O que pode ser quando a menstruação não para?

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O que pode ser quando a menstruação não para?

A menstruação faz parte do ciclo reprodutivo das mulheres e se caracteriza pela descamação das paredes internas do útero quando não há fecundação. O fenômeno é periódico, ocorre em média a cada 28 dias. Apesar de sua má reputação, geralmente relacionada a cólicas, hipersensibilidade, estresse e indisposição, o ciclo menstrual é importante para a saúde feminina, podendo sua ausência por longos períodos, também conhecida como amenorreia, ser indicativo de algum problema de saúde. 

A professora Ana Carolina Japur de Sá, do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, explica que amenorreia é a falta dos episódios menstruais por pelo menos 90 dias. A professora afirma que, “na verdade, a amenorreia é um dos sintomas de diferentes condições clínicas, como a síndrome dos ovários policísticos, por exemplo, entre outras causas”.

Existem vários motivos para que a amenorreia aconteça e sua ausência necessita, então, ser investigada, informa Ana Carolina. Pode ser causada por uma alteração hormonal que impede o funcionamento normal do ovário, não produzindo hormônios ou os produzindo exageradamente, ou até por problemas no útero, como sequelas de infecções uterinas, sequelas pós-curetagem em casos de aborto, entre outras doenças.

A professora explica que qualquer mulher pode apresentar o problema, mas existem grupos de risco. “Existem algumas doenças e condições que aumentam o risco para que a paciente apresente amenorreia, como a síndrome dos ovários policísticos, menopausa precoce, aborto, a realização de quimioterapia ou radioterapia, além da própria influência genética. Entretanto, em princípio qualquer mulher pode ter amenorreia, desde que apresente doenças ou condições que causem esse sintoma.” 

Por ser um sintoma de outros problemas de saúde, as consequências da falta de menstruação dependem de cada caso. Segundo Ana Carolina, “as consequências da amenorreia também dependem da doença que causou o problema”. Como exemplo, a professora diz que se a mulher deixa de menstruar por falta da produção de hormônios femininos; ela pode apresentar disfunção sexual, osteoporose no futuro, pela falta de estrogênio, e ondas de calor. “Se estiver relacionada à síndrome dos ovários policísticos, vai desenvolver o aumento de pelos, entre outras consequências da própria síndrome. Já no caso de lesões no útero, a mulher não será capaz de engravidar.” 

Assim como as consequências, o diagnóstico e os tratamentos irão depender da doença que causou a amenorreia, explica a professora. “O diagnóstico é feito com dosagens hormonais, avaliações por ultrassom e, em alguns casos, um exame denominado estereoscopia. O diagnóstico em si também dependerá da manifestação de outros sintomas associados à doença causadora da amenorreia. O mesmo ocorre com os tratamentos. Se for decorrente da menopausa precoce, por exemplo, é necessário repor hormônios. Já na síndrome dos ovários policísticos, o tratamento é feito com anticoncepcionais e assim por diante.” 

Ouça no player acima a entrevista com a professora e ginecologista Ana Carolina Japur de Sá, do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP.

Leia mais sobre o tema aqui. 

A gravidez é uma das causas da menstruação atrasada, porém não é a única. Diversos fatores físicos e emocionais podem alterar o ciclo menstrual, o que pode levar ao atraso ou ausência da menstruação em um determinado período.

Saiba quais são as principais causas da menstruação atrasada.

1. Gravidez 

Se você fez sexo sem proteção e está com a menstruação atrasada, pode ser que você esteja grávida. Os principais sinais e sintomas de gravidez incluem:

  • Enjoos e vômitos
  • Cansaço frequente
  • Desejos por alimentos
  • Vontade de urinar com frequência
  • Sensibilidade nos seios

Por isso, é recomendável fazer um exame de gravidez (Beta hCG) para descartar essa possibilidade. Existem vários testes disponíveis no mercado, como os testes de urina – que oferecem um resultado em poucos minutos – e os exames de sangue realizados em laboratórios – que são mais confiáveis comparados aos testes de urina, no entanto, o resultado pode demorar várias horas ou até mesmo dias.

Também existe a possibilidade de fazer um exame de gravidez de sangue, com resultado rápido, em muitas farmácias e drogarias, com o dispositivo Hilab.

2. Síndrome de Ovários Policísticos 

A alteração da menstruação é um dos principais sintomas da síndrome de ovários policísticos (SOP). A mais comum é a presença de oligomenorreia, que é a menstruação com frequência anormal, em intervalos de mais de 35 dias ou a amenorreia, que é ausência de menstruações no período em que elas deveriam ocorrer.

O que pode ser quando a menstruação não para?

A prevalência da síndrome em mulheres em idade reprodutiva varia de 4% a 6,8%, segundo o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da SOP do Ministério da Saúde.

Outros sintomas da síndrome incluem manifestações de hiperandrogenismo (excesso de andrógenos) como hirsutismo (aumento da quantidade de pelos na mulher em locais comuns ao homem), acne e alopecia (perda de pelos no corpo).

3. Hipotireoidismo 

O hipotireoidismo é a doença mais comum da tireoide. Ocorre mais frequentemente em mulheres acima de 35 anos e em pessoas com mais de 60 anos de idade.

As irregularidades menstruais estão entre os principais sintomas do hipotireoidismo. Outros sintomas podem incluir:

  • Cansaço físico e mental
  • Depressão mental
  • Sensação de frio
  • Pequeno ganho de peso (apenas 2 a 4 kg)
  • Pele e cabelo secos
  • Constipação
  • Pele seca
  • Intolerância ao frio

Para saber se você tem a doença, é necessário fazer um exame de TSH. Segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, a dosagem de TSH está recomendada a cada cinco anos em indivíduos com idade igual ou superior a 35 anos.

O que pode ser quando a menstruação não para?

O exame também é recomendado para pacientes com risco aumentado de disfunção tireoidiana, como:

  • História prévia de disfunção tireoidiana
  • Presença de bócio
  • História prévia de cirurgia tireoidiana
  • Presença de outras doenças autoimunes
  • Uso de medicações que contêm lítio ou amiodarona
  • História familiar de doença tireoidiana ou outra doença autoimune
  • Presença de alterações laboratoriais que sugerem hipotireoidismo como anemia
  • Presença de comorbidades como apneia do sono, depressão e demência

4. Estresse

Segundo estudos, o estresse psicológico pode alterar a função menstrual.  A presença do estresse tem o potencial de ativar o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, levando à inibição do eixo hipotálamo-hipófise-ovariano e consequente paralisação temporária das menstruações.

5. Menopausa e Climatério 

Por volta dos 40, 50 anos de idade, as mulheres passam por uma nova fase biológica da vida: o climatério, que é o período de transição entre a fase reprodutiva para a não reprodutiva.

Um dos primeiros sintomas dessa fase é a irregularidade menstrual – os ciclos ficam inicialmente mais curtos e depois ocorrem atrasos menstruais – além de irritabilidade, nervosismo e insônia.

O principal marco do climatério é a menopausa que corresponde ao último ciclo menstrual e é reconhecida somente depois de passados 12 meses da sua ocorrência. A menopausa  acontece geralmente em torno dos 48 aos 50 anos de idade.

6. Distúrbios alimentares

Distúrbios alimentares como a anorexia e a bulimia podem causar irregularidades menstruais.

A anorexia nervosa é um distúrbio alimentar caracterizado pela preocupação exagerada com o peso corporal e pode provocar problemas graves de saúde. As mulheres jovens são as mais afetadas pela doença.  Além da interrupção do ciclo menstrual (amenorreia), outros sintomas incluem:

  • Perda exagerada e rápida de peso sem justificativa
  • Recusa em manter o peso dentro ou acima do mínimo normal adequado à idade e altura
  • Medo intenso de ganhar peso ou de se tornar gordo, mesmo com peso inferior

Já a bulimia é caracterizada por grande e rápida ingestão de alimentos, acompanhados de métodos inadequados para o controle de peso, como o vômito autoinduzido. Ao contrário dos paciente com anorexia, as pessoas que apresentam bulimia não têm o desejo de emagrecer cada vez mais. Geralmente, apresentam peso normal ou, em menor número de casos, sobrepeso.

7. Amenorreia devido ao uso de anticoncepcionais

Segundo o Ministério da Saúde, há controvérsia em relação à associação de anticoncepcionais orais com amenorreia (ausência de menstruações).

O acetato de medroxiprogesterona causa amenorreia na maioria das mulheres após seis meses de uso. Essa amenorreia é reversível após a suspensão da medroxiprogesterona.

8. Pílula do dia seguinte 

A pílula do dia seguinte é um contraceptivo de emergência, ou seja, é um medicamento que evita uma possível gestação. A mulher deve tomar a pílula o mais próximo possível da relação sexual sem preservativo (de preferência em até 3 dias – 72 horas) porque a sua eficácia vai diminuindo com o passar dos dias.

São vários os efeitos colaterais desse medicamento tais como  dores de cabeça, sensibilidade nos seios, náuseas e vômitos. O mais frequente deles é a alteração no ciclo menstrual. Sendo assim, a sua menstruação pode atrasar com o uso da pílula do dia seguinte.

Além disso, a eficácia da pílula é de 88% nas primeiras 24 horas e vai diminuindo conforme os três dias passam, o que significa que você pode ter engravidado.

9. Hiperprolactinemia

A hiperprolactinemia é outra condição que pode levar à irregularidades menstruais. Ocorre quando há excesso de produção de prolactina (hormônio responsável pela produção do leite).

O que fazer quando a menstruação está atrasada? 

Como vimos, existem vários fatores que podem alterar a sua menstruação. Descartada a possibilidade de gravidez, é importante procurar um médico para avaliar a causa do atraso menstrual.

Caso tenha restado alguma dúvida, não deixe de assistir ao vídeo sobre o assunto no nosso canal do YouTube:

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Referências:

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica : obesidade / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2014. 212 p. : il. – (Cadernos de Atenção Básica, n. 38).

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Manual de Atenção à Mulher no Climatério/Menopausa / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2008. 192 p. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos) (Série Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos – Caderno, n.9).

MOREIRA, S. N. T. et al. Estresse e função reprodutiva feminina. Rev. Bras. Saúde Matern. Infant., Recife, 5 (1): 119-125, jan. / mar., 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbsmi/v5n1/a15v05n1.pdf>. Acesso em: 17 de setembro de 2019.

Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas. Síndrome de Ovários Policísticos e Hirsutismo/acne. Portaria SAS/MS nº 1.321, de 25 de novembro de 2013. Disponível em: <http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2014/abril/03/pcdt-sindr-ovarios-polic-hirsutismo-acne-livro-2013.pdf>. Acesso em: 16 de setembro de 2019.

Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Posicionamento Oficial da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) sobre utilização dos testes de Função Tireoidiana na
Prática Clínica. Disponível em: <https://www.endocrino.org.br/media/uploads/PDFs/posicionamento_tireoide_atualizado.pdf>. Acesso em: 16 de setembro de 2019.

O que fazer se a menstruação não para?

Os tratamentos para menstruação prolongada o uso de pílula anticoncepcional para equilibrar os índices de hormônios presentes no organismo; a ingestão de medicamentos anti-inflamatórios, que ajudam a diminuir o sangramento; dilatação e curetagem do útero, nos casos mais graves.

Estou menstruada a 20 dias posso estar grávida?

Tem como grávida menstruar? Mesmo com todos os esclarecimentos, muitas leitoras possuem essa dúvida pela quantidade de relatos de mulheres que afirmam ter menstruado durante a gravidez. E a resposta definitivamente é NÃO! Grávida não menstrua, já que com o óvulo fecundado não ocorre a descamação uterina.

Quais são as causas da menstruação prolongada?

As causas orgânicas mais comuns da menstruação prolongada incluem infecções, lesões uterinas, adenomiose, pólipos e miomas². Sendo assim, o auxílio médico nos casos de menstruação prolongada é imprescindível. Identificada a causa, o especialista indicará o tratamento adequado para solucionar o problema.

Qual o máximo de dias que a menstruação pode durar?

Quantos dias dura a menstruação Em geral, um ciclo adulto normal dura 28 dias, com variações entre 24 a 35 dias. Já a menstruação dura de 3 a 7 dias, em média. Portanto, qualquer alteração na quantidade e no intervalo entre os períodos, por mais de dois ciclos, deve ser investigada por um ginecologista.