Por que o estabelecimento de fazendas de gado está associado a ampliação dos territórios ocupados pelos portugueses no interior da atual região Nordeste?

letra a: Inicialmente, a ocupação ocorreu no Vale do Paraíba, numa área situada entre as províncias de Rio de Janeiro e São Paulo. Posteriormente, irradiou-se no sentido oeste na província de São Paulo, atingindo a região de Campinas e alcançando Ribeirão Preto, o sul de Minas Gerais e o estado do Paraná.

letra b: A atividade econômica que motivou a expansão foi a lavoura cafeeira, que cresceu durante o século XX, tornando-se por muitas décadas a principal fonte de riqueza do Brasil.

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A pecuária brasileira se iniciou nos estados do Nordeste durante o século XVI, mais precisamente, na capitania de São Vicente para onde foram trazidas cabeças de gado vindas de Cabo Verde. Depois, em 1550, Tomé de Sousa trouxe novo carregamento, desta vez, para Salvador, de onde a pecuária se estenderia para outras regiões do Nordeste, principalmente Pernambuco, Maranhão e Piauí.

Por que o estabelecimento de fazendas de gado está associado a ampliação dos territórios ocupados pelos portugueses no interior da atual região Nordeste?

Gado. Foto: Lucas Martins

De início a criação de gado era apenas uma atividade complementar nas fazendas agropecuárias e o principal uso dos animais era como tração nos engenhos. Mas, a partir do século XVII, e o crescimento tanto de uma quanto de outra atividade, a criação de gado foi se expandindo e se tornando uma atividade independente.

Como a pecuária exigia muito espaço para a pastagem dos animais houve a necessidade da expansão para o interior. Foi aí que a atividade pecuária se tornou um fator importantíssimo da colonização da região centro-oeste e interior do nordeste brasileiro. É nesse período que a figura do vaqueiro passa a ter uma maior importância.

Responsáveis por cuidar da boiada, os vaqueiros foram os principais desbravadores de todo interior nordestino, com destaque para a Bahia e Pernambuco. Estes homens rudes, geralmente ex-escravos fugidos dos engenhos seguiam sempre em torno dos rios onde eram instalados os currais. Em 1614 foi realizada a primeira feira de gado, na Bahia, a partir daí as feiras se tornariam a principal ponte entre as duas atividades, a pecuária e agricultura.

Então, na primeira metade do século XVIII a pecuária bovina se estende para o sul do país onde encontra imensas pastagens naturais e se torna a principal atividade econômica da região por muito tempo.

Atualmente as regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste são os principais produtores de bovinos, sendo o Nordeste o principal produtor de caprinos e muares. Os ovinos predominam no Sul e os suínos e aves no Sul e Sudeste.

No último censo realizado pelo IBGE constatou-se que foram abatidas 23.300 mil cabeças de bovinos, 20.009 mil cabeças de suínos e 3.221.043 milhões cabeças de aves só em 2007. Sem contar os 12.887.066 milhões de litros adquiridos e as 32.412.514 unidades de couro inteiro cru de origem nacional adquiridas pelos curtumes.

Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/economia/pecuaria-brasileira/

Durante o período colonial, a empresa açucareira foi o grande investimento dos portugueses nas terras brasileiras. Contudo, as necessidades de consumo das populações nativas serviram para o desenvolvimento de outras atividades econômicas destinadas à subsistência. Tais empreendimentos econômicos ficaram comumente conhecidos como atividades acessórias ou secundárias e costumava abranger o plantio de pequenas e médias culturas e produção de algodão, rapadura, aguardente, tabaco e mandioca.

Nesse cenário a atividade pecuarista também começou a ganhar espaço com a importação de algumas reses utilizadas para o trabalho nos engenhos de açúcar. Com o passar do tempo, o crescimento do rebanho de gado acabou causando problemas no interior das plantações de açúcar, que tinham parte de sua plantação destruída pela ação desses animais. Com isso, o lucro a ser alcançado com a produção açucareira se incompatibilizava com a incômoda presença do gado dentro das fazendas.

A questão chegou a ser tratada pelas autoridades metropolitanas, que estabeleceram um decreto que proibia a realização de qualquer atividade pecuarista nas regiões litorâneas do Brasil. A medida, apesar de seu caráter visivelmente restritivo, acabou impulsionando a criação de gado no interior do território de forma extensiva com o uso de pastagens naturais. Segundo algumas estimativas, no século XVII, a atividade alcançava várias regiões nordestinas e contava com mais de 600 mil cabeças.

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Além de se constituir enquanto uma atividade econômica alternativa aos projetos de exploração colonial, a pecuária também instituiu novas relações de trabalho alheias ao uso da mão-de-obra escrava. Geralmente, a pecuária necessitava de um pequeno número de trabalhadores e tinha sua mão-de-obra composta por trabalhadores livres de origem branca, negra, indígena ou mestiça. Além disso, o pagamento pelos serviços prestados era comumente realizado com o repasse de novos animas que surgiam no rebanho.

Com o surgimento das atividades mineradoras nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, a pecuária ampliou seu mercado consumidor estabelecendo novas frentes de expansão no Nordeste e na região Sul do território. Além de servir para o abastecimento da população, a atividade pecuarista também consolidou um próspero comércio de eqüinos e muares usados para o transporte de pessoas e mercadorias. Geralmente, eram organizadas feiras em alguns centros urbanos do interior onde esses animais eram negociados.

Além de ocupar uma importante posição no ambiente colonial, a expansão da pecuária foi de grande importância no processo de ampliação do território. Paralelamente, após a decadência da atividade mineradora no interior, a pecuária também se consolidou como uma nova atividade que substituiria o vazio econômico deixado pelo escasseamento das minas.

Por Rainer Sousa
Graduado em História

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SOUSA, Rainer Gonçalves. "Pecuária no período colonial"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/pecuaria-no-periodo-colonial.htm. Acesso em 25 de novembro de 2022.

De estudante para estudante


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Qual a relação entre a pecuária e a expansão da colonização no interior do Nordeste?

Na segunda metade do século XVII, com o aumento da criação de gado extensiva, a ocupação do território nordestino avançou para o interior. Neste período começaram a surgir os currais, que eram grandes fazendas voltadas para a pecuária.

Por que os criadores de gado tiveram de se deslocar para o interior da colônia?

Apesar de sua importância para as diversas atividades da Colônia, considerava-se a criação do gado uma atividade secundária. Para que não prejudicasse a produção do açúcar, ocupando e danificando o espaço do canavial, ela foi sendo levada para o interior, cumprindo um importante papel em sua ocupação.

Qual a relação da criação de gado com o desbravamento do interior brasileiro?

A criação de gado, também denominada pecuária, foi determinante para o desbravamento do interior brasileiro, visto que sua inserção no Brasil, ainda durante o período colonial, acabou representando prejuízos devido ao avanço dos rebanhos sobre as agriculturas comerciais, tendo, então, de ser dispersos.

Em quais locais ocorre a criação de animais no início da colonização?

Os primeiros locais a partir dos quais os vaqueiros deslocaram-se foram os engenhos localizados em Pernambuco e na Bahia. Eles buscaram seguir o rumo contrário do sentido do Rio São Francisco, que passou a ser conhecido como “Rio dos Currais”.