A erva de santa maria e a mesma mentruz

A erva de santa maria e a mesma mentruz

O Mentruz ou Erva de Santa Maria é uma espécie muito utilizada na América, principalmente pelas civilizações indígenas norte americanas, mexicanas, argentinas e bolivianas. Os astecas utilizavam o Mentruz para combater a disenteria e contra as picadas de insetos e aranhas. O nome Chenopodium vem do grego e quer dizer “pata de ganso”, uma alusão à forma das folhas que têm algumas destas espécies.
É uma erva anual, perene e aromática, apresentando um altura entre 40 centímetros a 1 metro de altura. Possui inflorescência em forma de espiga com numerosas flores de cor verde, muito pequenas, surgindo das axilas das folhas superiores, formando o conjunto uma longa panícula.
A Pharmacopeia dos Estados Unidos do Brasil 1ª Edição (1926) caracteriza as folhas do Mentruz da seguinte maneira:
“As folhas maiores, de tamanho muito variável, são ovais-romboidais e oblongas, de base longamente atenuada no pecíolo, agudas ou obtusas no vértice, desigualmente incisas até um terço ou um quarto de sua largura, sinuosas-serreadas, com 5 a 7 grossos dentes longos em cada margem, integerrimos ou esparsamente duplidenteados, antorsos ou até um tanto recurvados, agudos ou obtusos; as folhas superiores são lanceoladas e as das inflorescências lineares, integerrimas; todas são tênues, quase glabras, de cor verde-escura e apresenta, numerosas glândulas oleíferas amarelas na página inferior.
As folhas da herva de Santa Maria possuem cheiro muito ativo, característico e sabor acre e aromático”.
O Mentruz é originário do México e das zonas temperadas do continente americano, crescendo espontaneamente em lavouras, terrenos baldios, hortas e jardins.

Nome Científico: Chenopodium ambrosioides L. Sinonímia: Ambrina ambrosioides spach; Atriplex ambrosioides Crantz; Chenopodium anthelminticum L.; Chenopodium suffruticosum Willd.; Chenopodium variegatum Gouan; Chenopodium vulpinum Buch.-Ham.; Orthosporum ambrosioides Kostel; Orthosporum anthelminticum Kostel.; Orthosporum suffruticosum Kostel.; Vulvaria ambrosioides Bubani.

Nome Popular: Mentruz, Erva de Santa Maria, Mastruz, Trevo de Santa Maria, Mastruçú, Mentrusto, Uzaidela, Ambrosia, Ambrosia do México, Anserina Vermífuga, Caá Cica, Chá da Espanha, Chá do México, Chá dos Jesuítas, Cravinho do Mato, Erva das Lombrigas, Erva das Cobras, Erva Formigueira, Erva do México, Lombrigueira e Erva Vomiqueira, em português; Amerikanischer Wurmasamen, Gänsefuss, Mexicanisches Traubenkraut e Wurmkraut, na Alemanha; Alpostes, Apazote, Caá-né, Hierba Fatua, Hierba Hormigueira, Huacatay, Ipazote, Pacote, Paico, Paico Macho, Pasote, Pazote, Quenopódio, Roble de Jerusalém, Té Espanhol, Yerba de Santa Maria e Yerba Hedionda, em espanhol; Ambroisine, Ansérine Anthelmintique, Ansérine du Méxique, Ansérine Vermifuge, Chénopode Anthelmintique, Herbe Aux Vers e Ansérine Odorante, na França; Wurmmelde, na Holanda; American Goose-Foot, American Wormseed, Jerusalem Oak, Mexican-Tea, Stinking-Weed, Worm Goose-Foot e Wormseed, em inglês; Anserina Antielmintica, na Itália.

Denominação Homeopática: CHENOPODIUM.

Família Botânica: Chenopodiaceae.

Parte Utilizada: Folha, flor e caule.

Princípios Ativos: Óleo Essencial: As folhas e as inflorescências contêm até 0,35%. Seu principal componente é o monoterpeno ascaridol (42-90% da essência). Contém também mirceno, felandreno, alfa-terpineno, p-cimeno, limoneno, cânfora, aritasona, safrol, N-docosano, N-hentricontano, N-heptacosano, N-octacopsano, beta-pineno, metadieno, metilsalicilato e dimetilsulfóxido. Saponinas; Ácido Cítrico; Ácido Salicílico; Ácido Tartárico; Ácido Succínico; Quercetina; Kempferol.

Indicações e Ação Farmacológica: O Mentruz é principalmente indicado para as parasitoses intestinais, tais como ascaridíase e ancilostomose.
Dentre os primeiros trabalhos científicos realizados com o óleo essencial do Mentruz, pode constatar em modelos experimentais de animais, uma ação hipotensora, depressão cardíaca e relaxante muscular (Salan W. e Livingstone A., 1915 e 1916). A ação antiparasitária do ascaridol foi descoberta entre as décadas de 20 e de 30 em ensaios in vivo sobre cachorros, em doses orais de 1 ml, sendo o principal espectro é contra o áscaris, oxiúros e ancilostomas, não exercendo ação sobre as tênias e sobre os tricocéfalos (Bliss A., 1925; Fernan Nuñez M., 1927; Butz L., 1937).
O uso do óleo extraído por arraste a vapor, administrado em doses únicas em adultos, numa razão de 1,5 ml por via oral, tem demonstrado ser eficaz em diversas parasitoses intestinais, mas existe dificuldade na estandarização do produto devido a variação dos princípios ativos e do número de espécies. Assim mesmo, a OMS determinou que uma dose de 20 g da planta inteira provoca rápida expulsão dos parasitas sem aparentes efeitos adversos (Ching Ch., 1980).
Outros componentes ativos desta planta também exercem propriedades biológicas. O cimeno e o mirceno apresentam atividade analgésica e o felandreno antitérmica (Duke J., 1992).

Toxicidade/Contra-indicações: O óleo essencial em altas doses tem evidenciado possuir toxicidade em humanos (especialmente os indivíduos debilitados) evidenciando sintomas
como náuseas, vômitos, depressão do sistema nervoso central, lesões hepáticas e renais, surdez, transtornos visuais, convulsões, coma e insuficiência cardio-respiratória. Tem-se demonstrado que a toxicidade pode aparecer de maneira acumulativa, como ao se administrar pequenas doses a intervalos diários. É devido a isso que quando se administra o Mentruz dentro das doses recomendadas, o mesmo não deve ser repetido passado seis meses da primeira dose (Robineau L., 1995).
Doses muito altas (equivalentes a 0,1 cm3 de ascaridol por kg de peso em animais) podem ocasionar cefaléias intensas, prostação e levar a morte. As autópsias revelaram um edema pulmonar, degeneração do fígado e lesões no miocárdio (Jellife D., 1951).
A dose letal para o ascaridol em ratos foi calculada em 0,075 mg/kg.
É contra-indicado o uso durante a gravidez, lactação, para crianças menores de 3 anos de idade, pacientes debilitados ou com enfermidades hepáticas, auditivas e renais (Simoes C. et al., 1986).

Dosagem e Modo de Usar: Não foram encontradas referências nas literaturas consultadas.

Referências Bibliográficas:
ALONSO, J. R. Tratado de Fitomedicina. 1ª edição. Isis Editora. Buenos
Aires 1998.

PR VADEMECUM DE PRECRIPCIÓN DE PLANTAS MEDICINALES. 3ª
edição. 1998.

ALBINO, R. Pharmacopéia dos Estados Unidos do Brasil. 1ª edição. 1926.

SOARES, A. D. Dicionário de Medicamentos Homeopáticos. 1ª edição. Santos
Livraria Editora. 2000.