Tendo em vista que existem diversas DTHA e estas geralmente apresentem um quadro clínico inespecífico, o diagnóstico das DTHA é feito por exames laboratoriais (clínicos e bromatológicos), que devem ser realizados de acordo com as possíveis hipóteses diagnósticas levantadas a partir da investigação epidemiológica. O principal material das amostras clínicas são as fezes (swab em meio de transporte Cary-Blair e in natura), porém a depender da hipótese diagnóstica também poderão ser coletadas amostras de sangue, urina, entre outros. Show Essas análises são realizadas pelos Laboratórios de Saúde Pública (LACEN), pelos laboratórios de referência regional (LRR) e nacional (LRN) e centros colaboradores (CC). Aos LACEN competem a realização de procedimentos laboratoriais de rotina e o encaminhamento para realização de análises de maior complexidade e complementação diagnóstica ao LRR, LRN ou CC. O tratamento das DTHA deve ser específico para cada caso. Por ser, em geral, uma doença autolimitada, o tratamento realizado é baseado na sintomatologia do paciente afetado, visando evitar a desidratação e o óbito. E, a depender do grau de toxigenicidade do agente etiológico envolvido e da população afetada (crianças, idosos, gestantes e imunocomprometidos, por serem grupos de risco para o adoecimento), podem necessitar de atenção especial. Os sinais e sintomas tendem a desaparecer em alguns dias, mas se houver sangue nas fezes e comprometimento do estado geral, antibióticos são recomendados em conjunto com a reidratação. No entanto, seu uso excessivo e indevido na medicina veterinária e humana tem sido associado ao surgimento e disseminação de bactérias resistentes, tornando o tratamento de doenças infecciosas ineficaz. Em todos os casos, é importante monitorar o estado de hidratação e a duração dos sinais e sintomas, além de procurar o serviço de saúde para a indicação de terapêutica específica, de acordo com a suspeita clínica. Importante: Após consulta médica, é indicada terapêutica específica de acordo com a suspeita clínica. Em todos os casos, é importante avaliar o estado de hidratação, principalmente em crianças, idosos e imunodeprimidos que apresentam diarreia e vômito. Quando a diarreia é aguda, deve-se seguir o manejo do paciente com diarreia preconizado pelo Ministério da Saúde, adotando-se o plano de tratamento mais adequado, conforme o estado de hidratação. Mal-estar, náuseas com ou sem vômitos, diarreia, dor e inchaço abdominal: esses são os sintomas clássicos provocados pela ingestão de alimentos contaminados. Esse tipo de problema tem até nome: são as DTAs (doenças transmitidas por alimentos), que têm se tornado cada vez mais um problema de saúde pública, influenciadas por mudanças globais como aumento populacional e pobreza, de acordo com o Ministério da Saúde. RelacionadasExistem mais de 250 tipos de doenças transmitidas por alimentos no mundo, a maioria causada por bactérias (e suas toxinas), vírus e parasitas —que ingerimos em comidas mal higienizadas, mal cozidas ou que são contaminadas após estarem prontas, devido à falta de refrigeração adequada ou cuidados básicos de higiene. A maior parte dessas doenças provoca apenas problemas leves (mas qualquer diarreia é sempre um incômodo). Já outras, no entanto, como o botulismo e cólera, podem ser consideradas mais graves. Confira abaixo sete doenças provocadas por alimentos contaminados. Infecção por SalmonellaUma das doenças mais conhecidas quando falamos em alimentos contaminados, a infecção se dá pela ingestão da bactéria Salmonella, presente em alimentos mal cozidos geralmente provenientes de animais criados em fazendas. Isso inclui carnes de vaca, porco, frango, ovos e até leite. Comidas sensíveis ao calor (como maionese) também favorecem a proliferação desse tipo de bactéria quando ficam muito tempo fora do refrigerador. Náuseas, dores abdominais, diarreia, febre alta, dores no corpo e na cabeça são sintomas comuns a esse tipo de infecção. Infecção por Escherichia coliConsiderada uma das mais comuns no Brasil, a infecção provocada pela bactéria E. coli costuma causar quadros leves a moderados, com possibilidade de diarreia aquosa e febre baixa. Em alguns pacientes, pode ocorrer a presença de sangue nas fezes. A principal via de contaminação são as carnes mal passadas ou as saladas mal higienizadas (veja como é o jeito certo de higienizar os vegetais). Infecção por Staphylococcus aureusTambém considerada comum no Brasil, a infecção pelo Staphylococcus aureus ocorre principalmente via embutidos como salsichas e linguiças —alimentos com muito sódio, que favorecem a proliferação desse microrganismo. Mas a bactéria não é uma estranha ao corpo: ela geralmente está presente na nossa pele e na mucosa, sem provocar danos. O problema é quando ela entra em contato com o sistema gastrointestinal: sua toxina provoca uma inflamação na mucosa, causando náusea, vômito e diarreia. BotulismoConsiderada rara, a infecção acontece pela toxina das bactérias Clostridium botulinum e Clostridium pa-rabotulinum, que comumente podem serem encontradas em alimentos em conserva (como palmito e picles); no mel, em queijos e em carnes curadas de forma artesanal (como salsichas, linguiças e presunto). O grande perigo da doença é que a toxina produzida pela bactéria ataca o sistema nervoso, impedindo a comunicação nas terminações nervosas. Por isso, os sintomas mais comuns da infecção também incluem paralisia muscular, que começa na região craniana e vai descendo para o corpo. Se não tratado rapidamente, há risco de morte. CóleraÉ provocada pela ação da toxina da bactéria Vibriocholerae, geralmente encontrada em ambiente aquático. Por isso, é comum que a doença esteja associada ao consumo de mariscos, peixes e algas mal cozidos, além da ingestão de água não tratada —por isso, a doença é um problema preocupante em áreas em que falta saneamento básico. O principal sintoma é a grande quantidade de diarreia aquosa que, se não for tratada logo, pode levar a um quadro de desidratação e colocar em risco a vida do paciente. Para evitar o problema, além de cozinhar bem os alimentos e higienizar corretamente os vegetais, é muito importante ferver a água antes de consumi-la, se ela não for tratada ou mineral. AmebíaseÉ provocada por meio da ingestão dos cistos do protozoário Entamoeba histolytica. Geralmente, isso acontece por meio de água ou alimentos contaminados com as fezes de pessoas doentes —por isso, a doença é mais frequente em locais onde o saneamento básico e as condições de higiene são precários. Os principais sintomas são diarreia, dor abdominal e mal-estar, e podem incluir também fezes com presença de sangue. ToxoplasmoseA doença que todas as grávidas temem, já que pode causar problemas de saúde ao bebê. A infecção é provocada pela ingestão dos cistos do parasita Toxoplasma gondii, geralmente por meio de carne de vaca ou boi crua ou mal cozida. Além dos sintomas clássicos, a infecção também pode provocar febre, dor muscular, cansaço e dor de cabeça. Como é o tratamento?A maioria das DTAs costuma evoluir de forma leve a moderada. Portanto, os cuidados mais recomendados são manter o corpo bem hidratado com a ingestão de líquidos; fazer refeições leves, sem alimentos gordurosos ou de difícil digestão; e ainda fazer uso de medicamentos para reduzir náuseas e vômitos. Em casos mais graves, pode ser necessário o uso de antibióticos e até internação. O que determina o tratamento são as manifestações clínicas e o agente causador, fatores que devem ser avaliados por um especialista. Como evitar a contaminaçãoHigienizar e cozinhar alimentos estão entre as medidas para reduzir o risco de ter o problema. Confira:
* Fontes consultadas: Beatriz Thie Iamanaka, pesquisadora e diretora técnica de serviço da Unidade Laboratorial de Referência em Microbiologia do Centro de Ciência e Qualidade dos Alimentos (CCQA) do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo; Camila Carvalho, nutricionista Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz; Sizele Rodrigues, nutricionista do Centro de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável (CESANS) da Coordenadoria de Desenvolvimento dos Agronegócios (CODEAGRO), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. |