Quais foram as estratégias dos espanhóis para dominar os povos americanos?

A rápida conquista dos domínios astecas e a longa conquista da área maia

Autor(a): Anderson Roberti dos Reis

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Apresentação

Em 1519, com algumas centenas de soldados, cavalos e armas de fogo, Hernán Cortés saiu de Cuba em direção à costa mexicana e, em dois anos, derrotou os astecas e conquistou a sua capital: México-Tenochtitlan. Esse feito resultou de uma série de guerras, estratégias militares, alianças com outros grupos indígenas e, por que não, de acasos. A conquista dos domínios astecas abriu caminho para que outras áreas da região que se tornaria, mais adiante, o vice-reino da Nova Espanha, fossem exploradas e dominadas pelos espanhóis. Foi o que, por exemplo, ocorreu na Península de Yucatán (em meados do século XVI), zona onde viviam os maias, e nas porções mais ao norte e noroeste de México-Tenochtitlan (já no final dos Quinhentos).

A tentativa de compreender como algumas centenas de espanhóis poderiam ter derrotado e conquistado os milhares de indígenas que viviam na Mesoamérica e na Península de Yucatán, já recebeu muita atenção da historiografia. Para responder a essa questão de modo satisfatório, é necessário percorrer alguns aspectos relativos à história e à cultura daqueles povos indígenas, além das próprias estratégias e trajetória de Cortés ante as novidades que encontrava enquanto seguia rumo a México-Tenochtitlan.
De início, há um aspecto importante que ficou obscurecido por muitos anos nas interpretações elaboradas a respeito do tema `conquista da América`, sobretudo no que se referia ao México. Sob o termo `índios` ou `indígenas` `escondia-se` uma pluralidade de povos que tinham histórias e culturas distintas, mas que, quando vistos diante da conquista espanhola, tornavam-se todos `indígenas` os que se opunham, no horizonte analítico, aos ibéricos. A oposição simples entre `espanhóis` e `indígenas` dificultou a compreensão dos processos que deram a vitória daqueles contra um grupo destes no início do século XVI.
Esse obstáculo foi paulatinamente superado conforme aumentaram os estudos sobre os indígenas da Mesoamérica, cujas pesquisas indicavam que o termo `índio` abrigava um sem-número de povos que, quase sempre, estavam em disputas, guerras, alianças etc. Embora saibamos que línguas diferentes não significam, necessariamente, culturas diferentes, um número é revelador da pluralidade de povos na Mesoamérica: estima-se que, no século XVI, eram faladas pouco mais de 100 línguas naquela região.
Desse modo, descobrimos aos poucos - apesar de nem todos os manuais didáticos terem incorporado tal `descoberta` - que os astecas (ou mexicas) não eram os únicos indígenas `do` México. Soubemos, ainda, que eles haviam fundado a sua capital no século XIV e que, no XV, passaram a dominar a maioria das cidades e povos do Vale do México, cobrando desses `súditos` tributos que nem sempre os agradavam. À medida que os estudos a respeito da história pré-hispânica avançavam, pudemos perceber que havia dezenas de outros grupos indígenas que não eram `astecas`, mas que, ao contrário, eram seus inimigos e lhes faziam guerra para se livrar de seu domínio.
O conhecimento acerca das histórias indígenas não pretendia retirar dos astecas o papel que lhes foi dado por certa historiografia que tratou da conquista da América. O que ocorria era menos radical e mais sutil: tratava-se de enfatizar a pluralidade dos povos indígenas americanos e, ao mesmo tempo, remarcar a relação de poder existente entre os mexicas e os demais grupos da Mesoamérica. Com isso, poderíamos visualizar outro panorama antes de nos interrogarmos sobre a `façanha` de Cortés e de outros conquistadores no século XVI. Isto é, os espanhóis encontraram na costa e, depois, no altiplano mexicano, muitas comunidades indígenas com características básicas semelhantes (como a alimentação, por exemplo), mas distintas entre si. Desse modo, não se tratava, necessariamente, de uma disputa entre centenas de espanhóis contra `os` indígenas. Não. Como sabemos, milhares de índios se juntaram aos `estrangeiros` para derrotar outros milhares de nativos que os dominavam até então.
A partir desse horizonte, podemos lançar novos problemas e hipóteses a respeito da conquista dos astecas e, em seguida, dos maias. Temos a possibilidade de matizar a simples oposição `espanhol x índio`. Podemos, ainda nessa direção, nos perguntar a respeito da relação entre `conquistador x conquistado`, já que nem todos os nativos sentiam-se `conquistados` em 1521, quando Cortés triunfou definitivamente sobre os mexicas. Para tanto, é importante lembrar que os tlaxcaltecas ou os totonacas, aliados dos espanhóis contra os astecas, não sabiam à época que seriam subjugados por seus antigos aliados. Para eles, a aliança com os `estrangeiros` era uma formidável ocasião de escapar de seus dominadores.
Feitas essas observações sobre a pluralidade dos povos indígenas, e sobre como ela nos ajuda a compreender o sucesso dos espanhóis diante da `multidão de nativos` do Vale do México, é preciso salientar o outro lado da moeda. Se havia muitos povos na Mesoamérica que viviam sob o domínio dos mexicas no início do século XVI - e que, por isso, estavam quase sempre em situações de tensão - cumpre lembrar a capacidade de Hernán Cortés para captar rapidamente tal cenário e de tirar proveito dele. Desde que chegou à costa para fazer os primeiros reconhecimentos, em 1519, Cortés soube aproveitar das circunstâncias que lhe apareceram: recrutou tradutores para entender quais eram as mensagens enviadas por Moctezuma e por que o tlatoani lhe mandava presentes e agrados.
Conforme obtinha informações, Cortés ampliava o conhecimento do cenário que enfrentava: havia uma capital, onde habitava Moctezuma, abundante em riquezas; os mexicas não tinham certeza sobre a origem dos espanhóis e desconfiavam, inclusive, que estes pudessem ser deuses; os astecas eram poderosos, dominavam outros povos, mas não conheciam os cavalos e as armas de fogo; havia muitas tensões entre os mexicas e os grupos subjugados, com quem Cortés poderia se aliar. Ante esse `dossiê`, Hernán Cortés foi capaz de perceber que se ele explorasse as `divisões` existentes no `mundo indígena`, poderia derrotar os nativos, sobretudo os astecas, e dominá-los.
Trata-se daquilo que muitos analistas chamaram de `gênio político`: a capacidade de ler determinada situação com precisão e rapidez - sem nos esquecermos que Cortés estava frente a códigos culturais distintos dos seus - e de tomar decisões que lhe fossem favoráveis. Assim, Cortés se aliou aos tlaxcaltecas, aos totonacas; aparentou ser `amigo` aos mensageiros que Moctezuma enviava, enquanto planejava conquistar México-Tenochtitlan; atirou com os canhões e usou os cavalos para assustar os embaixadores mexicas que iam negociar com os espanhóis. Enfim, Cortés foi, como escreveu o professor Federico Navarrete Linares, capaz de reconhecer as oportunidades e de aproveitá-las ao máximo. E aqui voltamos ao início deste texto e lembramos que, para compreender melhor a rápida conquista dos domínios astecas, é preciso ter em mente, de um lado, a pluralidade dos povos indígenas na Mesoamérica e suas tensões e, de outro lado, a capacidade que Cortés teve de captar as circunstâncias e criar uma estratégia que tirasse proveito de tal situação.
Quando pensamos na conquista da área maia, desde a Península de Yucatán até chegar à região que hoje pertence à Guatemala, esses mesmos problemas devem ser levantados. Embora as circunstâncias tenham sido diferentes, sobretudo pelo tempo que a `conquista` demorou (os primeiros contatos ocorreram em 1517, mas as expedições sistemáticas se iniciaram cerca de dez anos mais tarde e só tiveram relativo sucesso na virada da década de 1540 para 1550), a pluralidade dos povos indígenas e as estratégias dos espanhóis devem ser discutidos com cuidado para a melhor compreensão dos processos ligados ao tema `conquista da América`.
Se Francisco de Montejo, el Adelantado, não contava com o mesmo gênio político de Cortés para pacificar as rebeliões indígenas e conquistar a área maia, ele tinha maior respaldo institucional da Monarquia espanhola, que já estava institucionalmente presente na Cidade do México, após a vitória contra os astecas. Pouco a pouco, mas não sem enfrentar dificuldades e resistências, a Coroa espanhola tomava conta de grande parte dos territórios antes dominados por mexicas e maias, subjugando, além desses dois povos, outros tantos grupos indígenas que a ela haviam se aliado.

Quais foram os meios utilizados pelos espanhóis para dominar as terras dos americanos?

Superioridade de armas: as armas utilizadas pelos espanhóis eram notadamente superiores, pois as armaduras de metal dos espanhóis garantiam importante proteção, além do uso de espadas, bestas, arcabuzes etc.

Quais meios facilitaram os espanhóis de conquistar os povos indígenas americanos?

Os espanhóis possuíam armas de fogo, lanças, espadas de metal e, principalmente, a besta, que davam vantagem para superar os grandes números de nativos em combates. Além disso, séculos de guerra e combate contra os muçulmanos na Península Ibérica deram aos espanhóis um grande conhecimento tático em guerras.

Que estratégias foram utilizadas pelos espanhóis para a conquista das civilizações dos Incas e astecas?

Cortés convenceu-o de que a aliança com os espanhóis oferecia a vantagem de não haver mais obrigação de pagar os impostos que eram pagos aos astecas. Após garantir o apoio dos totonacas, Cortés fundou uma cidade na região (Veracruz) e, juntamente de guerreiros totonacas, iniciou uma marcha pelo vale do México.

Como foi o processo de colonização espanhola na América?

A Conquista da América espanhola aconteceu de forma exploratória, isto é, não vinham para a América em busca de terras para povoar, eles ocupavam o espaço, apropriando-se de suas riquezas. Os espanhóis dizimaram as populações indígenas, impondo sua cultura, língua e religião.