O que Marx falava sobre a educação?

O próprio educador precisa ser educado

.Karl Marx

Nos dias de hoje, diante do analfabetismo político e do chamado “analfabetismo funcional” prevalece o que se chama popularmente de burrice solene e isso também desmascara a falsa relação que se estabeleceu entre informação e educação. A educação não é um negócio, mas uma criação, ou seja, não se deve conceber a educação como simplesmente uma oportunidade para o mercado de trabalho, mas principalmente como uma contribuição para o desenvolvimento de um indivíduo social. Educação é pensar para além do limite, para além de uma sociedade do capital, para além de uma sociedade das coisas. Educar é superar o estado de alienação global e isto exige uma revolução cultural radical, que vá às raízes do que nos aliena e neste curso da mercantilização a educação acompanha o trabalho. Conforme afirma Marx:

Toda luta de classes é uma luta política […]. A burguesia mesma, portanto, fornece ao proletariado os elementos de sua própria educação, isto é, armas contra si mesma […]. Com o progresso da indústria frações inteiras da classe dominante são lançadas no proletariado […] também elas fornecem ao proletariado uma massa de elementos de educação (MARX, 1993, p. 08).

Marx acreditava que a educação era parte da superestrutura de controle usada pelas classes dominantes. Por isso, ao aceitar as ideias passadas pela escola à classe dos trabalhadores (que Marx denominava classe proletária) cria uma falsa consciência, que a impede de perceber os interesses de sua classe. Assim, Marx concebia uma educação socializada e igualitária a todos os cidadãos. Marx não via com bons olhos uma educação oferecida pelo Estado-Nação burguês, capitalista, basicamente por desacreditar no currículo que ela traria e na forma como seria ensinada. Mesmo que tenha defendido a educação compulsória em 1869, Marx opunha-se a qualquer currículo baseado em distinções de classe. Defendia a educação técnica e industrial, mas não um

vocacionalismo estreito.

Antigamente, a educação existia principalmente para a sobrevivência. As crianças aprendiam as habilidades necessárias para viver. Gradualmente, entretanto, as pessoas passaram a usar a educação para uma grande variedade de funções. Hoje em dia, a educação ainda pode ser usada para sobrevivência, mas também ajuda a proporcionar um melhor uso do tempo dando maior refinamento à vida social e cultural. O homem depende da educação e ela está presente no seu cotidiano. Porém, existem diferentes concepções de educação e diferentes modelos. Sua prática vai além da escola e abrange desde sociedades primitivas até as sociedades mais desenvolvidas e industrializadas.

Assim como a prática da educação desenvolveu-se, as teorias da educação seguiram o mesmo caminho, no entanto, tornou-se fácil não vermos a conexão entre a teoria filosófica e a prática educacional bem como lidar com a prática separada da teoria. A filosofia da educação tem sua origem no momento em que as pessoas se tornaram conscientes da educação como uma atividade humana diferenciada. As sociedades pré-alfabetizadas não tinham os objetivos em longo prazo e os sistemas sociais complexos dos tempos modernos nem possuíam as ferramentas analíticas dos filósofos modernos, mas mesmo a educação da pré-alfabetização envolvia uma atitude filosófica com relação à vida. Em essência a filosofia da educação é a aplicação de princípios fundamentais da filosofia à teoria e ao trabalho da educação.

A questão de evidenciar a instituição escolar resulta num dos debates mais insistentes e repetidos, principalmente quanto ao seu papel que era o de reprodutora ou transformadora, e que contribuía para conservar a sociedade ou mudá-la. Nenhuma sociedade poderia substituir sem formar seus membros em certos valores, habilidades, etc. e, por isso, toda educação é reprodutora;

mas ao mesmo tempo, nenhuma sociedade atual seria, sem a escola, o mesmo que chegou a ser com ela, e, por isso, toda educação é transformadora:

Pela educação o ser humano aprende como se criam e recriam as invenções de uma cultura em uma sociedade. Cada povo, cada cultura, apresenta sua educação.

Ela pode ser imposta por um sistema centralizado de poder ou existe de forma livre entre os grupos. Pela educação se pensa tipos de homens, pois ela existe no imaginário das pessoas e na ideologia dos grupos sociais, cuja missão é transformar sujeitos e mundos em algo melhor a partir da imagem que se tem uns dos outros (BRANDÃO, 1984, p. 112).

A educação tende a ser considerada como elemento conservador da sociedade, mas por ser um instrumento formador e de expressividade em qualquer tipo de sociedade, não pode e nem deve ser vista dentro de limites fechados, analisada independentemente do contexto sócio-político e econômico em que vive tal sociedade. Deve ser encarada como parte integrante e necessária de um sistema, já que é usada de acordo com seus interesses. É um reflexo da política adotada em um país e do interesse desse país em coordená-la, é um dos maiores instrumentos de dominação em massa dentro de um sistema, perdendo apenas para a mídia que é acessada por muito mais pessoas do que

o sistema educativo. Nesse contexto, Delors lembra que:

Um dos principais papéis reservados à educação consiste antes de tudo, dotar a humanidade de capacidade de dominar o seu próprio desenvolvimento. Ela deve, de fato, fazer com que cada um tome o seu destino nas mãos e contribua para o progresso da sociedade em que vive, baseando o desenvolvimento na participação responsável dos indivíduos e das comunidades (DELORS, 2004, p. 28-29).

Reinventar a educação é urgente além de que é preciso dessacralizá-la para se crer nela e acreditar ainda que, diferentes tipos de homem criam diferentes tipos de educação. Mais do que poder, a educação atribui compromissos entre as pessoas, a educação da comunidade, da escola, a oposição entre a “educação de educar” e a “educação de instruir”, a passagem da aprendizagemcoletiva para o ensino particular, o controle do Estado, faz lembrar a educação grega.

Em todas as classes se cria e recria uma cultura de classe e formas de educação do povo.

A cultura popular faz parte de sistemas populares de vida e de representação da vida, e tem uma lógica e densidade dentro da própria sociedade. Para promover educação para uma sociedade em mudança, é necessário saber que se educa para a mudança, como parte e resultado dela. Educa-se não só para que o indivíduo desempenhe melhores os mesmos e antigos papéis, mas, sobretudo, para que se desempenhem novos papéis em uma sociedade que se renova, tornando os indivíduos os próprios fatores conscientes da renovação social e para que se saiba que um processo de mudança social exige a mudança da estrutura social, para que assim se possa atender às novas e crescentes

exigências do homem numa sociedade emergente.

Todavia, o projeto moderno de educação é otimista sobre as possibilidades da natureza humana e também o é do ponto de vista histórico, porque contribui para a libertação exterior do homem e da mulher em relação aos poderes que os fazem menores de idade, situando o indivíduo na sociedade e no mundo, dependendo do que ele faz e constrói. A filosofia da educação, apenas se

torna significativa quando os educadores reconhecem a necessidade de pensar claramente sobre o que estão fazendo e de ver o que estão fazendo em um contexto maior de desenvolvimento individual e social. Uma vez que, o estudo da filosofia não garante que as pessoas se tornem melhores pensadores ou educadores, mas propõe perspectivas válidas que nos ajudam a pensar de

maneira mais clara.

Um dos objetivos da revolução prevista por Marx é recuperar em todos os homens o pleno desenvolvimento intelectual, físico e técnico. É nesse sentido que a educação ganha ênfase no pensamento marxista. Combater a alienação e a desumanização era, para Marx, a função social da educação. Para isso seria necessário aprender competências que são indispensáveis para a compreensão do mundo físico e social. O filósofo alertava para o risco de a escola ensinar conteúdos sujeitos a interpretações “de partido ou de classe”.

Ele valorizava a gratuidade daeducação, mas não o atrelamento a políticas de Estado, o que equivaleria a subordinar o ensino à religião.

Marx via na instrução das fábricas, criada pelo capitalismo, qualidades a ser aproveitadas para um ensino transformador – principalmente o rigor com que encarava o aprendizado para otrabalho. O mais importante, no entanto, seria ir contra a tendência “profissionalizante”, que levava as escolas industriais a ensinar apenas o estritamente necessário para o exercício de determinada

função. Marx entendia que a educação deveria ser ao mesmo tempo intelectual, física e técnica. Em suma, a Pedagogia maxiana segue alguns princípios:

Atribuição da força educativa aos princípios ambientais e metodológicos;•

Educação no seio do grupo e no meio do grupo;•

Prioridade da formação prática do aluno, sobre a sua formação teórica;• Sistema educativo baseado na “escola do trabalho”;

Integração do trabalho produtivo no currículo escolar;•

Formação polivalente do indivíduo, capacitando-o para diversas actividades profissionais;•

Especial atenção à educação física e à educação estética dos alunos;•

Inculcação sistemática e indiscutida da ideologia marxista e educação para a defesa eexpansão do comunismo;

Educação dogmática e autoritária;

Papel relevante do Estado (comunista) na educação. A família pode e deve educar somentepor delegação do Estado e sob o seu controle;

Sistema de escola única e igual para todos, sujeita a critérios “sociais” de selectividade;

Sistema de coeducação absoluta;

Educação com um fim social. (socialização do indivíduo realizada a partir das instituiçõessociais e tendo em pouca consideração a subjectividade pessoal).

A concepção marxista tinha como principais objetivos promover a mudança por meio do estabelecimento de uma consciência socialista; e construir uma sociedade socialista. Em contrapartida, a educação que Marx idealizava consistia numa doutrina de pensamento único, baseada numa concepção rígida, inflexível e burocrática, apresentando desconsideração e desprezo

pelas questões filosóficas e pela liberdade intelectual.

http://e-revista.unioeste.br/index.php/educereeteducare/article/view/2328

Qual a importância de Karl Marx para a educação?

Dentre as transformações pregadas por Marx, a de maior impacto é a educação omnilateral, ou seja, capaz de desenvolver integralmente todas as suas potencialidades do homem. A combinação da educação intelectual com a produção material, da instrução com os exercícios físicos e estes com o trabalho produtivo.

Qual é a visão de Max Weber sobre a educação?

Sobre o conceito de educação em Weber, pode-se elogiar o fato desse autor perceber o processo de burocratização e especialização desenfreados decorrentes do processo de racionalização do capitalismo. A educação nada mais é do que um sistema de treinamento que forma e introduz indivíduos no mercado de trabalho.

Que aponta qual é o projeto de Marx para a educação?

Para Marx, a educação é condicionada pelos valores e interesses das classes dominantes e contribui desta forma para preservação de seu poder.