Como era o cotidiano dentro das embarcações das grandes navegações?

O cotidiano à bordo. Como navegavam os viajantes das grandes navegações.

Como era o cotidiano dentro das embarcações das grandes navegações?
Imagem: Ilustração Nau Flor de La Mar

O cotidiano a bordo das naus era complicado, geralmente faltavam alimentos e água. Devido às condições de higiene, era fácil a propagação de doenças infectocontagiosas transmitidas por ratos e baratas.

As condições das acomodações para os tripulantes também eram grandes problemas, pois havia uma hierarquia dentro das embarcações que favorecia os oficiais e os nobres com os melhores leitos, deixando os piores para os trabalhadores comuns, os marinheiros com cargos de "menos importância" e grumetes.

Apesar de serem grandes, as naus andavam sempre carregadas, não sobrando espaço para muitos mantimentos, nem para acomodações melhores para os tripulantes.

A fome causa muitos danos ao ser humano, principalmente quando este esta sob a pressão de dias sem alimento, não suportando a vontade de ingerir algo que possa nutri-lo. Em tal situação, as pessoas comiam muitas coisas que um humano em outras ocasiões teria repúdio, a falta de técnicas para conservar os alimentos e a falta de cuidados, acelerava o processo de putrefação da comida, levando os navegantes a comerem muitos alimentos em péssimas condições, e até em caso de escassez total do gênero a ingestão de solas de sapatos, comidas com vermes, assim como de carne humana em casos extremos de fome, cujos navegantes comiam os que tinham morrido de desnutrição obviamente tentando sobreviver e no consumo de ratos que se proliferavam nos porões dos navios.

O armazenamento de água era precário de forma que, o estoque era rapidamente consumido, além do problema da água ser pouca devido à falta de espaço, as condições de higiene e manuseio da mesma eram péssimas tornando um produto de baixíssima qualidade para consumo, mas de muito valor dentre os tripulantes que sofriam com a falta de líquido. A tripulação contava com a possibilidade de abastecer nos entrepostos, mas nem sempre era possível chegar neles.

Outro grande problema da época era o aparecimento de pulgas e piolhos, até mesmo de percevejos, devido às condições de limpeza do corpo e a dificuldade de se higienizar a bordo, já que água doce era um item muito importante para ser consumido com a limpeza pessoal.

Os estupros e atos contra a “natureza” eram frequentes a bordo das naus sendo de praxe o estupro em grupo, pois a lei européia absolvia os praticantes por falta de um culpado, isso servia para alimentar a cumplicidade entre os marinheiros, o sexo em terra era visto como um tabu, mas em alto mar tomava um ar libertino de forma que as mulheres que transitavam pelas naus quase sempre eram alvos desses tipos de atitudes.

Até a Inquisição era branda quando o assunto era dessa natureza, tolerando e absolvendo os culpados quando eles eram descobertos. As vítimas, mulheres sozinhas órfãs e freiras na maioria não delatavam que haviam sofrido esse tipo de violência por medo de perder o status.

Os problemas de uma embarcação não paravam por ai, havia outro crítico, que era como fazer com a disciplina a bordo. O que fazer com aqueles que não obedeciam, ou que se rebelavam contra seus capitães, a justiça quase sempre a bordo não existia, gerando motins contra os nobres e capitães. Os marinheiros não contentes com as suas condições, pressionados pelas privações do mar e pela disciplina militar exigida pelos seus oficiais, se amotinavam.

Algumas pessoas embarcavam nas naus para se vingar de alguém por quem tinha desafeto, pois a impunidade era quase que fato consumado, devido à falta de provas, ou ao fato de que os culpados nunca eram encontrados.

Como uma medida de controle social e para distrair os marinheiros, quase sempre eram celebradas missas para acalmar os ânimos, e as tensões geradas pelos dias no mar com a noção de que uma vida cristã traria controle sobre a natureza, e a bênção do protetor dos marinheiros que eram incentivados a ter uma vida religiosa em alto mar, livre de pecados.

Outro fator que complicava as viagens era o ataque de piratas, que eram muito possíveis de acontecer a qualquer momento e somavam-se às dificuldades enfrentadas pelos navegadores em alto mar, geralmente eram ataques de piratas holandeses, ingleses e franceses de surpresa quando os navios enfrentavam calmarias. Os piratas eram temidos devido à violência, e ao fato da tripulação nesse caso ser abandonada junto ao navio em chamas ou em ilhas perdidas no oceano.

Outra coisa que representava morte certa eram os naufrágios, que misturavam terror com tentativas de sobrevivência, a tripulação rezando e pedindo a Deus por seus pecados, afundava no mar uns sem muito lutar, e outros desesperados aos prantos, lutavam e se agarravam a tábuas e restos dos navios na esperança de sobreviver.

Geralmente, nesses naufrágios os tripulantes se deparavam com um verdadeiro "salve-se quem puder". Obviamente, os fidalgos e os capitães tinham preferência nos botes de salvamento, isso acarretava em morte certa para os marinheiros simples que faziam um trabalho pouco importante no navio. Em alguns casos, o bote não estava em boas condições, gerando problemas e naufragando também.

Os poucos sobreviventes que restavam dos naufrágios e chegavam até terra firme, normalmente se deparavam com condições hostis de sobrevivência, enfrentando as feras da terra e a falta de alimentos e água doce, os ataques de nativos, que tinham reações variadas em relação aos forasteiros, não deixavam muitos sobreviventes.

Bibliografia:
O tempo das Especiarias - Fábio Pestana Ramos
Viagem à Terra do Brasil - Jean de Léry

Como era o cotidiano das embarcações durante as grandes navegações?

Juntamente com a tripulação, existia a presença de ratos e baratas, sempre comprometendo a qualidade dos alimentos. Outro fator que contribuía para a falta de higiene era a ausência de banheiros na embarcação – geralmente os tripulantes faziam suas necessidades em recipientes e as lançavam ao mar.

Como eram o cotidiano nos navios?

O cotidiano a bordo das naus era complicado, geralmente faltavam alimentos e água. Devido às condições de higiene, era fácil a propagação de doenças infectocontagiosas transmitidas por ratos e baratas.

Como era a vida nas caravelas da época das grandes navegações?

A precária higiene a bordo começava pelo espaço restrito que era utilizado pelos passageiros. Inicialmente de apenas um convés, as caravelas tendem a crescer. Em uma nau de três conveses ou pavimentos, dois eram utilizados para a carga da Coroa, dos mercadores e dos passageiros.

Como era o cotidiano das viagens marítimas no século 15?

Além dos medos imaginários, presentes nos pensamentos desses navegadores (como a crença de que o oceano era povoado por monstros e dragões), também existiam os medos reais, as dificuldades de navegar em mar aberto, as tempestades e chuvas intensas, as doenças e a péssima alimentação.