Como ocorreu a dispersão espacial da indústria no mundo e no Brasil?

A industrialização consiste em transformar um determinado espaço geográfico a partir da construção de indústrias e de empresas direta e indiretamente ligadas a essas indústrias. Esse fenômeno humano é importante por provocar profundas alterações socioespaciais, tanto acelerando a urbanização e o êxodo rural quanto alterando drasticamente a maneira de exploração e utilização dos recursos naturais.

Quando se aborda a questão da industrialização mundial, fala-se de um processo que se manifestou de forma extremamente desigual pelo globo. Enquanto os países de industrialização clássica desenvolveram-se tecnologicamente a partir de meados do século XVIII e ao longo do século XIX, os países de industrialização tardia vivenciaram esse fenômeno apenas a partir do século XX, enquanto alguns deles ainda sequer podem ser considerados como territórios industrializados.

A Inglaterra foi o país que primeiro se desenvolveu nesse sentido, na chamada Primeira Revolução Industrial. Antes disso ocorrer, eram conhecidos apenas o artesanato e a manufatura, não existindo um processo produtivo sistematizado e guiado pela presença de maquinários, como ocorre nas fábricas.

Na Primeira Revolução Industrial, as técnicas baseavam-se na operação da máquina a vapor, cuja fonte de energia principal era o carvão. Essa etapa ocorreu na Europa e provocou profundas alterações no espaço das cidades, que passaram a crescer de forma acelerada em virtude da grande oferta de empregos e da mecanização do campo, que foi um dos fatores que provocaram o êxodo rural (migração em massa da população do campo para as cidades).

Na Segunda Revolução Industrial, a tecnologia conheceu um novo ciclo de inovação, e o petróleo tornou-se a principal fonte de energia, algo que ocorre até hoje, mesmo com as inovações industriais posteriores. A mão de obra passou a ser mais qualificada, uma vez que as formas de produção tornaram-se mais complexas, com maquinários movidos a energia elétrica e com um maior grau de complexidade. Nesse período também foi dominante o modelo de produção fordista, caracterizado pelo trabalho repetitivo nas fábricas e uma produção em grandes quantidades.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

A partir da segunda metade do século XX, o mundo conheceu uma nova etapa: a Terceira Revolução Industrial ou Revolução técnico-científica informacional. Esse processo de desenvolvimento ainda se encontra em curso e é responsável pela informatização das sociedades e pelo desenvolvimento dos transportes, comunicação, biotecnologia e informação. Com isso, as chamadas multinacionais ou empresas globais conseguiram se disseminar pelo mundo, propiciando a industrialização de países subdesenvolvidos, que, antes disso, produziam apenas matérias-primas para as nações desenvolvidas.

Nesse contexto, fala-se do encurtamento das distâncias e da aceleração das atividades, naquilo que se denominou por compressão espaço-tempo. Com isso, o fordismo foi substituído pelo toyotismo em que não há mais a produção em massa, e sim conforme a demanda pelas mercadorias. Além disso, o trabalho deixou de ser repetitivo, mas sim flexibilizado, com um mesmo empregado desempenhando várias funções ao longo da cadeia produtiva.

Como reflexo do desenvolvimento industrial, percebemos que os países considerados desenvolvidos são justamente aqueles que primeiro se industrializaram. Com isso, seus espaços geográficos sociais, apesar de ainda apresentarem contradições e desigualdades, são mais modernos em relação aos países periféricos ou em desenvolvimento. Além disso, mesmo com as grandes multinacionais se espalhando por todo o mundo, são os países ricos que abrigam suas sedes – sobretudo as chamadas Cidades Globais, como Nova York e Londres – e dominam as principais formas de tecnologia.

A Geografia Industrial brasileira está marcada, desde a sua constituição ao longo do século XX, por se manifestar a partir de uma concentração espacial, em que a maioria das atividades fabris desenvolveu-se na região Sudeste do país. Posteriormente, em função de uma série de fatores, o país iniciou uma perspectiva inversa, caracterizando uma desconcentração industrial, com migrações de empresas para o interior dos estados e regiões menos industrializadas.

Concentração Industrial

Durante o período brasileiro do Estado Novo (1937-1945), em resposta à Grande Depressão iniciada em 1929, iniciaram-se as políticas em favor da implantação de indústrias no país, que se intensificaram a partir da década de 1950, durante a aplicação do Plano de Metas. Nesse contexto, instaurou-se no país a chamada industrialização por substituição de importações.

Contudo, a infraestrutura nacional, em função da grande influência da elite cafeeira do Sudeste brasileiro nos anos anteriores, encontrava-se limitada à região Sudeste do país, o que favoreceu a formação de um processo de concentração industrial. Além disso, nesse período, a indústria vivia um período em que se preconizava a produção em massa e as chamadas economias de aglomeração.

Graças a esse contexto, o Sudeste brasileiro, com destaque para a Região Metropolitana de São Paulo, passou a angariar praticamente todos os recursos naturais, contando, a partir de então, com uma elevada concentração populacional, ampla mão de obra e mercado consumidor elevado.

Desconcentração Industrial

Essa dinâmica começou a se alterar quando o poder público iniciou uma série de planejamentos a fim de gerar uma maior democratização no espaço industrial do país. Uma das medidas foi a criação da Sudam (Superintendência de desenvolvimento da Amazônia), em 1966, e da Sudene (Superintendência de desenvolvimento do Nordeste), em 1959.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

Outra ação foi a autorização do Governo Federal dada aos governos estaduais de promoverem incentivos fiscais para a presença de indústrias em seus territórios. Com isso, teve início a chamada Guerra Fiscal ou Guerra dos Lugares, em que as unidades federativas, por meio de isenções de impostos e outros benefícios, passaram a competir pela manutenção de empresas em suas localidades, a fim de dinamizar suas economias e elevar a quantidade de empregos.

Soma-se a essas questões políticas o fato de que, com os avanços tecnológicos nos meios de transporte e comunicações, não eram mais necessárias uma aglomeração industrial e, tampouco, a proximidade entre indústria e mercado consumidor. Por isso, muitas empresas resolveram migrar para regiões interioranas e cidades médias, longe dos problemas relacionados às grandes cidades.

Porém, é precipitado afirmar, por exemplo, que cidades como São Paulo deixaram de se industrializar. Na verdade, o que houve foi uma queda no crescimento do número de empresas no Sudeste brasileiro, mas trata-se de algo ainda muito tímido e que tende a intensificar-se nos próximos tempos. Além disso, a capital paulista é um dos exemplos do processo de modernização produtiva, em que as antigas fábricas vão sendo gradualmente substituídas por frentes tecnológicas de serviços.

Como ocorreu a dispersão espacial da indústria no Brasil?

Mas podemos dizer que a desconcentração industrial do Brasil passou a acontecer, de fato, a partir da década de 1990, quando a maior presença de infraestruturas (comunicação e meios de transporte) nas áreas anteriormente marginalizadas passou a apresentar um maior efeito.

Por que motivo existe a dispersão espacial da indústria no mundo e no Brasil?

A distribuição espacial das indústrias no Brasil Estas áreas oferecem, além de incentivos fiscais, menores custos de mão-de-obra, transportes menos congestionados e, por tratarem-se de cidades-médias, melhor qualidade de vida, o que é vital para pólos tecnológicos.

Como aconteceu o processo de dispersão industrial?

Resposta: A dispersão do parte industrial brasileiro ocorreu justamente pela guerra fiscal. Estados grandes e que já possuem um polo industrial bem consolidado cobram altos impostos, os sindicatos e alguns políticos pressionam muito os empresários, sufocando a produção.

Quais os principais fatores influenciaram a dispersão espacial da indústria no mundo e no Brasil?

Com a globalização e a expansão do capital, muitas empresas instalaram um regime flexível de produção e do trabalho, o que contribui para a dispersão espacial da indústria no espaço mundial.