É possível aproveitar o potencial econômico da Amazônia de forma realmente sustentável?

Abstract

In this article we analyse the process of socio-spatial formation of Amazonia concerning developmental policies and visions implemented in the course of the five centuries of occupation and reproduction of its territory until the present moment, when optional developmental policies regarded as "sustainable" are discussed. This has occurred in a perspective now supportive, then of cooption of organized social movements that for decades have struggled for development alternatives in the region's socio-spatial reproduction. En este artículo hacemos un análisis del proceso de formación socioespacial de la Amazonía. Tratamos, entonces, de las políticas y visiones de desarrollo implantadas a lo largo de los cinco siglos de ocupación y reproducción de su territorio. En el momento actual enfocamos las "posibles" opciones por políticas de desarrollo consideradas "sustentables". Esto se ha dado, incluso, en una perspectiva a veces de apoyo, a veces de cooptación de los movimientos sociales organizados, que por décadas lucharon por alternativas de desarrollo en la reproducción socioespacial de la región. Neste artigo fazemos uma análise do processo de formação socioespacial da Amazônia. Tratamos então das politicas e visões de desenvolvimento implantadas ao longo dos cinco séculos de ocupação e reprodção de seu território, até o momento atual. Na questão atual enfocamos as “possiveis” opçães por políticas de desenvolvimento consideradas “sustentáveis”. Isto tem se dado, inclusive, numa perspectiva ora de apoio, ora de cooptação dos movimentos sociais organizados, que por décadas lutaram por alternativas de desenvolvimento na reprodução socioespacial da região.

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La Revista Geográfica es una publicación semestral que busca difundir el desarrollo del conocimiento geográfico en la región, considerando primordialmente a los profesionales de los Estados Miembros del IPGH. Los artículos publicados están escritos principalmente en idioma castellano, aceptándose adicionalmente contribuciones en inglés, francés y portugués. La Revista Geográfica se distribuye en todos los países del continente americano, así como en España, está relacionada principalmente con los Institutos Geográficos Nacionales y Militares de las Américas así como con centros de enseñanza superior e investigación relacionados con la Geografía y la generación, manejo y gestión de la Información Geoespacial. La temática abordada por la Revista Geográfica es amplia y variada, tocando principalmente aspectos relacionados con la regionalización, el ordenamiento territorial, estudios multitemporales del entorno, aplicación de la información geoespacial para el desarrollo sustentable y su uso en la mitigación de los efectos causados por desastres así como la planeación para su prevención.

Publisher Information

The Pan American Institute of Geography and History (PAIGH) was founded on February 7, 1928 at the Sixth International Conference of the Americas held in Havana, Cuba. In 1949, became the first organization of the Inter-American System when the Council of the Organization of American States and the PAIGH signed an agreement. Objectives: To encourage, coordinate, and publicize cartographical, geographical, geophysical and historical studies as well as other related scientific studies of interest to the Americas. To promote and carry out studies, work and training in the aforementioned fields of activity. To promote cooperation among organizations interested in these fields of activity in the Americas, and with related international organizations. Organizational structure of PAIGH: General Assembly Directing Council Meeting of Officers General Secretariat Commissions on Cartography, Geography, History and Geophysics

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Em webinar promovido pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), o cientista e climatologista Carlos Nobre cobrou das empresas maiores investimentos em pesquisa e desenvolvimento para assumir a liderança no potencial econômico da biodiversidade do Brasil. “Nunca conseguimos valor econômico na diversidade de espécies não apenas da Amazônia, mas de todos os biomas brasileiros, todos riquíssimos. O desafio das empresas é enxergar potencial. Mas, para isso, elas precisam investir em pesquisa e ciência para termos novos produtos e tecnologias para um desenvolvimento efetivamente sustentável”, afirmou Nobre, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e da USP.

Há um imenso potencial biológico na Amazônia, milhares de microorganismos que podem ter incalculáveis usos para a humanidade. Para aproveitar tudo isso, temos que restaurar e proteger a floresta

O debate sobre Biodiversidade e Florestas foi o sexto webinar da série (Re)Visão 2050, realizada pelo CEBDS, com o objetivo de planejar e construir uma visão de futuro.  “É preciso compreender o valor da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos também para a geração de emprego e renda e para a redução das desigualdades sociais e econômicas”, disse Marina Grossi, presidente do CEBDS, na abertura do debate, que teve a participação também de João Campos Silva, presidente do Instituto Juruá; Patrícia Daros, gerente de Biodiversidade e Recuperação Ambiental da Vale e diretora-presidente do Instituto Ambiental Vale; e Yugo Matsuda, gerente de sustentabilidade da Suzano Papel e Celulose, com a mediação de Viviane Severiano, da ERM Consultoria Ambiental.

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Carlos Nobre destacou que o Brasil ainda explora muito pouco o potencial econômico da biodiversidade da Amazônia, citando produtos como o açaí, o cacau, e a castanha, que têm rentabilidade muito maior por hectare do que a pecuária. “O açaí já passou a madeira e traz um bilhão de dólares para a Amazônia por ano. Esse potencial precisa de investimento para ser desenvolvido: ele gera riqueza e mantém a floresta em pé”, argumentou, lembrando que os outros biomas brasileiros têm biodiversidade igualmente rica. “A Mata Atlântica, relativamente ao seu tamanho, tem biodiversidade semelhante à da Amazônia. Nosso cerrado é a savana tropical mais diversa do mundo. A caatinga é a mais biodiversa deste tipo de bioma”.

O cientista afirmou que o Brasil tem tudo para ser uma potência ambiental da biodiversidade. “Nosso país tem o potencial para triplicar sua produção de alimentos, ser realmente uma potência alimentar em 2050. Mas, para isso, precisa começar realmente a praticar a agricultura do Século 21.Em todo o mundo desenvolvido, a área agrícola está diminuindo e produção agrícola aumentando, com tecnologia, com verticalização, em áreas peri-urbanas. O agronegócio brasileiro precisa praticar a agricultura regenerativa, que prevê a restauração dos ecossistemas”, enfatizou Carlos Nobre, lembrando ainda que a biodiversidade na Amazônia não tem apenas potencial alimentar.  “Há um imenso potencial biológico, milhares de microorganismos que podem ter incalculáveis usos para a humanidade. Para aproveitar tudo isso, temos que restaurar e proteger a floresta – não permitir que ela seja desmatada para dar lugar a pecuária de baixíssima produtividade”.

As empresas investem bastante hoje para reduzir ou recuperar seus impactos. Mas a tendência é esse processo evoluir de maneira que as políticas sejam orientadas para evitar quaisquer impactos ambientais e sociais

Presidente do Instituto Juruá, João Campos Silva alertou que as oportunidades com o potencial econômica da biodiversidade da floresta trazem também uma responsabilidade social enorme. “A Amazônia, além de celeiro alimentar, é também um grande celeiro cultural, com 120 povos indígenas de culturas diferentes. Se as empresas aliarem o conhecimento científico ao tradicional, terão sucesso com um novo modelo de negócios com base na diversidade”, observou Campos. O presidente do Instituto Juruá, projeto para o desenvolvimento da pesca sustentável do pirarucu, defendeu que grandes empresas associações locais e ONGs precisam trabalhar juntas para alavancar o desenvolvimento da região. “Assim, temos a oportunidade de inovar em produtos e saídas logísticas. Colocando ciência ao lado do conhecimento tradicional. podemos gerar riqueza com a floresta em pé e também transformação social na Amazônia onde ainda existe uma enorme desigualdade”, destacou.

É possível aproveitar o potencial econômico da Amazônia de forma realmente sustentável?
A moderadora Viviane Severiano, da ERM Consultoria, Yugo Matsuda, da Suzano, Patrícia Daros, da Vale, João Campos, do Instituto Juruá, e o cientista Carlos Nobre: biodiversidade e florestas em debate promovido pel CEDBS (Rprodução)

Empresas apostam em parcerias e colaboração

Do lado das empresas, evolui o entendimento de que colaboração e parceria são cruciais para os negócios. “A visão 2050 é de mais colaboração. E não só por convicção, mas por uma questão de estratégia de negócios”, disse Yugo Matsuda, gerente de Sustentabilidade da Suzano.  Na sua visão, a reorientação dos negócios nesse sentido passa necessariamente por estratégias sustentadas em metas. “As empresas investem bastante hoje para reduzir ou recuperar seus impactos. Mas a tendência é esse processo evoluir de maneira que as políticas sejam orientadas para evitar quaisquer impactos ambientais e sociais e para também gerar valor”, comentou.

Yugo Matsudo destacou ainda que as  empresas devem evoluir de responder a demandas mercado consumidor para educar seu mercado consumidor. “É responsabilidade das empresas não apenas ter melhores práticas ambientais como também trabalhar para o engajamento dos seus clientes em ações sustentáveis, citando iniciativa da Suzano para reduzir o uso de plástico. “As empresas também serão cada vez mais cobradas por seus compromissos públicos; os consumidores vão quer que elas se posicionem”, disse o gerente de Sustentabilidade.

Patrícia Daros – gerente de Biodiversidade e Recuperação Ambiental da Vale, diretora de Operações do Fundo Vale e diretora-presidente do Instituto Ambiental Vale – afirmou que as empresas têm cada vez mais consciência da sua responsabilidade ambiental. “Não tem setor produtivo que sobreviva sem água. Os investidores analisam de perto as práticas das empresas com foco na sustentabilidade. A biodiversidade precisa ser um elemento-chave para a gestão dos negócios agora e no longo prazo”, afirmou Patrícia, acrescentando que, desde 2018, a Vale estabeleceu metas de redução do impacto ambiental e de recuperação e restauração de florestas.

Moderadora do debate, a consultora ambiental Viviane Severiano disse que vê o Brasil como referência em biodiversidade em 2050. “Mas, para isso, é preciso uma ação articulada. A meta de zerar o desmatamento ilegal até 2030, por exemplo, assumida pelo Brasil em sua Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) no âmbito do Acordo de Paris, somente será atingida se contar com o apoio da iniciativa privada”, frisou. Os próximos debates da série (Re)Visão 2050 terão como tema Economia Circular (22/07) e Cidades (05/08). Os webinares são uma realização do Cebds, com patrocínio do Itaú, da Vale, apoio da ERM, da KPMG, da SITAWI e apoio de mídia do #Colabora.

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Oscar Valporto

Oscar Valporto é carioca e jornalista – carioca de mar e bar, de samba e futebol; jornalista, desde 1981, no Jornal do Brasil, O Globo, O Dia, no Governo do Rio, no Viva Rio, no Comitê Olímpico Brasileiro. Voltou ao Rio, em 2016, após oito anos no Correio* (Salvador, Bahia), onde foi editor executivo e editor-chefe. Contribui com o #Colabora desde sua fundação e, desde 2019, é um dos editores do site onde também pública as crônicas #RioéRua, sobre suas andanças pela cidade

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É possível explorar a Amazônia de forma sustentável?

De acordo com o decreto governamental que regulamentou essa exploração, o manejo sustentável consiste na administração da floresta para a obtenção de benefícios econômicos e sociais, respeitando os mecanismos de sustentação do ecossistema. O manejo implica em uma exploração cuidadosa, de impacto ambiental reduzido.

Como usar a Amazônia de forma sustentável?

Investir em pesquisa e desenvolvimento para uso sustentável dos recursos naturais, fomentar a bioeconomia de floresta em pé e soluções baseadas na natureza, reconhecendo e valorizando o conhecimento de comunidades tradicionais e indígenas.

É possível aproveitar economicamente a floresta e ao mesmo tempo conservá lá para que não se esgota?

Na visão de Nobre, os recursos naturais da floresta são atualmente subaproveitados, e é por meio da tecnologia que a Amazônia pode ganhar um molde econômico sustentável. “Com as novas tecnologias, temos, pela primeira vez, a possibilidade de criar uma bioeconomia a partir da biodiversidade da floresta”, afirma.

Por que o desenvolvimento sustentável da floresta Amazônica é tão importante para o desenvolvimento brasileiro?

A região Amazônica concentra 20% da água doce do planeta. A manutenção de florestas nas margens de rios evita erosões, assoreamentos e garante alimento para vários organismos aquáticos.