Como o professor de Educação Física pode atuar para contribuir com o desenvolvimento motor ao longo da vida?

Como o professor de Educação Física pode atuar para contribuir com o desenvolvimento motor ao longo da vida?
Como o professor de Educação Física pode atuar para contribuir com o desenvolvimento motor ao longo da vida?

Educa��o F�sica e suas contribui��es para o 

desenvolvimento motor na educa��o infantil

Como o professor de Educação Física pode atuar para contribuir com o desenvolvimento motor ao longo da vida?

 

* Graduado em Educa��o F�sica - UNICRUZ

** Mestrando em Ci�ncias do Movimento Humano � UDESC

*** Graduada em Pedagogia � UFSC

(Brasil)

Giovane Pereira Balb�*

Roges Ghidini Dias**

Luciani da Silva Souza***

 

Resumo

          O presente estudo teve como objetivo realizar uma breve discuss�o liter�ria, a fim de melhor entender e discutir as contribui��es da educa��o f�sica no que tange o desenvolvimento motor de crian�as na educa��o infantil. A rela��o entre a idade da crian�a com a fase e caracter�stica motora pelas quais passam, se constitui para um melhor acompanhamento do desenvolvimento motor. Destaca-se a import�ncia do conhecimento dos profissionais de Educa��o F�sica, no que tange a avalia��o motora da crian�a, como forma de melhor acompanhar seu desempenho e detectar poss�veis problemas de ordem motora.

          Unitermos:

Desenvolvimento motor. Educa��o F�sica. Crian�a.  
Como o professor de Educação Física pode atuar para contribuir com o desenvolvimento motor ao longo da vida?
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - A�o 13 - N� 129 - Febrero de 2009

Como o professor de Educação Física pode atuar para contribuir com o desenvolvimento motor ao longo da vida?

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1. Introdu��o

    Desde a sua concep��o, o indiv�duo adquire, ou aprende diversas fun��es motoras, as quais far�o com que o organismo alcance sua maturidade. Por meio do seu pr�prio movimento, a crian�a desenvolve seus processos motores. Os movimentos surgem muitas vezes porque a crian�a tende a imitar os adultos que a rodeiam ou inspiram-se em outras crian�as para executar suas provas pr�ticas (DIEM,1980).

    A Educa��o Infantil � o primeiro e decisivo passo para se atingir a continuidade no ensino com produ��o e efici�ncia desej�veis, tendo como objetivo principal o desenvolvimento da atividade global que � caracterizado pelo prolongamento de experi�ncias de movimentos b�sicos, facilitando a escolaridade da crian�a e incorporando-se diretamente em outras fases do desenvolvimento ao longo da vida (NANNI, 1998).

    Com o avan�o da idade cronol�gica, a crian�a passa a ser integrante de mais um grupo social: a escola. O seu ingresso exige modifica��es e adapta��es das estruturas afetivas, cognitivas, motoras e sociais.

    Para Gallahue e Ozmun (2002) o desenvolvimento motor sofre grande influ�ncia, do meio social e biol�gico, podendo sofre altera��es durante seu processo. Sabe-se que a escola � um dos locais de oferta de espa�o adequado para o desenvolvimento motor da crian�a, visto que o brincar significa o meio mais importante para as aprendizagens dos pequenos.

    O conhecimento das caracter�sticas motoras possibilita saber se as experi�ncias recebidas nos diversos contextos s�o as necess�rias para garantirem bom desenvolvimento da aprendizagem. O que se espera � que as crian�as possam da melhor maneira poss�vel, apresentar em cada per�odo de vida uma boa qualidade de movimento (VASCONCELLOS, 1995). Para Oliveira (2001), para que haja contribui��es nas habilidades motoras das crian�as, � necess�rio um desenvolvimento adequado das mesmas sobre as aprendizagens dos escolares.

    Tendo em vista a curiosidade do homem no estudo do desenvolvimento motor, buscou-se por meio de uma breve discuss�o liter�ria melhor entender e discutir as contribui��es da educa��o f�sica no que tange o desenvolvimento motor de crian�as na educa��o infantil.

2.     Educa��o infantil

    Conforme a Lei de Diretrizes e Bases (LEI N�9394/96), em seu artigo 21, inciso I, a Educa��o Infantil compreende a primeira etapa da Educa��o B�sica, a qual, integra o desenvolvimento da crian�a at� os 6 anos de idade, sendo, um complemento da a��o da fam�lia. Salienta-se que atualmente, a educa��o b�sica compreende as crian�as com at� os 5 anos de idade.

    Para Pereira (2002), um dos objetivos da educa��o infantil � o de ensinar a crian�a a observar fatos cuidadosamente, em especial, quando estes s�o contr�rios aos previstos por ela. Desenvolver habilidade de comunica��o, tamb�m significa realizar a��es, mas � preciso falar sobre elas, sistematiz�-las por meio de narrativas das experi�ncias.

    Na crian�a, ao contr�rio, o desenvolvimento decorrente da colabora��o via imita��o, que � a fonte do surgimento de todas as propriedades especificadamente humanas da consci�ncia, o desenvolvimento decorrente da aprendizagem � o fato fundamental. Assim, o momento central para toda a psicologia da aprendizagem � a possibilidade de que a colabora��o, se eleve a um grau superior de possibilidades intelectuais, por meio da imita��o. Assim, se baseia toda a import�ncia da aprendizagem para o desenvolvimento, visto que a imita��o � que constr�i o conte�do do conceito de zona de desenvolvimento imediato (PEREIRA, 2002).

    Segundo Wallon (1975), em uma de suas teorias, o ser humano � biologicamente social, visto como totalidade considerando indissoci�veis os aspectos emocionais, f�sicos e intelectuais.

    Na fase pr�-escolar a prioridade � a atividade motora global, concentrando-se na necessidade fundamental de movimento, de investiga��o e de express�o (LE BOULCH, 1987).

    A riqueza de habilidades motoras da crian�a depende do desenvolvimento neuromuscular; contudo, a aprendizagem tamb�m exerce influ�ncia sobre certas habilidades motoras como falar, escrever, abotoar e amarrar os sapatos (HARROW, 1988).

    Para Vasconcellos (1995) a educa��o infantil tem um papel muito importante na forma��o da crian�a e, em especial, com rela��o � avalia��o, pois � onde socialmente se tem hoje maior espa�o de se fazer um trabalho mais democr�tico e significativo, em fun��o das menores cobran�as formais. A Educa��o Infantil n�o deve ceder �s press�es das s�ries posteriores, uma vez que sua forma de avaliar representa o futuro do processo de avalia��o de todo o sistema educacional, quando n�o haver� mal notas ou reprova��es.

    As creches e/ou pr�-escolas surgiram n�o s� a partir de mudan�as sociais que ocorreram na sociedade, mas, pela inclus�o das mulheres ao trabalho assalariado, pela organiza��o das fam�lias, pelo novo papel da crian�a na sociedade e de como torn�-la, atrav�s da educa��o, um indiv�duo produtivo e ajustado �s exig�ncias desse conjunto social (CRAIDY; KAERCHER, 2001).

    Pr�-escolar � o termo universal, consagrado pela UNESCO, aceito por congressos e organiza��es nacionais e internacionais, o qual expressa o que antecede � escola como institui��o formal de educa��o. E, por ant�tese, a idade do crescimento e desenvolvimento, n�o apenas f�sico, mas sobretudo ps�quico, mental e emocional. Pr�-escolar � o termo oficial para expressar a faixa et�ria de zero a cinco anos, independente de se dar ou n�o atendimento a essas crian�as (FALKENBACH, 2002).

3.     Educa��o F�sica na educa��o infantil

    Os interesses da crian�a, at� os tr�s anos de idade, est�o sobretudo concentrados no mundo exterior e, em especial sobre o aspecto pr�tico do movimento (BATISTELLA, 2001).

    Como educa��o do movimento compreende-se a realiza��o de atividades motoras que visam o desenvolvimento das habilidades (correr, saltar, saltitar, arremessar, empurrar, puxar, balan�ar, subir, descer, andar), da capacidade f�sica (agilidade, destreza, velocidade, velocidade de rea��o) e das qualidades f�sicas (for�a, resist�ncia muscular localizada, resist�ncia aer�bica e resist�ncia anaer�bica). Portanto a educa��o do movimento prioriza o aspecto motor na forma��o do educando. No ambiente educacional esse trabalho pode ser distribu�do ao longo de todo per�odo escolar, a �nfase, entretanto, ocorre nas s�ries finais do ensino fundamental quando as caracter�sticas psicol�gicas e fisiol�gicas dos alunos correspondem �s especialidades desta proposta (MATTOS, 1999).

    Para a psicomotricidade o desenvolvimento psicomotor passa a ser pr�-requisito de conte�dos cognitivos. Desloca-se a preocupa��o da educa��o do movimento para a educa��o pelo movimento (BRACH apud BATISTELLA, 2001).

    Com a promulga��o da Lei de Diretrizes e Bases da Educa��o Nacional no 9394/96, em 22 de dezembro de 1996, em seu art.26 e inciso terceiro, onde se delineia novas perspectivas para a Educa��o F�sica, tal como:

    �A Educa��o F�sica, integrada � proposta pedag�gica da escola, � componente curricular da Educa��o B�sica, ajustando-se �s faixas et�rias e �s condi��es da popula��o escolar, sendo facultativa nos cursos noturnos�.

    Segundo Gallahue e Ozmun (2002), as capacidades de coordena��o motora s�o � base de uma boa capacidade de aprendizagem sens�rio-motora. Quanto mais elevado for seu n�vel de desenvolvimento, mais r�pido e mais seguramente poder�o ser aprendidos movimentos novos ou dif�ceis, com uma economia de esfor�o, propiciando melhor orienta��o e precis�o (PEREIRA, 2002).

    Estudiosos da educa��o defendem que as experi�ncias motoras que se iniciam na inf�ncia s�o de fundamental import�ncia para o desenvolvimento cognitivo, principal meio pelo qual a crian�a explora, relaciona e controla seu meio ambiente. O movimento se relaciona com o desenvolvimento cognitivo, no sentido de que a integra��o das sensa��es provenientes de movimentos resulta na percep��o e toda aprendizagem simb�lica posterior depende da organiza��o destas percep��es em forma de estruturas cognitivas.

    Por meio da explora��o motora a crian�a desenvolve consci�ncia do mundo que a cerca, e de si pr�pria. O controle motor possibilita � crian�a experi�ncias concretas, que servir�o como base para a constru��o de no��es b�sicas para o seu desenvolvimento intelectual (ROSA NETO, 2002).

    O movimento � reconhecido como sendo o objeto de estudo e aplica��o da educa��o f�sica. Seja qual for � �rea de atua��o, a educa��o f�sica trabalha com movimento e, pelo acima exposto, � ineg�vel a sua contribui��o ao desenvolvimento global do ser humano, desde que estes trabalhos sejam adequados (GOTANI et al., 1988).

    De acordo com Nanni (1998), os movimentos b�sicos, as habilidades fundamentais e especializadas quando desenvolvidas sob o aspecto �l�dico�, favorecem para a participa��o ativa da crian�a, aprendendo a liberar e expressar suas emo��es pela explora��o do movimento, do espa�o e do tempo r�tmico.

    Oferecer a crian�a oportunidade de mover-se, usando da sua criatividade, significa estabelecer experi�ncias que propiciar�o desenvolver habilidades motoras fundamentais por meio de padr�es b�sicos de movimentos.

    Os professores de educa��o f�sica n�o podem se limitar ao desenvolvimento de habilidades, j� que devem ser conhecedores de que o corpo � uma totalidade (FALKENBACH, 2002), ele transmite e se comunica sem a necessidade das palavras.

    O que vai diferenciar a presen�a de um professor de Educa��o F�sica dos demais atendentes na Educa��o Infantil � a comunica��o, a compreens�o, a leitura, a intera��o e o envolvimento, a promo��o da evolu��o da crian�a por interm�dio das manifesta��es corporais, do movimento, do jogo e das atividades l�dicas. Essas capacidades s�o exercitadas pelos profissionais que, conscientes da import�ncia das primeiras comunica��es n�o verbais � atrav�s do t�nus � entram em comunica��o corporal com as crian�as.

4.     Desenvolvimento motor

    O desenvolvimento motor representa um aspecto do processo desenvolvimentista total e est� intrinsecamente inter-relacionado �s �reas cognitivas e afetivas do comportamento humano, sendo influenciado por muitos fatores. A import�ncia do desenvolvimento motor ideal n�o deve ser minimizada ou considerada como secund�ria em rela��o a outras �reas do desenvolvimento. Portanto, o processo do desenvolvimento motor revela-se basicamente por altera��es no comportamento motor, do beb� ao adulto, � um envolvido no processo permanente de aprender a mover-se eficientemente, em rea��o ao que enfrentamos diariamente em um mundo em constante modifica��o (GALLAHUE; OZMUN, 2002).

    Nos primeiros anos de vida a crian�a explora o mundo que a rodeia com os olhos e as m�os, atrav�s das atividades motoras. Ela estar�, ao mesmo tempo, desenvolvendo as primeiras iniciativas intelectuais e os primeiros contatos sociais com outras crian�as. � em fun��o do seu desenvolvimento motor que a crian�a se transformar� numa criatura livre e independente (BATISTELLA, 2001).

    Segundo Oliveira (2001), toda seq��ncia b�sica do desenvolvimento motor est� apoiada na seq��ncia de desenvolvimento do c�rebro, visto que a mudan�a progressiva na capacidade motora de um indiv�duo, desencadeada pela intera��o desse indiv�duo com seu ambiente e com a tarefa em que ele esteja engajado. Em outras palavras, as caracter�sticas heredit�rias de uma pessoa, combinada com condi��es ambientais espec�ficas (como por exemplo, oportunidade para pr�tica, encorajamento e instru��o) e os pr�prios requerimentos da tarefa que o indiv�duo desempenha, determinam a quantidade e a extens�o da aquisi��o de destrezas motoras e a melhoria da aptid�o (GALLAHUE; OZMUN, 2002).

5.     Elementos b�sicos do desenvolvimento motor

5.1.     Motricidade fina

    Motricidade Fina �� uma atividade de movimento espacialmente pequena, que requer um emprego de for�a m�nima, mas grande precis�o ou velocidade ou ambos, sendo executada principalmente pelas m�os e dedos, �s vezes tamb�m pelos p�s� (MEINEL, 1984, p.154).

    A coordena��o fina diz respeito � habilidade e destreza manual ou pedal constituindo-se como um aspecto particular na coordena��o global.

    Habilidades motoras finas requerem a capacidade de controlar os m�sculos pequenos do corpo, a fim de atingir a execu��o bem-sucedida da habilidade (MAGILL, 1984). Conforme Canfield (1981), a motricidade fina envolve a coordena��o �culo-manual e requerem um alto grau de precis�o no movimento para o desempenho da habilidade espec�fica, num grande n�vel de realiza��o. Podemos citar exemplo da necessidade desta habilidade que seria na realiza��o de tarefas como escrever, tocar piano, trabalhar em rel�gios etc.

    A coordena��o viso manual representa a atividade mais freq�ente utilizada pelo homem, pois atua para in�meras atividades como pegar ou lan�ar objetos, escrever, desenhar, pintar, etc (ROSA NETO, 1996). Velasco (1996, p. 107) destaca que �a intera��o com pequenos objetos exigem da crian�a os movimentos de preens�o e pin�a que representam a base para o desenvolvimento da coordena��o motora fina�.

5.2.     Motricidade global

    Segundo Batistella (2001), a motricidade global tem como objetivo a realiza��o e a automa��o dos movimentos globais complexos, que se desenrolam num certo per�odo de tempo e que exigem a atividade conjunta de v�rios grupos musculares.

    A motricidade global envolve movimentos que envolvem grandes grupos musculares em a��o simult�nea, com vistas � execu��o de movimentos volunt�rios mais ou menos complexos.

    Dessa forma, as capacidades motoras globais s�o caracterizadas por envolver a grande musculatura como base principal de movimento. No desempenho de habilidades motoras globais, a precis�o do movimento n�o � t�o importante para a execu��o da habilidade, como nos casos das habilidades motoras finas. Embora a precis�o n�o seja um componente importante nesta tarefa, a coordena��o perfeita na realiza��o deste movimento � imprescind�vel ao desenvolvimento h�bil desta tarefa (MAGILL, 1984).

    A coordena��o global e as experimenta��es feitas pela crian�a levam a adquirir a dissocia��o do movimento, levando-a a ter condi��es de realizar diversos movimentos simultaneamente, sendo que cada um destes movimentos pode ser realizado com membros diferentes sem perder a unidade do gesto (OLIVEIRA, 2001).

    A conduta motora, de coordena��o motora global � concretizada atrav�s da matura��o, motora e neurol�gica da crian�a. Para isto ocorrer haver� um refinamento das sensa��es e percep��es, visual, auditiva, sinest�sica, t�til e principalmente proprioceptiva, atrav�s da solicita��o motora que as atividades infantis requerem (VELASCO, 1996).

5.3.     Equil�brio

    O equil�brio � a base primordial de toda a��o diferenciada dos membros superiores. Quanto mais defeituoso � o movimento mais energia consome, tal gasto energ�tico poderia ser canalizado para outros trabalhos neuromusculares. Nesta luta constante, ainda que inconsciente, contra o desequil�brio resulta numa fatiga corporal, mental e espiritual, aumentando o n�vel de stress, ansiedade, e angustia do indiv�duo.

    A postura � a atividade reflexa do corpo com respeito ao espa�o. O equil�brio considerado como o estado de um corpo, quando distintas e encontradas for�as que atuam sobre ele se compensam e se anulam mutuamente. Desde o ponto de vista biol�gico, a possibilidade de manter posturas, posi��es e atitudes indica a exist�ncia de equil�brio.

    O equil�brio t�nico postural do sujeito, seu gesto, seu modo de respirar, sua atitude, etc., s�o o reflexo de seu comportamento, por�m ao mesmo tempo de suas dificuldades e de seus bloqueios. Para voltar a encontrar seu estado de equil�brio biopsicossocial, � necess�rio liberar os pontos de maior tens�o muscular (coura�as musculares), isto �, o conjunto de rea��es t�nicas de defesa integradas a atitude corporal. No plano da organiza��o neuropsicol�gica, se pode dizer que o equil�brio t�nico postural constitui o modelo de auto-regula��o do comportamento (ROSA NETO, 1996).

    Asher (1975), considera que as varia��es da postura est�o associadas a per�odos de crescimento, aparecendo como uma resposta aos problemas de equil�brio que costumam ocorrer segundo as mudan�as nas propor��es corporais e seus segmentos. Conforme Rosa Neto (1996), a postura inadequada est� associada a uma excessiva tens�o que favorece um maior trabalho neuromuscular, dificultando a transmiss�o e informa��es dos impulsos nervosos.

5.4.     Esquema corporal

    A imagem do corpo representa uma forma de equil�brio. Em um contexto de rela��es m�tuas do organismo e do meio � onde se organiza a imagem do corpo como n�cleo central da personalidade (ROSA NETO, 1996).

    O esquema corporal � um elemento b�sico indispens�vel para a forma��o da personalidade da crian�a. � a representa��o relativamente global, cient�fica e diferenciada que a crian�a tem de seu pr�prio corpo (WALLON, 1975).

    A crian�a percebe-se e percebe os seres e as coisas que a cercam, em fun��o de sua pessoa. Sua personalidade se desenvolver� a uma progressiva tomada de consci�ncia de seu corpo, de seu ser, de suas possibilidades de agir e transformar o mundo � sua volta. Ela se sentir� bem na medida em que seu corpo lhe obedece, em que o conhece bem, em que o utiliza n�o s� para movimentar-se, mas tamb�m para agir (PEREIRA, 2002).

    As atividades t�nicas, que est� relacionada � atitude, postura e a atividade cin�tica, orientada para o mundo exterior. Essas duas orienta��es da atividade motriz (t�nica e cin�tica), com a incessante reciprocidade das atitudes, da sensibilidade e da acomoda��o perceptiva e mental, correspondem aos aspectos fundamentais da fun��o muscular, que deve assegurar a rela��o com o mundo exterior gra�as aos deslocamentos e movimentos do corpo (mobilidade) e assegurar a conserva��o do equil�brio corporal, infra-estrutura de toda a��o diferenciada (tono). A fun��o t�nica se apresenta em um plano fisiol�gico, em dois aspectos: o tono de repouso o estado de tens�o permanente do m�sculo que se conserva inclusive durante o sono; o tono de atitude, ordenado e harmonizado pelo jogo complexo dos reflexos da atitude, sendo estes mesmos, resultado das sensa��es proprioceptivas e da soma dos est�mulos provenientes do mundo exterior (ROSA NETO, 1996).

    A imagem corporal como resultado complexo de toda a atividade cin�tica, sendo a imagem do corpo a s�ntese de todas as mensagens, de todos os est�mulos e de todas as a��es que permitam a crian�a se diferenciar do mundo exterior, e de fazer do �EU� o sujeito de sua pr�pria exist�ncia. O esquema corporal pode ser definido no plano educativo, como a chave de toda a organiza��o da personalidade (PEREIRA, 2002).

5.5.     Organiza��o espacial

    A no��o do espa�o � uma no��o ambivalente, ao mesmo tempo concreta e abstrata, finita e infinita. Na vida cotidiana utilizamos constantemente os dados sensoriais e perceptivos relativos ao espa�o que nos rodeia. Estes dados sensoriais cont�m as informa��es sobre as rela��es entre os objetos que ocupam o espa�o, por�m, � nossa atividade perceptiva baseada sobre a experi�ncia do aprendizado a que lhe d� um significado. A organiza��o espacial depende simultaneamente da estrutura de nosso pr�prio corpo (estrutura anat�mica, biomec�nica, fisiol�gica, etc.), da natureza do meio que nos rodeia e de suas caracter�sticas (ROSA NETO, 1996).

    Todas as modalidades sensoriais participam pouco ou muito na percep��o espacial: a vis�o; a audi��o; o tato; a propriocep��o; e o olfato. A orienta��o espacial designa nossa habilidade para avaliar com precis�o a rela��o f�sica entre nosso corpo e o meio ambiente, e a tratar as modifica��es no curso de nossos deslocamentos (OLIVEIRA, 2001).

    As primeiras experi�ncias espaciais est�o estreitamente associadas ao funcionamento dos diferentes receptores sensoriais sem os quais a percep��o subjetiva do espa�o n�o poderia existir; a integra��o cont�nua das informa��es recebidas conduz a sua estrutura��o, e a��o eficaz sobre o meio externo. Olho e ouvido; labirinto; receptores articulares e tendinosos; fusos neuromusculares e pele; representam o ponto de partida de nossa experi�ncia espacial (ROSA NETO, 1996).

    A percep��o relativa � posi��o do corpo no espa�o e de movimento tem como origem estes diferentes receptores com seus limites funcionais, enquanto que a orienta��o espacial dos objetos ou dos elementos do meio, necessita mais da vis�o e audi��o. Est� praticamente estabelecido que da intera��o e da integra��o destas informa��es internas e externas provem nossa organiza��o espacial (OLIVEIRA, 2001).

    Segundo as caracter�sticas das nossas atividades, podemos utilizar duas dimens�es do espa�o plano dist�ncia ou profundidade. A pele apresenta receptores t�teis onde a concentra��o modifica de uma regi�o a outra no corpo. A separa��o dos pontos de estimula��o permite fazer diferen�as entre o cont�nuo e o distinto. Os �ndices t�teis, associados aos �ndices sinest�sicos resultam da explora��o de um objeto que permite o reconhecimento das formas (esterognosia) em aus�ncia da vis�o (sentido h�ptico). Os deslocamentos de uma parte do corpo sobre uma superf�cie plana podem ser apreciados pela sinestesia tanto no caso dos movimentos lineares como angulares. As sensa��es vestibulares abastecem �ndices sobre certos dados espaciais (orienta��o, velocidade e acelera��o). Chegam aos n�cleos vestibulares, ao cerebelo e ao l�bulo frontal, por�m s� contribuem muito debilmente a percep��o dos deslocamentos. N�o obstante, durante os deslocamentos passivos onde a vis�o e a sinestesia n�o interv�m, a orienta��o espacial diminui, geralmente se existe les�o do sistema vestibular (RIGAL, 1988).

5.6.     Organiza��o temporal

    Percebemos o transcurso do tempo a partir das mudan�as que se produzem durante um per�odo estabelecido e da sua sucess�o que transforma progressivamente o futuro em presente e depois em passado. O tempo � antes de tudo mem�ria, � medida que leio, o tempo passa. Assim aparecem os dois grandes componentes da organiza��o temporal, a ordem e a dura��o, que o ritmo re�ne, o primeiro define a sucess�o que existe entre os acontecimentos que se produzem, uns a continua��o de outros, numa ordem f�sica irrevers�vel; a segunda permite a varia��o do intervalo que separa os dois pontos, o princ�pio e o fim de um acontecimento. Esta medida possui diferentes unidades cronom�tricas como o dia e suas divis�es, horas, minutos e segundos. A ordem ou distribui��o cronol�gica das mudan�as ou acontecimentos sucessivos representa o aspecto qualitativo do tempo e a dura��o seu aspecto quantitativo (ROSA NETO, 1996).

    A organiza��o temporal inclui uma dimens�o l�gica (conhecimento da ordem e dura��o, os acontecimentos se sucedem com intervalos), uma dimens�o convencional (sistema cultural de refer�ncias, horas, dias, semanas, meses, e anos) e um aspecto de viv�ncia, que aparece antes dos outros dois (percep��o e mem�ria da sucess�o e da dura��o dos acontecimentos na aus�ncia de elementos l�gicos ou convencionais). A consci�ncia do tempo se estrutura sobre as mudan�as percebidas, independente de ser sucess�o ou dura��o, sua reten��o depende da mem�ria e da codifica��o da informa��o contida nos acontecimentos. Os aspectos relacionados � percep��o do tempo, evolucionam e amadurecem com a idade. No tempo psicol�gico organizamos a ordem dos acontecimentos e estimamos sua dura��o, construindo assim nosso pr�prio tempo. A percep��o da ordem nos leva a distinguir o simult�neo do sucessivo, variando o umbral segundo os receptores utilizados. A percep��o da dura��o come�a pela discrimina��o do instant�neo e do duradouro que se estabelece a partir de 10 ms a 50ms para a audi��o e 100ms a 120ms para a vis�o (RIGAL, 1988).

5.7.     Lateralidade

    O corpo humano est� caracterizado pela presen�a de partes anat�micas pares e globalmente sim�tricas. Esta simetria anat�mica se redobra, n�o obstante, por uma assimetria funcional no sentido de que certas atividades que s� interv�m numa das partes. Por exemplo, escrevemos com uma s� m�o; os centros de linguagem se situam na maioria das pessoas no hemisf�rio esquerdo. A lateralidade � a prefer�ncia da utiliza��o de uma das partes sim�tricas do corpo: m�o, olho, ouvido, perna; a lateraliza��o cortical � a especialidade de um dos dois hemisf�rios enquanto ao tratamento da informa��o sensorial ou enquanto ao controle de certas fun��es (OLIVEIRA, 2001).

    A lateralidade est� em fun��o de um predom�nio que outorga a um dos dois hemisf�rios a iniciativa da organiza��o do ato motor, que desembocar� na aprendizagem e a consolida��o das praxias. Esta atitude funcional, suporte da intencionalidade, se desenvolve de forma fundamental no momento da atividade de investiga��o, ao largo da qual a crian�a vai enfrentar-se com seu meio. A a��o educativa fundamental para colocar a crian�a nas melhores condi��es para aceder a uma lateralidade definida, respeitando fatores gen�ticos e ambientais, � permitir-lhe organizar suas atividades motoras (ROSA NETO, 1996).

    Segundo Pereira (2002), a defini��o de uma das partes do corpo s� ocorre por volta dos sete anos de idade, antes disso, devem-se estimular ambos os lados, para que a crian�a possa descobrir por si s�, qual o seu lado de prefer�ncia. �A prefer�ncia pelo uso de uma das m�os geralmente se evidencia aos tr�s anos�.

6.     Avalia��o motora

    O padr�o de crescimento e comportamento motor humano que se modifica por meio da vida e do tempo; e a grande quantidade de influ�ncia que os afetam, constituem basicamente por diferentes teorias cient�ficas e sustentam a evolu��o de estudos que se caracterizam pelas t�cnicas de pesquisa e pelos meios utilizados na obten��o de dados, que s�o elaborados e discutidos, como forma de elucidar os diferentes vieses que perfazem a exist�ncia do homem e sua evolu��o f�sica, org�nica, cognitiva e psicol�gica. Os conceitos, ilustra��es e teorias adicionam ao contexto, a estrutura necess�ria para que tais estudos possam legitimar-se e oferecer fundamentos fidedignos sobre as hip�teses que pretendem estabelecer e discutir. � importante lembrar que o car�ter estat�stico de n�vel normal de refer�ncia dos testes n�o engloba o mesmo valor para todas as popula��es, tendo em conta os aspectos afetivos e sociais (ROSA NETO, 1996).

    Normalmente utilizam-se testes para conhecer as caracter�sticas e necessidades individuais das pessoas, isto se torna indispens�vel se pensar em cada vez mais atender o desenvolvimento das pessoas, em especial as crian�as, como o m�ximo de acertos poss�veis para que seu desenvolvimento ocorra dentro dos per�odos desej�veis, contribuindo assim, para com um desenvolvimento pleno.

    Para que tenhamos estas informa��es devemos lan�ar m�o de meios auxiliares que como j� comentamos anteriormente seria a utiliza��o de testes. � importante destacar que para esta avalia��o n�o s�o utilizados somente um �nico teste e sim um conjunto de testes, a fim de examinarmos a crian�a em todas as dimens�es do desenvolvimento humano (ROSA NETO, 1996).

    A observa��o do comportamento humano feito atrav�s de testes j� se constitui pr�tica antiga, atrav�s de estudos realizados por autores cl�ssicos, como Ozeretski, Guilmain, Grajon, Zazzo, Piaget, Stambak, Picq e Vayer, entre outros que se dedicaram ao estudo da crian�a (ROSA NETO, 1996).

    Testes padronizados, que embora bastante antigos, mas que freq�entemente s�o revisados destacam-se na avalia��o f�sica, afetiva, cognitiva e motora dos seres humanos.

    De acordo com Rigal et al. (1993), existe uma grande quantidade de testes, que por sua facilidade de utiliza��o e sua rela��o com as diferentes aprendizagens escolares, s�o muito �teis para medir o comportamento humano, entre eles, destacamos a Escala de Desenvolvimento Motor - EDM (ROSA NETO, 1996).

Considera��es finais

    Acredita-se que para ensinar eficientemente � preciso acompanhar �s crian�as e analisar suas necessidades e interesses.

    Dessa forma, entender a rela��o entre a idade da crian�a com a fase e caracter�stica motora pelas quais passam, constitui-se para um melhor acompanhamento do desenvolvimento motor. Assim, destacamos a import�ncia do conhecimento dos profissionais de Educa��o F�sica, no que tange a avalia��o motora da crian�a, como forma de melhor acompanhar seu desempenho e detectar poss�veis problemas de ordem motora, al�m de poder influenciar no processo de desenvolvimento que ocorre desde a concep��o.

Refer�ncias

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Outros artigos em Portugu�s

 
Como o professor de Educação Física pode atuar para contribuir com o desenvolvimento motor ao longo da vida?

revista digital � A�o 13 � N� 129 | Buenos Aires,Febrero de 2009  
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Qual a importância do profissional de Educação Física no desenvolvimento motor?

A Educação Física proporciona o aprimoramento do desenvolvimento motor, principalmente na motricidade do aluno. Habilidades como motricidade global, motricidade fina, esquema corporal, equilíbrio, organização temporal, organização espacial são devidamente trabalhadas.

Que contribuição os profissionais de Educação Física oferecem no processo de desenvolvimento humano?

Além de estimular um estilo de vida saudável, incluindo novos hábitos de alimentação, as atividades propostas pelos profissionais trazem benefícios para todas as idades. Por meio de exercícios de ginástica, jogos e brincadeiras, a Educação Física contribui para o desenvolvimento motor e cognitivo das pessoas.

Como o professor de Educação Física pode contribuir para estimular a prática de esporte?

Nos momentos de jogos esportivos e recreação, cabe ao profissional de educação física estimular os alunos a terem atitudes de solidariedade, respeito mútuo e dignidade com o próximo, bem como valorizar, conhecer e aceitar a expressão de outros grupos, ampliando o convívio entre pessoas de diferentes círculos sociais.

O que o professor de educação física deve considerar durante o processo de aprendizagem motora?

Sendo assim, o professor de Educação Física deve estar apto para entender o desenvolvimento motor de seus alunos, e também, suas individualidades próprias do período de desenvolvimento que corresponde a faixa etária de seus alunos.