Por que devemos diminuir o uso de combustíveis fósseis para geração de energia?

Os preços do gás, carvão e eletricidade subiram em escala global nas últimas semanas, chegando aos níveis mais altos do século – depois da queda no consumo global de energia nos primeiros meses da crise de covid-19, no ano passado, ter levado os preços de muitos combustíveis aos níveis mais baixos em décadas. Desde então, porém, o uso de fontes de energia muito poluentes tem se recuperado fortemente, como resultado da retomada da economia global.

O Brasil também sentiu o impacto do aumento do preço dos combustíveis fósseis, mas decidiu recorrer a essas fontes poluentes em meio a uma forte crise hídrica. O resultado? Nunca antes foi gerada tanta eletricidade em território brasileiro nas centrais termelétricas – que produzem energia elétrica a partir da queima de carvão, óleo combustível ou gás natural – quanto em agosto deste ano. Dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) mostram que 14.143 gigawatts-hora (GWh) foram produzidos no período, 12% a mais que o total registrado no auge da última crise hídrica, em 2015.

As usinas a carvão, em especial, são a maior fonte única de emissões de CO2 relacionadas à energia, apresentando um grande desafio para os governos que buscam um caminho para sistemas de energia com emissões líquidas zero e buscam oferecer alternativas limpas e mais sustentáveis. Nesta quinta-feira (4/11), o mundo deu um passo adiante na tarefa de para eliminar a energia do carvão, com mais de 40 países se comprometendo a diminuir seu uso – incluindo alguns dos maiores usuários de carvão do mundo, como Polônia, Vietnã e Chile.

Mas, se os custos dos combustíveis fósseis têm registrado recordes históricos, enquanto o mundo luta contra o aquecimento global – intensificado justamente pelas emissões de gases de efeito estufa –, o que falta para implementar de vez uma transição energética rumo a alternativas renováveis?

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Por que devemos diminuir o uso de combustíveis fósseis para geração de energia?

Por que devemos diminuir o uso de combustíveis fósseis para geração de energia?

"Energia" é justamente o tema que deve centralizar as discussões nesta quinta-feira (4/11) na 26ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP26), que reúne chefes de Estado e representantes de mais de 190 países em Glasgow, na Escócia.

Conforme a Agência Internacional de Energia (AIE), os investimentos em petróleo e gás natural diminuíram nos últimos anos como resultado de duas quedas nos preços das commodities – em 2014 e em 2020. Isso tornou o fornecimento mais vulnerável aos tipos de circunstâncias excepcionais que vemos hoje, aponta a agência. Ao mesmo tempo, os governos não têm buscado políticas fortes o suficiente para aumentar as fontes de energia limpa e tecnologias para preencher a lacuna.

"É legítimo que os países tomem medidas de emergência contra períodos de turbulência do mercado de curto prazo. Mas essas medidas devem ser implementadas de forma que não piorem o ambiente de investimento para fontes de energia e tecnologias de baixo carbono, como energias renováveis, eficiência energética, redes de eletricidade, energia nuclear e biocombustíveis sustentáveis, que são vitais para a transição rumo a sistemas de energia mais limpos e resilientes", advertiu a AIE, em relatório publicado às vésperas da COP26.

Petróleo, gás e carvão ainda estão na origem de 80% do volume total da energia consumida e são responsáveis por 75% dos desequilíbrios climáticos, descreve o relatório. A AIE também destaca que o atual déficit geral de investimentos não afeta apenas o clima, mas também os preços e o abastecimento. Este quadro antecipa mais "turbulências" no mercado, porque a oferta de energia limpa não satisfaz o aumento de demanda.

O financiamento público e privado para as fontes poluentes também pesa contra a transição verde. Há grandes expectativas para a COP 26 em relação a isso. Estados Unidos, Reino Unido e outros 18 países devem assinar uma declaração conjunta para pôr fim ao financiamento dos bancos públicos de desenvolvimento a projetos estrangeiros de exploração de petróleo, gás e carvão até o fim do próximo ano. Nesta semana, as principais instituições financeiras de capital privado do mundo também assinaram um acordo em prol da transição para uma economia mais verde, liderado pela Glasgow Financial Alliance for Net Zero (GFANZ).

Energia renovável cresce em um Brasil ainda dependente de fontes poluentes

No Brasil, a participação de fontes renováveis na matriz energética vem crescendo. Mas o país ainda depende de fontes não renováveis para garantir o abastecimento.

"No horizonte do plano nacional de energia, a geração de fontes eólicas vai dobrar até 2030. Além disso, as perspectivas também são animadoras para a fonte solar. Em setembro, chegamos à marca histórica de 11 GW de potência operacional da fonte solar no país. O mercado de renováveis no Brasil, para os próximos anos, é bastante promissor", descreve Christiano Vieira, secretário de energia elétrica do Ministério de Minas e Energia (MME).

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Por que devemos diminuir o uso de combustíveis fósseis para geração de energia?

Por que devemos diminuir o uso de combustíveis fósseis para geração de energia?

Vieira admite que a transição energética é essencial para o país, porém defende que o Brasil já conta com uma das matrizes mais limpas do mundo, especialmente por conta do uso intenso das hidrelétricas. Com a crise hídrica, porém, fica claro o quanto essa opção precisa ter alternativas.

"As fontes renováveis trazem um componente de segurança energética que nós não podemos desprezar. Essa conjuntura hídrica é, no momento, desfavorável, mas temos um recorde de produção eólica e solar que tem contribuído para dar o suporte, a confiabilidade para o sistema. Então a energia renovável é muito importante", descreve o secretário de energia elétrica.

Monitoramento feito pelo Banco Mundial mostra que o quilowatt-hora (kWh) no Brasil já estava acima da média mundial em 2019. A eletricidade para os brasileiros está mais cara que em países como Noruega e Suécia, que também têm grande participação das hidrelétricas na matriz.

A queima de combustíveis fósseis emite gases que aumentam o efeito estufa natural da Terra e, dessa maneira, aceleram as mudanças climáticas. A Agência Internacional de Energia detalha a eliminação progressiva de usinas movidas a carvão como um alvo para ação urgente por parte dos países. Conforme a agência, zerar as emissões líquidas de gases de efeito estufa (GEE) globalmente até 2050 exigiria a eliminação gradual de toda a geração a carvão nas economias desenvolvidas até 2030 e no mundo todo até 2040.

Por que é importante reduzir o uso de combustíveis fósseis na geração de energia?

A queima desse tipo de combustível é um dos grandes responsáveis pelo aumento de gás carbônico (CO2) na atmosfera, um dos agentes causadores do efeito estufa ou aquecimento global — quando a própria atmosfera dificulta a dissipação do calor vindo do Sol de volta para o espaço.

Por que é importante substituir os combustíveis fósseis?

A utilização de fontes renováveis é importante, pois os combustíveis fósseis (petróleo, gás natural e carvão mineral) são produtos que com o tempo irão acabar. O petróleo, por exemplo, é um material que é resultado da decomposição de organismos que morreram há milhões de anos.

Quais são os principais problemas causados pelo uso de combustíveis fósseis?

Apesar das vantagens, o uso dos combustíveis fósseis traz inúmeros problemas, como o aquecimento global, que é causado pelo excesso de CO2 na natureza; a chuva ácida, ocasionada pela reação entre os poluentes e o vapor d'água; a poluição da atmosfera e a contaminação das águas.

Por que a utilização dos combustíveis fósseis como fonte de energia é prejudicial ao meio ambiente?

O dióxido de carbono, gás liberado durante a queima desse tipo de combustível é o principal responsável pelo aquecimento global. O dióxido de enxofre, um dos poluentes liberados também na combustão de combustíveis fósseis é a causa principal da chuva ácida.