Autor: Rafael Vieira MD • Revisor: Rafael Lourenço do Carmo MD Show
O sistema nervoso parassimpático (SNPS) é uma divisão do sistema nervoso autônomo que controla a atividade da musculatura lisa e cardíaca e das glândulas. Juntamente com o sistema simpático, forma o sistema nervoso autônomo (SNA). A divisão parassimpática consiste em nervos que se originam do cérebro e dos segmentos sacrais da medula espinal, e por esta razão, também é chamada de divisão craniossacral do SNA. Em termos gerais, os sistemas parassimpático e simpático consistem em fibras pré-ganglionares e pós-ganglionares. As fibras pré-ganglionares são os axônios dos neurônios cujos corpos celulares estão localizados no cérebro e na região sacral da medula espinal. Essas fibras fazem sinapse com gânglios parassimpáticos em todo o corpo, que emitem fibras parassimpáticas pós-ganglionares. As fibras parassimpáticas atingem seus órgãos-alvo seguindo o trajeto de alguns nervos do corpo. As fibras da medula espinal sacral viajam com os ramos do plexo sacral, enquanto as do cérebro unem-se aos nervos cranianos (oculomotor, facial, glossofaríngeo e vago). As funções do sistema nervoso parassimpático são comumente descritas como responsáveis pelos processos de "descanso ou digestão", porque esse sistema está envolvido na diminuição da frequência cardíaca, no relaxamento dos esfíncteres dos tratos gastrointestinal e urinário, e no aumento da atividade glandular e intestinal. O resultado final é o armazenamento de energia e a regulação das funções do corpo, como a digestão e a micção. É o contrário do sistema nervoso simpático (SNS), cuja função é descrita como a resposta de "luta ou fuga", que ocorre em situações estressantes e tem funções opostas. O SNPS utiliza a acetilcolina, que atua nos receptores muscarínicos e nicotínicos, como principal neurotransmissor. Este artigo irá discutir a anatomia e as funções do sistema nervoso parassimpático. Informações importantes sobre o sistema nervoso parassimpático
EstruturaO sistema nervoso parassimpático consiste em muitas vias que ligam seus componentes craniossacrais aos tecidos periféricos. Cada via parassimpática consiste em dois neurônios: os neurônios pré-sinápticos (pré-ganglionares) e pós-sinápticos (pós-ganglionares), que fazem sinapse ao nível do gânglio parassimpático. Os neurônios pré-sinápticos do sistema parassimpático se localizam no bulbo e na medula espinal sacral. Estes emitem axônios longos (fibras pré-sinápticas) que deixam o sistema nervoso central e cursam para os gânglios parassimpáticos. Quando esses axônios atingem os gânglios, as fibras pré-sinápticas fazem sinapse com os neurônios dos gânglios, também conhecidos como neurônios pós-sinápticos. Essa sinapse usa a acetilcolina como neurotransmissor, razão pela qual as vias parassimpáticas são chamadas de vias colinérgicas. Vamos agora explicar um pouco melhor a localização e função dos neurônios parassimpáticos.
Os corpos celulares dos neurônios pós-sinápticos encontram-se nos gânglios parassimpáticos, que geralmente estão localizados próximos ou mesmo dentro de seus órgãos-alvo. Depois de receber o impulso do neurônio pré-sináptico, o neurônio pós-sináptico transmite o impulso nervoso através de seu axônio (fibra pós-sináptica) para o órgão-alvo. As fibras pós-sinápticas são significativamente mais curtas do que as fibras pré-sinápticas, razão pela qual os corpos celulares pós-sinápticos estão localizados nas proximidades de seus órgãos-alvo. Para aproveitar melhor esse artigo é importante ter uma boa visão geral sobre o sistema nervoso. Para te ajudar com isso, preparamos a videoaula abaixo: Parte cranianaA parte craniana do sistema nervoso parassimpático tem origem nos núcleos dos nervos cranianos III, VII, IX e X. As fibras pré-sinápticas parassimpáticas unem-se a esses nervos cranianos para alcançar os gânglios parassimpáticos da cabeça. Os nervos cranianos que conduzem as fibras eferentes parassimpáticas cranianas são os seguintes:
Nervo vagoO nervo vago (nervo craniano X), funcionalmente, não se inclui nas vias eferentes parassimpáticas cranianas, uma vez que não fornece qualquer inervação parassimpática na cabeça. No entanto, é responsável pela inervação parassimpática das vísceras torácicas e abdominais. As fibras parassimpáticas pré-sinápticas do nervo vago originam-se do núcleo dorsal do nervo vago e do núcleo ambíguo, no tronco encefálico. As fibras pré-sinápticas viajam dentro do nervo vago para alcançar vários gânglios parassimpáticos ao redor e no interior dos órgãos do tórax e do abdome. Após a sinapse, os gânglios projetam fibras pós-sinápticas curtas, que então inervam os órgãos-alvo. As fibras que emergem do núcleo dorsal do nervo vago inervam principalmente estruturas nos pulmões e no trato gastrointestinal, até aproximadamente o ângulo da flexura esplênica do intestino grosso, enquanto as fibras do núcleo ambíguo inervam o músculo liso no coração, faringe e laringe, e palato mole.
Aprenda mais sobre o nervo vago com nossos artigos, videoaulas, testes e ilustrações. Parte sacralOs neurônios pré-sinápticos da porção sacral do SNPS estão localizados na substância cinzenta dos segmentos S2 a S4 da medula espinal. Essas fibras deixam a medula espinal através das raízes anteriores dos nervos espinais sacrais S2 a S4 e dos nervos esplâncnicos que emergem de seus ramos anteriores. Essas fibras fazem sinapse com gânglios parassimpáticos em torno do dos segmentos sigmoide e descendente do cólon, do reto e das vísceras da cavidade pélvica. As fibras pós-sinápticas que inervam os órgãos mencionados acima projetam-se a partir desses gânglios. Receptores parassimpáticosOs sinais no sistema nervoso parassimpático são mediados pela acetilcolina. A acetilcolina se liga aos dois tipos de receptores colinérgicos:
FunçõesO sistema nervoso autônomo controla e regula as funções dos órgãos, do músculo liso, do coração e das glândulas sem nenhum esforço consciente do indivíduo, ou seja, tem controle involuntário sobre essas estruturas. O SNA desempenha um papel crucial na manutenção da homeostase através das funções complementares de duas divisões anatômica e funcionalmente distintas: os sistemas nervosos parassimpático e simpático. Ambos os sistemas aumentam ou diminuem a atividade das estruturas que inervam, exercendo funções complementares. As fibras parassimpáticas são enviadas para várias vísceras para garantir o desempenho de diversas funções involuntárias. Em geral, as vias eferentes cranianas fornecem inervação parassimpática para a cabeça, e as vias eferentes sacrais inervam as vísceras pélvicas. No entanto, aproximadamente 75% dos impulsos parassimpáticos de todo o corpo provém do nervo vago, que inerva as vísceras torácicas e abdominais. Olhos (pupilas)A inervação parassimpática transmitida pelo nervo oculomotor resulta em dois tipos de reações no olho:
Além disso, a estimulação parassimpática do gânglio pterigopalatino via nervo facial causa aumento da atividade da glândula lacrimal, resultando em aumento da produção de lágrimas. Trato gastrointestinalA inervação parassimpática realizada pelos nervos facial e glossofaríngeo estimula a secreção das glândulas submandibular, sublingual e parótida. O resultado final é o aumento da salivação, o que promove a digestão. Os impulsos parassimpáticos transmitidos pelo nervo vago têm efeito mais direto na digestão, estimulando a liberação de sucos gástricos e enzimas do estômago, pâncreas e vesícula biliar, além de aumentarem o peristaltismo do trato gastrointestinal. O SNPS também causa a contração do reto e o relaxamento do músculo do esfíncter anal interno para permitir a defecação. O nervo vago inerva as vísceras abdominais, formando dois plexos ao longo de todo o comprimento do intestino:
Sistema cardiorrespiratórioAs vias eferentes parassimpáticas do nervo vago desempenham um papel importante no controle da frequência cardíaca. O nervo vago atua no nó atrioventricular (AV), atrasando sua condução e, assim, diminuindo a frequência cardíaca. A estimulação parassimpática também relaxa os músculos lisos dos vasos sanguíneos periféricos, causando vasodilatação. Por oposição, ao atuarem sobre a musculatura lisa dos vasos coronários, os nervos parassimpáticos levam a vasoconstrição em resposta à diminuição da necessidade de oxigênio. Ao nível dos pulmões, o SNPS contrai os músculos lisos do sistema traqueobrônquico, causando broncoconstrição e secreção na mucosa brônquica. Sistema genitourinárioOs impulsos parassimpáticos sacrais atuam nas vísceras pélvicas, causando relaxamento do esfíncter interno da bexiga e contração simultânea do músculo detrusor da bexiga. Isso aumenta a pressão intraluminal da bexiga, promovendo assim a micção. Além do mais, o SNPS estimula os tecidos eréteis dos genitais externos, permitindo que ocorra a ereção peniana/clitoriana. Agora é um excelente momento para testar se você realmente aprendeu sobre o sistema nervoso parassimpático. Testar seus conhecimentos é a melhor forma de consolidar seus estudos! Notas clínicasA neuropatia autonômica cardíaca diabética é uma complicação grave e comum da diabetes mellitus, que é muitas vezes subdiagnosticada, mas pode levar a alta morbidade e mortalidade. No período inicial dessa condição, há degeneração do controle simpático do coração, seguida, em estágios posteriores, pela degeneração da estimulação parassimpática do coração. Além disso, seus efeitos no sistema nervoso parassimpático causam graves alterações cardiovasculares, incluindo taquicardia em repouso, intolerância ao exercício e hipotensão postural. ReferênciasTodo o conteúdo publicado no Kenhub é revisado por especialistas em medicina e anatomia. As informações que nós fornecemos são baseadas na literatura acadêmica e pesquisas científicas. O Kenhub não oferece aconselhamento médico. Você pode aprender mais sobre nosso processo de criação e revisão de conteúdo lendo nossas diretrizes de qualidade de conteúdo. Bibliografia:
Sistema nervoso parassimpático - quer aprender mais sobre isso? As nossas videoaulas divertidas, testes interativos, artigos em detalhe e atlas de alta qualidade estão disponíveis para melhorar rapidamente os seus resultados. Com quais você prefere aprender? “Eu diria honestamente que o Kenhub diminuiu o meu tempo de estudo para metade.” – Leia mais. Kim Bengochea, Universidade de Regis, Denver © Exceto expresso o contrário, todo o conteúdo, incluindo ilustrações, são propriedade exclusiva da Kenhub GmbH, e são protegidas por leis alemãs e internacionais de direitos autorais. Todos os direitos reservados.Quais os órgãos alvos do simpático e parassimpático?Se o sistema simpático acelera o trabalho do estômago e dos intestinos, o parassimpático entra em ação para diminuir as contrações desses órgãos. O SNP autônomo simpático, de modo geral, estimula ações que mobilizam energia, permitindo ao organismo responder a situações de estresse.
Quais são as ações do sistema nervoso simpático e parassimpático?Além de acalmar o corpo e retorná-lo a um estado emocional estável, o sistema nervoso parassimpático também tem como função conservar a energia do organismo. Juntamente com o sistema simpático, também controla as pupilas. Veja também a diferença entre emoção e sentimento.
Quais são as ações do sistema nervoso parassimpático?As funções do sistema nervoso parassimpático são comumente descritas como responsáveis pelos processos de "descanso ou digestão", porque esse sistema está envolvido na diminuição da frequência cardíaca, no relaxamento dos esfíncteres dos tratos gastrointestinal e urinário, e no aumento da atividade glandular e ...
Como funciona a ação dos sistemas simpático e parassimpático em que situações eles ajustam a frequência cardíaca?Assim, a atuação do sistema nervoso simpático e parassimpático no coração é bem distinta, uma vez que o simpático aumenta os batimentos cardíacos (sendo ativado, por exemplo, em situações de estresse ou exercícios físicos) e o parassimpático os diminui (predispondo, por exemplo, à bradicardia necessária para que o ...
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