Como os portugueses pretendiam chegar ao Oriente e os espanhóis?

A expansão marítima espanhola ocorreu um século depois das viagens portuguesas pela costa do continente africano, devido, principalmente, à formação do Estado Nacional Espanhol ter sido realizada depois do Estado português. Os entraves a isto foram a necessidade de terminar de expulsar os mouros da Península Ibérica e de encontrar uma rota alternativa à descoberta pelos portugueses.

A Guerra de Reconquista, quando os espanhóis conseguiram expulsar os mouros da Península Ibérica, terminou apenas em 1492, quando foi conquistado o Reino de Granada. Esta vitória coroava a ação empreendida por Fernando, do Reino de Aragão, e Isabel, do Reino de Castela, casados com o objetivo de unificarem os vários reinos espanhóis. Os Reis Católicos, como o casal ficou conhecido, conseguiram superar as rivalidades existentes entre os vários reinos e unificá-los após a incorporação de Navarra, formando o Estado Nacional Espanhol.

Para conseguir alcançar os mercados onde eram comercializadas as lucrativas especiarias orientais, na Índia, os espanhóis precisavam encontrar uma rota alternativa à dos portugueses. Para isso, os Reis Católicos contrataram o navegante genovês Cristóvão Colombo. Colombo afirmava ser possível chegar às Índias navegando para o Ocidente, pois sendo a Terra redonda, era possível realizar a sua circum-navegação. Com este argumento, Colombo convenceu os reis espanhóis, partindo em 03 de agosto de 1492, com sua expedição composta por uma nau e duas caravelas: Santa Maria, Pinta e Niña.

Navegando no sentido Oeste durante mais de dois meses e tendo que enfrentar um princípio de motim, Colombo avistou, em 12 de outubro de 1492, as Ilhas de Guanaani, depois batizadas de San Salvador. Apesar de achar que tinha chegado às Índias, Colombo havia atracado em um continente desconhecido pelos europeus. Inicialmente, eles chamaram o local recém-conhecido de Índias Ocidentais.

Colombo conseguiu chegar à Espanha para comunicar sua “descoberta” aos Reis Católicos, em 1493, voltando posteriormente em mais três viagens ao novo continente, explorando as ilhas do Caribe e a costa oriental da América Central.

O nome América só seria dado ao continente após as expedições do cartógrafo Américo Vespúcio. Seus estudos mostraram que se tratava de um novo continente, e não das Índias. Em sua homenagem, o novo continente foi batizado como América.

O encontro deste novo continente acirrou a rivalidade entre Portugal e Espanha pelas novas terras conhecidas, sendo necessária a intermediação da Igreja Católica na contenda. Frente a isso, foi assinado o Tratado de Tordesilhas, em 1494, dividindo o mundo ao meio, separando as terras que ficariam sob o domínio dos dois reinos.

Além de terem proporcionado a Colombo “descobrir” a América, as expedições marítimas espanholas indicaram também que a circum-navegação do globo terrestre era possível. Em 1522, Fernão de Magalhães conseguiu contornar o extremo sul da América, passando por um estreito que o levou às ilhas das Filipinas, através do oceano Pacífico. O estreito passou a se chamar Estreito de Magalhães, em sua homenagem.

Apesar de chegar ao Pacífico, Magalhães não conseguiu chegar à Espanha, morrendo no caminho. Mas outros participantes da expedição conseguiram, comprovando a teoria de Colombo de ser possível dar a volta na Terra, navegando no sentido Oeste.


Por Tales Pinto
Graduado em História

Aproveite para conferir nossa videoaula relacionada ao assunto:

Chamam-se Grandes Navegações as expedições marítimas realizadas por europeus entre os séculos XV e XVI.

Os pioneiros na expansão marítima europeia foram os portugueses e os espanhóis, seguidos pelos ingleses, franceses e holandeses.

Diversos fatores possibilitaram a Grandes Navegações como o aprimoramento das técnicas de navegação, a necessidade de metais preciosos e de se descobrir um novo caminho marítimo para as Índias.

Por fim, não podemos esquecer os motivos religiosos, algo importantíssimo naquela época. Deste modo, os europeus também queriam expandir a fé cristã às novas terras.

Resumo da história das grandes navegações

Com a tomada de Constantinopla pelos turcos em 1453, o comércio entre a Ásia e a Europa sofreu um abalo. Os produtos que ali chegavam aumentaram de preço devido aos impostos que os turcos passaram a cobrar dos europeus.

Por isso, comerciantes de Veneza e Gênova, que monopolizavam o comércio marítimo, buscaram alternativas para chegar às Índias. Isto vinha ao encontro do projeto de expansão marítima de Portugal e do Reino de Castela. Desta forma, os interesses de distintos grupos voltavam-se para patrocinar as navegações pelo oceano Atlântico.

A aliança entre o rei e a burguesia também contribuiu de maneira decisiva para a expansão comercial e marítima. Nesta época, os monarcas queriam centralizar o poder, num movimento histórico conhecido como absolutismo.

O rei possuía prestígio, mas pouco poder e dinheiro. A burguesia tinha dinheiro, mas não poder, nem prestígio. Desta forma, rei e burguesia apoiaram e financiaram expedições para a África, Ásia e a América, e assim alcançar seus objetivos.

Portugal foi o pioneiro na realização de grandes viagens marítimas. Voltado para o Atlântico e sem possibilidade de expandir-se na Península Ibérica, os portugueses preferiram aventurar-se no Mar Oceano.

No início do século XV, Portugal tornou-se o centro de estudos de navegação, através do estímulo do infante D. Henrique, o Navegador.

Este príncipe reunia em sua residência, em Sagres, Algarve, navegadores, cosmógrafos, cartógrafos, mercadores e aventureiros a fim de ensinarem e aprenderem os segredos dos mares.

Além disso, D. Henrique patrocinou inúmeras viagens que possibilitaram a exploração da costa da África.

As grandes navegações portuguesas

O pioneirismo português começa em 1415 com a conquista de Ceuta, uma cidade que era um importante entreposto comercial.

Vejamos a cronologia das navegações portuguesas:

  • 1415 – chegada à Ceuta, no norte da África.
  • 1419 – ocupação da Ilha da Madeira.
  • 1431 – Gonçalo Velho chega aos Açores
  • 1434 – o Cabo do Bojador é superado pelos navegadores
  • 1444 – descoberto o arquipélago de Cabo Verde.
  • 1471 – ocupadas as ilhas de são Tomé e Príncipe
  • 1482 – o navegador Diogo Cão entra no rio Congo e estabelece contatos no território de Angola
  • 1488 – Bartolomeu Dias dobra o Cabo da Boa Esperança.
  • 1498 – Vasco da Gama atinge Calicute, na costa oeste da Índia.
  • 1500 – Pedro Álvares Cabral oficializa a existência de terras no sul da América e segue rumo à Ásia, objetivo final da esquadra.
  • 1500 – em 10 de agosto, Diogo Dias encontra a ilha de Madagascar.
  • 1505 – os portugueses assinam um tratado com os governantes do Ceilão (Sri Lanka).
  • 1507 – a ilha de Ormuz (atual Irã) é atacada por Alfonso de Albuquerque
  • 1510 – tomada de Goa por Alfonso de Albuquerque.
  • 1511 – Francisco Serrão aporta em Malaca (Malásia).
  • 1512 – chegada dos portugueses a Timor.
  • 1543 – estabelecida as relações comerciais entre portugueses e japoneses.
  • 1557 – as autoridades chinesas permitem os portugueses a ficarem em Macau.

Veja também: Navegações Portuguesas

As grandes navegações espanholas

O segundo país europeu a se aventurar nas Grandes Navegações foi a Espanha, quase oitenta anos depois de Portugal. As expedições contaram com o apoio, principalmente, de Isabel de Castela.

O navegante Cristóvão Colombo pensava ser possível atingir as Índias por outro caminho a oeste. Para isso, as caravelas deveriam abandonar a rota segura que margeava a costa africana e seguir pelo oceano aberto.

Colombo pediu ajuda aos reis portugueses, mas foi rechaçado. Partiu para o reino de Castela, onde sua ideia foi considerada louca por alguns e, por outros, fantástica. Conseguiu convencer especialmente a rainha de Castela, Isabel I, interessada em expandir seus territórios por mais distantes que fossem.

Em sua primeira viagem, Cristóvão Colombo desembarcou nas Bahamas, acreditando ter alcançado as Índias. Somente em 1504 desfez-se o engano, quando o navegador Américo Vespúcio confirmou tratar-se de um novo continente. Mesmo assim, até a morte, Colombo sustentava que ele havia atingido o subcontinente indiano.

A seguir, as principais datas das navegações espanholas:

  • 1492 – Cristóvão Colombo descobre a América.
  • 1499 – Alonso Ojeda chega à Venezuela. Nesta expedição está o cartógrafo Américo Vespúcio que explica que àquelas terras são um novo continente.
  • 1500 – Vicente Pinzón navega Amazonas.
  • 1511 – Diogo Velasquez atinge Cuba.
  • 1512 – Ponce de León chega à Flórida.
  • 1513 – Vasco Nunez alcança o Oceano Pacífico.
  • 1516 - Juan Díaz de Solís explora o Rio da Prata.
  • 1519 – Fernão de Magalhães e Sebastián Elcano partem para a primeira viagem de circum-navegação. Magalhães morreria durante a travessia e somente Elcano completaria o feito.
  • 1519 – Fernão Cortez chega ao México.
  • 1521 – Fernão de Magallães toma posse das Filipinas.
  • 1531 – Francisco Pizarro conquista o Peru.
  • 1537 – João Ayolas chega ao Paraguai.
  • 1540 – Pedro de Valdívia descobre o Chile.
  • 1541 – Francisco Orellana explora o rio Amazonas.

Grandes navegações europeias

Devido ao sucesso das expedições portuguesas e castelhanas, outros países tentaram conquistar novos territórios como Inglaterra, França e Holanda.

Depois de algumas expedições de reconhecimento geográfico ao longo do litoral norte-americano, os ingleses só começaram a colonizar a América do Norte no final do século XVI.

Igualmente, durante o reinado da rainha Isabel I, os navegantes ingleses eram estimulados a assaltar os galeões espanhóis que voltavam cheio de metais para a Espanha.

Por sua parte, os franceses, jamais aceitaram a divisão da América, pelo Tratado de Tordesilhas, entre Espanha e Portugal. Por isso, disputaram territórios dominados pelos espanhóis. As investidas pelo Caribe e pelas costas norte-americanas resultaram na posse do Haiti, da Guiana Francesa, do Canadá e da Louisiana.

No século XVI, um grupo de franceses tentaram se estabelecer no Rio de Janeiro, no episódio conhecido como França Antártica.Trouxeram, inclusive, alguns grupos de protestantes que eram perseguidos na França.

Os holandeses chegaram à América no século XVII, e fundaram Nova Amsterdã (atual Nova York), porém seriam expulsos pelos ingleses. Neste mesmo século, invadiram e ocuparam Pernambuco e Bahia, conquistaram o atual Suriname e Curaçao.

No Brasil, seriam rechaçados pelas tropas hispano-portuguesas, mas conseguiriam se estabelecer no Caribe, constituindo as Antilhas Holandesas.

Na Ásia, os holandeses entraram em guerra com os portugueses para ocupar vários territórios que estes possuíam, como Malaca e o Timor.

Veja também: Expansão Marítima Europeia

Consequências das Grandes Navegações

A expansão marítima europeia deixou marcas em todos os continentes.

A Europa percebeu que havia mais povos, línguas e costumes, do que os conhecidos até então. Na maioria das vezes, o encontro de culturas foi repleto de violência.

Nas Américas, a vida dos indígenas nunca mais seria a mesma. Os colonizadores trouxeram consigo uma nova forma de organização econômica, política e social. Desta mistura, sempre desigual, nasceu as sociedades híbridas da América Latina.

A África foi o palco da deportação de milhares de pessoas que foram reduzidas à escravidão. Nas Américas, os negros escravizados aprenderam a se reinventar e misturaram suas crenças e costumes com os alimentos nativos e aqueles oferecidos pelo colonizador.

Os reinos asiáticos permitiram que os europeus se estabelecessem em seu território de maneira restrita. A circulação de europeus só era permitida nos portos e mesmo assim, constantemente vigiados. Isto não impediu que os produtos asiáticos chegassem à Europa e modificassem as modas e a arte daquele momento.

Desta maneira, as consequências das grandes navegações são sentidas até hoje, pois foi este movimento que permitiu a difusão da sociedade europeia nos quatro continentes.

Temos mais textos sobre o assunto para você:

  • Descobrimento do Brasil
  • Américo Vespúcio
  • Escola de Sagres
  • Chegada dos portugueses ao Brasil

Como os portugueses pretendiam chegar ao Oriente e os espanhóis?

Bacharelada e Licenciada em História, pela PUC-RJ. Especialista em Relações Internacionais, pelo Unilasalle-RJ. Mestre em História da América Latina e União Europeia pela Universidade de Alcalá, Espanha.

Como os espanhóis pretendiam chegar ao Oriente?

O genovês Cristóvão Colombo, financiado pela Espanha, pretendia chegar às Índias, navegando na direção oeste. Em 1492, as caravelas espanholas, Santa Maria, Pinta e Niña partiram rumo ao oriente navegando pelo Oceano Atlântico.

Por que os portugueses queriam chegar ao Oriente?

Buscando quebrar o domínio que havia sido estabelecido sobre o comércio de especiarias no Mar Mediterrâneo, Portugal traçou uma nova e arriscada que consistia em contornar o continente africano para se chegar ao Oriente.

Onde os portugueses queriam chegar e por quê?

Os historiadores modernos acham que Cabral não sabia o que iria encontrar, mas imaginava que havia algo. Na época, contornava-se a África para chegar à Índia e, ao se afastar da costa para aproveitar as correntes favoráveis, os navegadores aproximavam-se de mares brasileiros.

Qual foi o motivo que levou os portugueses e espanhóis?

Portugal foi o primeiro país europeu a se aventurar pelos mares e vários foram os fatores que contribuíram para esse fato: Insuficiência portuguesa em metais preciosos para a cunhagem da moeda. Falta de produtos agrícolas e de mão-de-obra. Desejo de expandir a fé cristã