Quem é ilan brenman

Quem é ilan brenman

Nasceu em Israel no ano de 1973, mas mora no Brasil desde 1979. Psicólogo formado pela PUC de São Paulo, hoje dá cursos e palestras sobre temas como formação de leitores e literatura infantil. Nos últimos dez anos, ficou conhecido também como contador de histórias. Doutor em Educação pela USP, já publicou mais de oitenta livros infantis, vários deles premiados.

ALGUMAS DE SUAS OBRAS:
Até as princesas soltam pum;
As 14 pérolas budista;
O alvo.
Entre outras

DESTACAM-SE AS PREMIAÇÕES:
Prêmio Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ), em 2009, na categoria reconto pela obra “As 14 pérolas da Índia”;
Prêmio Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ), em 2011, na categoria Imagem pela “Telefone sem fio”;
Prêmio Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ), em 2012, na categoria criança pela obra “O alvo”.

10h30 a 11h25 – Sala 5º B

11h25 a 12h – Sala 5º A

No mundo todo, estamos passando por um período que traz grandes mudanças, preocupações e desafios. Tanto os adultos como as crianças estão aprendendo a se adaptar à nova rotina e, ao mesmo tempo, tendo que lidar com diversos sentimentos. 

Aqui no Blog Dentro da História sempre falamos sobre como a leitura em família é uma forma de estimular o desenvolvimento infantil, ajudando a criança a compreender a si mesma e o mundo à sua volta. Desta vez, conversamos com um convidado muito especial sobre o papel das histórias neste momento de crise.

Ilan Brenman é escritor, educador e contador de histórias. Já publicou mais de 80 livros infantis e infanto-juvenis no Brasil e no exterior, tendo recebido prêmios como o selo “Altamente Recomendável” pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ) e o prêmio White Ravens, da Alemanha. Agora, sem poder percorrer o Brasil e o mundo para falar sobre literatura e educação, Ilan vem trazendo diariamente esses debates para o público em seu perfil no Instagram, junto a outros grandes escritores, artistas e educadores. 

Para ele, as histórias são como um espelho da própria natureza humana. Por isso, desde a infância, os livros têm o poder de colocar o leitor em contato com seus sentimentos mais profundos. Nesta entrevista exclusiva, Ilan falou sobre a importância da literatura para ajudar as crianças a lidarem com esse momento de crise.

Confira:

1 – Ilan, por favor nos conte sobre você. Como você chegou até o mundo da literatura infantil?

Sou psicólogo de formação pela PUC, e fiz mestrado e doutorado na Faculdade de Educação da USP. A minha relação com a literatura nasceu por acaso: no primeiro ano de faculdade eu trabalhava para pagar a mensalidade e fiz um estágio com crianças, na educação informal. No primeiro dia eu fui cuidar delas no recreio e não sabia bem o que fazer. Três meninas se aproximaram, e uma delas me pediu: “Conta uma história pra gente!”. Eu falei que não sabia, mas então ela disse algo que mudou a minha vida: “Se você não sabe, inventa.”. Pensei “Poxa, inventar eu sei!”. Então fui contando uma história e as crianças foram se aproximando para ouvir. E não parei mais, esse foi o ponto de virada na minha vida. 

2 – Hoje você já tem mais de 80 livros publicados. De onde vêm as inspirações para as suas histórias? 

A minha criação envolve três tipos de escrita, que podemos considerar gêneros literários. Tem as histórias de reconto, que são histórias antigas e tradicionais que eu reconto. Vários autores fizeram isso, como Monteiro Lobato e Ruth Rocha. Recontar histórias tradicionais da África, China, Rússia, Índia, demanda muita pesquisa. Também tenho livros de criação pura, que tradicionalmente é o que a maioria dos autores fazem: você tem uma ideia e vai desenvolvendo a história. 

E a terceira forma de criar, que são minhas histórias mais famosas e mais universais também, tem a ver com as minhas filhas, que hoje já são adolescentes. São narrativas do cotidiano. Eu falo que sou um pescador do cotidiano: fico esperando e, quando alguma coisa acontece, eu puxo a vara, fisgo e aquilo vira material para ficção. 

3 – Recentemente você publicou um texto no Instagram relacionando a função das histórias com a imunidade das crianças. O que isso quer dizer?

Falamos muito sobre o poder das histórias como algo mágico, e não é verdade. Temos muitas pesquisas pelo mundo mostrando a função das narrativas e os benefícios que elas trazem. Não é uma hipótese, nem algo romântico. O ato de ler em si, de escutar uma história, tem a parte mágica e de prazer, mas vai muito além disso. É como se alimentar: a gente se alimenta de algumas comidas que, além de serem uma delícia, fazem muito bem. As histórias também.

Fazendo outro paralelo: quando uma pessoa vai passar por uma grande cirurgia, do coração por exemplo, precisa ter psicólogos do lado. Porque se o paciente estiver bem para a cirurgia, ele tem mais sucesso pós-cirúrgico. Uma pessoa deprimida, com uma tristeza profunda, tem seu sistema imunológico abalado. Ou seja, nossa imunidade tem a ver com nosso equilíbrio emocional.

Partindo dessa premissa a gente pode fazer o salto para as histórias. As histórias afetam nosso emocional quase sempre de uma forma positiva. Tem a ver com nosso equilíbrio mental. Para as crianças pequenas, é como respirar. Se elas têm histórias na vida delas, elas fortalecem a mente e por consequência também sua resistência. Essa é a relação da imunidade com o mundo das histórias.

4 – Então as histórias são uma forma simbólica de lidar com a realidade?

As histórias de qualidade contemplam a complexidade, nossos anseios, desejos, e dialogam com os sonhos e pesadelos, seja dos adultos ou das crianças. Esse tipo de história é um grande espelho da própria natureza humana: o que a criança é e o que ela pode vir a ser.

Esse espelho literário traz uma sensação de ordenamento para a criança, porque ela consegue ouvir na história aquilo que ela não compreende dentro dela. Por exemplo, os contos de fadas, os contos tradicionais, a boa literatura infantil, falam para a criança: “Amadurecer é difícil. Crescer é dolorido.”. 

Os médicos falam sobre dor do crescimento. Crescer dói mesmo, mas não é só o osso, a mente também. A criança quer ser criança para sempre, mas também quer ser independente. Quer ficar com o papai e a mamãe, mas também quer ficar longe. Esse conflito é interno, natural do amadurecer. 

E as histórias falam justamente disso: essa dor vai existir, amadurecer é sofrido, mas você vai conseguir. E como você vai conseguir? As histórias dizem que vão ter pessoas ao seu redor para te ajudar. Vão haver obstáculos, mas você vai superá-los e vai alcançar o próximo nível. Mas isso não vai acabar. Sempre vem o “conta de novo”.

5 – Estamos vivendo um momento de crise que afeta tanto os adultos como as crianças. Qual a importância das histórias para lidar com as dificuldades da vida?

As histórias, nesse momento, são mais do que fundamentais. Estamos vivendo um momento de crise em potência mil. A própria vida já é difícil, uma vida em isolamento em quarentena é mais ainda. A criança sente angústia e não consegue expressar, então a literatura vai dar voz a essa angústia e falar: “Sossega aí, vai ser difícil, tem bruxa no caminho, mas a gente vai conseguir.”. 

Em todos os momentos de crise, as histórias e a arte tiveram função fundamental. Quando a peste negra assolou Florença no Século 14, Giovanni Boccaccio escreveu Decameron, que relata o isolamento de 10 jovens em um castelo, e para passar o tempo eles contavam histórias. Como uma ferramenta não só de distração, mas de ancoragem emocional e fortalecimento.

Histórias são uma forma de resistir, não tem nada mais resiliente no mundo do que uma história que passa por anos e anos e continua sendo contada. Essa qualidade passa para a criança, para a gente.

6 – Então, o que caracteriza a boa literatura infantil?

Por oposição, o que não é uma boa literatura infantil são as histórias que não mexem com esses elementos simbólicos da vida infantil. Uma história que não entende que a criança tem medo da morte, da separação dos pais, da hora de dormir. Uma literatura que não contempla o desejo da criança de ser grande, de ser adulto. Que não contempla o ciúme, a coragem, a complexidade. 

A boa literatura infantil é aquela que dialoga verdadeiramente com a criança, não subestimando a sua inteligência. Sabendo da sua complexidade, sabendo que a infância tem uma riqueza de emoções enorme. A criança não é um ser bom por natureza: ela não é nem boa nem má, todo ser humano é assim. Você achar que a criança é uma florzinha e que nada de mal existe lá dentro, é desconhecer a natureza humana e não oferecer para a criança o que ela precisa: um espelho para falar desse lado ruim e transformar ele, que é o que a literatura faz. 

7 – Este momento também é uma oportunidade de estreitar os vínculos familiares. Como a leitura pode ajudar nisso?

Eu sempre falo que nossos filhos não vão lembrar do 15º celular que a gente deu, porque eles vão ter isso de monte. Daqui anos eles vão lembrar dos pais lendo para eles, passeando no parque, brincando na praia, são esses momentos que ficam. E as histórias aparecem muito na nossa memória. Ou seja, as histórias vinculam a gente com o outro. Não tem coisa mais linda que contar uma história, compartilhar um livro. É uma marca muito forte.

O que posso dizer é que, se você puder ler um livro durante a quarentena, os benefícios são enormes para a criança, além do vínculo que vocês estabelecem, as memórias que você vai deixar desse momento e as ferramentas psicológicas que a história vai dar para as crianças. Não pode ser mais um peso nesse momento estressante. A realidade é que tudo está um caos, e as histórias ajudam a organizar o caos. Se você conseguir colocar isso na sua rotina, bons frutos virão.

Veja também: Como entreter as crianças na quarentena?

Dica para as famílias!

Quem é ilan brenman

Cadastre-se para receber atividades que ensinam as crianças a reconhecer os sentimentos e lidar melhor com eles. A família toda vai se envolver com o Jogo dos Sentimentos e o Calendário das Emoções!

Qual a profissão de Ilan Brenman?

Autor de livros infantisIlan Brenman / Profissãonull

Qual o significado de Ilan Brenman?

Ilan Brenman é considerado um dos mais importante autores de livros infantis do Brasil, ganhador de diversos prêmios e traduzido em vários países. Tudo começou quando ainda cursava Psicologia na PUC-SP, foi lá que percebeu que sua vida profissional não seria feita de ouvir as histórias dos futuros pacientes.

Onde nasceu Ilan Brenman?

IsraelIlan Brenman / Local de nascimentonull

Em que ano nasceu Ilan Brenman?

1973 (idade 49 anos)Ilan Brenman / Data de nascimentonull