Por que a abertura dos portos às nações amigas significou o fim do pacto colonial?

Livre-comércio com nações amigas de Portugal, por Dom João VI, disparou a contagem regressiva para a independência do Brasil

Foi uma medida provisória, essa velha conhecida dos brasileiros, que colocou a maior e mais importante colônia portuguesa no caminho do desenvolvimento. Considerada a primeira MP da história, a carta de Abertura dos Portos às Nações Amigas encerrou o chamado Pacto Colonial, que impedia o Brasil de manter relações comerciais com qualquer outro país que não fosse Portugal. Na verdade, esse era o início de um processo mais amplo que levaria a colônia à condição de nação independente 14 anos mais tarde.

Quando dom João assinou a carta, no dia 28 de janeiro de 1808, estava acabando com três séculos de monopólio comercial português. Foi o primeiro passo para a diversificação da economia na colônia e a criação de um mercado interno mais robusto. Para o Brasil, uma excelente notícia – a extinção do Pacto Colonial mostraria aos brasileiros como a vida poderia ser melhor, menos custosa e mais lucrativa sem os portugueses atravessando toda e qualquer transação. Para Portugal, no entanto, aquilo significaria o início do fim de seu já decadente império ultramarino.

Pindaíba Real

Por que a abertura dos portos às nações amigas significou o fim do pacto colonial?
Carta  para a abertura dos portos Domínio Público

Com a transferência da corte para o Brasil, a abertura dos portos tornou-se inevitável. Quando dom João desembarcou por aqui, encontrou uma colônia extremamente atrasada. Para suprir suas necessidades principescas, não havia alternativa senão deixar que navios de outros países trouxessem seus produtos até a nova capital, agora instalada no Rio de Janeiro.

A idéia do visconde

Uma pindaíba generalizada também pesou na decisão de dom João. Sem dinheiro após a fuga de Portugal, era preciso encontrar uma forma de financiar as despesas do governo e da corte. A cobrança de impostos sobre produtos importados já era sua principal fonte de receitas do outro lado do Atlântico. Sendo assim, por que não transformar a taxação numa importante fonte de divisas também por aqui? Não deu outra: com a abertura dos portos brasileiros, estava resolvida a questão.

Havia, por fim, os britânicos. Principais fornecedores de quase tudo para Portugal, eles tinham grande interesse em manter dom João na lista de clientes, especialmente com o Bloqueio Continental instituído por Napoleão, que impedia o comércio com o resto da Europa. Antes mesmo de colocar os pés em solo brasileiro, dom João já tinha assumido o compromisso de abrir os portos da colônia aos britânicos. A promessa fazia parte de um acordo de 1807. Em troca, a Grã-Bretanha garantiu a escolta militar que protegeu a corte portuguesa durante a fuga para o Brasil.

Por que a abertura dos portos às nações amigas significou o fim do pacto colonial?
Dom João de Portugal Wikimedia Commons

A idéia da abertura dos portos saiu da cabeça de José da Silva Lisboa, o visconde de Cairu, um dos homens que exerciam forte influência sobre as decisões de dom João. Quando a proposta foi apresentada, o príncipe regente – que podia ser medroso e indeciso, mas não tinha nada de bobo – acatou-a na hora. Estariam garantidos, numa só tacada, o fornecimento de produtos, dinheiro para a corte e os acordos com a Grã-Bretanha. Sem contar o “troco”: a medida agradaria os comerciantes brasileiros, que passariam a enxergar em dom João a figura de um verdadeiro herói nacional.

Na prática, a abertura foi uma redução de tarifas. O imposto de importação daquela época taxava produtos estrangeiros em 48%. Quando os portos foram abertos, a taxação caiu para 24%. No primeiro momento, os britânicos nem gostaram tanto da novidade, já que a redução do imposto valia para todo mundo. A Grã-Bretanha, em tese, não levaria vantagem sobre nenhum outro país – embora fosse a única nação capaz de exportar para o Brasil, já que o restante da Europa estava sob o domínio de Napoleão Bonaparte. Dois anos mais tarde, no entanto, os britânicos estariam dando risada à toa, com a assinatura de acordo bilateral com os portugueses extremamente vantajoso. Uma análise minuciosa do processo de abertura dos portos brasileiros, assinada pelo diplomata Rubens Ricupero, ex-ministro da fazenda.

Contrato de risco

Em fevereiro de 1810, apenas dois anos depois da abertura dos portos, a Grã-Bretanha arrancou de dom João um acordo bilateral que transformou o Brasil no quintal dos comerciantes ingleses. O tratado fixava em 15% as tarifas alfandegárias cobradas sobre produtos britânicos. A taxa era até mais baixa que a cobrada de comerciantes portugueses, obrigados a pagar 16%. Para os demais países, a taxação era ainda mais salgada: 24%.

Segundo Renato Leite Marcondes, professor de História Econômica da Universidade de São Paulo (USP), os britânicos chegavam com produtos cada vez mais baratos – uma concorrência predatória que prejudicava até quem produzia aqui mesmo, no próprio Brasil. “Naquela época, o mercado brasileiro era extremamente relevante para a Grã-Bretanha”, afirma Marcondes. “À medida que outros países se desenvolviam para melhor suprir sua demanda interna, os ingleses precisavam vender mais para países pobres.”

Esse, talvez, tenha sido o lado mais perverso do acordo firmado com a Grã-Bretanha em 1810. Ele frustrava a iniciativa de dom João de desenvolver uma indústria sólida no Brasil. Foi como disse, na época, o diplomata português Pedro de Sousa Holstein, mais conhecido como duque de Palmela: “Na forma e na substância, é o mais lesivo e o mais desigual (Tratado) que jamais se contraiu entre duas nações independentes”.

Porque a abertura dos portos resultou no fim do pacto colonial?

A entrada de produtos ingleses no mercado brasileiro promoveu o fim do monopólio português sobre a economia colonial. De 1500 até 1808, o Brasil deveria comercializar apenas com Portugal. A abertura dos portos promoveu, a priori, o rompimento dessa dependência brasileira em relação à metrópole portuguesa.

Qual e o significado da abertura dos portos para o pacto colonial?

A Abertura dos Portos propiciou o fim do monopólio colonial, com a descontinuidade do “Pacto Colonial” que, até então, só permitia o comércio entre a colônia (Brasil) e sua metrópole (Portugal), ou seja; nada se comprava ou vendia na colônia, sem passar antes por Portugal.

Quais as consequências da abertura dos portos brasileiros às nações amigas?

Principais consequências da Abertura dos Portos às Nações Amigas: - O decreto descontinuou o Pacto Colonial, que até então só permitia o comércio entre a colônia (Brasil) e sua Metrópole (Portugal). Portanto, possibilitou o fim do monopólio colonial.

Por que com a abertura dos portos ocorreu o fim do monopólio português sobre o Brasil?

Essa medida, tomada pela necessidade da própria corte portuguesa de assegurar sua sobrevivência, gerou, de fato, o fim do monopólio comercial, base das relações entre metrópole e colônia.