longo da vida, são produzidas células alteradas, mas esses mecanismos de defesa possibilitam a interrupção desse processo, resultando em sua eliminação. A integridade do sistema imunológico, a capacidade de reparo do DNA danificado por agentes cancerígenos e a ação de enzimas responsáveis pela transformação e eliminação de substâncias cancerígenas introduzidas no corpo são exemplos de mecanismos de defesa.

Esses mecanismos, próprios do organismo, são na maioria das vezes geneticamente predeterminados, e variam de um indivíduo para outro. Esse fato explica a existência de vários casos de câncer numa mesma família, bem como o porquê de nem todo fumante desenvolver câncer de pulmão.

O sistema imunológico desempenha um importante papel nesse mecanismo de defesa. Ele é constituído por um sistema de células distribuídas numa rede complexa de órgãos, como o fígado, o baço, os gânglios linfáticos, o timo e a medula óssea, e também circulando na corrente sanguínea. Esses órgãos são denominados órgãos linfoides e estão relacionados com o crescimento, o desenvolvimento e a distribuição das células especializadas na defesa do corpo contra os ataques de "invasores estranhos". Dentre essas células, os linfócitos desempenham um papel muito importante nas atividades do sistema imune, relacionadas às defesas no processo de carcinogênese.

Cabe aos linfócitos a atividade de atacar as células do corpo infectadas por vírus oncogênicos (capazes de causar câncer) ou as células em transformação maligna, bem como de secretar substâncias chamadas de linfocinas. As linfocinas regulam o crescimento e o amadurecimento de outras células e do próprio sistema imune. Acredita-se que distúrbios em sua produção ou em suas estruturas sejam causas de doenças, principalmente do câncer.

A compreensão dos exatos mecanismos de ação do sistema imunológico contribuirá para a elucidação de diversos pontos importantes para o entendimento da carcinogênese e, portanto, para novas estratégias de tratamento e de prevenção do câncer.

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Índice

  • 1 Barreiras naturais
  • 2 Inflamação
  • 3 Defensinas
  • 4 Componentes celulares do sistema imune inato
  • 5 Conclusão

É necessário ter ciência dos principais mecanismos de defesa imune (?) contra os agentes infecciosos, pois este permite o entendimento da patogênese das doenças, estratégias do hospedeiro e mecanismos de escape do parasita. O sistema imunológico inato envolve a participação de componentes estruturais, moleculares e celulares. Nesse cenário encontra-se a homeostase.

O sistema imune inato engloba as barreiras físicas, químicas e biológicas, incluindo defensinas e componentes celulares.

Barreiras naturais

O organismo possui barreiras naturais que são inespecíficas, como a da pele (queratina, lipídios e ácidos graxos), a saliva, o ácido clorídrico do estômago, o pH da vagina, a cera do ouvido externo, muco presente nas mucosas e no trato respiratório, cílios do epitélio respiratório, peristaltismo, flora normal, entre outros.

A importância das barreiras naturais no combate às infecções extracelulares é bem reconhecida. A integridade da pele e das mucosas impede a aderência e a penetração de bactérias; o movimento mucociliar elimina bactérias do trato respiratório; o pH ácido do estômago destrói bactérias que penetram pelo trato digestivo alto; e na saliva e secreções prostáticas existem substâncias com atividade antimicrobiana.

Quais são as barreiras naturais do nosso corpo contra os microrganismos?
Figura 1 – Barreiras naturais contra infecções – Fonte: http://images.myshared.ru/17/1100855/slide_85.jpg

Quando essas barreiras são vencidas pelo patógeno, outros mecanismos estarão envolvidos na destruição ou neutralização dessa ameaça.

Inflamação

As células danificadas no local da lesão podem liberar uma série de substâncias que provocam a abertura dos canais iônicos nas membranas dos nociceptores, que sinalizam quando o tecido corporal está sendo lesado. Há liberação das proteases (enzimas que degradam proteínas), ATP e íons K+. As proteases podem clivar um peptídeo extracelular abundante, chamado cininogênio, formando o peptídeo bradicinina. A bradicinina liga-se a uma molécula receptora específica, que aumenta a condutância iônica de alguns nociceptores. De maneira similar, o ATP causa a despolarização dos nociceptores por meio da ligação direta a canais iônicos que dependem do ATP para sua ativação. E o aumento da [K+] extracelular despolariza diretamente as membranas neuronais. Também participam da sensibilização as prostaglandinas (aumentam muito a sensibilidade dos nociceptores a outros estímulos) e a substância P (sensibiliza áreas ao redor da lesão).

A substância P também causa vasodilatação e a liberação de histamina dos mastócitos. A dilatação das arteríolas da região, com aumento da permeabilidade e saída de líquido causa vermelhidão, inchaço, aumento da temperatura e dor, conjunto de alterações conhecido como inflamação. Atraindo mais células de defesa, como neutrófilos e macrófagos, para a área afetada.

Os neutrófilos que são acionados na resposta inflamatória são os leucócitos mais abundantes no sangue periférico, com importante papel nas fases precoces das reações inflamatórias e sensíveis a agentes quimiotáxicos como produtos de clivagem de frações do complemento (C3a e C5a) e substâncias liberadas por mastócitos e basófilos. Estão entre as primeiras células a migrarem dos vasos para os tecidos atraídos por quimiocinas, como a IL-8, e são ativados por diversos estímulos, como produtos bacterianos, proteínas do complemento (C5a), imunocomplexos (IC), quimiocinas e citocinas. A capacidade fagocitária dos neutrófilos é estimulada pela ligação de seus receptores para opsoninas, Fc de IgG, C3b, e TLRs. Essas células também sofrem degranulação, liberando três classes de grânulos no meio extracelular: Grânulos primários ou azurófilos, que contêm mediadores importantes como mieloperoxidase, defensinas, elastase neutrofílica, proteína de aumento da permeabilidade bacteriana e catepsina G; grânulos secundários, que apresentam componentes secretados especificamente por neutrófilos, sendo a lactoferrina o principal exemplo; grânulos terciários, cujas principais proteínas são as catepsinas e gelatinases.

Defensinas

As defensinas pode ser alfa e beta, separadas assim devido à localização de pontes dissulfeto. As defensinas são produzidas pelas células epiteliais das superfícies mucosas e pelos leucócitos contendo grânulos, incluindo neutrófilos, células natural killer e linfócitos T citotóxicos. O grupo de moléculas defensinas produzidas difere entre os diferentes tipos celulares. As ações protetoras abrangem a toxicidade direcionada aos microrganismos, incluindo bactérias, fungos e vírus em envelope, e a ativação de células envolvidas na resposta inflamatória aos microrganismos. As defensinas matam os microrganismos por uma variedade de mecanismos, muitos dos quais dependem de suas habilidades em se inserir e romper funções das membranas microbianas.

Componentes celulares do sistema imune inato

A imunidade inata não necessita de exposição anterior ao agente para ser eficaz. Assim, responde imediatamente a um invasor. Reconhece principalmente moléculas que estão difusamente distribuídas em vez daquelas específicas de um organismo ou célula.

As células fagocíticas (neutrófilos no sangue e tecidos, monócitos no sangue e macrófagos nos tecidos) ingerem e destroem os agentes invasores. O ataque das células fagocíticas pode ser facilitado quando os antígenos são recobertos proteínas complementares que opsonizam antígenos.

As células NK destroem células infectadas por vírus e algumas células tumorais. Os leucócitos polimorfonucleares (neutrófilos, basófilos e mastócitos) e as células mononucleares (monócitos, macrófagos e mastócitos) liberam mediadores inflamatórios.

É importante lembrar que os componentes da imunidade inata e da imunidade adaptativa se complementam. Funcionando em conjunto, não separadamente.

Figura 2 – Interação do sistema inume inato e sistema imune adaptativo – Fonte: https://theunexpected4.wordpress.com/2020/01/15/immune-system-why-some-people-are-healthier-than-others/

Conclusão

A imunidade inata é a resposta inicial aos microrganismos que previne, controla ou elimina a infecção do hospedeiro por muitos patógenos. Deficiências, inibição ou eliminação de quaisquer dos mecanismos da imunidade inata aumentam a suscetibilidade a infecções, mesmo quando o sistema imune adaptativo está intacto. Apesar de muitos microrganismos patogênicos terem estratégias para resistir à imunidade inata, ela ainda é capaz de manter a infecção sob controle até que as respostas imunes adaptativas mais especializadas sejam ativadas.

A imunidade inata estimula as respostas imunes adaptativas e pode influenciar a natureza das respostas adaptativas para torná-las otimamente efetivas contra diferentes tipos de microrganismos. Assim, a imunidade inata não atua somente em funções defensivas logo após a infecção, mas também fornece sinais que alertam o sistema imune adaptativo para responder.

É necessário que o médico seja capaz de diagnosticar deficiências no sistema imune do paciente, tanto em quesitos de funcionamento aquém do esperado quanto processos exacerbados. E é de suma importância que se reconheça a natureza de infecção através dos componentes celulares elucidados no hemograma do paciente.

Autora: Gabrielle Schneid

Instagram: @g.schneid

Referências:

https://www.scielo.br/j/abd/a/3VZ9Fz6BH9HDGnPhkN3Ktbd/abstract/?lang=pt

http://www.myshared.ru/slide/1100855/

ABBAS, A.K.; LICHTMAN, A.H.; PILLAI, S. Imunologia Celular e Molecular. 8ᵃ Edição. Elsevier, 2015

Quais são as barreiras naturais do nosso corpo contra os microorganismos?

As barreiras naturais são constituídas pela pele, pelas membranas mucosas, pelas lágrimas, pela cera dos ouvidos, pelo muco e pelo ácido gástrico.

Qual a principal barreira contra os microrganismos?

Barreira mecânica: é representada pela pele íntegra e composta pela epiderme, rica em queratina e impede a entrada de microorganismos diversos.

Quais as 4 principais barreiras do nosso corpo?

As barreiras físicas compõem a primeira linha de defesa do organismo. São elas a pele, a saliva, o muco, as lágrimas e os pelos.

Quais são as barreiras do nosso corpo que ajudam a impedir a entrada de micro

Barreiras do trato gastrintestinal incluem o pH ácido do estômago e a atividade antibacteriana das enzimas pancreáticas, bile e secreções intestinais. O peristaltismo e a perda normal de células epiteliais intestinais removem os microrganismos.