Como se desenvolveu a diversidade cultural?

A cultura de uma sociedade é transmitida por seus hábitos, costumes e valores e passa de geração em geração, podendo ser observada na culinária, festividades, arte, religião, vestimentas e linguagem.

A diversidade cultural no Brasil é muito grande, resultado dos seus (quase) 517 anos de história, e cada uma de suas cinco regiões tem suas próprias tradições e costumes. Quer saber mais? Então acompanhe o post de hoje!

Um pouco de história

1. O Brasil antes de ser Brasil

Com uma biodiversidade extremamente rica, o território que hoje chamamos de “nosso país” já era habitado pelas diversas espécies de animais, vegetação e, claro, nossos nativos, chamados de “índios” pelos portugueses.

No ano de 1500, Pedro Álvares Cabral, ao desviar o caminho das Índias, descobriu o território “Vera Cruz” (denominado por ele), e o reivindicou para Portugal, e mais tarde essas terras constituiriam o Brasil.

2. Período colonial e a escravidão

Com a vinda de muitos estrangeiros para a exploração das riquezas da nossa terra, principalmente portugueses, franceses e holandeses, começou no país a miscigenação racial do povo brasileiro e suas culturas, e um bom exemplo disso até hoje é a diferença de sotaques entre as cidades brasileiras.

Porém, o que mudou completamente o cenário cultural do país foi o sistema econômico vigente na época, o escravocrata. Os negros, forçados a saírem de seus países no continente africano, deixando para trás suas vidas e famílias, foram trazidos em condições brutais para o Brasil (e outros diversos países que também utilizavam o regime de escravidão).

Hoje somos um dos países com maior número de negros, e, embora tenham sofrido injustamente e sido tratados de forma desumana, o povo de origem africana deixou como legado uma cultura muito forte para o Brasil, como as religiões candomblé e umbanda, além de papel fundamental na constituição de nossa raça, música, dança e culinária.

3. A Independência e a imigração em massa

Em 1922, o Brasil deixou de ser colônia e virou república, mas ainda demorou mais 66 anos até que a escravidão fosse abolida pela princesa Isabel, com a Lei Áurea.

Com o fim desse regime, houve uma onda imigratória pelo país, com pessoas de diversos lugares do mundo, em sua maioria italianos, japoneses e alemães nas regiões Sul e Sudeste.

4. A história social do Brasil mais recente

Com a globalização e o progresso tecnológico e da informática, fala-se muito hoje em unificação global cultural.

Isso significa, segundo alguns estudiosos, que as fronteiras que definem a cultura dos países e os distinguem podem estar em risco, considerando o intenso contato entre os povos estrangeiros a partir da tecnologia de comunicação e informação, as TICs.

É muito comum e fácil, atualmente, qualquer pessoa entrar em contato com a cultura de outro país e até mesmo adquirir seus produtos e serviços, como é o caso do fast food (McDonald’s, Burger King etc.), sistema de alimentação americano.

Isso é apenas um detalhe. O processo de aculturação já está ocorrendo. Muitas pessoas entram em canais de comunicação na internet para conversar com pessoas de outros países, bem como para discutir questões relacionadas à cultura, economia e educação. Inclusive, alguns municípios do Brasil adotaram o sistema educacional de outros países, a exemplo da Finlândia, que tem uma educação que é vista como de primeira qualidade pelos órgãos internacionais, como a ONU e a UNESCO.

Ao andar pelas regiões do Brasil (sul, sudeste, centro-oeste, norte e nordeste), podemos ver com mais facilidade a influência dos povos que aqui passaram, deixando seu legado, suas marcas, que podem ser vistas não apenas na economia e gastronomia, mas também na arquitetura.

Região Norte

No Norte, por exemplo, local onde a influência indígena foi marcante, podemos encontrar pratos e celebrações que refletem a influência desses povos na região, como tucupi, cupuaçu e açaí.

Nesse pedaço do nosso país, a maior influência é indígena, pois, desde sempre, habitam ali populações de nativos brasileiros, que não deixam as tradições morrerem.

As festividades populares mais conhecidas são o Festival de Parintins, a maior Festa do Boi-bumbá do Brasil, no Amazonas, e a festa de Ciro de Nazaré, grande manifestação católica do país, no Pará.

A culinária típica do Norte é baseada em mandioca e peixe, mas também há muitos pratos feitos com carne de sol. Com todos esses nomes indígenas, dá para ter uma noção da força cultural nativa na região, não é?

Região Nordeste

No Nordeste, observamos uma forte influência dos africanos e holandeses. Pratos como acarajé e vatapá são exemplos nesse sentido, assim como também as festas e tradições: carnaval, São João etc.

O carnaval é a maior festividade da região, que conta com elementos tradicionais da folia, com suas marchinhas, pessoas fantasiadas, alegria dos foliões e, não poderiam faltar, os bonecos de Olinda. Também há tradições religiosas, como a festa de Iemanjá, e a escadaria do Bonfim.

A gastronomia típica da região é uma ótima mistura das culturas africanas e brasileiras, com pratos bastante conhecidos, como carne de sol, frutos do mar, buchada de bode, tapioca, bolo de fubá, pamonha, cocada etc., além dos citados.

Região Centro-Oeste

No caso do centro-oeste, encontramos elementos culturais do Paraguai e Bolívia. As festividades religiosas, como a de São Benedito, e as comidas como a sopa paraguaia e o arroz boliviano cuidam de ilustrar isso.

Esse canto do Brasil contém partes de culturas indígenas, sertanejas, paulistas, mineiras e gaúchas, mas também apresenta características de outros países, a exemplo dos citados.

As festividades típicas são a dança folclórica, de tradição indígena, e Festa do Divino, religiosas.

Na cozinha da região, é comum encontrar o arroz com pequi, sopa paraguaia, arroz carreteiro, angu e peixes originários do Pantanal mato-grossense.

Região Sudeste e Sul

Talvez o sudeste e o Sul tenham sido as regiões mais marcadas — em seu traçado urbano, comida e festividades — pela presença de outros povos.

Por ter recebido imigrantes de muitas partes do mundo, a diversidade cultural da Região Sudeste é bastante ampla, principalmente no que diz respeito à culinária. As opções são diversas, como o pãozinho de queijo mineiro, feijoada carioca, virado à paulista, bolinho de bacalhau de Portugal, as massas italianas, moqueca capixaba, picadinho, aipim frito, tutu de feijão, entre muitos outros.

As festividades do Sudeste mais tradicionais são as festas do Divino, festas em homenagem aos santos padroeiros, festas do peão de boiadeiro, Carnaval, samba de lenço e festa de Iemanjá.

São Paulo, no Sudeste, é, certamente, o exemplo mais rico que temos em se tratando de diversidade cultural. O local, além de abrigar povos de diversas regiões do mundo (americanos, italianos etc.), é casa para brasileiros oriundos de outras partes do país.

Nos três estados que compõem a região Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, é possível observar as influências culturais herdadas dos imigrantes espanhóis, italianos, japoneses e, principalmente, dos alemães, começando pela arquitetura de algumas cidades, como Gramado (RS).

Na cozinha, as comidas tradicionais da região são o churrasco, o chimarrão, camarão, carne de marreco e vinhos.

A Oktoberfest, a festa da cerveja de origem alemã, é um dos festivais mais conhecidos da Região Sul, sediada em Blumenau (SC). Outro evento bastante conhecido é a Festa da Uva, em Caxias do Sul (RS).

Vantagens da diversidade cultural

Cada nacionalidade que passou pelo Brasil, assim como a população nativa, deixou um legado individual na marca do país com suas tradições e costumes.

A miscigenação dessas culturas criou uma identidade própria do país, com um rico leque de tradições culinárias, arquitetônicas, literárias, musicais, artísticas, religiosas e muito mais. Hoje, somos referência mundial em muitas de nossas tradições. Veja abaixo alguns exemplos:

Gastronomia: feijoada, churrasco e caipirinha;

Arquitetura: Oscar Niemeyer (brasileiro de descendência alemã);

Literatura: Cordéis nordestinos, Clarice Lispector (ucraniana naturalizada brasileira);

Festividades: Carnaval;

Arte: Cândido Portinari (filho de italianos);

Músicas: MPB e Bossa Nova.

Mas uma coisa é certa: embora cada canto do país tenha sua própria história e personalidade cultural, algumas características unem toda a população, como o carisma, alegria e força para lutar contra as dificuldades.

Pergunte a qualquer estrangeiro que já tenha visitado alguma parte do Brasil, e a resposta será a mesma: o brasileiro é um povo caloroso e que, apesar dos problemas do dia-a-dia, está sempre com um sorriso no rosto.

A formação social do Brasil diz muito sobre a sua diversidade cultural. A rica cultura do país está presente não só nas festividades e culinária, mas também no sotaque do povo e na arquitetura. O traçado urbanístico no Sul é, nesse sentido, predominantemente europeu.

A diversidade cultural do Brasil nas mídias (cinema, publicidade etc.)

A diversidade cultural é mais do que apenas uma afirmação histórica do Brasil, como vimos. Coloca-se hoje como uma ferramenta de identidade do país, uma vez que o projeta nacional e internacionalmente, a partir de diversos instrumentos de comunicação e de sentido, como o cinema, televisão, rádio, publicidade, redes sociais, entre outros.

Com o objetivo de fazer com que conheça melhor a diversidade cultural do Brasil a partir das mídias, montamos este tópico. Aqui, apresentamos obras midiáticas que apresentam a riqueza cultural do país.

Cinema

O cinema é visto hoje como uma importante obra de arte de representação de valores sociais e culturais de um dado local, a exemplo do Brasil.

Inaugurado em 1985 pelos irmãos Lumière, o cinema foi utilizado para reproduzir símbolos culturais que ganharam notoriedade na sociedade, como um todo. No Brasil não foi diferente. Passou também a ser utilizado para projetar e dar novos sentidos à vida cultural do país.

Um grande filme que podemos destacar nesse sentido é “Que horas ela volta?”. A obra reproduz um traço cultural do Brasil que perdura por anos. O fato de que muitos filhos são criados não pela mãe biológica, mas pela figura da babá. Revela um aspecto cultural do brasileiro.

Outra que podemos citar é Rio. Animação que coloca em evidência não só os elementos culturais do Brasil, como o samba, pagode e frevo, mas também o que o país tem de mais importante: a sua diversidade ambiental.

Televisão

A televisão também não deixa a desejar quando o assunto é abordar a diversidade cultural do Brasil.

Podemos vislumbrar isso não só no cinema, mas nas telenovelas. Como exemplo, podemos destacar Xica da Silva. Novela que aborda a história da escravidão no Brasil, bem como as relações entre negros e brancos, revelando um aspecto fundamental do país: a sua miscigenação.

Outra que também podemos destacar é Malhação, telenovela que apresenta a cultura dos jovens, seus gostos musicais, entre outros elementos que revelam um Brasil que é histórica e culturalmente plural.

Publicidade

Ainda que receba fortes críticas da sociedade, a publicidade se apresenta hoje como uma importante ferramenta para o fortalecimento da diversidade cultural do Brasil.

A partir dela, histórias são contadas de uma maneira diferente e inusitada, revelando aspectos da cultura plural do país.

Algumas marcas de roupas, por exemplo, colocam em suas campanhas publicitárias pessoas de todas as cores e com cabelos diferenciados, como liso, crespo e cacheado, com o objetivo de gerar conscientização social e cultural.

Além dos instrumentos de comunicação citados, outros que são utilizados para abordar a diversidade cultural do Brasil são: redes sociais, folder, banner, documentário, entre outros.

A diversidade cultural do Brasil está incorporada no cotidiano das pessoas e das produções midiáticas, em geral, sendo abordada de uma maneira diferenciada e impactante.

Gostou do nosso texto e quer saber mais sobre a diversidade cultural? Então leia nossa matéria sobre como lidar com a diversidade!

Como se desenvolve a diversidade cultural?

Conforme vimos, a diversidade cultural deve ser aprendida desde a infância, para que as crianças cresçam sem preconceitos e tenham um bom desenvolvimento emocional. Além disso, é uma maneira de contribuir para a cultura da paz e do respeito, o que é muito importante para a vida em sociedade.

Quem desenvolveu o conceito de diversidade cultural?

Com o intuito de tentar preservar a riqueza da diversidade cultural dos países, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) criou a "Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural".

Como se desenvolveu a cultura brasileira?

A cultura brasileira, assim como a formação étnica do povo brasileiro, é vasta e diversa. Nossos hábitos culturais receberam elementos e influências de povos indígenas, africanos, portugueses, espanhóis, italianos e japoneses, entre outros, devido à colonização, à imigração e aos povos que já habitavam aqui.

Quando foi criada a diversidade cultural?

Em 2001, com o intuito de tentar preservar a riqueza da diversidade cultural dos países a ONU aprovou a "Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural" criada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).