Quem é dr renato meneguelo

Quem é dr renato meneguelo
Médico Renato Meneguelo estudou os efeitos da
fosfoetanolamina sintética (Foto: Paulo Chiari/EPTV)

O médico e pesquisador Renato Meneguelo comentou na quinta-feira (1º), antes do encontro com parlamentares em Araraquara (SP), o vídeo em que apresenta documentos sobre os estudos com a fosfoetanolamina sintética e anuncia uma espécie de luto pelos pacientes com câncer.

"A gente tem que lembrar de uma coisa. Nós estamos na contramão do que existe na pesquisa hoje em dia sobre câncer. Nós estamos pesquisando um outro lado. Porque, quando todos pensam a mesma coisa, ninguém, ninguém pensa grande coisa", diz Meneguelo na gravação, que vem repercutindo nas redes sociais.

Nós estamos na contramão
do que existe na pesquisa
hoje em dia sobre câncer.
Nós estamos pesquisando
um outro lado"

Renato Meneguelo, médico

De preto, ele reafirmou seu posicionamento no encontro. “Estou usando preto em consideração e respeito à memória de quem já faleceu e em respeito a quem vai falecer por causa do câncer”.

Pacientes com a doença entraram com liminares para usar as cápsulas, mas o presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), José Renato Nalini, suspendeu autorizações de entrega afirmando que "não há nenhuma prova de que, em humanos, a substância reclamada, que não é um remédio, produza algum efeito no combate a doenças". Na tarde desta sexta-feira (2), 583 pedidos haviam sido suspensos.

Quem é dr renato meneguelo
No vídeo, Meneguelo mostra documentos das fases
realizadas na pesquisa (Foto: Reprodução/YouTube)

Frustrante
Integrante do grupo detentor da patente da substância, Meneguelo se mudou para a Bahia há alguns anos e mantinha a discrição quanto ao composto, passando a se pronunciar apenas recentemente.

“É um pouco frustrante”, afirmou sobre as tentativas de realizar os testes clínicos para solicitar o registro junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “As rebatidas são tão violentas que vão desanimando. Fiquei com uma tristeza tão grande que fui estudar planta”.

Segundo Meneguelo, muitos oncologistas têm conhecimento da substância, mas há resistência quanto aos estudos realizados porque eles não são focados nas proteínas, como a grande maioria das pesquisas sobre câncer, e sim nos lipídios.

“Quando procurei o Gilberto [Chierice, coordenador das pesquisas com a fosfoetanolamina], há mais de 15 anos, também pensava assim. Cheguei mostrando um livro que dizia que lipídio não tinha relação”, disse Meneguelo, que mudou de opinião durante sua pesquisa. “Falam que não funciona e não têm vontade de ler, ver o que já foi publicado”.

Composto
Na reunião, pesquisadores como Meneguelo, Chierice e Marcos Vinicius de Almeida conversaram com o senador Ivo Cassol (PP-RO) e os deputados estaduais Roberto Massafera (PSDB-SP) e Rodrigo Moraes (PSC-SP) para acertar a apresentação do composto em uma audiência pública em Brasília e agilizar a realização dos testes clínicos.

Na visão de Meneguelo, o que o grupo propõe é um novo caminho, principalmente para os casos em que os tratamentos estabelecidos não surtiram o efeito desejado e o sistema imunológico do paciente continua funcionando.

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“A fosfoetanolamina sintética é um composto, não um remédio. Só vai ser remédio depois que tiver liberação e não estou falando para trocar o que está estabelecido na literatura pelo que é experimental. Estamos propondo algo para quando todas as armas já tiverem sido usadas”, afirmou. “Não estamos pedindo dinheiro, estamos pedindo estudos. Querer elevar o nível da pesquisa, acham que isso não vale a pena?”, questionou.

Entenda o caso
Estudada desde o início dos anos 90, a fosfoetanolamina (ou fosfoamina) sintética era entregue gratuitamente no campus da Universidade de São Paulo (USP) em São Carlos, mas, em 2014, uma portaria determinou que as substâncias experimentais deveriam ter todos os registros necessários antes que fossem disponibilizadas à população.

Com isso, as cápsulas, que não têm a licença da Anvisa, começaram a ser distribuídas somente mediante decisão judicial. Pacientes com câncer obtiveram liminares estipulando a entrega, porém uma decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo passou a suspender as autorizações.

O que dizem as instituições
A universidade afirma que não tem capacidade para produzir a substância em larga escala e reforça que a regulamentação é necessária, mesma opinião da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica. A entidade diz que não é contra pesquisas, mas aponta que, antes de novas substâncias serem oferecidas como medicamentos, devem passar por estudos amplos que comprovem seus benefícios e a eficácia diante do tratamento que já é oferecido.

A Anvisa, por sua vez, aponta que “não há nenhum processo de pesquisa clínica” para o produto e “não houve por parte da instituição de pesquisa nenhuma iniciativa ou atitude prática no sentido de transformar este produto em um medicamento”.