Fotos para fake feminino 40 anos

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Fotos para fake feminino 40 anos

Caroline se apaixonou pelo homem cuja foto foi usada para dar um golpe nela (Foto: Acervo pessoal)

“Estava desencantada da vida em casal, depois de 16 anos numa relação em que eu era enganada. Triste, não me interessava muito por ninguém. Até que, em outubro de 2017, recebi uma mensagem de um cara lindo pelo Instagram, chamado Rafael Buaiz Costa. No começo achei meio estranho, nunca havia sido abordada assim. Mas começamos a conversar e logo estávamos íntimos. Eu estava extremamente carente e fragilizada, devido a tudo que me aconteceu com o ex. Já ele era, aparentemente, um homem encantador. Depois de dois meses trocando mensagens, ele disse que tinha um sério problema cardíaco e que precisava de um transplante urgentemente.

Fiquei assustada, no início. Mas acabei topando continuar a conversa. Nunca fazíamos chamadas de vídeo, pois ele dizia que não queria, que tinha alguns traumas. Respeitei, mesmo achando um pouco estranho. A voz dele era rouca e bem estranha, talvez até um pouco feminina. Mas também não contestei e deixei passar. Logo, ele me colocou em contato com sua irmã pelas redes sociais e ela me deu total atenção. Com ela, conseguia falar através de chamada de vídeo e vi seu rosto por diversas vezes. Ela dizia que dava toda estrutura para ele, que era muito doente. Eles pareciam ser, além de irmãos, ótimos amigos e confidentes. Ele ainda me contava histórias de outras namoradas que teve e até de uma ex esposa. Perguntei o nome dela e ele me disse, mas me alertou a nunca procurá-la, pois a família dela era perigosa, envolvida em esquemas de corrupção e capazes de tudo. Fiquei na minha, claro.

Um mês depois, trocava mensagens diárias com meu crush e a irmã, e ele me contou que tinha passado mal. Dizia que tinha tido crises por conta da doença cardíaca e que estava precisando de dinheiro para internação, médicos, exames e afins. Foi quando começou a me pedir ajuda financeira. Eu sempre negava. Mesmo envolvida, ainda não o conhecia pessoalmente. Mas posso dizer que já estava bem apaixonadinha, mesmo sem nunca tê-lo visto. Nossas conversas eram incríveis. Ele sempre me elogiava, deixava autoestima nas nuvens. Até que, no dia 19 de novembro de 2017, ele se queixou de novo de dor e, num ato impensado, resolvi ajudá-lo. Fiz um depósito de R$ 7.500 na conta da tal irmã dele.

Imediatamente, me arrependi. Passei o dia todo agoniada com o que fiz por puro impulso. No outro, fui até minha agência bancária e sustei o cheque. Ainda bem que ele ainda não tinha sido compensado e deu tempo de reverter. Algo me parecia não estar correto e eu ia resolver de algum jeito.

Logo, fui atrás do que já queria ter feito antes. Entrei em contato com a ex dele dele por uma rede social. Essa mulher me salvou! Me contou que tinha caído num golpe de estelionato e que a mulher que dizia ser irmã dele era a verdadeira criminosa! Contou que ela pegava fotos e vídeos de algum homem que achava interessante nas redes sociais, fazia um perfil fake, conquistava as mulheres e logo aplicava o golpe usando a história da doença.

Fui então até a delegacia e logo depois conheci várias outras vítimas que, assim como eu, também vinham de um processo de decepção amorosa, separação, traição, etc. E parece que muitas caíram nesse golpe. Depois de prestar queixa, bloqueei todos os perfis relacionados a esse crime. Queria esquecer mais essa história ruim na minha vida, continuar meu tratamento de depressão e tentar seguir minha vida.

Mas uma coisa ainda me encucava. Quem era o verdadeiro Rafael, o cara gato e estiloso da foto por quem me encantei? Eram os olhos mais lindos que eu já tinha visto e de alguma forma tinha que falar isso tudo para ele. Queria saber qual era o real nome dele. Onde ele morava e o que ele fazia da vida. Porque aquela pessoa existia em algum lugar do mundo, fato! Usaram a imagem dele para um crime e ele tinha direito de saber o que se passava. Além do mais, eu não conseguia parar de pensar nos olhos dele por nenhum minuto. Dormia e acordava pensando nisso.

Comecei, então, uma busca árdua e frenética pelo rapaz, mesmo sabendo que era quase impossível achar o dono daquele rosto no vasto universo da Internet. Passei três meses procurando por ele, todos os dias. Já estava exausta! Fiz buscas por perfis que achava semelhante ao dele, tentava identificar alguma pista nas fotos, mas cada dia parecia mais impossível achá-lo. Foi um trabalho de detetive mesmo.

Até que, um belo dia, uma outra vítima deste mesmo golpe me ligou e disse que tinha achado o verdadeiro Rafael. Na realidade, ele se chamava Daniel Miranda e morava em Florianópolis. Meu coração disparou. Queria saber tudo sobre ele, sobre sua vida dele, mas tinha medo de me decepcionar. Podia ser casado, gay ou, simplesmente, não ser nada do que eu havia criado na minha cabeça.

Peguei o contato dele com a moça e segui meu coração.  No dia 24 de fevereiro do ano passado, liguei pra ele e, desde esse dia, nunca mais paramos de nos falar. Daniel não sabia nada sobre o crime, nem que estavam usando sua foto para tamanha atrocidade. Ficou chocado com toda essa história louca e também deu queixa na delegacia por estarem usando sua foto para a prática de estelionato.

Fomos nos falando cada vez mais. Ele tinha 34 anos, era músico, vivia em Floripa. Tocava violão e gostava de poesias. Logo surgiu um interesse recíproco entre a gente, queríamos logo nos encontrar ao vivo para nos conhecermos. Mais uma vez, segui meu coração e minha intuição. Comprei um passagem para a cidade dele e em abril de 2018, fui até lá.

Minha mãe quase enlouqueceu quando soube que eu ia atrás desse homem. Claro que era um risco. Por mais que ele parecesse uma pessoa de boa índole, era difícil relaxar depois dessa história toda. Mas, de alguma forma, eu precisava ir, tocar nele. Queria sentir o toque do cabelo dele, a pele... Sentir o cheiro desse homem. Fui! Não tinha mais nada a perder. 
Nunca vou me esquecer daquele homem lindo me esperando com um violão nas costas e um sorrisão largo no desembarque do aeroporto de Floripa. Ali eu já sabia que seria difícil não me apaixonar. E foi o que aconteceu. Passamos o fim de semana todo juntos, saí da ‘Ilha da Magia’ aos prantos e com a certeza de que eu havia encontrado o homem da minha vida.
De volta ao Rio, não parava de pensar em toda a nossa história e em como ele era ainda mais maravilhoso do que eu esperava. Continuamos a nos falar por telefone diariamente.
Um mês depois, tirei férias do trabalho e voltei correndo pra Floripa para ficarmos juntos outra vez. Passei um mês todinho com ele. E foi lindo, mágico! Nunca havia me sentido tão valorizada e amada por alguém. Senti que eu moraria facilmente naquela ilha, ao lado dele. Era só uma questão de tempo.

Terminou as férias e só consegui voltar paro o Rio em agosto. Logo depois, ele veio me ver em setembro e ficou até outubro, novembro, dezembro. Já estávamos oficialmente namorando e, na virada do ano, ele me surpreendeu com um pedido de casamento! Nada no mundo vai me fazer esquecer esse dia! Eu tinha encontrado um homem incrível, lindo, que eu amava e era correspondida. Parecia um sonho! Ficamos noivos no Ano Novo e já estou planejando me mudar para o sul até julho deste ano, para morarmos juntos e organizarmos nosso casamento com mais calma.

Voltei a fazer planos e pensar novamente na maternidade, algo que me parecia tão distante, mesmo já estando perto dos 40 anos. Daniel também pensa em ter filhos. Descobri que posso superar qualquer coisa, que a culpa não é nem nunca foi minha e que existe outro modelo possível para vivermos, que não os vividos e impostos pelas nossas mães e avós. Me curei da depressão, zerei em tudo.

Talvez a vida ainda tire muito de nós, mas Daniel e eu seguimos acreditando no amor e torcendo para que ele continue se manifestando até nas histórias mais improváveis e surreais, como a nossa. Nunca pensei, nem nos meus sonhos, que depois de um golpe como esse eu conheceria o grande amor da minha vida!”

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