Os anfíbios de regiões mais secas passa boa parte do tempo enterrados no solo

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Os anfíbios de regiões mais secas passa boa parte do tempo enterrados no solo

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esses três grupos tenham suas particularidades e estratégias 
próprias de sobrevivência, vamos abordar os anfíbios e suas características de 
forma bem geral, as particularidades, se importantes, serão pontuadas, mas a 
grande maioria das caraterísticas se aplica a todos eles.
2 CARACTERÍSTICAS DOS ANFÍBIOS
Os anfíbios caracterizam-se pelo modo de vida dividido entre dois 
ambientes. Iniciam sua vida na água em uma fase larval, com brânquias bem 
determinadas, chamada girino, e geralmente sofrem um processo denominado 
metamorfose, quando passam à fase adulta pulmonada, que vive em terra firme. 
Porém, essa vida em terra firme é intimamente dependente da água, sendo que 
esses animais nunca se afastam demais dela.
São predominantemente ovíparos e seus ovos estão envoltos por uma 
substância gelatinosa e sua pele é fina, altamente vascularizada e glandular. As 
glândulas produzem muco para manter a pele úmida e, em alguns casos, toxinas 
com função defensiva. Na grande maioria dos casos, os anfíbios têm o muco tóxico. 
Segundo Bernarde (2012), a secreção da pele dos anfíbios anuros pode ter função 
nociva, adesiva e odorífera. Geralmente, os anuros que possuem cores brilhantes e 
chamativas, como no caso dos Dendrobatidae, possuem toxinas nocivas na pele. 
Além da pele venenosa, é comum os anfíbios se defenderem através das 
técnicas de camuflagem, imobilização, tanatose (fingir de morto), descargas 
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cloacais e inflando-se para parecerem maiores.
Em algumas espécies de sapo, como as do gênero Rhinella, há logo atrás 
dos olhos uma grande protuberância na pele, que é a glândula paratoide. Essa 
glândula, ao ser pressionada, libera veneno que escorre pela pele do sapo, 
intoxicando o predador e causando severa irritação nas mucosas. De acordo com 
Jared et al. (2011), há relatos de que o sapo Rhaebo guttatus consiga lançar esse 
veneno a até dois metros de distância, mas ele é uma exceção.
 FIGURA 53 - EXEMPLAR DE SAPO EM QUE AS GLÂNDULAS PARATOIDES SÃO BEM 
 VISÍVEIS (GRANDES VERRUGAS SOBRE OS OMBROS)
FONTE: O autor
Assim como os peixes, os anfíbios são ectotérmicos, ou seja, não conseguem 
controlar a temperatura do seu corpo fisiologicamente e dependem diretamente 
do ambiente para conseguir aumentar ou diminuir sua temperatura corporal. Isso 
faz com que regiões frias tenham uma diversidade bem menor de anfíbios, embora 
algumas espécies tenham desenvolvido resistência ao congelamento.
Além disso, possuem dois pares de membros para locomoção, duas narinas 
que se comunicam com a cavidade bucal e uma língua frequentemente protrátil 
(STORER et al., 2005). 
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Existem anfíbios que vivem em desertos e regiões extremamente secas (Bufo 
alvarius), eles, porém, passam boa parte do ano enterrados profundamente no solo e com a 
chegada das chuvas despertam para se alimentarem e se reproduzirem de forma explosiva. 
 Há ainda anfíbios que não possuem forma larval, seu desenvolvimento ocorre de 
forma direta, sem metamorfose. Isso ocorre com alguns anuros típicos de serapilheira no solo 
da floresta pertencentes ao gênero Ischnocnema spp.
 Em outros, a forma adulta continua a viver na água, não seguindo a regra geral dos 
demais anfíbios, como é o caso do axolote (Ambystoma mexicanum), no México. E há ainda 
casos em que o adulto mantém o formato e estrutura da larva, permanecendo “larval” ao longo 
da sua vida.
2.1 SISTEMA ESQUELÉTICO E MUSCULAR
O sistema esquelético e muscular deste grupo, embora aparentemente 
complexo, é o início da transição entre água e terra e, portanto, apresenta 
modificações importantes para que esses animais se locomovam em terra firme 
(ORR, 1986). Porém, a capacidade de locomoção dos anfíbios está restrita a curtas 
distâncias e pouca velocidade, e mesmo as espécies de saltos longos e ágeis não 
conseguem manter o ritmo durante muito tempo.
Comparativamente aos peixes, os anfíbios agora possuem membros 
que conseguem andar, saltar, correr, agarrar e escalar. Além disso, conseguem 
movimentar a cabeça, coisa que os peixes não conseguiam realizar (ORR, 1986).
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FIGURA 54 - ESQUELETO DE ANURO
FONTE: Disponível em: <http://zoobiouneal.blogspot.com.br/>. Acesso em: 18 set. 2016.
2.2 SISTEMA RESPIRATÓRIO
O sistema respiratório dos anfíbios é bem complexo graças à transição 
entre água e terra firme em que vivem. Isso faz com que os anfíbios possuam mais 
formas de respirar que qualquer outro animal conhecido.
Em diferentes estágios da vida, os anfíbios utilizam para sua respiração 
as brânquias, a pele e bucofaringe (respiração cutânea) e os pulmões, de forma 
isolada ou em combinações. 
Os pulmões dos anfíbios são estruturas muito simples, com formato de 
saco. Nas espécies que são aquáticas, as paredes internas desses pulmões podem 
ser lisas. Nas espécies terrestres e mais dependentes dessa forma de respiração, as 
paredes internas podem possuir dobras contendo muitos alvéolos, o que aumenta 
a área de contato e a eficiência da respiração da troca gasosa (ORR, 1986).
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FIGURA 55 - DETALHE DAS CORDAS VOCAIS DOS ANUROS E DOS PULMÕES. AMBAS 
ESTRUTURAS PERTENCEM A UMA RÃ-TOURO LITHOBATES CATESBEIANUS
FONTE: Adaptado de Storer et al. (2005)
É importante saber que no caso dos pulmões, pele e cavidade bucal, todas 
essas regiões possuem um epitélio muito fino, úmido e localizado logo acima 
de uma rede ricamente vascularizada de vasos sanguíneos. Assim, o oxigênio se 
difunde na umidade e penetra pela pele nos vasos sanguíneos, enquanto o gás 
carbônico faz o trajeto contrário (STORER et al., 2005).
 FIGURA 56 - ESQUEMA DEMONSTRANDO COMO OCORRE A RESPIRAÇÃO 
 CUTÂNEA ATRAVÉS DA TROCA DE GASES PELA PELE
FONTE: Disponível em: <http://slideplayer.com.br/slide/1640609/>. Acesso em: 18 
set. 2016.
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Para as espécies que realizam respiração cutânea e pulmonar, 
concomitantemente o pulmão é mais importante para absorver o oxigênio, 
enquanto a pele age como principal difusor do gás carbônico para o ambiente 
(SHOEMAKER et al., 1992).
Muitas pessoas têm o costume de jogar sal nos anfíbios para espantá-los de perto 
de onde estão. O sal retira a água da pele desses animais, desidratando-os. Isso além de causar 
dor ao animal, prejudica sua respiração e pode causar sua morte em alguns casos.
Devido ao seu baixo metabolismo, as anfíbios conseguem permanecer 
longos períodos em apneia. O pulmão cheio de ar fornece oxigênio durante muito 
tempo, e liberar o gás carbônico acumulado no organismo passa a ser o principal 
problema (LIEM et al., 2012).
Já as brânquias dos girinos são expansões da faringe, repletas de vasos 
capilares sanguíneos que realizam função semelhante à da pele desses animais 
(STORER, 2005). Elas não são internas como nos peixes, as brânquias dos girinos e 
das salamandras são externas (LIEM et al., 2012), enquanto a dos anuros é apenas 
parcialmente recoberta por um opérculo epitelial (ORR, 1986).
Com a metamorfose, o girino sofre algumas transformações fisiológicas, 
ocorre, por exemplo, uma mudança na quantidade de hemoglobina que era menor 
no girino e passa a ser maior no adulto. Em algumas espécies, porém, o adulto 
não possui pulmões, respirando apenas pela pele que é úmida e glandular (ORR, 
1986).
 FIGURA 57 - BRÂNQUIAS EM UM JOVEM DE SALAMANDRA. SÃO BEM 
 VISÍVEIS AS BRÂNQUIAS EXTERNAS COMO EXTENSÕES DE 
 PELE BEM VASCULARIZADAS
FONTE: Disponível em: <http://www.charcoscomvida.org/biodiversidade/fauna/

Por que os anfíbios da região seca passam a maior parte do tempo enterrados no solo?

Resposta verificada por especialistas Os anfíbios de regiões mais secas passa boa parte do tempo enterrados no solo, pelo fato de serem seres vivos ectotérmicos, ou seja, sua temperatura varia de acordo com a temperatura do ambiente.

O que pode acontecer com os anfíbios em caso de seca prolongada?

Se a seca for prolongada, pode debilitar os indivíduos, prejudicando a reprodução ou seu sistema imunológico. O surgimento de novos agentes que causam doenças ou que repentinamente se tornaram mais contagiosos e/ou passaram a provocar infecções mais intensas tem se tornado mais comum.

Por que motivo a maioria dos anfíbios vivem em lugares úmidos ou próximo da água?

Nas espécies que possuem fase larval aquática, a respiração durante esse período é branquial. Para que a respiração cutânea ocorra, é importante que a umidade da pele dos anfíbios seja mantida. É por isso que esses animais são encontrados com mais frequência em ambientes úmidos.

Qual é o habitat natural dos anfíbios?

A maioria dos anfíbios é encontrada em ambientes úmidos, como florestas e pântanos. Aqueles que vivem em ambiente seco, geralmente, escondem-se em tocas e folhas úmidas a maior parte do dia. Essa umidade, como será visto diante, é fundamental para manter a pele úmida e a realização de trocas gasosas.